Há coisas que, nos jornais cá da terrinha, têm tanta explicação aparente quanto o entendimento que muitos julgam ter da coisa mas nem fazem a leitura diária para apreenderem a vastidão do "fenómeno" e, amiúde, nem sabem o que lá diz mas comentam pelo que ouvem de terceiros. E muita gente afadiga-se contra este e aquele jornal e, há sensivelmente 15 anos, os portistas foram convocados para zurzirem, se não pudessem mais, no jornal que, em Outubro de 96, ou 97 nem lembro bem, trouxe esta manchete. Rasgaram-se vestes e houve mesmo ameaças de morte.
Acaba por nem ser surpresa, derrubados tantos muros e ultrapassadas tantas divergências num lado quantas as que se ergueram noutro lado que dantes era defendido em família, ver agora António Oliveira como colunista do jornal que o quis liquidar enquanto treinador portista. Não foi a "tentativa de assassinato por meio audiovisual", como rebuscadamente o dr. Zito designou o "caso Paula" contado na inenarrável SIC do Schnitzer amparado no abominável homem das neves e do famigerado "Donos da Bola".
Certo é que, trocando a Selecção que levara ao Euro-96, pelo FC Porto, Oliveira estava como que nas suas sete quintas e seus mordomos. Pinto da Costa conseguiu fazer o golpe mais baixo da história do FC Porto com um comício convocado não por causa da retrete das Antas, mas por um ataque que considerou ser ao FC Porto, enchendo o pavilhão Américo de Sá e, após uma armadilha digna de "mccarthismo", a mim enojando-me de vómitos.
Não só não tardou, em Maio de 1999, que a entrevista do Penta fosse dada ao Record, no alto da cadeira colocada justamente sobre um 5 gigante em pleno relvado das Antas, pelo presidente portista. Enterrados diferendos de direitos reservados, também não se esperou muito até Oliveira dar a primeira entrevista no regresso como seleccionador em 2000.
As coisas são como são e quem escolheu um lado da barricada sabe com que cara ficou. Felizmente, está tudo enterrado, ou assim parece, e é um gosto ler a sabedoria de António Oliveira, hoje no alto do seu curso de Direito da Católica, salvo erro, e a gozar como sempre soube fazer da vida, hoje alienando a sua participação na Olivedesportos e na Controlinveste que detém O Jogo que, enquanto patrão, ali o defendeu até ao ridículo. Zangado, desta feita, com o mano Jaquim, quiçá ainda zangado com a manchete de A Bola com a morte de Nuno Ferrari no dia dos Cinzazero na Luz para a Supertaça algures (18 ou 19) em Setembro de 1996, era forçoso que Oliveira se virasse para o Record. Um prazer, repito, auscultar a sua análise aos meandros da bola, aliás patente numa magnífica entrevista que há tempos deu ao jornal que chegou a ser o inimigo fidagal dos manos Oliveira mas que até nos mais acérrimos opositores à influência então tida como nefasta no futebol português encontrou aliados de peso para a dimensão editorial do grupo de comunicação mais vasto do País.
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