24 novembro 2011

Duas vitórias a alcançar, duas promessas a não quebrar

Espero que sim. Que aquilo de Coimbra não mais se repita e esta expressão foi usada por Vítor Pereira, enquanto o presidente só apareceu na hora da vitória e para falar, mais uma vez a despropósito e só revelando quanto isso o irrita, de personagens estúpidas da cena do pontapé na bola falado, os correios das manhas e o Rui Prantos.
Apreciei e senti a atitude do treinador, comentando com calma, e um gelo na expressão facial e nos termos utilizados bem como o tom de voz reduzido depois de alguma alteração dos últimos tempos. O seu grito de revolta deixou-o no campo, ao festejar ruidosa e expressivamente o 0-1 de Hulk. Assim é que deve ser e se o balneário também estava revoltado, mesmo aceitando críticas justas de (alguns) adeptos, é no campo que deve prová-lo, afinal o palco onde o FC Porto criou a sua marca e cimentou a sua hegemonia com a fidelização dos seus adeptos e o reconhecimento internacional.
Partilho a ideia de os dois próximos jogos serem fundamentais para a temporada. Pelo meio, a folga da Taça de Portugal até ajudará a perceber e lembrar de novo o ridículo do passado sábado. E, repetiu o treinador, pode estar enterrado, bem no fundo onde batemos, mas não pode ser esquecido.
Tanto como as vitórias esperadas nos próximos jogos, essa promessa dupla, de não repetir mas de não esquecer, é para ser cobrada e com juros altos.
GREVE GERAL
Por causa de uma greve geral em Portugal, o FC Porto aterrou em Vigo às 7.30h. Também neste ponto há gente que brinca com coisas sérias, por muito ar sério e preocupações legítimas que queiram revelar os seus protagonistas mais célebres mas traídos pelo matraquear de um chorrilho de lugares-comuns que denunciam os objectivos de sempre de manipulação política. O espectáculo da Informação dá-nos as coisas do costume, discrepâncias nos números e divergências nas interpretações, já com muita indiferença geral. Nada de novo. Nem o desrespeito por quem quer trabalhar perde direitos, nos piquetes quais tropas de choque, de alforria sindical, nem os que fazem greve serão talvez em número equiparado aos desempregados que não devem juntar-se-lhes para aparecerem na televisão.

Sobre a greve, vale a pena ler coisas por aí:
Nos paraísos dos trabalhadores
Eu também estou curioso para saber a adesão nos privados
Olha para o que eu digo e não para o que eu fiz
E os grevistas que barram o caminho a quem quer trabalhar continuam com o salário assegurado por todos que pagam os empréstimos contraídos pelo Estado

DE VIGO AO PORTO, PELA A3 OU A SCUT PAGA HÁ 404 DIAS
A propósito da viagem de Donetsk, via Vigo e de autocarro para o Dragão, não sabemos se da fronteira ao Porto o autocarro da equipa viajou pela A3 ou pela A28, esta SCUT que só é paga no Litoral Norte e no Grande Porto, há 404 dias (ver JN) e como únicas excepções no Portugal em greve geral para satisfazer a matilha que vive maioritariamente em Lisboa.
Mas sobre isto nem um post se vê por aí. E pur si muove, diria Galileu. E no "relógio do JN", counting...

9 comentários:

  1. "enquanto o presidente só apareceu na hora da vitória"

    Zé Luis, nos jornais de ontem, antes do jogo portanto, citaram uns bitaites do Pinto da Costa lá na Ucrania.
    Nevertheless, tambem não aprecio o silêncio habitual nestas alturas menos boas do clube...

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  2. Caro Zé Luis,

    Não percebo de táticas(venho aqui muitas vezes para aprender com as suas demonstrações), por isso não opino sobre o jogo para não falar do que não domino.

    Mas ficou-se a sensação que a equipa jogou mais alta a pressionar sobre a defesa, numa atitude de "ou tudo ou nada".

