Não querendo entrar por áreas mais melindrosas para os portistas que vivem em Lisboa, que sei serem mais que muitos, e sabendo também que isto não tem a ver própriamente com o FCPorto, que é há muito um clube do país inteiro, aliás do mundo inteiro, hoje vou fugir um pouco ao tema propriamente dito do futebol para falar de algo que acho preocupante em Portugal.
Embora todos reconheçamos que somos um país com variadas limitações financeiras, que admitamos que quase tudo está mal a nível económico, o que é certo é que ainda a semana passada ouvimos falar em se querer organizar um mundial de futebol, falava-se do mundial de 2018. Já antes se ouvira a ideia megalómana da candidatura de uma cidade portuguesa ao Jogos Olímpicos de Verão. Essa cidade, como todos já devem ter calculado é a "capital do império", como carinhosamente o nosso presidente lhe chamava.
Assim, apresento-vos um texto interessante sobre o assunto que retirei do jornal O Jogo, já de há umas semanas atrás, e cujo o título é precisamente Centralismos.
«Sem querer beliscar a legitimidade de Vicente Moura, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), ao preferir Lisboa caso venham a realizar-se em Portugal os próximos Jogos da Lusofonia, não posso deixar de estranhar aquela vontade.
Apesar de redundante, o desejo do dirigente máximo do COP vem uma vez mais acentuar algumas diferenças entre Portugal e os restantes países, se não todos pelo menos uma boa parte. A começar pela vizinha Espanha, tantas vezes citada como um bom exemplo nas mais diversas áreas. Uma delas pode ser a democratização com que é capaz de gerir grandes acontecimentos que tenham lugar no país, desportivos ou não. Assim se consegue que a Expo'92 tenha sido em Sevilha; que os Jogos Olímpicos do mesmo ano tenham tido lugar em Barcelona; que a Taça América do próximo ano esteja marcada para Valência.
Em Portugal, a menor dimensão do país não pode justificar a febre que conduz a um tal centralismo na capital Lisboa. Que recebeu a Expo'98, o Masters de ténis, a final do Euro'2004 e que deverá receber os Jogos da Lusofonia, se forem em Portugal, e os Jogos Olímpicos de Verão, se alguma vez se realizarem em Portugal. E tudo o mais de alguma dimensão que possa vir a ter lugar em Portugal.
Não há nesta macrocefalia qualquer equilíbrio. Receio até que haja um cada vez mais acentuado desequilíbrio entre a evolução de Lisboa e arredores e o resto (nunca o termo foi tão apropriado) do país. E esta constatação não resulta de um qualquer acesso de regionalismo, antes de factos provados e comprovados.»
Barbedo de Magalhães in O Jogo
Eu percebo a ideia do Centralismo k "assombra" Portugal! Por viver na zona da Grande Lisboa sei perfeitamente k sou beneficiada em diversos aspectos, sobretudo os culturais! Mas claro k nem td é 1 mar de rosas! =) Por aki o trânsito é uma dor de cabeça enorme, e apenas existem 2 pontes p/a Margem Sul, as quais se paga portagem!
ResponderEliminarOk, mas ñ me vou queixar mais! =)
Kuanto ao caso dos Jogos da Lusofonia serem em Lisboa, há k ñ esquecer k a realização deste tipo de eventos implica um grande investimento, k ñ pode ficar a cargo do Estado exclusivam/, tem k haver apoio de privados k tenham interesse! E é ai k começa a "dança" dos grupos de interesse, como o turismo (hotel,lojas,centros comerciais..).
Tudo isto pesa aquando a decisão do local de realização deste tipo de eventos!
Kuanto ao caso de Espanha, ñ nos podemos esquecer k esas grandes cidades são praticam/ auto-suficientes, e esta realidade tem servido de base às constantes lutas por independência das variadas regiões (Catalunha,Galiza ou Pais Basco). Por iso axo k ñ se deve fazer comparações neste aspecto entre o nosso país e os vizinhos espanhóis!
