“Ganhámos o campeonato e só por isso ficaria muito satisfeito,
cumprindo um objectivo essencial de cada época. O desgaste é muito grande"
Foi José Mourinho o autor da frase que os portistas de bancada não conseguiram fixar. Em entrevista à revista “Sábado”, e logo após a final de Gelsenkirchen. Tinha sido campeão europeu, depois de perder a Taça de Portugal mas com o campeonato no bolso e a Supertaça também. Isto um ano depois da época de todas as conquistas: Campeonato, Taça de Portugal e Taça UEFA.
O que se retém? A Champions é um sonho a que só um pequeno país pode almejar. Além do FC Porto, apenas o Ajax deu à Holanda uma Liga dos Campeões (1995). O resto ficou para os tubarões europeus e para incluir-se a França tem de se recuar a 1993 (Marselha). Mesmo a Alemanha, só pelo B. Dortmund e o Bayern... Não surpreende, portanto. Por isso mesmo, o feito é histórico. Nem FC Porto nem Ajax estiveram perto do “bis” nos últimos anos. Os holandeses ainda defenderam o troféu em 1996, perdendo com a Juve por penáltis
Fica a importância do campeonato. Bem marcada. Até por Mourinho. Para mais num clube que tem marcante hegemonia interna e nem sempre adversários que recorrem a triunfos desportivos escorreitos, antes procuram “fazer as coisas por outro lado”…
O tricampeonato, segundo com Jesualdo, foi por isso festejado de forma efusiva, o que até admirou os adversários ranhosos que pensavam em contenção de festejos pela ameaça pendente de -6 pontos na secretaria. Nem de propósito, 6-0 ao E. Amadora foi o corolário da resposta da equipa aos “adversários” extradesportivos.
O tri por fazer
Finda a época, porém, subsiste aquela sensação de prazer inacabado. Pelo tri que faltou fazer nas outras provas mas a que não pode ser dissociado do fracasso (relativo) as más arbitragens (Supertaça, Taça de Portugal e até Taça da Liga) e uma infelicidade desarmante na Liga dos Campeões.
Note-se que, mesmo sem exibições convincentes, foram precisas más arbitragens para subjugar o FC Porto. Fossem os árbitros honestos e correctos e outra história se escreveria.
Para uns o copo ficou meio vazio. Para outros, como eu, meio cheio. A categoria imposta no campeonato trouxe não só o único troféu, também o mais importante, mas ainda um orgulho maior.
Muitas séries prolongadas de vitórias (24-22, as mesmas 13 em casa e esta época mais duas fora, 11-9, comparativamente a 2006-07) e uma esmagadora vantagem pontual, porém, esconderam que a equipa marcou menos 5 golos (60-65) em relação à época passada, acabada com as calças na mão. A equipa também sofreu menos 7 golos (13-20) desta vez.
Os 20 pontos de diferença registados no campo ficarão para a história. A equipa acaba, porém, com o título homologado com os mesmos 69 pontos da época passada, tirando os -6 que são decorrentes de alegados factos atribuídos a 2003-04. No campo, o FC Porto fez 75-55 em relação ao Sporting. Questões disciplinares irrelevantes para a decisão dos títulos deixaram o FC Porto com 24 vitórias, 3 empates e 3 derrotas, mas foi como se tivesse feito 22 vitórias, 3 empates e 5 derrotas da época precedente.
Ah, não despiciendo o velho historial dos penáltis: o FC Porto teve direito a 2 (não um apenas, como lembrou Carlos Azenha), contra 5 da época passada a seu favor. O recordista Sporting beneficiou de 10, todos em casa e em 15 jogos é digno do Guiness.
Nem sempre o que parece é. E, de facto, a equipa agradou mais esta época, ganhou mais mas marcou menos golos. Ninguém “deu” por isso. Até porque Lisandro foi o rei dos marcadores, o que deixou outra sensação de felicidade na bancada.
Visto de fora, o futebol no campo encantou porque foi mais consistente, definindo bem as jogadas, com um artilheiro reconhecido, a referência na área que faltava e Lisandro era até suspeito quanto a cumprir a função. Quaresma teve os seus lampejos e acima de tudo Lucho andou fresco e a maravilhar pelo 3º ano consecutivo.
(in)Consistência
Mas essa consistência faltou no resto: desde o resto do campeonato, após a obrigação de humilhar o Benfica (2-0) e o V. Guimarães (5-0) então 2º classificado. Foi pena, para quem chegou ao Jamor sem um golo sofrido na Taça e apenas cedeu, com 10 jogadores, no prolongamento. Para quem devia ter ganho a Supertaça, não fosse uma daquelas surpresas inenarráveis de arbitragem à portuguesa. Para quem podia chegar longe na Taça da Liga, mas também Carlos Xistra foi um diabo em Fátima (perdoando expulsões aos locais) num jogo em que o FC Porto voltou a não perder nos 90’: eliminado nos penáltis.
Mas o desconsolo maior foi a Champions: o Schalke ao alcance, uma noite de sonho para a reviravolta desejada no Dragão e uma infelicidade descomunal fez tudo terminar em pesadelo… nos penáltis. A consistência da equipa permitiu-lhe ganhar o seu grupo à frente do Liverpool contra quem não foi inferior nos dois jogos. Mas que pagou em Anfield a factura que seria cobrada no resto da época: incapacidade de marcar golos, a pecha do golo que se notou na Supertaça (3 bolas aos postes), na Taça da Liga (aselhice nos penáltis), na Taça de Portugal e diante do Schalke com as incríveis perdidas de Tarik e Quaresma, este no prolongamento de uma partida em que também o FC Porto jogou quase uma hora com 10 (como viria a ser no Jamor).
A equipa cresceu mentalmente para se impor, sem desfalecimentos, na Liga portuguesa. Aí nunca foi de parar para respirar nem olhar para trás. Tinha pressa de acabar com as dúvidas que perduraram no ano anterior (mas muito por benefícios arbitrais à concorrência que transmitiram uma falsa ideia de competitividade e virtual interesse). Essa concentração competitiva e afinação colectiva ditaram o esmagar da concorrência. Talvez esse desgaste de correr contra si próprio tenha feito passar a factura no que eram competições de acaso: jogos dispersos no calendário, muitos a eliminar, adversários de fraca ou mediana valia em geral retiraram a pressão ou tensão competitiva, fizeram a equipa desacelerar. O primeiro solavanco deu-se em Gelsenkirchen, o último no Jamor.
Pareceu que à equipa interessava, mais que tudo, o campeonato. Mourinho tinha razão e não há que duvidar para 2008-09: só o título interessa, até porque apenas o 1º lugar dá acesso à Liga dos Campeões. O Sporting não irá contentar-se como eterno segundo, nem P. Bento II se regozijará em manter essa hierarquia.
Grande época
Acho que o FC Porto fez uma grande época. Faltaram mais alguns jogos além dos 46 oficiais disputados. Fossem 34 jornadas e a marca de 50, mínimo para equipa de alto gabarito, seria atingido. Ainda assim, foram mais 3 do que na época passada fruto do percurso na Taça e da estreia na Taça da Liga onde se pagou, também, a rodagem necessária do plantel remodelado e à mercê de imprevistos no Outono antes da consagração na Primavera.
Se não fez grande época o FC Porto, que clube português a terá feito? O Sporting com 56 (igualando o recorde de dois anos seguidos com Fernando Santos nas Antas) mas sem pressão em metade do campeonato e adversários como Penafiel e Leiria na Taça da Liga?
E outros? O Real Madrid ficou-se com a Liga, tal como o Inter com o “scudetto”. O Bayern, goleado na UEFA, foi para consumo doméstico na Bundesliga, tal como o Lyon em França.
O Chelsea perdeu tudo: Supertaça por penáltis (Charity Shield), Taça da Liga com infelicidade no prolongamento (Tottenham), Liga dos Campeões por penáltis (de novo com o M. United), FA Cup com incrível má sorte em Barnsley nos ¼ final. Fez 66 jogos (61 do M.U. que se concentrou só na Liga e na Champions) para nada – a não ser ouvir a petulância de Mourinho que deixou um plantel desgovernado que à sua custa lutou por tudo até final. Por uma escorregadela de Terry, falhou a “Special Win” e até Grant acaba no desemprego.
O Rangers fez 67 jogos, 19 dos quais na Europa, para perder a Liga escocesa no último dia para o Celtic (54 jogos oficiais) e a final da UEFA perto de casa. Ficou-se com as taças domésticas (League Cup e SFA Cup) a remoer como a corrida europeia pode pesar na campanha doméstica: fez 5 jogos nos últimos 9 dias de competição com 3 títulos para disputar: UEFA, Premier e Taça da Escócia!
Fracassos são dos outros
Em Portugal, mais uma época comprovada de incapacidade de Benfica e Sporting competirem em pé de igualdade com o FC Porto: 3 anos seguidos nas mesmas frentes, grupos da Liga dos Campeões como limite para os clubes lisbonenses e afundamento no campeonato. Sem estofo para qualquer contexto. Só o FC Porto passa a fase de grupos (a excepção de 2006 confirma a regra, quer para os portistas quer para os benfiquistas) e não deixa beliscar a supremacia no campeonato. As provas de fundo são para os mais capazes, resistentes, competitivos. É mais um trunfo em favor do FC Porto.
E com três campeonatos
Aproveitanto o tema, fica a pergunta para determinar a Opinião da Bancada:
Não consegui deixar de considerar a época "assim assim". Foi um grande desgosto termos sido eliminados na CL daquela forma, mas ai fiquei orgulhoso dos nossos jogadores, deram tudo o que tinham para dar.
