Campeonato até ao fim, por culpa própria

P. Ferreira 1-1 FC Porto
Antunes 21', Adriano 76'

Usando um pouco de humor, diria que o FCPorto está dar a falsas esperanças aos adversários, mas o que é certo é que o sofrimento que têm causado aos adeptos não tem piada nenhuma e um campeonato liderado desde o início pode-se resumir a um único jogo, que como todos sabemos pode estar dependente de muitos factores e se correr mal...

Não dá para entender, por mais que tente não consigo, como é possível uma equipa que entra para um jogo que a pode fazer campeã entrar tão sem chama, sem garra e sem vontade de assumir e tentar resolver o jogo? O nervosismo pode ser uma explicação, o adversário também, mas não é admissível tanta passividade a uma equipa que tem tudo para ser feliz. Algo se passa, o FCPorto habituou-nos a nos momentos importantes ter forças que pareciam inalcançáveis e a intermitência das suas exibições tem demonstrado que parece faltar algo àquela equipa.

Tinha dito num comentário anterior ao jogo que, se bem conhecia esta equipa, por mais que o empate servisse os interesses dela, nunca o FCPorto deveria entrar com essa intenção ou sem pensar apenas na vitória. Por pouco e infelizmente o resultado do jogo não me dava razão. A equipa entrou para o jogo na expectativa, a tentar ver no que iria dar, sem fazer a devida pressão no meio campo e no ataque, tentando ir controlando a partida um pouco à distância. O resultado disso foi que, embora controlando o jogo, nunca se conseguiu impor no mesmo durante a primeira parte, raramente chegava com perigo à frente.

O meio campo foi mais uma vez demasiado macio e o adversário tinha o jogo como queria, longe da sua área. Num lance de sorte, ou azelhice do FCPorto, e num dos únicos remates da partida à baliza de Helton, lá conseguíram o golo. A partir daí, os jogadores da casa estavam como queriam, com o jogo mais ou menos controlado e a vencer. A reacção do FCPorto foi ligeira, pareciam não ter forças, mas mesmo assim conseguíram criar um lance de perigo em que Lucho enviou uma bola ao poste. Toda a frente de ataque parecia distante do resto da equipa e assim completamente longe do jogo. O Anderson que conhecemos não entrou na primeira parte. Jesualdo entendeu isso e desta vez resolveu fazer algo de imediato com a entrada de Jorginho, que ainda pensei ir render Quaresma que era completamente inexistente, como nos vem habituando nos últimos jogos. Mas quem saiu foi P. Assunção e acho ter sido uma alteração que deu frutos. O FCPorto começou a jogar mais cima da defensiva pacense e os lances de perigo junto da baliza dos da casa começaram a aparecer, mas isto foi tudo já muito perto do intervalo e esperava-se uma outra atitude para o segundo tempo.

Como seria de esperar o FCPorto entrou na procura do golo na segunda parte. Mas parecia que a atitude pouco mudara. Aos poucos a pressão foi sendo feita e alguns lances de perigo foram sendo criados. O autêntico dilúvio que se abateu na capital do móvel, apenas favorecia a equipa que defendia, o terreno pesado em nada ajudava os criativos do FCPorto e a criação de lances de ataque, mas a equipa parecia ter mais coração e vontade de demonstrar que não poderia nem deveria perder este campeonato mesmo no fim. Quaresma, a quem já dediquei um parágrafo numa crónica anterior, parecia querer resolver tudo sozinho e mal. Deixo só a pergunta, será que já foi vendido e agora não necessita de se esforçar ou não quer ser vendido e por isso não se esforça? Simplesmente um dos piores em campo e ficar até ao fim do jogo apenas serviu para provar que, assim, não faz falta ao FCPorto.

Mesmo sem jogar muito bem, e já com Postiga em campo, por troca com o apagado (!!!) Lisandro, o FCPorto enviou mais uma bola ao poste. Mas a diferença fez-se notar quando saiu o inoperante Anderson e entrou Raul Meireles. Este terá sido o jogador que entrou com mais garra e vontade de vencer, sozinho controlou e desarmou o meio campo adversário, dando mais liberdade aos avançados para tentarem virar o que parecia acabar com o campeonato para o FCPorto. Num lance algo confuso, em que mais uma vez a bola parecia não querer entrar de modo algum, lá apareceu, talvez, o golo que inacreditavelmente deverá ser o golo que nos irá fazer campeões, pelo inevitável Adriano. Estava resolvido o jogo e o FCPorto não parecia ter forças para algo mais.

Temos assim e por culpa própria campeonato até ao fim. O golo salvador de Adriano faz manter intacto o objectivo de um título que já deveria e poderia estar resolvido há muito tempo. Agora basta-nos vencer o último jogo do campeonato, mas, como já disse, depender um campeonato de um jogo apenas, mesmo sendo contra o aflito Aves, é algo de inadmissível para uma clube como o nosso. Algo não está bem dentro daquele balneário, só espero que se resolva até domingo.