Ñ kero com xtas ideias ser mal interpretada. Axo k o nosso país deveria apostar + no desenvolvimento de outras regiões k ñ as msm, mas defendo k o TGV vem ajudar a resolver um pouco esse desiquilibrio. Ñ é suficiente, eu sei, mas é um começo!
Tenho esperança k a geração de hoje e de amanha consiga resolver os erros do passado..
Prika_MS, estou de acordo quando dizes que existem grupos de interesse mas não quando falas no poder da hotelaria para desculpar a escolha sistemática de Lisboa para organizar os maiores eventos. Porque estou convencido que eles, os hoteleiros, preferiam outra zona mais turistica como o Algarve ou a Madeira se pudessem escolher.
ResponderEliminarO problema é que ainda estamos a sofrer com as décadas de centralismo fascista de Salazar e ainda não entramos numa verdadeira democracia onde todas as regiões são tratadas por igual. Porque no tempo da outra senhora dizia-mos que Portugal éra Lisboa e o resto éra paisagem e agora continuamos, infelizmente, continuamos a dizer o mesmo sejam quais forem as razões ou os eventos.
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ResponderEliminarQuase um quinto do capital social da F. C. Porto SAD está nas mãos de empresas espanholas. Com a recente venda da Amorim Imobiliária ao grupo espanhol Chamartín a participação de 18% detida pela empresa Aplicação Urbana II passa a estar totalmente sob controlo de dois fortes grupos espanhóis ligados ao sector da construção e do imobiliário, a Sacyr e a Chamartín. Para já, a entrada dos espanhóis no capital social da F. C. Porto SAD não teve qualquer significado ao nível da gestão do futebol do clube, mantendo-se Rui Alegre como administrador indicado pela Aplicação Urbana II. O Grupo Amorim deixou de ter qualquer ligação ao capital social da F. C. Porto SAD.
ResponderEliminarPara se medir a importância da parcela de capital social dos espanhóis na SAD do F. C. Porto, basta dizer que representa a segunda participação de maior peso, imediatamente atrás dos 40% que o clube detém desde a constituição da sociedade. Logo a seguir aparecem António Oliveira (11%), Joaquim Oliveira (10% através da Sportinveste), distribuindo-se os restantes 22% por uma infinidade de pequenos accionistas, entre os quais Pinto da Costa, presidente do clube e presidente do Conselho de Administração da SAD, que detém pouco mais de 0,6%.
Os espanhóis chegaram à posição que actualmente detêm no F. C. Porto através da aquisição de duas empresas portuguesas. Primeiro, o grupo Sacyr (construção) comprou a portuguesa Somague, ficando dessa forma, e indirectamente, com metade da Aplicação Urbana II. Com a recente venda da Amorim Imobiliária aos espanhóis da Chamartín a outra metade da Aplicação Urbana II passou também para controlo espanhol.
No imediato, não se prevêem alterações na administração da SAD, mas, a importância da participação permite, normalmente, a indicação de um administrador. Questionado sobre o impacto da alienação à Chamartín, Rui Alegre, presidente da Aplicação Urbana II, disse, por mail, ao JN, que "tudo se mantém igual". Pelo que se poderá inferir que a empresa continuará a ser a responsável pela edificação de todo o complexo habitacional em redor do Estádio do Dragão.
Diogo Vaz Guedes, da Somague, que agora pertence ao grupo Sacyr, diz desconhecer se vai haver alguma alteração no futuro próximo "Não faço a mais pequena das ideias. Não temos, nem nunca tivemos, uma intervenção directa na SAD do F. C. Porto. Os Amorins é que tinham um lugar na administração, com Rui Alegre".