ResponderEliminarMas o que me custou mesmo foi a taça de Portugal, de que vale acabar com 20 pontos de avanço para o 2º classificado quando este mesmo 2º classificado nos leva dois troféus numa época? Se bem que o que me doeu na final do jamor nem foi tanto termos perdido, ou termos sido roubados ... foi a FALTA DE ATITUDE! Vi um dos piores jogos da época por parte do fcp , sem garra , sem ambição, desorientados, com o jesualdo mais uma vez a armar-se em cagão. Enfim ... o FCP falhou uns 1500 passes! Fiquei mesmo irritado ... não gosto de perder assim, foi preciso ficarmos reduzidos a 10 para se ver alguma garra e vontade de ganhar!
e pronto é isto ...
Post com muito sumo, aliás uma caracteristica da autoria do Ze Luis.
ResponderEliminarEnquandra muito bem o rendimento do FCP nesta espoca e comparando-a com outros campeonatos da Europa, permite concluir que o desempenho do FCP deve ser considerado acima da média. É evidente que acredito que todos os portistas como eu desejavam mais, mas paciência, para o ano há mais.
Só um "off-topic" em relação ao Top Ten do Jogador da Bancada 07/08. Reparem que só consta um jogador criado nas escolas de formação e que cinco são estrangeiros. Isto merece uma reflexão por parte das pessoas que decidem no nosso Clube.
Saudações Portistas.
Boas, também tenho a opinião que a Época foi apenas suficiente, ou seja, assim assim, julgo que com o plantel que tinhamos deveriamos ter obtido mais conquistas, só assim podemos ser os melhores, ganhando de facto e não ficando satisfeitos apenas por um campeonato.
ResponderEliminarVisitem http://www.zedobone.blogspot.com/ onde também faço o comentário á Época 2007/2008 do FCPORTO.
Abraço
o senhor jesualdo ferreira mostrou que não tem estaleca para treinar umgrande. não é que nos jogos a eliminar inventa sempre e nc ganha?
ResponderEliminaro porto ganhou à vontade o campeonato tb por muito demerito dos adversários e pk foi melhor em prova longa, agora nas competições a eliminar n consegue ganhar pk o seu treinador n é capaz de as vencer...é mt limitado como treinador, mas enquanto houver gente que em 5 competições (3 das quais totalmente ao alcance por ser melhor que os adversários) achar que ganhando uma foi uma grande época..então mais nada há a dizer!!
saudações POrtistas!!
Apesar de achar que o FCP acaba por fazer uma boa época fico sempre com a sensação de saber a pouco, que poderíamos ter feito algo mais. Talvez por aquilo que o Zé Luís disse, relativamente ao futebol jogado pela equipa portista, ela merecia algo mais, dei por momentos a ficar encantado com o futebol praticado pela equipa. Lucho, para mim, foi o melhor jogador do campeonato pela sua influência na equipa, apesar de até nem ter marcado muitos golos, em termos de assistências foi muito melhor do que os últimos anos, penso eu.
ResponderEliminarNa defesa estivemos excelentes, no ataque demolidores, no meio campo estivemos tacticamente quase perfeitos.
Seria bom que esta equipa pudesse ficar mais um ano para ver até que ponto poderia crescer ainda mais como colectivo, esperemos por novidades neste Verão, espero que Lucho fique, embora tenha a consciência do quanto é difícil que ele fique mais um ano.
Considero esta época como bastante boa, porque concordo com o Post, para o Porto tentar alcançar e ganhar novamente a Champions é realmente um sonho, um sonho difícil de contabilizar, tão grande é a diferença de poderio entre nós e os outros...A nível interno já é diferente, suponho que temos todas as condições para conquistarmos tudo, se o quisermos...e nos deixarem! -Porque se jogar contra onze indiscutíveis ferrenhos é difícil, jogar contra toda essa gente momentaneamente unida, em casa deles e ainda por cima aguentar com a parcialidade dos árbitros, se calhar, é demais para nós. Este ano viu-se, foi demais, mesmo descontando muitos erros próprios. Para a próxima época lá estaremos de novo a pensar no Campeonato, que é uma prova feita à nossa medida, de regularidade, em que se pode recuperar hoje, o que se perdeu na semana anterior e se tivermos a sorte de apanhar um árbitro em dia distraído, podermos marcar um Penaltiesinho, ou então se os outros, começarem como é hábito, a gritar aos sete ventos que são os maiores...Quando derem por ela estarão a tal distância, que o mais certo é podermos dizer-lhes: -Até à vista!
ResponderEliminar"Quando o FC Porto foi campeão, nasceu imediatamente o castigo que implicava a perda de seis pontos. Mesmo assim, festejamos o campeonato com 14 pontos de avanço. Mais do que isso, desde esse momento e até ao final da temporada, mesmo com uma derrota frente ao Nacional, conseguimos aumentar essa vantagem em mais quatro pontos para o segundo. Depois, foram quatro semanas de ataque cerrado e ininterrupto ao FC Porto, com a introdução de uma polémica nova por semana, quase ao mesmo ritmo em que íamos aumentando a nossa vantagem para os perseguidores. Por muito que queiramos passar ao lado disso, há momentos em que é impossível não sentir essa pressão. Mais recentemente, foi o ataque maciço à exclusão do FC Porto da Champions. De tal forma que não há espaço para que, no meio do ruído, alguém atenda àquelas que são as nossas queixas legítimas".
ResponderEliminarDa excelente entrevista de Jesualdo Ferreira hoje em O Jogo, que acabei de ler online, comecei por retirar esta reflexão. O FC Porto teve de concentrar-se no campeonato, como terá de o fazer na próxima época, até pela condicionante de acesso à Champions.
Mas o "ambiente" adverso deste ano, a recta final da época em permanente terramoro mediático, passou a factura.
A perda da Taça de Portugal foi só o reflexo de muita coisa que estava para trás, tudo sempre muito mal digerido pelos adversários do FC Porto. Desde o anúncio dos -6 pontos, os 6-0 ao E. Amadora, até á final da Taça onde o correio da manha de interesses inventou mais uma (foto de Pinto da Costa na tribuna do Bessa com Valentim na inauguração do estádio, como se fosse um sacrilégio e lá não estivesse, de permeio, o governador civil do Porto), tornou este final penoso, quase insuportável.
Isto de uma equipa de futebol não
é só ir para o campo e jogar. Há os momenos e humores de cada um, o que se fala fora, a intriga, a desconfiança, um mundo de informações e interrogações - mas numa final da Taça ganha sempre o melhor até ali? - que torna o futebol inacessível, dentro da estrutura, ao comum dos adeptos.
Ninguém fica insensível ao ambiente, às expectativas e às incertezas que o futebol teima em manter, o que o torna apaixonante.
Não é uma ciência exacta, tem pelo menos 11 variáveis (os titulares), mais 7 no banco, o treinador, até o presidente, os milhares em volta, os milhões na televisão e amiúde um paroleiro a comentar e debitar asneiras.
O futebol tornou-se tão complexo, hoje em dia, que faz quase insustentável um treinador manter-se mais de dois anos num clube - não reparam?
O arrogante Mourinho acabou de me desiludir mais do que até aqui só pelo que definiu, acintosamente, uma época do Chelsea que ele preparou e perdeu: Charity Shield e a Liga inglesa que abandonou, após empate com o grotesco Rosenborg onde depois o Chelsea foi ganhar 4-0, na véspera de ir a Old Trafford...
Garganta é que ainda há muita no futebol. Êxitos vão-se contando pelos dedos de uma mão.
p.s. - a razão de eu não ser, nunca ter sido, resultadista, analisando pelos resultados/troféus, é perceber como é difícil gerir toda a emoção, realidade e informação à volta de uma equipa, desde os jogadores que se contratam (e que se dispensam) mediante o dinheiro disponível, até à gestão das situações de castigos e lesões, para não falar da forma de preparar os jogos e enfrentar os adversários.
Continuo convencido que, quanto mais futebol em catadupa se vê na tv, quanto mais dados são transmitidos ao público, menos os adeptos vêem as coisas com um m~inimo patamar de entendimento para lá da emoção, natural, que os faz seguir uma equipa.
Tivesse, quanto a mim, Grant a sorte que teve Mourinho e talvez a "Special Win" na Champions fosse concretizada como penso que o Chelsea merecia. Mas... o "futebol é isto".
"O que aconteceu foi um grande jogo em Alvalade, onde fomos muito melhores, mas fomos infelizes e não ganhámos; um jogo bom no Dragão, que vencemos com um lance que é discutido até hoje - nunca mais ouvi discutir o penálti que o senhor Bruno Paixão não marcou na final da Supertaça e provavelmente nunca mais vamos ouvir falar dos erros do senhor Benquerença na final da Taça de Portugal - mas fomos melhores nesses jogos. Na Supertaça, o jogo foi equilibrado e perdemos, na Taça o Sporting foi melhor e ganhou"
ResponderEliminarJesualdo, hoje, in O Jogo
Concordo em absoluto, por isso contextualizo as derrotas. À parte o 0-3 com o Nacional, numa débacle que prenunciou a final do Jamor como lamentavelmente se viria a confirmar, mesmo a outra derrota na Choupana teve aquele penálti não marcado por Pedro Henriques, sobre Mariano.
Lá está, mesmo quando não jogou bem, foram precisos vários erros de arbitragem para derrubar o FC Porto. Assim é mais difícil ganhar, como é mais difícil marcar golos se não concedem penáltis clamorosos (2-10 em favor do Sporting, lembremo-nos).
Aí está um resumo de como as não-vitórias nem sempre são fracassos.
Mourinho fala de "perdedores", sobre Grant, que se contentam em ficar em 2º. Mas queria ver, como se já não conhecêssemos a peça, a sua reacção se não vencesse a Supertaça por culpa de Bruno Paixão ou enfretásse o critério disciplinar tendencioso de Olegário Benquerença.