    Ora bem, psicologicamente percebe-se que só assim pudesse ter sido. E mesmo sem perceber da matéria fica-me a ideia que o actual treinador só agora arriscou, só agora se atreveu a jogar no fio da navalha, pois os seus complexos esquemas defensivos apenas têm revelado insegurança e o medo de falhar.
    Quando a coisa bateu no fundo, vai barril ! Pior já não se fica.
    Se assim for - e é apenas uma impressão de alguém que tem atenção ao comportamento dos homens - as expectativas são boas, pois a matéria prima está lá toda, na equipa. Só é preciso coragem e tremendismo para se jogar e viver no fio da navalha. Na certeza de que a sorte protege os audazes e ter sorte dá muito trabalho.
    Cump.

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  3. miguel, antes não dei conta, por sinal não vi os jornais de ontem mas se fosse algo de importante teria notado algum ruído. Se, de facto, falou era escusado falar depois. Porque na hora da vitória não precisa vir demonstrar união e força.

    De qualquer modo, como sublinho, basta-me a promessa de aquilo de Coimbra não se repetir. Daquela forma acho inconcebível, mas no dia 30 voltarei a falar disso por causa de episódio antigo que me chocou.

    Para Pinto da Costa garantir que não se repetirá é porque houve chamada de atenção no balneário da parte de quem manda e pode. Alardear depois essa condição não é muito do estilo do FC Porto, mas já nada é como dantes...

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  4. carneiro, o que tento destacar, não demonstrar, é que jogar alto em pressão é o estilo preconizado e publicitado na pré-época pelo treinador. Viu-se muito isso no jogo com o Lyon em Genebra, apesar da derrota houve uma pressão muito intensa e o resultado traiu a vontade da equipa.

    Mesmo frente ao Barcelona o FC Porto jogou alto em pressão, incomodou a melhor equipa do mundo e não fosse a assistência de Guarín para Messi (0-1) e não sabemos como decorreria o jogo. Foi mais uma demonstração da equipa. Porém, neste jogo de alto risco que é sempre uma tremenda aposta atacante, há que ter salvaguardas defensivas. O Barça tem-nas, sofre poucos golos ainda que ultimamente tenha sofrido mais do que o normal.

    Ora, é não só um jogo de alto risco como é, acima de tudo, difícil de manter ao longo de uma época. Nem todas as equipas têm essa capacidade e as que têm são precisamente as melhores do momento, como o Barça, o Madrid e o Milan, do que tenho visto. É preciso saber ter a bola, os médios são fundamentais e o trinco em especial não pode falhar, nem a passar nem a ajudar atrás.

    Isto tem faltado ao FC Porto nos últimos jogos. Porque o 4x3x3 é o sistema de jogo mais exigente, o mais arriscado, dizem que o mais belo e até perfeito, mas o futebol é feito por homens, e são 11 para cada lado e muitas incógnitas no campo a que se adiciona, amiúde, o "humor" dos árbitros com as suas decisões nem sempre acertadas e que podem ajudar a mudar um jogo.

    Para esse jogo exigente é preciso gente preparada e consciente, gente empenhada e valente, gente determinada e ambiciosa. Os jogadores fazem a diferença com isso tudo e se forem bons. O FC Porto tem um óptimo plantel, com a pecha do ponta-de-lança como sempre sublinhei, tem bons jogadores e obrigação de fazer muito mais.

    Mas a falta de vontade, para mais inadmissível em profissionais pagos a peso de ouro, pode levar as melhores intenções à ruína. É o que tem sucedido.

    O FC Porto, inicialmente sujeito a forte pressão do Shakhtar mas natural sempre de quem joga em casa e entra forte no jogo para dizer que quer mandar e intimidar o opositor, esteve bem na atitude, no plano de jogo mas tem ainda falhas de passe, recepção e passe, desmarcação e recepção, depois passe, que provocam calafrios.

    E se chamo a atenção para este ponto no texto, em letras grandes, é porque nunca ninguém pegou no facto de, às ideias do treinador, não entenderem, quem o critica como se não soubesse nada daquilo, que são os jogadores que têm licença para arriscar e não o fazem.

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  5. (continua)
    Se alguma crítica, bem formada, fosse no sentido de alertar para o facto de os jogadores não estarem a cumprir o plano de jogo e que o treinador se calhar exige demais deles e estes não respondem (o porquê viria depois), então era de aconselhar moderação e refrear algum aventureirismo do modelo de jogo no seu todo.