A SAD do F. C. Porto, por sua vez, limitou-se a dizer que nunca teve qualquer contacto com os grupos espanhóis e que Rui Alegre continua pelo menos até ao fim do mandato (Dezembro de 2007), a não ser que apresente a demissão. "Para nós, está tudo exactamente na mesma". A globalização também chegou às empresas de futebol.
vejam no meu blog pq é q o slb está de novo no guinesss
ResponderEliminarQue me perdoem as virgens ofendidas, mas mesmo que o Norte (reparem que digo Norte, não Porto...) ande a ser benefeciado durante 1, 2 ou 3 décadas seguidas, nunca me sentirei recompensado do tratamento que o antigo e actual 'salazarismo' ainda muito enraizado na sociedade portuguesa nestas áreas de importância e relevo, nos fizeram e continuam a fazer... e nem sei bem quando o irão parar de fazer, porque não vislumbro qualquer mudança.
ResponderEliminarPor isso, repito, que me desculpem as virgens ofendidas, mas quero é ver 'Lisboa a arder' e ponto final!!
aKeLe aBrAçO
http://bibo-porto-carago.blogspot.com/
PS - Prika_ms, pf não interpretes isto a nível pessoal, mas sim no sentido figurativo... só não gosto mesmo de Lisboa e ponto final!!
Apesar de criticado por muita gente minha conhecida que, por causa destas e de outras razões me recusei a ir à Expo que se fez na capital do império e que serviu para aumentar o défice e engordar uns quantos bolsos...
ResponderEliminarVejam por exemplo as críticas da época a esse evento de um grande portuense e portista, o Dr. Hélder Pacheco.
Estou farto de se continuar a realizar tudo aí, os tiques do passado continuam.
Continua actual a velha máxima que o melhor de Lisboa é o caminho para o Porto.
Hoje a certa " inteligência " isto soa a bacoco, demagógico, ultrapassado e políticamente incorrecto ...
Mas nós continuamos assim, quais irredutíveis gauleses, a lutar contra o centralismo.
Penso que um passo seguro para que toda esta dinâmica concentracionária se desmantele é necessário que se aprove um projecto de desenvolvimento regionalista que ponha termo a esta "aparente dispersão" dos poderes e que no final acaba por beneficiar quase em exclusivo a região da grande Lisboa. O que me surpreendeu na última campanha desenvolvida nesse sentido foi a oposição de muito boa gente e um dos mais ferrenhos adeptos do "não" à regionalização foi precisamente MST...Bem sei que ele vive em Lisboa mas para quem tanto parece defender os interesses do Norte é no mínimo contraditório....E tudo afinal ficou como sabemos depois dessa campanha mais concentrado em Lisboa...Eu fui também vítima desse movimento de Centralização dos poderes na nossa Capital, pois determinados serviços foram extintos na cidade do Porto e exclusivamente assentes em Lisboa. O serviço em que eu trabalhei mais de duas décadas acabou de um momento para o outro e nem sequer fomos indemnizados por isso, malgrado toda a nossa movimentação. O País tem uma tradição de concentração da sua "inteligentsia" na Capital e ela depois de aí afirmada, marimba-se para as suas origens e não abre mão do seu poder e benefícios. Vejam que até o morcão do Zé Veiga tinha casa em Cascais, daí ter passado de um momento para o outro de Portista para o outro lado da barricada. Este oportunismo de muitos dos naturais do Norte do País quando em terras de "Sua Majestade a Capital de Portugal" tem contribuido em larga escala para esta manutanção do "Status Quo" em que vivemos. Temos que ganhar consciência da necessidade que temos em impôr um modelo de desenvolvimento Regionalista a sério para acontecer um pouco daquilo que a Prika refere quando fala de Espanha. Essa situação no País vizinho só foi possivel pela implementação de uma verdadeira Regionalização que fez crescer e desenvolver enormemente muitas zonas de Espanha até aí também sujeitas ao Poder centralista de Madrid. Até lá,até à concretização de um desses tipos de projecto não saímos da cepa torta e ficamos cada vez mais para trás em relação ao País (Lisboa) e ainda pior em relação ao resto da Europa...