Mas destes erros juntos, dz Jesualdo, não se falou nem metade do que se disse da decisão inatacável de Pedro Proença no Porto-Sporting: uma decisão tecnicamente inabalável, na competência do próprio árbitro mas, porém, veja-se o ostracismo a que foi votado toda a época...
Ninguém se interroga com isto?
Há mais algumas passagens significativas da entrevista de Jesualdo que, em muitos pontos, aborda situações que procurei valorizar neste balanço da temporada. A começar pela vantagem pontual no campeonato: realmente, devia pôr-se um asterisco na pontuação do FC Porto, foram 75 pontos a que entenderam retirar 6 que não são deste campeonato.
ResponderEliminarNo campo foram 20 pontos, a equipa ganhou-os, não foram os outros que se transferiram para o FC Porto.
A alguns teimosos que insistem nos mesmos argumentos nada ponderados de "os outros tiveram demérito", como se não tivéssemos visto os jogos todos no campeonato, o FC Porto ganhou 3 e perdeu 1 (da forma excelente que foi em Alvalade) frente a Benfica e Sporting. E ganhou 24 em 30 jogos, não foram perdidos pelos outros. O mérito é inatacável mas do FC Porto.
Outra passagem a que também aludi:
ResponderEliminar"P - Continua a notar-se alguma dificuldade nas competições a eliminar. O FC Porto é uma equipa só para maratonas?
R - Acho que as melhores equipas, as equipas que ganham mais coisas importantes, são precisamente aquelas que resistem mais tempo em patamares elevados de rendimento. O FC Porto é uma dessas equipas. As equipas que pontualmente atingem picos ganham algumas eliminatórias, ganham alguns jogos, mas acabam por perder mais vezes e não vão ganhar títulos de rendimento constante. Nós passámos todas as eliminatórias da Taça de Portugal e vencemos o minicampeonato da Champions
Mas só quando o FC Porto perde se enche a caixa de comentários. Diz Jesualdo: "Aqui as derrotas contam mais que as vitórias".
ResponderEliminarVotei que o FCP fez uma boa época mas apenas pelo contexto em que foi jogada - aliás, desde 2005 que é assim.
ResponderEliminarTambém votei boa, porque os objectivos são claros - vencer o campeonato e passar a fase de grupos da LC. A Taça, como já referi em anteriores comentários só serve para amenizar a frustração das equipas que não ganham nada. Não é esse o nosso caso.
O que eu penso, passa por aumentarmos a nossa exigência ao nível da LC e a entrevista de Jesualdo Ferreira hoje ao JOGO vai neste sentido quando o Professor aponta objectivos para além dos 8ºs de Final. É um bom sinal, mas para isso é premente que o FCP consiga manter a estrutura e sinceramente tenho muitas duvidas que o possa fazer.
Chegarmos ao fim desta época e ver adeptos a criticar Jesualdo, um treinador que colocou a equipa a jogar um futebol apenas ultrapassado na qualidade pela equipa de Mourinho é extremamente triste. Parece que todos os erros que aconteceram ao longo destas duas últimas épocas foram da responsabilidade do treinador...quando este foi o principal responsável por tudo o que de bom se passou.
Quanto à confiança ou falta dela que alguns adeptos teimam em ter, falemos mais à frente. Por enquanto, o importante é manter a tradição de vitória a nível interno e aumentar a exigência europeia. Quando esse meu desejo for assumido pela estrutura do FCP, eu nunca poderei avaliar uma época idêntica a esta como sendo boa. Daí a minha explicação.
Em conclusão, o que o FCP tem de fazer é aumentar significativamente as suas exigências na LC. Criar equipas todas as épocas ou de dois em dois anos não é solução. Criar essas condições deve ser a prioridade.
É para isso que temos/têm de trabalhar.
Abraço!
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ResponderEliminarMiguel, esse é o remate perfeito: melhorar a prestação na CL. Era já o que se pretendia esta época mas com azar como se viu é difícil fazer melhor. Depois, a Europa põe um tipo de problemas diferentes das competições domésticas.
ResponderEliminarO FC Porto faz o esforço de acompanhar, tentar melhorar, mas há adeptos que acham possível ser campeão europeu outra vez - hoje que faz 4 anos da vitória em Gelsenkirchen - quando a história da competição recente afasta cada vez mais as equipas de países pequenos do pódio.
Há realidades inultrapassáveis, como a questão orçamental. Mourinho já tinha feito essa observação em Manchester e voltou a fazê-la após a vitória na Champions. Melhorar, chegar um pouco além é tarefa para o FC Porto mas sem descurar o campeonato sem o qual, doravante, não se irá à Champions.
Claro que ganhar mais uma ou duas provas seria muito bom. O ano de 2003 foi maravilhoso, 2004 foi fantástico mesmo perdendo a Taça, mas isso são excepções.
Se o FC Porto apostar na Taça UEFA conseguirá melhores resultados europeus. A Champions éoutra loiça. Quanto às finais, são sempre imprevisíveis e menos sucedidas quando se tem arbitragens como as da Supertaça e da Taça.
Sobre o futuro, gosto pouco de vaticínios sem saber o plantel e de o ver em acção. Fujo da silly season à espera da real season.
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ResponderEliminarSe me dissessem no inicio da época que íamos ser campeões, que passaríamos a fase de grupos da champions e que atingiriamos a final da taça, eu diria que seria uma época boa. Aliás acho que estas condições mínimas para considerarmos qualquer época boa e não me importo que estes resultados sejam repetidos todos os anos.
ResponderEliminarMas a questão tem de ser vista em função do que vimos durante toda a época e o que vimos foi um excelente futebol com os jogadores todos a renderem muito e com um futebol que se calhar nem nas duas épocas de Mourinho nós vimos e assim sendo acho a época acabou por não correr da melhor forma. Por isto votei assim, assim.
Compreendo todas as explicações do Zé Luís, compreendo todas as dificuldades relatadas por Jesualdo e por isso continuo a achar, e apesar de alguns erros, que ele é a pessoa certa no lugar certo, mas a realidade é que acho que ficamos áquem do que poderíamos fazer.
Não tenho duvidas que uma época como esta para um dos adeptos dos rivais seria considerada de muitíssimo boa, até mesmo perfeita, mas as nossas exigências são diferentes e a jogar como jogamos mereciamos mais e poderiamos ter conquistado mais. Não conquistamos, tb não está mal assim, mas só querendo mais conseguiremos mais.
Espero que o Sporting e os sportinguistas, por exemplo, continuem a achar que ficar em segundo no campeonato e conquistar taças sejam muito bom, eles lá sabem, a nível interno só é bom para nós, mas nós não somos assim, somos bem superiores e temos de pensar como tal e o campeonato e a passagem de grupos para o FCPorto já é o mínimo no que respeita a conquistas dos objectivos de cada época.
Um abraço.
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ResponderEliminarZirtaev, claro que ficámos aquém.
ResponderEliminarMas fomos além da época precedente.
Resta saber se iremos além da que acabou.
Ganhar uma Supertaça ou a Taça será ir mais além. Um pouquito.
Mas será, então, o suficiente para se passar do assim-assim para bom?
É a velha questão da medida do copo: meio cheio ou meio vazio.
Os portistas agora só se contentarão em ir mais além na Europa, sem dúvida.
Convém ter a noção das realidades, também.
Ir mais além na Europa será ir uma vez ou outra, raramente para perdurar. Portanto, só iremos mais além de vez em quando, como o será, mutíssimo mais raro ainda, voltar a ganhar a Champions.
Podemos ir mais além acabando em
3º na Champions e ver o que se arranja na Taça UEFA.
É o que contenta os dois rivais lisbonenses, cumprir calendário na Champions e fazer mais duas ou três eliminatórias na UEFA para somar mais jogos no total mas de relevancia mínima para o historial.
Zé Luís, o campeonato é o mínimo e faz com que o objectivo principal seja cumprido, mas na verdade, e atenção, tendo em conta o futebol praticado e que gostei muito, acho que pelo menos conquistar tb a taça já teria feito desta época uma época boa, era mais um título e isso é que me interessa.
ResponderEliminarÉ sempre bom fazer boa figura na Europa e para o FCPorto para tal acontecer basta-lhe passar a fase de grupos, o que é bom, mas na realidade não dá grandes alegrias aos adeptos, tal como não daria passar dos oitavos. Gostamos? Claro que sim e se atingissimos os quartos ainda melhor, mas na verdade isso é mesmo bom é para as finanças do clube, porque em termos de realização dos adeptos nada trás de mais.
Vencer títulos, isso é que interessa, mas sempre com o campeonato como objectivo principal e perante o que vimos nesta época (e foi isto que me fez sonhar com mais e achar que poderiamos mais), só juntar-lhe as taças faria dela uma época boa.
No fundo, os objectivos foram concretizados o que para os responsaveis deve ser encarado como bom, mas as expectativas levaram-nos a querer mais e no final eu chego à conclusão que a época foi assim, assim.
Um abraço.
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ResponderEliminarAproveito e até deixo esta questão:
ResponderEliminarQual era o adepto que não trocaria a não passagem da fase de grupos da Champions pela conquista da taça de Portugal?
Bem sei da importância do dinheiro para o clube poder manter a estrutura, mas eu como adepto preferia bem mais conseguir a dobradinha a não passar da fase de grupos. Tenho de dizê-lo, gostei bem mais da época de Adriaanse a esta. :-)
Um abraço.
"é mesmo bom é para as finanças do clube, porque em termos de realização dos adeptos nada trás de mais"
ResponderEliminarPois, mas essa dimensão económica nem toquei de propósito. É que importa, para mim, triunfar e sanear financeiramente o clube/SAD e não vencer a qualquer preço.