    Para mais, na Champions, onde a qualidade de jogo é superior e ao mais alto nível do que na Liga Europa onde não assentam as melhores equipas, há uma precaução defensiva que deve ser sempre prioritária e sem a qual qualquer projecto de futebol ofensivo fica condenado ao fracasso. Essa precaução defensiva que tem faltado e um relaxamento competitivo impróprio e castigado justamente por equipas matreiras que não se deixam desproteger, causou os dissabores que se viram.

    E, entretanto, os patetas que têm cenários idílicos a povoarem as suas pibres cabecinhas vão vendo mas não percebendo o que se passa. E não compreendem como mesmo o APOEL faz a carreira impensável que tem feito. Está provado que só uma atitude muito séria e um jogo de combate leva a superar os cipriotas.

    Eu foco, agora, o ponto de aquilo que VP quer, sempre quis, não estar a ser cumprido. De ter os seus riscos e de merecer algum cuidado defensivo. Se calhar, em resumo, é um chinelo maior do que o pé dos jogadores para o calçarem e aí a dúvida e a crítica é justificável. Mas ninguém o fez deste modo.

    A Imprensa tem as parvoíces do costume de quem parece que nunca viu futebol e, em vez de analisar, se surpreende. Os comentadeiros são do mais banal e pacóvio que já, estendidos a quase todos os bloggers que disparataram as mais absurdas ideias sobre o assunto.

    "Peçam" à equipa para ser menos ofensiva ou, se quiser sê-lo, que se saiba precaver de muitas armadilhas. Porque os outros também jogam e até podem parecer gigantes quando o Porto não joga um caralho, como sucedeu em Coimbra.

    Só faltava agora os jogadores virem dizer que não podem acompanhar o que o treinador quer. O problema é que eles conseguem-mo e já se viu, ontem a 2ª parte foi excelente e temos uma séria limitação na posição 9, como sempre referi e mais destaquei na Champions face ao que os adversários nos mostravam nessa posição 9. A equipa é jovem, tem força, tem raça, sabe jogar, precisa arriscar. Talvez seja pedir demais, mas é essa reflexão que deve ser feita.

    Se tivesse imagens na tv podia exemplificar isso em muitos jogos. Mas tenho de ficar com o meu esforço de demoradamente levar alguém a partilhar essa ideia e a paciência de quem quererá discutir isso.

    Mas sem vontade dos jogadores não se faz vingar modelo algum de jogo nem se obtèm vitórias. E o FC Porto tem um historial de sucessos, e alguns fracassos, que o atestam.

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  6. "É preciso saber ter a bola, os médios são fundamentais e o trinco em especial não pode falhar, nem a passar nem a ajudar atrás."

    Isto é tão verdade e mais uma vez ontem, apesar de sem consequências graves, vimos o nosso trinco a dar tantas baldas nos dois momentos do jogo - esquecer de compensar as marcações na defesa e sem qualquer capacidade de dominio e distribuição de bola na posse desta! Coloco esta pecha ao nivel da falta de um central e um PDL de categoria para explicar a falta de competetividade da equipa em muitos momentos da época.
    Otamendi tanto tinha safava bolas complicadas como a seguir as entregava aos adversários.
    O mais grave de tudo é que estas falhas (excluindo o PDL obivamente) eram facilmente visiveis desde a época passada e não se viu sinal nenhum de tentar remediar isso (Mangala á parte).

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  7. Quanto ao 4-3-3, ontem notei claramente a falta de Falcao na equipa. O homem valia por um e meio.
    O 3 do meio campo do Porto (como já acontecia na época passada) não inclui nenhum elemento criativo capaz de pegar no jogo e leva-lo para a frente, manter a bola no ataque e criar situações de golo, tarefa que cabia ao colombiano que era capaz de segurar a bola no ataque e ao mesmo tempo aparecer na area para finalizar ou abrir espaços para a entrada de outros.

    Ora, para mim, ontem foi o jogo em que a equipa se apresentou mais parecida com o que fazia na época passada. Apesar da constante superior percentagem da posse de bola e elevado numero de golos marcados, acho que o Porto de AVB priviligiava a segurança defensiva e um crescimento sustentado e com risco minimo até ao ataque.
    Ontem vi a preocupação defensiva a sobrepor-se à atacante, como salientado nos posts e nos comentários, mas com exepção dos ultimos 30 minutos não houve capacidade para manter a bola no meio campo adversário e criar as necessárias oportunidades de golo.
    Daí me ter lembrado tantas vezes de Falcao ao longo do jogo.