ResponderEliminarOs exemplos dados pelo Zirtaev estão longe de ser exaustivos. Num país em que o Orçamento de Estado vale 50 % do PIB, a mera aplicação desses fundos - e o facto de uma percentagem elevada dos funcionários públicos estarem em Lisboa, onde estão todos os organismos públicos - tem uma importância decisiva. Basta recordarmo-nos da API, uma tentativa tímida de criar uma agênciazinha fora de Lisboa, e que não demorou a ir para Lisboa...
ResponderEliminarDepois, há também as muitas empresas que são maioritariamente privadas, mas em que o Estado tem ainda um papel. Todas têm sede em Lisboa! Se eu quiser criar uma empresa prestadora de serviços, estou logo condicionado - não me resta alternativa que não seja a de ir para Lisboa, onde estão todas as sedes.
Teria de ser assim? Basta pensar no caso da EDP. A EDP surgiu em 1976, fruto da fusão das diversas empresas (privadas) então existentes, e ligadas ao sector eléctrico. As maiores dessas empresas estavam no Porto (não esquecer que a densidade demográfica do Norte é superior). Onde ficou a EDP? Lisboa!
Depois, foram criadas 4 empresas de distribuição de electricidade (Norte, Centro, Vale do Tejo e Sul). O centro de gravidade destas empresas estava a Norte (o Norte era maior que o Vale do Tejo, e o Centro era maior que o Sul). As quatro empresas fundiram-se para dar origem a uma empresa única. Onde está a sede? Lisboa.
Os exemplos não terão fim - e são um indicador claro (e causa) do nosso atraso.
Centralismo VS ???
ResponderEliminarAcho que tem havido muitas queixas, oportunas, válidas e por vezes desesperadas, mas têm faltado alternativas.
A Regionalização ñ foi para a frente e ainda bem, só iria criar uma meia dúzia de novos tiranetes, com a sua respectiva corte de tachistas. Sem competências reais, seria apenas o dividir para reinar melhor, ou como dizia o conde no Leopardo “ se queremos que nada mude, algo tem que mudar”. Lá tenho que concordar com o MST...
Acho que o problema também ñ está nas várias dependências centrais do Estado estarem na capital. Em relação a estas, o único problema é o seu peso absurdo. Se são centrais, logicamente e por razões de articulação devem estar próximas.
O que me assusta, até porque vivo em Lisboa, são notícias como uma projecção do ano passado, que apontava para em 2030, 50% da população portuguesa a viver numa muito grande Lisboa.
O investimento estatal deve ser em infraestruturas para que o investimento privado aposte nas regiões esquecidas do interior. Aí sim, temos problemas graves de desertificação e abandono, ainda sem qualquer perspectiva real de resolução.
Alguns comentários aqui deixados apontaram como raíz para este problema a ditadura do Salazar. Antes fosse, era sinal que rapidamente se passava por cima dessa nódoa de quase 50 anos. A verdade é que esse problema tem raízes históricas profundas na nossa longa História, onde os últimos 50 anos são apenas um momento.
Para bode espiatório, que tal a Igreja Católica, que através da Inquisição, cerceou todas as vontades e determinação individuais transformando os portugueses em pessoas supersticiosas e de vistas muito curtas. Ao contrário da igrejas reformadas do norte da Europa, que pregavam as leituras e responsabilização pessoal, logo dinamizando o sucesso individual, por aqui o padre lia a missa em Latim e qualquer fortuna pessoal estava na mira da Inquisição, que mais não foi que uma forma de destruir a Burguesia e afastá-la dos centros de decisão da Corte.
A deslocação das pessoas para Lisboa não é mais do que uma consequência lógica do centralismo. Já conheço algumas pessoas, recém-liecenciadas, que tiveram de se mudar do Porto para Lisboa, porque cá não encontram emprego.