Creio que o FC Porto, na vertente desportiva e na dimensão económica, ganha por larga margem a qualquer rival.
A mim dá-me mais gosto assim, quando são alguns orelhudos, em particular do Benfica, que gostam de afirmar, como no vácuo, que "não nos empenharemos para obter resultados" quando tem as finanças num estado deplorável.
Já ao Sporting ganhar aqui e ali uma taça não traz benefício financeiro algum.
A questão de ir à Europa tem a ver com isso. Amiúde pergunta-se pelo dinheiro das transferências, mas ele é gasto em reforços e prémios/objectivos que permitem também abater ao passivo e isso só o FC Porto faz aliando êxitos desportivos, enquanto o Benfica tem diminuído o passivo mas sem títulos.
É outra maneira de ver as coisas.
Mas, por isso, eu não dou grande importância a quem quer ter sol na eira e chuva no nabal.
Jesualdo diz, com razão, que há "poucos jogadores na Europa que possam chegar ao FC Porto e jogar". "Poucos" dentro das limitações financeiras, obviamente. Porque também poderíamos contratar Cristiano Ronaldo, como já disse Pinto da Costa. E jogaria, de certeza. Mas o custo seria incomportável.
É o enquadramento económico que tem de levar-se em linha de conta quando almejamos a algo mais na Europa, porque somos certamente muito inferiores aos tubarões do que os pequeninos cá da terra o são em relação ao FC Porto.
A desproporção do FC Porto para o resto da grande Europa é maior do que o desequilíbrio que por cá se regista, comparativamente, com Benfica e Sporting.
Mas essas contas normalmente são feitas de forma enviesada e, daí, as conclusões de alguma discussão útil saem defeituosas.
Entrevista de Jesualdo Ferreira ao jornal "O Jogo":
ResponderEliminarPergunta - Mas há alguma dificuldade especial para lidar com o Sporting. O FC Porto parece fazer sempre um grande esforço para se adaptar à equipa de Paulo Bento…
Resposta - Isso não é verdade. Temos os nossos processos, o nosso sistema e a nossa filosofia e não fomos em nenhum momento uma equipa que se adaptasse ao adversário.
Bom, já para não falar noutros jogos, vejamos o que se passou no jogo da final da taça de Portugal:
- Colocou um central (João Paulo) a jogar como falso defesa-esquerdo a pensar nos 2 pontas-de-lança do Sporting;
- Colocou o Raúl Meireles a "fechar" no lado esquerdo da defesa, "fazer" meio-campo e, ainda, a "fazer" de médio-ala pela esquerda (daí, a razão pelo esgotamento físico do jogador);
- Colocou o Quaresma a jogar pela direita quando jogou toda a época, preferencialmente, pela esquerda;
- Colocou o Mariano Gonzalez a jogar no meio-campo para fazer frente ao 4 do meio-campo do Sporting;
Mas, depois desta resposta, chego à conclusão que nada disto foi verdade.
Esta resposta ao jornalista diz bem do carácter do nosso treinador. É mais um que pensa que os outros são todos estúpidos.
Lamentável.
Bom Post .. De acordo com a maior parte das apreciações .. Até parece persiguição, cada vez que comento é para fazer uma correcção mas não é por mal ..
ResponderEliminarA Supertaça Inglesa não se chama Charity Shield mas sim Community Shield ..
Saudações azuis e brancas !
Obrigado ricardo sousa, a denominação mais actual é essa, Community Shield. Podia chamar-se Supertaça, da mesma forma que há muito se tornou conhecida por Charity Shield.
ResponderEliminarSó me sinto perseguido pelos mal-intencionados.
Abraço
eu também votei assim, assim. por dois motivos: se fossemos uma grande equipa a nivel interno, nao perdiamos a Supertaça nem a Taça de Portugal. Sinceramente, se nao fossem importantes, nao as disputavamos...!
ResponderEliminarNa europa, tivemos mesmo muita má sorte com os alemães, e talvez porque no primeiro jogo (e em parte do segundo...) nos faltou um dos jogadores habituais, o Zé Bosingwa.
Por isso, não considero uma boa época. Cumprimos os mínimos, nada mais...
Sem querer comentar o conteúdo futebolístico, com o qual concordo totalmente, queria dizer aqui que aprecio muito a tua forma de escrever. os meus parabéns
ResponderEliminarEsta época fica-me o sabor amargo sobretudo da eliminação na Champions com tudo para passar.
ResponderEliminarDepois logo se veria pois a equipa atingiu a seguir um patamar muito elevado que nos podia ter levado pelo menos às meias e quem sabe ...
A Taça da Liga, nem lhe ligo embora a derrota com o Fátima tenha sido de mau gosto.
A final da Taça foi mal perdida mas enfim...
Agora não haja dúvida que fizemos um tremendo de um campeonato, sem espinhas, enublado com a derrota caseira com o Nacional que se estendeu ao Jamor. Mas nada apaga o brilhantismo e os 20 pontos de avanço.
A equipa cresceu, Jesualdo cresceu em relação ao ano passado, esperemos que continue a sua evolução de forma a minorar os erros cometidos já por demais escalpelizados.
E não se pode sempre ganhar tudo.
Cá para mim, é o meireles que anda a ameaçar o Paulo Assunção...
ResponderEliminarGostaria de colocar aqui a seguinte questão: estive com grande respeito e consideração este sábado, na celebração do 2º Aniversário do Blogue do BibóPorto! -Estivemos inicialmente a assistir ao jogo Porto/Barcelos em Hóquei no Pavilhão de Fânzeres -conseguimos a vitória, golo de Ouro- e depois "foi só mandar para dentro" até dizer basta!...
ResponderEliminarComo é evidente foi muito agradável sair do anonimato e entrar num espaço mais adequado à "nossa" realidade...Uma coisa é falar num espaço virtual, com pessoas "virtuais", embora ainda assim, seja possível intuir com quem dialogamos, mas outra bem distinta, é estar com todos eles num Pavilhão, circular pelas ruas da Cidade a horas normais ou degustar uma Picanha(?) ali para os lados do Dragão, com gente de carne e osso a acompanhar os nossos movimentos e as nossas palavras, olhos nos olhos!...Na brincadeira, foi-me sugerido, que eu como participante mais ou menos activo que sou deste espaço, solicitasse aos "Portistas de Bancada" a possibilidade de um programa de convívio entre os elementos do "Portistas.de.Bancada" e os elementos do "Bibó.Porto"...Esse convívio poderia passar pela disputa de um jogo de futebol de salão e por um repasto bem planeado, em qualquer ponto e data a combinar!...Eu achei interessante o convite e por isso deixo-o aqui à vossa consideração!...Na verdade nada nos separa, a não ser o nome próprio dos Blogues...Por isso acho que poderia ser interessante e engraçado, reunir membros dos dois grupos, discutir os nossos pontos de vista e confraternizar sem preconceitos, partindo do que é o nosso grande amor comum, o nosso inquestionável Portismo!...Pensem bem nisso, especialmente tu, meu caro Zirtaev, como grande figura e criador que és, deste espaço de tertúlia "virtual"...Um grande abraço!
E já agora convidem o "mano.Aristides" para lhe podermos tirar a coceira que tem nos ombros!...
ResponderEliminarLi a entrevista do Prof e gostei...É extensa, mas reveladora de uma disposição muito positiva para a próxima época...Eu acho que só podemos melhorar. Cada ano que passa a estrutura amadurece e está mais bem limada...Sai um bom jogador, aparecerá outro ou outros...Existe estabilidade, coisa que os outros não têm...E quanto à hipótese de sermos retaliados na UEFA devido ao castigo da Liga, embora eu não acredite muito nessa possibilidade, se ela vier a acontecer, será apenas mais um ano de amadurecimento e preparação Interna, bem Tranquilamente!...Mais do que já nos aplicaram cá não haverá, tudo estará sanado a nível Nacional...Se as coisas azedarem ainda mais, então vai ser o fim da PICADA, com o Major em GRANDE PLANO!...Portanto, ponto Zero!
ResponderEliminarA partir daqui, tudo será como novo, tudo menos os "outros", sempre e cada vez mais a roerem-se de inveja até aos calcanhares!...Calem-se as pequenas vozes da inveja, estará a passar o Grande FCPorto!...
Bem acho que fizemos uma época razoável/aceitável, para ser boa teríamos que ter eliminado o shalke (Porque era uma equipa ao nosso alcance) sendo que na champions a obrigação é passar a fase de grupos e deveríamos ter ganho a final da taça sendo que na champions fizemos tudo para passar aquela eliminatória.
ResponderEliminarEm termos de futebol penso que tivemos uma época com a equipa a praticar um futebol bastante agradável e atractivo.
Uma palavra para o nosso treinador acho que há pessoas que não lhe reconhecem o mérito devido talvez por ele não se chamar Fernandes ou Camacho e muito por culpa de ele ser benfiquista, felizmente ele vai continuar e para o ano vai ganhar novamente o campeonato e espero que faça algo mais na champions
Para tecer consideraçoes sobre o que fizemos de bom ou mau nesta ou em qualquer outra época, é necessario contextualiza-la(s).
ResponderEliminarConcordo com o excelente post do Zé Luis, mas acho que fomos muito inferiores ao Liverpool em Anfield. Substituiçoes mal feitas e uma grande falta de arrojo num jogo em que nada tinhamos a perder.
Eu acho que dado o processo Apito Dourado e toda a perseguiçao feita ao Clube e ao Presidente, foi uma boa época.
