12 novembro 2011

Fechadinhos ao ataque em prudente "Bentania" até dos bósnios cautelosos

Ao contrário disto, acho que Portugal teve medo tanto quanto a Bósnia. E deu 0-0 inevitável. E se de Paulo Bento não é de esperar mais, atendendo ao que conhecemos do pouco aventureirismo visto pelo Sporting, Safet Susic mostrou ser igual, tanto que, mesmo em casa, só meteu Ibisevic ao lado do desamparado Dzeko (presa fácil de Pepe) e os locais ameaçaram Rui Patrício no final.
É claro que conta só obter o apuramento e não pedir ópera. Sempre foi assim. Excepto quando se exigia ganhar à Bósnia há dois anos, quando não jogavam Coentrão, que esteve muito bem esta noite, e Cristiano Ronaldo, então lesionado.
Agora está tudo muito mais sereno e à falta de outras excitações, como um seleccionador que não fazia o jogo simpático à Imprensa, o nacional periodismo, ou parolismo, fez o jogo rasteiro que se atribuiu aos bósnios, levantando problemas por tudo e por nada. Era o relvado, efectivamente fraco e que só merece essa nota, como o frio ou a chuva, e não o regabofe serôdio de vários dias. Era a Bósnia que metia medo, mas pareceu mais aos dirigentes do que aos jogadores. Antes do jogo foi a rega, a ameaça de jogar sob protesto que não se concretizou mas não evita o ridículo. A Bósnia, disseram, era "muito melhor" e até se considerou que Portugal, imagine-se, está "pior do que há dois anos". Mas esta gente mira-se ao espelho? Ou nem sabe que farelo tirou ontem da manjedoura?
Os bimbos de canetas e microfones não estranharam aquilo que é de registar: porque raio os bósnios querem jogar naquele quintal se os seus estrangeiros estão, como os portugueses, habituados a palcos de primeira classe na Europa "civilizada"? Nã, os índios tugas pensaram que o areal ia só prejudicar os portugueses. Dos bósnios nunca se percebeu que vantagem teriam e o jogo mostrou isso mesmo. Foi estranho para ambos, como se estivessem a jogar na Lua. Por sinal, alguns torrões - que podem surgir na maioria dos relvados em Portugal e não apenas por terem areia - prejudicaram as ocasiões de CR7 e de Ibisevic. E foi pouco mais que o jogo deu. Como era de esperar e não uma Bósnia melhor do que em 2009 que não se viu mesmo.
Podia ter dado melhor, mas Paulo Bento não arrisca nadinha e Nani nadinha ajudou no isolado tridente ofensivo com toda a equipa atrás. Bento já não jogou com três nº 8, retirando Carlos Martins para meter Miguel Veloso mais recatado a fechar o meio-campo e a manter a tracção atrás sem que Moutinho, e raramente Meireles, se aventurassem até à área. Era meter a bola na frente, em cada equipa, e seja o que Deus quiser.
Há dois anos criticava-se a opção de Queiroz de pôr Pepe a trinco. Pois Pepe foi então o melhor jogador e actuando ali deu impulso para os médios subirem à área e assim Meireles marcou acorrendo a uma desmarcação solicitado por Nani. Hoje era impossível isso ocorrer, ou eram os três da frente que resolviam ou nada. Deu nada. Pepe a central foi excelente e até jogou limpo, mas os médios ficaram muito atrás.
Fosse com Queiroz, como foi o regabofe por tudo e por nada, e os comentadeiros desfaziam o jogo e os jogadores além do seleccionador. O 4x3x3 actual é risível, pois não tem dinâmica de trás para a frente. Como diria Jaime Pacheco, fechadinhos ao ataque. A incensada 1ª parte é reveladora, sem ameaçar mas colocando o jogo mais perto da área bósnia ainda que fitando-a só de soslaio. Vejam as crónicas e até parece que ganhámos moralmente a coisa da intenção e da aproximação.
Lembre-se que, na exaltação da entrada de Paulo Bento, foi altamente elogiada uma opção natural mas anunciada como a descoberta da pólvora. Jogarem os centrais que se conhecem do seu clube. Foi assim com R. Carvalho e Pepe, do Real Madrid. Ora, o português não está, mas Bento podia jogar com a dupla que se conheceu no FC Porto, Br. Alves e Rolando. Pepe jogaria a trinco, em vez de Veloso e seguramente que um dos médios exteriores ajudaria mais na frente e talvez a vitória ficasse mais perto. É que agora Coentrão e não Duda ajudaria mais na frente onde CR7 esteve em acção permanente.
Ah, dirão, mas isso é falar depois. Pois é, só que é perceber as opções mediante o onze apresentado. E pensar correctamente sobre elas, o que duvido que se faça com competência. Note-se que os portugueses sabiam bem da movimentação dos bósnios e assim limitaram as suas acções na 1ª parte. Mas a Bósnia não metia ninguém pela direita e Veloso, naquele lado, deveria apoiar mais o ataque. Andou manca a Bósnia e a coxear Portugal, no mesmo corredor. CR7 disfarçou à esquerda, enchendo o campo também porque Coentrão esteve ao seu nível. Mas não houve suporte desde o miolo. Porque Paulo Bento é assim, sempre foi e não é de esperar muito mais. Nem as trocas directas que fez...
Nada disto vai ser notado pela comentadeirice encartada. E desde que se passe às finais, tudo está bem. Como tudo esteve há dois anos, o problema foi os interesses individuais a rendibilizar no Mundial. Aí é que o caldo entornou e nasceu a borra desconfortável que culminou com Ronaldo a mandar perguntar a Carlos Queiroz porque é que não ganhámos à Espanha. Pois podiam fazer a pergunta a Paulo Bento, mas ele está muito empolgado com as inúmeras oportunidades que diz ter visto mas não existiram (um remate perigoso de Postiga foi apenas por ressalto e após livre, nada de construído). Pelo visto não mirou o jogo de há dois anos, onde além de coragem houve futebol de categoria e um triunfo incontestável que só pecou por escasso. Mas os louvaminheiros já saíram com a procissão do adro e carregam o andor por mais uns dias.

Isto, enfim, é como tudo: o ex-maoista Durão Barroso a confiar em Portugal obediente à troika e o comunismo em peso na CGTP a rebelar-se contra a extinção de feriados religiosos enquanto a malta que tem emprego certo vai de greve em greve, um direito que só assiste a funcionários públicos, a impedir quem quer trabalhar porque não faz greve no privado. 

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