ResponderEliminarDiscordo em absoluto que se fale na Inquisição, já que o Porto de pode - e deve - orgulhar de não ter sofrido tal flagelo. Em Lisboa assassinaram pessoas em profusão e realizaram-se inúmeros autos-de-fé. Mas esse fenómeno é estranho à tradição liberal do Porto. A comunidade judaica do Porto sempre foi estimada e respeitada. Certa vez, o bispo resolveu prender judeus e excutá-los em auto-de-fé. Fez alguns 20 prisioneiros. Na véspera, quase todos (a menos de 3 ou 4), fugiram com a ajuda da população. Esses desgraçados foram executados nas proximidades de uma das portas da muralha (as autoridades receavam tumultos e, nesse caso, poderiam refugiar-se facilmente, fechando as portas atrás de si). Rezam as crónicas que a população assistiu em silêncio, aparvalhada com a brutalidade. Depois desse acto, o bispo passou a sofrer ameaças à sua própria vida e teve de fugir (repare-se o que significava pôr um bispo em fuga, naquele tempo). Nunca mais houve autos-de-fé no Porto. Portanto, se a Inquisição tivesse sido decisiva nesta questão, seria sempre a favor da Invicta (nem é por acaso que o Porto ostenta este título, atribuído por outras guerras).
Já agora, o conceito de "corte", esse sim decisivo, também é estranho ao Porto. Durante séculos tivemos uma Lei, em vigor na cidade, que proibia qualquer nobre de pernoitar nela, a menos que em trânsito e nunca por mais de uma noite. Nunca houve nobreza no Porto - que sempre foi uma cidade liberal e burguesa, por excelência.
ResponderEliminarNasoni está muito bem escolhido (é nick não é?) para um defensor da cidade do Porto.
ResponderEliminarCompreendo a tua ideia acerca da Inquisição, mas então junto à discussão mais algumas ideias.
-Muitas pessoas executadas em Lisboa foram trazidas de outros pontos do país. Podemos fazer um bocadinho de humor negro e dizer que, já que esse era uma das poucas actividades culturais do momento, nem a ela tinham direito os habitantes das outras cidades. Mas houve outras inquisições importantes, por exemplo em Évora.
-Pior que as execuções, que serviam para entreter o povinho, era a confiscação dos bens. Este era o objectivo central da Inquisição, extorquir fundos e propriedades.
Ora a grande burguesia de Portugal estava fixada historicamente em Lisboa, um dos mais importantes pólos comerciais da Pen. Ibérica desde o período romano.
Houve vários momentos em que essa Burguesia teve um papel determinante para o futuro do país, como a crise de 1383-85 (quando foi atirado da torre da Sé de Lisboa o Bispo da Cidade), em que lutou contra os interesses da alta Nobreza, nortenha e galega, ainda com raízes na época da conquista aos mouros.
Os Descobrimentos foram o momento de glória para estes burgueses, protegidos pela chamada ínclita geração. A meio desta 2ª dinastia assistiu-se ao recuperar de poder da Nobreza, por meio de muitas tropelias palacianas e a iunstauração da Inquisição, por D. João III, foi o culminar dessa ascenção e o assentimento para a aniquilação da Burguesia e do empreendorismo.
Não queiras ver esta questão e/ou outras na perspectiva PortoVSLisboa. Nada de verdadeiramente construtivo sairá dessa discussão. Só a título de exemplo, quando falas da tradição liberal da cidade do Porto, não podes esquecer que a cidade de Lisboa, ao tempo da conquista por D. Afonso Henriques, era uma cidade livre onde viviam comunidades judaicas e cristãs livremente. Uma verdadeira cidade aberta, dinâmica e progressista, como era a civilização mourisca. Não te esqueças que os mouros, que o Pinto da costa tanto gosta de utilizar como arma de arremesso, eram, à época, um povo que vivia um renascimento, que se dedicava tempo a conservar os ensinamentos dos clássicos gregos e romanos (se o aristóteles sobreviveu até hoje a eles se deve esse feito), a trabalhar a matemática (inventaram o conceito de zero), entre muitas outras inovações importantes, mais prácticas, como na agricultura.