Juntando à perseguiçao sem tréguas de que fomos alvo (algo como nunca se viu desde a ditadura - disse-me o meu pai), a saida de dois jogadores fulcrais como Pepe e principalmente Anderson (que jogava num espaço que ficou "vazio" e sem soluçoes), acho que foi uma época muito positiva.
Podemos dizer que Jesualdo nao conseguiu disciplinar Quaresma, nem Bosingwa. Mas ha jogadores que sao muito fracos mentalmente. E entao temos duas hipoteses, ou lhes cortamos as pernas e a criatividade ou entao deixamo-los à solta e "entregamos-lhe" um espaço que é so deles. Foi isso que Jesualdo fez. Fe-lo, penso eu, por nao ser um treinador "de pulso" e também por ser inteligente emocionalmente e perceber as limitaçoes do plantel.
Podem dizer que a época foi ma, ou assim-assim, mas quando se lembrarem das perdidas no Dragao contra o Schalke e do mau jogo da final da taça, lembrem-se também, das muitas limitaçoes do plantel, principalmente para jogar na Europa. Lembrem-se da sorte que foi, Lucho e Lisandro nao se terem lesionado.
Por causa de Quaresma e pelas limitaçoes ao nivel do banco, pela falta de um numero 10 e por termos um jogo assente em transiçoes, sem muita posse de bola, que obriga a um desgaste muito alto do meio campo, acho que Jesualdo fez o que pode.
Nao temos banco. Mesmo sem banco, so por mero azar (e falta de profissionalimo na primeira parte na Alemanha), nao passamos aos 4os da Liga dos Campeoes.
A final da taça foi um jogo atipico, em que toda a pressao e o desgaste de uma época em que o Porto foi tratado como um "portugues de segunda", se revelou da pior forma. Na forma de uma lentidao de processos muito grande, muito desgaste e claro, na forma de mais uma roubalheira indecente.
Jesualdo inventou e perdeu. Como em outras ocasioes.
Viu-se uma grande evoluçao, sobretudo nas substituiçoes e no entendimento que os jogadores demonstraram daquilo que o treinador queria. Mas aquele "medo" persistiu. Medo de ir para determinados jogos de peito feito e com isso dar um sinal de confiança e motivaçao aos jogadores. Senti que isso faltou em alguns jogos. E foi decisivo.
Espero que Quaresma faça um grande Europeu. Que o Porto o venda por muito dinheiro e que consigamos uma equipa mais equilibrada. Nao porque nao ache que ele é decisivo e fantastico, mas porque tenho a noçao de que, se o dinheiro for bem investido podemos construir uma equipa muito equilibrada e com soluçoes para varias competiçoes.
Zirtaev e companheiros desculpem lá o abuso, mas decidi postar este texto do pobo do norte, que apesar de tocar num tema já muito batido explica com detalhes algumas coisas:
ResponderEliminarCSI: Calabote Scene Investigation
Todos nós já ouvimos falar do caso Calabote. Conhecem-se alguns factos, emitem-se algumas opiniões e fazem-se juízos de valor, muitas vezes baseados em pressupostos falsos. Poucas pessoas sabem, com precisão, o que envolveu este caso que resistiu à passagem do tempo e ainda hoje é referido em várias discussões de futebol. É preciso não esquecer que tudo isto aconteceu há 49 anos, daí ser natural que muita informação se tenha perdido no tempo, muitos dados tenham sido alterados e outros mesmo omitidos, de acordo com algumas conveniências.
Este foi apenas um exemplo do que os benfiquistas querem a todo o custo negar. As evidências estão aqui, é só ter a coragem de as assumir. E no meio de tudo o que vão ter a oportunidade de ler, o árbitro era a questão menor. Não inocente, mas efectivamente menor. O Benfica tinha um ascendente sobre os clubes mais pequenos, controlando-os, fazendo o que bem entendesse, tanto a nível de treinadores como de jogadores. Este ascendente estendia-se aos jornalistas, sempre prontos a defender o seu clube de coração e a criar mitos (como ainda hoje se verifica). Há muitos blogues benfiquistas que se têm dedicado a, segundo eles, repôr a verdade (deles), atribuindo a Calabote o estatuto de história quase ficcionada. O que esses textos que abundam na net (e um célebre *.pdf que o Benfica colocou no seu site) não contam é a história “para além” de Calabote. A história que aqui poderão ler, na íntegra.
O título desta rubrica é CSI – Calabote Scene Investigation, aludindo ao nome de Inocêncio Calabote, um árbitro de futebol. Mas o âmbito deste trabalho vai muito para além deste homem. De facto, como já disse antes, a questão do árbitro que esteve no Benfica-CUF de 1959 é apenas um pormenor, como terão oportunidade de constatar. O conjunto de textos que a partir de hoje se publicam no Pobo do Norte resultam de uma leitura atenta de jornais da época. Quem não acreditar no que aqui se escreve, tem onde comprovar.
CSI – Calabote Scene Investigation (I) - Contextualização
Estamos na época de 1958/1959. Na 25ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o Sporting vence o Benfica por 2-1, deixando o FC Porto à frente da classificação a uma jornada do fim. No entanto, Benfica e Belenenses ainda têm um jogo para disputar entre si. Eis a classificação:
1º FCP – 25 jogos – 39 pts. (78-22)
2º SLB – 24 jogos – 38 pts. (70-18)
3º Belensenses – 24 jogos – 35 pts. (62-25)
4º SCP – 25 jogos – 31 pts. (49-26)
A 19 de Março de 1959, Belenenses e Benfica repetem o jogo que tinha sido anulado por ordem da Federação devido a erros técnicos do árbitro em prejuízo do Belenenses. Na altura do jogo anulado (1 de Fevereiro de 1959), o SLB comandava o campeonato com mais 3 pontos que o Belenenses e mais 4 que o FCP. O Belenenses protestou o jogo. Sendo contrariado pelo Conselho Técnico da Federação, recorreu para o Conselho Juridiscional, que considerou procedente o protesto e anulou o jogo. Recorde-se que a grande rivalidade da época era entre o Benfica e o Belenenses.
Ironia do destino: O Belenenses, que, na altura do primeiro jogo, poderia aspirar seriamente ao título se tivesse ganho (o que não aconteceu, pois ficou 0-0), agora, na repetição, já sabe que nem com a vitória poderá lá chegar, nem sequer melhorar o 3º lugar que ocupa. Quanto ao Benfica, se ganhar este jogo em Belém, pode passar para primeiro lugar, com um ponto de vantagem sobre o FCP, a uma jornada do fim. No entanto, o resultado verificado é... 1-1! E FCP e SLB entram para a última jornada empatados em pontos, mas com o FCP a superiorizar-se no desempate por goal-average geral, com 4 golos de vantagem: mais 7 marcados que o SLB, mas mais 3 sofridos do que a equipa da Luz. Isto porque no confronto directo entre as duas equipas, a questão está igualada, pois nas Antas registou-se um 0-0 e na Luz 1-1... Conclusão: na última jornada o SLB tem de ganhar sempre por mais de 4 golos de diferença em relação aos números da possível vitória do FCP sobre o Torriense.
1º FCP – 25 jogos – 39 pts. (78-22)
2º SLB – 25 jogos – 39 pts. (71-19)
Note-se que o FC Porto foi considerado arredado do título, tendo estado a 5 pontos do Benfica (numa altura em que a vitória vale 2 pontos...). Mudou de treinador durante a competição, e com Bella Gutman chega à última jornada com uma série de 15 jogos consecutivos sem conhecer a derrota.
De Bela Guttman conhece-se a frase "Se a bola não é nossa, marca. Se é nossa, desmarca”, mas não será esta que ficará para a história. É ele que vai levar o FC Porto à vitória no campeonato, depois de ter chegado a meio da época (1958/1959). É húngaro e antes de vir para o FC Porto, treinou em Itália (AC Milan, entre outros) e no Brasil (São Paulo FC). Foi neste país que implementou o seu sistema revolucionário de 4-2-4 que foi adoptado pelo Brasil na primeira vitória num campeonato do mundo (1958, Suécia). Depois do FCP, seguir-se-á a selecção nacional e o Benfica, ao serviço do qual treinará Eusébio e companhia. Será dele, quando sai do Benfica, a tal frase que o imortalizará: "Sem mim, o Benfica nunca mais ganhará uma Taça dos Campeões Europeus". E nunca mais ganhou.
Voltemos à 26ª e última jornada do campeonato naciona de 58/59. O Benfica recebe a CUF (8º lugar e em risco de ir jogar o torneio de mudança de divisão) e o FC Porto vai ao terreno do Torriense (14º lugar e último, em riscos de descer). Portanto, ambos os adversários dos dois grandes têm muito a perder, jogando uma cartada decisiva para a manutenção na 1ª Divisão.
CSI – Calabote Scene Investigation (II) – A arbitragem
1. Penaltis
No jogo Benfica-CUF, Inocêncio Calabote assinala três penaltis a favor do Benfica. Todos os jornais são unânimes em considerar os penaltis como tendo realmente existido, à excepção do primeiro, que origina o 2-0.
O Mundo Desportivo (23/03/59) diz que "...foi à custa de uma grande penalidade inexistente que os lisboetas conseguiram marcar o segundo tento. Cavem foi de facto obstruído (...) e a falta só exigia livre indirecto." E acrescenta: "Talvez por isso o sr. Inocêncio Calabote tenha tido tanto cuidado na apreciação das faltas dos cufistas evidenciando o propósito de, a ter que se enganar, o fizesse em relação à equipa que nada sofresse com a derrota. Assim podem anotar-se-lhe frequentes erros de julgamento, benefícios do infractor e, para culminar, aquele exorbitante "penalty" que deu o segundo golo dos encarnados."
