Batoteiros encartados

À falta de argumento para continuar a música no relvado de Coimbra, ou para omitir a suspeita nomeação de Lucílio Baptista para o Académica-Sporting, alguém transferiu para Paulo Paraty a sombra da dúvida em relação ao P. Ferreira-FC Porto. Basta ler hoje João Querido Manha em Record, num inacreditável rol de meias-verdades e mentiras factuais mais documentadas que os seus parciais registos arquivistas a que junta a sempre oportuna falta de memória e despudorado facciocismo que o fariam integrar qualquer leviano Trio de Ataque com a paranóica Pinhão e o doentio Vasconcelos. E quem por aqui estranhava a acalmia do Apito Dourado ou a falta de

pressão sobre o líder da Liga, tire o cavalinho da chuva.

Paraty: vitórias do Porto, jogos com Benfica e Sporting

Paraty é um tipo associado a vitórias do FC Porto: 14 em 17, diz o Manha, tirando dois empates e uma derrota precisamente em Paços de Ferreira. Fora esta época, o meu registo apontava já 18 jogos (contra 27 do Benfica e 27 do Sporting) de Paraty com o FC Porto, mas devo ter recuado mais uns anitos na pesquisa.

Sendo a equipa com mais vitórias é normal haver árbitros que “oficializam” esses êxitos. Até com Bruno Paixão e mesmo contra Lucílio Baptista!!!

Mas o FC Porto trará sempre esse ferrete, um “calabótico” filme visto ao contrário por sancionar o número de árbitros (estamos a falar em jogos oficiais) em muitos campeonatos ganhos pelos dragões e Paraty, precisamente, é dos mais antigos ainda em actividade.

O cego não vê o que não quer

Alguém, como Manha, que não viu um golo de Clayton de canto directo a 1 de Abril de 2000 num Benfica-FC Porto, numa crónica sua em que mal se dava conta, além desse erro de arbitragem, do domínio azul-branco na partida mas da qual mal falava em dezenas de linhas debruadas a lápis vermelho; alguém, como Manha, que decerto faria sua a apreciação de Miguel Prates ao golo que não foi de Petit contra Vítor Baía, quando o locutor da SportTV gritou “parece-me claramente que a bola entrou”, de resto considerando, o Manha, válido o tal golo que imagem alguma demonstrou ter existido; alguém, como Manha, que não se deu conta de Paulo Paraty negar um golo ao Rio Ave na época passada, limpinho como água cristalina, para o mesmo árbitro, quase na jogada de resposta, validar um tento irregular de Mantorras que ditou a despromoção do Rio Ave face a essa derrota imoral de 0-1; alguém, como Manha, que menospreza a suspeita eterna de Paraty ter validado um golo de Luisão a Ricardo que deixou o Benfica quase certo do título em 2005, apesar de forte e legítima reclamação leonina num derby da capital, de resto um dos sete golos de bola parada, e muitos em faltas inexistentes, com que os árbitros levaram o Benfica ao colo para o mais vergonhoso título da Liga portuguesa nas 10 jornadas finais desse enorme monumento à suspeição que foi o campeonato da Liga da Cunha e Leal; pois esse ex-jornalista põe em causa quem estranhe a nomeação de Paraty para a Mata Real – pelo simples facto de o FC Porto ter ganho 14 dos 17 jogos por ele dirigidos…

Académica de erros

Manha vai mais longe: do FC Porto-Académica da 1ª volta desta Liga, lembra o “frete ainda fresco do golo de Hélder Postiga” nesse jogo do Dragão (1-0 a centro de Quaresma), numa situação de fora-de-jogo muito difícil de detectar e que não pode contrariar a regra de em caso de dúvida se beneficiar o atacante; este Manha, comentador ocasional da TVI no jogo da 2ª volta bem mais fresco em Coimbra, sancionou, da sua lavra, que o penálti de Cech sobre Filipe Teixeira “é evidente, agora sim é penálti” quando o academista se atirou para a “piscina” porque o eslovaco evitou o contacto, isto depois de Ricardo Costa, no seu dizer raivoso, ter cometido uma infracção de mão na bola quando tinha o braço colado ao corpo, na vertical, jamais o mexeu e o defesa portista “cumpriu” todas as “regras” que o corpo arbitral tem dito para não se marcar penálti nestas situações.

E a batota de Mourinho

A memória manhosa, ultimamente detectada numa série de escritos inclusive de assessores de Imprensa do Benfica espalhados como carpideiras do regime, deu para lembrar a famosa frase da “batota” que Mourinho usou contra Paraty, retractando-se depois sob ameaça de um processo na Liga, num FC Porto-P. Ferreira. Manha fala de um golo (mais um) de Postiga em fora-de-jogo e do golo com a mão de Jankauskas no último minuto para a vitória de 2-1. Mas esquece-se que, ainda com 0-0, Paraty negou penálti sobre Postiga e expulsão de um defesa inevitável, com poucos minutos de jogo, além de o golo de Jankauskas ter sido involuntário com a mão, após ressalto num poste e uma série de carambolas que tornou acidental o golo – e ele quer compará-lo ao de Ronny em Alvalade.

Mais: a manha persecutória foi tal que, recuando a 5/2/2001, na derrota portista na Mata Real, a tal derrota com Paraty, foi apontado um golo negado aos pacenses, por Leonardo, mas já em “segundas núpcias” devido a um fora-de-jogo (mal tirado) a Adalberto; mas foi omitido um golo anulado a Drulovic; mas foi relembrado um penálti de Paredes sobre Marco Paulo; além de Jorge Costa, claro! Faltava este, ter sido poupado a uma expulsão e até a um penálti - tudo lances em que a crónica desse jornal, que ele dirigia com João Marcelino, não é taxativa e alguns, como o último, nem mencionado foi, num jogo em noite de invernia e que se considerou, por isso, “de lotaria”.

Lapsos e relapsos

Esta memória selectiva tem destes lapsos e destes relapsos. Manhas destas não são exemplo ainda que possam ser catalogadas fruta da época.

Há dias, um ex-plumitivo de crimes e perseguições políticas de forma pouco Independente, discorria ódio e baba sobre Pedro Henriques num site desportivo made in Lis Boa. Enumerou uma série de jogos em que beneficiou vários clubes mas prejudicou sempre o Benfica. Os jogos de benefício são sempre estrategicamente omitidos.

Já Manha podia ter lembrado que o Benfica estaria em 2º lugar se o golo de Nani na Choupana tivesse sido invalidado por falta evidente que o antecedeu, sobre Ávalos.

Ou que Paraty esteve em dois jogos que afastaram o FC Porto do título em 2000 (Faro, 3-3) e 2005 (1-1 com Académica na última jornada), os tais empates penosos equivalentes a derrotas…

Ou, ainda, que em 1996-97 e 97-98 o FC Porto foi campeão sem arbitragens de Paraty mas muitos jogos apitados ao Benfica (4+4)…

Na Mata Real, como se adivinhava, vai valer tudo.

Para adoçar a sobremesa antes do jantar, Manha lembra que no Dragão o Paços esteve longe do número de faltas cometidas frente a Benfica e Sporting. Bolas fora, já se vê.