Por essa altura a cultura europeia tinha muito pouco de prestigiante.
Utilizei a Inquisição apenas como argumento para explicar a histórica deficiência cultural e educativa de que padece o nosso país. Salvaguardadas as distâncias históricas, parece-me tanto ou mais determinante que a ditadura fascista do séc. XX, bem mais curtinha.
ResponderEliminarMas quanto ao problema do centralismo, talvez não acreditem, mas 90% dos lisboetas não se importavam de deixar partir (e até ajudar a empacotar tralhas...) os ministérios, delegações, secretarias de estado, deputados e quejandos. Não trazem nada de bom à cidade, apenas ajudam a entupir o trânsito.
No Porto não pensam muito nisto, mas talvez se tentarem imaginar o que são as deslocações dos ditos senhores pela cidade, com vários carros e motas, uma barulheira infernal e o desrespeito completo pelos cidadãos, talvez pensem duas vezes nas reivindicações (o show-off do Santana foi um abuso completo, criminoso mesmo).
Quanto ao problema que deu origem ao texto do post, não há dúvidas nenhumas que Lisboa concentra acontecimentos importantes.
O Porto é, tal como em todos os outros índices, a segunda cidade e daí para baixo, nada, mas mesmo nada, acontece.
Isto é mau e pode até ser perigoso. Corremos o rsico da tal mega-cidade que ninguém quer.
Muito bem!! Quero agradecer ao Nuno e ao Papoila a bela lição de história que nos estão a dar.
ResponderEliminarApenas um senão, creio que estão a entrar por caminhos errados. Creio que estão a olhar para as origens remotas quando o que mais interessava seria, como é óbvio, a solução. E a solução passa pelos deputados eleitos por cada região e pelas pessoas que votam neles. Quantas vezes esses deputados são eleitos por Bragança, por exemplo, qd já não vivem lá desde a infância, sendo na realidade lisboetas. E os que até são de Bragança e quando são eleitos se esquecem da sua origem. A verdadeira solução seria eleger deputados verdadeiramente bairristas que lutassam pelo povo que os elegeu. Depois o povo que vota sem olhar a quem, olhando apenas aos partidos e os deputados são eleitos presos a uma máquina que não muda enquanto o povo não procurar alternativas para os representar sem serem máquinas partidárias. Estas para mim seriam o principio da solução. O bairrismo existente em espanha é o que os faz fortes.
Um abraço.
Demasiado lírico Zirtaev,
ResponderEliminarSeja lá por onde for que os elejam, acho que vão olhar sempre por eles primeiro, pelos amigos a seguir, depois pelo partido e por fim gere-se o melhor possível (isto é pão e circo para todos, que vai ser preciso ganhar as próximas eleições) o pouco que sobrar.
Mesmo na cidade do Porto o tal bairrismo de que falas existe muito mais pela consciência futebolística que qualquer outra coisa, o que diz bem da vontade comunitária.
Se olhares para a Madeira passa-se a mesma coisa. Aqui no continente somos todos uns cubanos chulos que maltratamos as contas do estado SÓ, MAS MESMO SÓ, PARA ROUBAR A MADEIRA. Cria-se a tal identidade local contra o centro, mas o objectivo da máquina é manter o tiranete a sua entourage.
Não conheço caso nenhum de bairrismo saudável. Para além deste problema, há ainda a relação de inimizade que obviamente se cria contra o "outro", seja lá quem for.
Se me disseres que é preciso fazer algo pela cidade do Porto, acho que isso interessa a todos sem excepção, tal como aos portuenses tem de interessar a condição de todos os pontos do país. Criar bairrismos é criar inimizades e contra-vontades. Contra-producente portanto.