2. Minutos de compensação
Numa altura do nosso futebol em que apenas se pode fazer uma substituição, Calabote dá alguns minutos de compensação. Há jornais que falam em 3 outros em 4. O Presidente da Comissão Central de Árbitros falará, mais tarde, em 5 ou 6 minutos. Note-se que o jogo já começou oito minutos depois da hora marcada, o que leva a que os jogadores do FC Porto fiquem em campo cerca de um quarto de hora depois do seu jogo terminar ouvindo o relato pelos rádios dos adeptos que acompanharam a equipa a Torres Vedras. O entrar em campo propositadamente atrasado é, portanto, um hábito que vem de longe.
O Mundo Desportivo (23/03/59) considera “exagerado (...) o período de três minutos regulamentar para contrabalançar os momentos gastos em propositada demora pelos cufistas". Este jornal fala de três minutos e na crónica do jogo não há referência a qualquer tipo de anti-jogo ou jogo violento da CUF. No Jornal de Notícias, fala-se em 4 minutos de descontos numa “partida que foi jogada a grande velocidade e sem perdas de tempo”. Só A Bola, na voz de Alfredo Farinha, diz que a CUF “queimou muito tempo”. Alfredo Farinha, sim, esse mesmo...
Estes minutos de compensação estarão na base da irradiação do árbitro. No Jornal de Notícias (26/03/59) pode ler-se uma notícia com o título "BENFICA-CUF e o relatório do sr. Inocêncio". O texto é o seguinte: "A Comissão Central de Árbitros decidiu pedir esclarecimentos ao árbitro sr. Inocêncio Calabote sobre certos passos do relatório do jogo Benfica-CUF (...). Naquele seu documento, o sr. Inocêncio teria declarado que o jogo principiou às 15h, terminado a primeira parte às 15:45h. No que respeita à segunda parte, concedeu dois minutos como compensação de tempo perdido, registando o fim do encontro às 16:42.
Atendendo a que o jogo foi minuciosamente relatado pela rádio e seguido com extrema atenção por milhares e milhares de pessoas, estas declarações oficiais do sr. Inocêncio não deixam de reflectir com despudor (para se não ir mais longe...) a todos os títulos lamentável – já pela sujeição voluntária à desconfiança pública, já pelo desprestígio daí decorrente para a função.
E estamos certos de que a CCA, já com obra notabilizada em todos os aspectos da arbitragem (...) não deixará de corrigir esta ofensa à... evidência pública."
O Norte Desportivo (26/03/59) escreve o seguinte título: “Inocêncio Calabote em “maus lençóis”! E acrescenta que “No boletim do jogo SLB-CUF, o árbitro eborense faltou à verdade.” O texto acusa o árbitro de “falsear a verdade num boletim” e revela que “Antes de ser irradiado, esse indivíduo apressou-se em pedir a demissão...”. Mais adiante acrescenta: “Na verdade, o senhor Calabote deu-se ao luxo de redigir o mais falso de todos os boletins de todos os jogos de futebol”, pois, segundo o relatório do árbitro “O jogo principiou às 15h e a 1ª parte terminou às 15:45. A 2ª parte começou às 15:55 e terminou às 16:42 (dei 2 minutos de compensação)”. O Norte Desportivo qualifica este relatório como “...a mais sensacional mentira do ano, com a gravante de ter sido num documento oficial...”. Segundo os dados do jornal, “O jogo SLB-CUF começou às 15:07, isto, 7 minutos depois do das Covas” (nr: Covas era o nome do campo do Torriense, onde jogava o FCP). “O encontro Torriense-FCP terminou às 16:48”. “Se fosse assim, não se teria passado nas Covas o que milhares de pessoas viram, isto é, toda a gente aguardando o termo do embate entre o Benfica e a CUF.”
Nesta mesma edição de o Norte Desportivo, publica-se este curioso texto: “UM RELÓGIO PARA O SR. INOCÊNCIO CALABOTE
Um leitor escreveu-nos a fazer a sugestão que não podemos perfilhar. Pretendia que nas nossas colunas abríssemos uma subscrição para se adquirir um relógio que seria oferecido ao sr. Inocêncio Calabote, de Évora. Dizia o nosso correspondente: “Se o seu relógio se atrasa 5 em 45 minutos, o sr. Calabote corre o risco de chegar ao campo numa 2ª feira para arbitrar um desafio marcado para o domingo anterior” A sugestão tem graça – e não ofende!”
O Norte Desportivo de 9/04 publica o seguinte texto, com muita ironia à mistura:
“O árbitro Calabote respondeu e foi imediatamente suspenso!
Vai ser levantado um inquérito às declarações do juiz eborense que deve ser considerado como o inventor do "relógio-elástico".
Finalmente o sr. Inocêncio Calabote respondeu ao questionário que a Comissão Central de Árbitros lhe enviou, solicitando esclarecimentos sobre a cronometragem do jogo Benfica-CUF, no qual o referido indivíduo interveio como juiz da partida.
O sr. Calabote limitou-se a dar uma resposta ultra-sintéctica, afirmando que no seu relógio eram precisamente 15 horas quando deu o início ao jogo. Isto é, confirmou as declarações que redigiu no boletim. Em face da firme atitude do enérgico árbitro, a Comissão Central que – honra lhe seja feita – pugna pela manutenção do prestígio da causa que orienta, resolveu suspender preventivamente o sr. Inocêncio Calabote até à conclusão de um inquérito a que mandou proceder. A suspensão é admissível, porquanto o regulamento a tal permite.
Assim, para já, o sr. Calabote corre o risco de deixar de apitar, visto que será fácil ao inquiridor colher os elementos indispensáveis para comprometer irremediàvelmente o árbitro.
Não será exagero aifrmar-se que cerca de 500 mil pessoas, pelo menos, tomaram conhecimento da irregularidade da cronometragem no referido jogo. A Imprensa e a Rádio (as excepções confirmam a regra), em coro, apontaram a deficiência. Por conseguinte, não é de crer que um homem só, malèvolamente, fique a coberto de qualquer sanção disciplinar severa.
O sr. Inocêncio Calabote ao reafirmar o que escreveu no boletim fez admitir que inventou um relógio elástico, visto que só concedeu, segundo disse, dois minutos por tempo perdido quando, na verdade, esse prazo atingiu os 5 minutos.”
Sete meses mais tarde, o Mundo Desportivo (12/10/59), numa pequena caixa, num cantinho da página, refere que "O árbitro Inocêncio Calabote, da Comissão Distrital de Évora, foi irradiado após conclusão do respectivo processo disciplinar".
A Bola, do mesmo dia, dá a mesma notícia num cantinho da primeira página e, em 7 de Novembro, publica uma entrevista ao do Dr. Coelho da Fonseca, Presidente da Comissão Central, que justifica a irradiação do árbitro: "O sr. Inocêncio Calabote foi demitido de árbitro por motivos ligados ao prolongamento do jogo Benfica-CUF (...) Como é do conhecimento público, esse jogo principiou cerca de dez minutos depois da hora marcada e teve um prolongamento de cinco ou seis minutos. Tanto o atraso como o prolongamento não constituem, em si mesmos, ínfima matéria de culpa. O erro do sr. Calabote consistiu em pretender convencer-nos, contra as evidêncidas dos factos, de que principiara o encontro às 15h precisas e de que o prolongara por dois minutos apenas. É aqui, nesta atitude escudada e incompreensível, que o antigo árbitro eborense deixa de merecer a confiança do público e da CCA".
Ao Norte Desportivo (15/10/59), o Dr. Coelho da Fonseca diz que Calabote “é (...) um caso de ordem moral. Inocêncio Calabote fez uma coisa em campo, aliás controlada por toda a gente, e escreveu, precisamente, o contrário no boletim de jogo. Isto somado a uns tantos casos já passados com o referido árbitro levou-nos à decisão tomada.”
Agora eu pergunto, por que razão se manteve Calabote fiel à sua versão, se lhe era tão fácil admitir que tinha começado o jogo mais tarde e prolongado o mesmo para além dos limites do razoável? A quem serviria esta teimosia do sr. Calabote? Por quem se sacrificou o sr. Calabote? A resposta está boa de ver...
CSI – Calabote Scene Investigation (III) – Os jogadores
1. Gama e António Manuel
No Estádio da Luz, o guarda-redes da CUF, de nome Gama, foi substituído quando a equipa perdia por 5-1. Os jornais dão conta de que terão sido os próprios jogadores da CUF a pedirem ao treinador que substituísse Gama. De facto, havia algo de errado com aquele guarda-redes.
No Mundo Desportivo (23/03/59) pode ler-se: “Gama, o guardião da turma que a determinada altura foi substituído aparentemente cansado do trabalho aturado que teve de suportar, respondeu-nos quando o interpelámos: "Faz pena, depois de tamanho esforço e tenacidade desenvolvidas verificar que o Benfica não conseguiu o número de golos suficiente para chegar a campeão! E a verdade é que ocasiões não lhe faltaram." Ora, um homem que tinha encaixado 5 golos e via o seu clube ter de disputar um torneio para conseguir a permanência, lamentava o facto de o Benfica não conseguido “o número de golos suficiente para chegar a campeão”. Que pensarão os adeptos benfiquistas donos da moral e da verdade sobre estas declarações?
Uns dias mais tarde, Gama, por se saber alvo de "malévolas insinuações" pediria para ser ouvido pela direcção do clube... O que é certo é que as suas declarações não ajudaram em nada e contribuíram, digo eu, para concluir sobre o ascendente psicológico (para não lhe chamar outra coisa...) que o Benfica tinha sobre os adversários.
José Maria, o guarda-redes substituto, diria: "Os benfiquistas obrigaram-me a trabalho intenso, e confesso que tive de realizar várias defesas em condições difíceis. Quanto ao resultado, considero-o expressivo em demasia, visto que nele interferiu o desacerto da arbitragem." Repare-se na diferença entre as declarações de um e de outro.