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  8. Exactamente, miguel, exactamente.

    São meros exemplos, podem dar-se outros mas as imagens ajudariam melhor a compreender quem não tem a visão global das coisas.

    Quanto ao médio critativo:
    como tenho repetido again and again, um dos motivos de VP fazer muita rotação é que nenhum tem dado garantias absolutas. Ou apaga-se, ou não corre, ou passa mal ou não defende. Esse tem sido o problema que VP tenta resolver, variando, apostando em jogadores.

    Belluschi é o médio mais próximo de ser 10. Tem jogado mais ultimamente, porém nos últimos jogos falhou muito passe. Não é que não tenha tentado, mas nenhum entra. E como quase um 10, afinal ele veio fazer de Lucho e não o Moutinho como se propagandeou, o argentino chega à área e chuta.

    Mas é mais fácil chegar à área quando as costas estão cobertas e há médios de cobertura para deixar os homens da frente descansados na tarefa de partirem defesas.

    É tudo isso que tem falhado e não a táctica ou o treinador. Infelizmente, não sei por inconsciència própria ou emprenharem pelos ouvidos do que se diz por aí que vulgarmente é lixo e, pior, mania de fazer mal ao FC Porto, muita gente palpitou de tudo e não viu o óbvio.

    Como disse VP e aqui destaquei então, o treinador tem de fazer render os talentos dos jogadores. Estes não se podem esconder, algumas vezes houve azar e lembro os jogos em Chipre e em Olhão que podiam ter dado um empate e uma vitória sem favor. Com esses resultados nada desta pressão chegaria ao ponto intolerável do momento.

    A importância do Falco, como notas, é gritante. Por esses movimentos e ajudas/apoios que ele dá, além de um finalizador por excelência. Não é um primor de técnica, dominava mal algumas bolas m as eram a excepção.

    Por alguma razão a saída de Falcao foi vivamente saudada por adeptos rivais...

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  9. Com imagens, e por isso digo que os parolos da televisão não sabem usar as imagens e não têm capacidade para isso e meter-lhes explicações em cima, poderia explicar-se tudo facilmente.

    Daí ser importante que o jogo de Coimbra seja mostrado diariamente, até como castigo mas também como lição, aos jogadores. Aquilo não pode acontecer.

    Se pudessemos, sobrepunhamos duas imagens:

    1) o jogo de Coimbra e o jogo de Donetsk, percebia-se as movimentações defensivas dos jogadores a começar na frente.
    2) o que era Falcao como apoio na frente e o que é Kléber ou Walter, inexistentes nesse domínio.

    Era uma diferença do preto para o branco. Olha, por ironia, do negro de Coimbra para o branco de Donetsk.

    Infelizmente, de Falcao só podemos ter a memória.

    Como dizia Pedroto, quem viu sabe, quem não viu estivesse presente.

    Se quisermos concluir, o futebol não tem segredos, não se inventa a pólvora mas é preciso gerir todos os jogadores em campo.

    Como também renho dito repetidamente, em quase todos os jogos o Porto parece ter 10 em campo.

    Lembro-me da última época de Jesualdo. E das outras, claro. Embora na última não tivesse Lucho e Lisandro, já havia Hulk em pleno e Falcao. Porém, lembro que à 4ª jornada da Champions já estávamos apurados ganhando em Chipre (Falcao, mas muitas ocasiões também). Logo a seguir fomos ao Marítimo perder sem jogar um corno e com um autogolo que só visto do Rolando a chutar para o ar à entrada da área e a bola a pingar sobre Helton.

    É só ver o que se passa. Se os jogadores não trabalharem, e nenhuma equipa trabalhou mais do que o APOEL, até parece que as coisas não têm explicação. Depois, se trabalharem, a sorte acompanha normalmente. O trabalho puxa a sorte, normalmente. Não são as camisolas ou o nome dos jogadores que fazem ganhar jogos.

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