Ao Norte Desportivo, o treinador da CUF, Cândido Tavares, declara: “Não posso acreditar no que se diz a respeito de Gama e, embora não seja seu costume falhar tantas jogadas, creio na sua honestidade!” “Simplesmente ele esteve, no domingo, demasiado infeliz.” “Vendo isso, e ainda porque dois dos seus próprios companheiros me solicitaram que alterasse o desempenho posto, mandei-o sair do terreno. Estava muito nervoso, e manifestava sintomas de total desorientação. Todavia daí a aventarem-se torpes insinuações terá de percorrer-se larga distância.” Bem, algo vai mal quando são os próprios colegas a solicitarem a substituição do seu guarda-redes...
2. Torres Vedras
A equipa do FCP no jogo contra o Torreense era composta por Acúrsio; Virgílio, Miguel Arcanjo e Barbosa; Luis Roberto e Monteiro da Costa (cap.); Carlos Duarte, Hernâni, Noé, Teixeira e Perdigão. O presidente do clube era o Dr. Paulo Pombo.
Dias antes do jogo, Monteiro da Costa, capitão do FC Porto, declarava: "Calcule que nesta semana não pudemos realizar um treino de conjunto com todos os nossos jogadores. Faltaram-nos o Hernâni, o Arcanjo e o Barbosa, os três em Lisboa por causa da selecção militar. Eu compreendo os interesses da selecção, mas numa altura destas de campeonato, com um jogo decisivo para a tribuição do título, é, evidentemente, uma dificuldade que nos foi criada". O regime funcionava a favor do clube da capital.
A força psicológica dos jogadores do FC Porto via-se nestas declarações de Pinho: "Para nós o jogo de Torres Vedras inicia-se com 4 golos do Torriense. Ou, começando com 0-4, o FCP tem de ganhar o jogo. Ao ataque – será a palavra de ordem. E se conseguirmos superar aquela margem, seremos campeões."
O Mundo Desportivo refere, na análise ao jogo, a "Dupla tristeza (dos jogadores do Torriense) porque, na maioria, os jogadores além da fuga ao último lugar também desejariam que o campeão se chamasse Benfica..."
A crónica fala de um penalty sobre Carlos Duarte, aos 18 minutos da 2ª parte, cuja "nitidez da falta tornou bizarra a decisão do árbitro, mandando prosseguir o jogo e ignorando a grande penalidade que se impunha assinalar". O Jornal de Notícias também se refere a esse penalti.
Na apreciação ao árbitro Francisco Guiomar, o Mundo Desportivo diz que "...foi muito "caseiro" (aquele penalty negado aos portuenses é inaceitável), contemporizou com a rudeza em excesso por demasiado tempo e regra geral acompanhou o jogo de muito longe..."
Na crónica do jogo fala-se em duas grandes penalidades por marcar a favor do FC Porto e da justa expulsão de Manuel Carlos, do Torreeense, por jogo violento.
Noticia o Jornal de Notícias que, dizia-se em Torres Vedras, "e os jogadores locais sorriam quando em tal lhes falava, que havia um prémio de cinco mil escudos para cada um no caso de conseguirem empatar ou pelo menos sofrer poucos golos." Esse prémio existiu mesmo, como vamos ver mais adiante.
Faltavam 2 minutos para acabar o Torriense-FC Porto, com o resultado em 0-1. Na Luz, verificava-se 6-1.
Nesta altura, as equipas estavam empatadíssimas na atribuição do título. Se assim tudo permanecesse até ao final jorgar-se-ia uma finalíssima entre os dois clubes. O FC Porto marcou o 0-2 e logo a seguir o SLB fazia o 7-1. Tudo na mesma. Um jogador do Torriense de nome Saldanha queimava tempo, chutando a bola para longe antes do recomeço. Por que razão queimava ele tempo, a perder por 0-2 a um minuto do fim? O árbitro, que já o tinha advertido várias vezes durante o jogo pelo mesmo tipo de conduta (atenção que o Torriense também precisava deste jogo para uma eventual, mas difícil, permanência na 1ª Divisão), considerou anti-jogo grosseiro e expulsou-o. No último minuto do jogo, Teixeira faz o 0-3, decidindo o campeonato para o FC Porto. Na Luz, o jogo acabava com 7-1. O FC Porto era campeão nacional por 1 golo:
Ambas as equipas com 17 vitórias, 7 empates e 2 derrotas.
1º FCP – 41 pts. – 81 golos marcados, 22 sofridos
2º SLB – 41 pts. – 78 golos marcados, 20 sofridos
Em declarações ao jornal A Bola, António Manuel, jogador do Torriense, dizia no final: "No meu último jogo ia dando uma vitória ao Benfica e não o consegui, o que lamento como benfiquista. O Porto talvez seja a equipa que pratica melhor futebol mas nós podíamos ter dado o campeonato ao Benfica. Paciência. Como homem do Benfica, sinto muito que assim não fosse." Note-se que o Torriense acabava de descer de divisão e a preocupação deste jogador foi a derrota do SLB no campeonato. Para o Mundo Desportivo, o jogador dizia "O Porto venceu mal. A arbitragem foi nitidamente favorável aos nortenhos." Claro que foi. E tu cheio de pena de descer de divisão.
Como final do campeonato, as competições oficiais iriam para durante 1 mês e meio, antes de se iniciar a Taça de Portugal (naqueles tempos a Taça jogava-se depois de o campeonato ter acabdo). Durante esse período, os clubes fizeram vários jogos particulares para não perderem a forma, tendo o Torriense feito dois jogos "de amizade" com o Benfica, um em
cada campo...
Virgílio, o Leão de Génova, jogador do FC Porto, com “os olhos humedecidos”, dizia ao Jornal de Notícias: "Pensava em ganhar, mas nunca julguei que custasse tanto. E já agora, um segredo: quando soube que o Benfica entrara em campo mais tarde 10 minutos para saber do nosso resultado, confesso que desanimei e julguei tudo perdido! Sabe o que nos valeu? Termos marcado muito tarde o segundo e terceiro golos! Lamento a maneira como os torreenses se portaram connosco. Mas tiveram o pago! Os jogadores e o público acenando-nos com lenços a 10 minutos do fim!... Lamentável!"
CSI – Calabote Scene Investigation (IV) – O treinador-adjunto do Benfica
Quem é Valdivielso?, perguntam vocês. Ora bem, este senhor era o treinador-adjunto do Benfica e surgiu, para surpresa e espanto de todos, no jogo Torriense-FC Porto, sentado no banco de suplentes do Torriense. Sim, leram bem. Não sei o que os adeptos benfiquistas que pugnam pela verdade desportiva pensam deste facto, nem sei se conseguem ter o discernimento para pensar nas implicações desta situação. Será que conseguem? Não vou fazer mais comentários, apenas deixar uma pergunta no ar: que tipo de ascendente tinha o Benfica, naquele tempo, sobre os clubes de menor dimensão, que lhe permitia ter atitudes destas? Passo a transcrever o que os vários jornais disseram sobre o caso. Note-se o tratamento dado à questão pelos jornais lisboetas.
O jornal A Bola, dá conta desta situação numa caixinha pequena na última página. O texto diz o seguinte: "Surpreendeu toda a gente a presença de Valdivielso, treinador-adjunto do Benfica, nos bancos dos técnicos do Torriense. Na verdade, o técnico benfiquista "viveu", longe da Luz, os "assaltos" finais deste emocionante campeonato.
Findo o jogo fomos encontrar Valdivielso, chorando na cabina do Torriense. Quisemos saber a razão da sua presença e acabámos por ser esclarecidos por Fernando Santos, orientador técnico da equipa de Torres Vedras, que nos afirmou: - Vldivielso não teve qualquer interferência na orientação da equipa, nem nós a aceitaríamos sequer. Veio a Torres como espectador e só por deferência esteve sentado junto a mim."
O Mundo Desportivo (23/03/59) apresenta um desmentido, através do qual Valdivielso diz que chegou à porta do campo e o fiscal negou-lhe a entrada porque o cartão não tinha validade. Os bilhetes estavam esgotados e dificilmente conseguiria lugar na geral. Foi saudar os treinadores do Torreense e contou-lhes o sucedido. Estes, "como cavalheiros", convidaram-no a sentar-se no banco, o que aceitou. Disse ainda que foi ver o jogo para observar um jogador do Torreense num jogo de responsabilidade com vista a futura contratação.
O Jornal de Notícias diz que Valdivielso orientou o Torriense no jogo com o FCP, tendo feito "uma longa prelecção antes de iniciado o encotro e deu novamente as suas instruções no intervalo do encontro".
O Norte Desportivo(26/03/59) publica uma imagem de Valdivielso no banco do Torriense. Com o título: “O treinador Valdivielso sujeitou-se a uma comédia imprópria dos desportistas”, o jornal denuncia “outras armas utilizadas e que transcendem a rotina para merecerem a classificação (lisonjeiro, acentue-se) de comédias...”. E adianta que “Antes do encontro, o treinador-adjunto dos encarnados esteve nos vestiários da equipa local e ali ministrou uma prelecção de ordem técnico-táctica. Depois acompanhou a equipa aé ao terreno e, com o mais espantoso à-vontade, sentou-se no chamado banco dos técnicos...”. E acrescenta: “Durante o jogo (...) deu instruções para o campo, fez gestos teatrais, refilou com o juiz-de-linha e até interferiu num ligeiro episódio com Hernâni”. E conclui: “Fernando Santos (nr: treinador do Torriense) é um indefectível benfiquista que reside há uma dezena de anos em Torres Vedras. Ambos prestaram um péssimo serviço à ética desportiva.”
O mesmo jornal, em 29/03, escreve: “Muitos leitores escreveram-nos e telefonaram-nos para aplaudir a censura que mereceu a atitude de Valdivielso (...) Alguns salientam a coragem que nos caracterizou. Coragem? Há exagero no emprego da palavra. Coragem teve-a o senhor Valdivielso ao desafiar, ostensivamente, o senso crítico de quem viu adoptar o comportamento que mihares de pessoas verificaram. Como estrangeiro, que presta serviço num clube português, o sr. Vladivielso devia ter estudado atentamente as consequências da sua atitude”.
E em 02/04, publica uma entrevista António Costa, defesa do Torriense, na qual ele diz: "Bem, ele não nos treinou. Esteve na cabina a conversar connosco e, depois, foi sentar-se no banco dos nossos técnicos. Mas não nos deu indicações algumas." "A verdade é esta: receberíamos, por intermédio dele, um prémio se vencêssemos ou perdêssemos com o Porto por margem escassa." "Cinco contos a cada jogador". "... quero esclarecer um ponto: Valdivielso não chorou na cabina, por termos perdido. Limitou-se a regressar a Lisboa com o dinheiro..."
O jornal Record resolve ignorar o assunto, mas vai mais longe. Pouco tempo depois, publica uma foto de Valdivielso sentado no banco do Casa Pia, num jogo particular desta equipa. Em tom de gozo, o jornal “alerta” para mais esta situação, como se fosse assunto para brincadeiras. A intenção é atingir aqueles que criticaram o comportamento do argentino. O Norte Desportivo foi um dele e não deixa o assunto cair no esquecimento. A 16/04, o jornal publica o seguinte artigo:
“VALDIVIELSO disfarça e um jornal aplaude
Causou a mais viva impressão a atitude de o Norte Desportivo ao censurar, sem evasivas, o prodecimento de José Valdivleilso, treinador-adjunto do Benfica, que por ocasião do jogo das Covas, disputado entre o Torriense e o FC Porto, se sentou no "banco dos técnicos" do clube de Torres Vedras e, com o mais espantoso descaramento, desatou a dar instruções aos jogadores do Torriense, manifestando o propósito declarado de ser hóstil ao FC Porto, numa partida cujo resultado interessava sobremaneira aos encarnados.
Um dos jornais que nada disse sobre a estranha como condenável atitude do treinador estrangeiro, que presta serviços num clube português, entendeu "colaborar" na sinistra manobra do sr. Valdivielso, publicando fotografias, decerto prèviamente estudadas, com o evidente intuito de diluir a gravidade da situação.
Trata-se do Record que não se sabe bem porquê decidiu, capciosamente, destruir a argumentação e as provas apresentadas pelo nosso jornal, conferindo a Valdivielso uma auréola de ingenuidade, admitindo como natural e defensável (!) o rosário de tristezas de que ele foi o principal intérprete.
Tendenciosamente, o Record procura estabelecer a confusão, comungando ostensivamente com o estilo do sr. Valdivielso. Este disfarça (desta vez surgiu sem óculos) enquanto um jornal aplaude.
Foi pena, realmente, que Record não tivesse iniciado a sua excelente campanha com a publicação da célebre fotografia do campo das Covas (nr. Campo do Torriense).
A provocação do sr. Valdivielso, ao sentar-se agora no banco do Casa Pia, representa um desafio à autoridade da Federação Portuguesa de Futebol. Indevidamente, embora os intuitos sejam claros, o treinador-adjunto do Benfica tomou lugar num banco de uma equipa estranha, com a agravante de se tratar de um jogo oficial.
Esperamos que a FPF se decida a zelar pela defesa da moral desportiva – punindo severamente um treinador que tão deploráveis exemplos dá aos jogadores que orienta.
A "mistificação-Valdivielso", lamentàvelmente estimulada por quem devia censurá-la, só representa um péssimo serviço prestado ao Desporto Nacional.”
José Valdivielso não seria punido e tornar-se-ia mesmo o treinador-principal do Benfica.
CSI – Calabote Scene Investigation (V) – Os jornalistas
1. Aurélio Márcio
O jornalismo afecto ao Benfica lamentava, com alguma subtileza, a perda do campeonato. Veja-se, a título de exemplo, o artigo de Aurélio Márcio, em A Bola:
"O Benfica seria campeão em França e Inglaterra
O FCP conquistou o título por um golo, que tanto pode ser o de Teixeira como o da CUF. Em França e Inglaterra, porém, o SLB seria campeão, pois o seu quociente (3,9) é superior em relação ao do FCP (3,6) (Nota: o quociente calculava-se dividindo o total de golos marcados pelo total de golos sofridos).
Fazemos votos para que numa próxima reforma do regulamento geral da FPF se recorra todos os meios de desempate, menos aos jogos extra, que não condizem com o espírito da competição."
O Norte Desportivo faz uma notícia bem corrosiva como resposta ao texto de Aurélio Márcio:
“O Benfica ficaria campeão em Inglaterra e em França, mas...
... em Portugal o campeão é o FCP.
Alguns colegas nossos do sul têm descoberto muitas coisas. São, realmente, uns verdadeiros sábios e, os seus devaneios, caprichosos, saem da vulgaridade. Agora descobriram que o SLB, se fosse na França e na Inglaterra, teria ficado campeão, pois seria utilizado o coeficiente de golos de golos. E foram tão”perfeitos” que até fizeram contas a demonstrarem que são excelentes aritméticos...
Mas a despeito dessas obrigações, ao simpático e popularíssimo Benfica o que interessava era ficar campeão de Portugal. Ora esse intuito é que não se corporizou, pois o campeão é o FCP.
Foi pena que os nossos ilustres colegas não informassem a multidão de quem ficaria campeão da Indochina, nas Filipinas ou na Patagónia.”
Excelente!
2. Alfredo Farinha
Talvez o mais nítido exemplo de jornalismo vermelho esteja na edição do jornal A Bola que fez a cobertura do jogo Benfica-CUF. Leia-se com atenção:
Título de primeira página: “JOGO EMPOLGANTE E DRAMÁTICO DE UM CAMPEÃO MALOGRADO”
Título no interior: "A EQUIPA CUFISTA QUEIMOU MUITO TEMPO!"
Excertos do texto, assinado por Alfredo Farinha:
"Estava escrito! Estava escrito que o Benfica perderia o campeonato! Eram estas, no final do empolgante e dramático jogo da Luz, as duas frases que britavam dos lábios de uma grande parte dos adeptos benfiquistas. Nem um grito de revolta, nem uma recriminação, nem um queixume. Apenas esta frase, dorida, magoada, empregnada de resignação e conformismo: "Estava escrito!".
Ela bastava, porém, para dizer tudo: para fazer justiça á grande e desafortunada exibição dos jogadores "encarnados"; para evocar as muitas oportunidades de golo perdidas por alguns dos seus avançados; para lastimar as atitudes de exacerbada hostilidade dos jogadores cufistas; para gritar o seu protesto contra a fatalidade de um campeonato perdido nos derradeiros instantes.
Mereceria o Benfica ter perdido este campeonato?
A pergunta talvez não tenha cabimento nas linhas desta crónica, que tem de cingir-se, apenas, aos acontecimentos do encontro da Luz. Calma e imparcialmente, porém, hemos de convir que na medida em que a questão do título estava dependente do número de golos que o Benfica marcasse na Luz, os seus jogadores e adeptos têm razão para se sentirem injustamente despojados do triunfo final. É que, independentemente das circunstâncias em que decorreram os últimos minutos deste histórico domingo de futebol; indepentemente mesmo do grande nível da exibição produzida pela equipa "encarnada", o Benfica poderia, deveria e merecia ter vencido a CUF por diferença superior a 6 golos"
(...)
"...a CUF não jogou, exclusivamente para si, mas também para uma outra equipa (a do FC Porto) que estava á margem da luta travada na Luz. Se assim foi – e por legítima temos a presunção – cremos existir aqui um problema de ética, digno de, em melhor oportunidade, ser devidamente apreciado e analizado"
(...)
Até que ponto é lícito a uma equipa defender, contra outra, de maneira ostensiva e contrária ás leis e espírito de jogo, os interesses de uma terceira? Não será esse procedimento tão incorrecto e antidesportivo como o inverso, isto é, o de facilitar, propositadamente, com o fim de prejudicar os interesses doutrem, a vitória do adversário? As perguntas aqui ficam, por ora sem resposta. Mas talvez valha a pena, em próxima oportunidade, tomá-las para tema de um artigo.”
Esta prosa quase nem merece descodificação. Está lá tudo, para quem tinha dúvidas. Lamentavelmente, o senhor Alfredo Farinha não se pronunciou em termos críticos, nos tempos seguintes, sobre a demora propositada em começar o jogo na Luz, ou sobre as declarações dos jogadores do Torriense, do próprio guarda-redes da CUF, ou sobre o caso do treinador-adjunto do Benfica, sentado no banco de suplentes do Torriense. Confirma-se, afinal, que, tal como hoje, a verdade desportiva só tinha uma cor: o vermelho.
Mais excertos, desta vez do texto sobre "O ambiente... fora do jogo"
"O Benfica entrou em campo com mais de 5 minutos de atraso. Alguém, perto de nós, alvitrou tratar-se de um estratagema, com o fim de manter o público e os jogadores ao corrente do que se passava em Torres Vedras.
Por essa ou outra razão, o certo é que, ainda o jogo não tinha começado e já um longo sussurro de sofrimento percorria as bancadas.
- O Porto já está a ganhar por 1-0!...
Mas não era verdade. Os portadores de aparelhos de rádio apressaram-se a desfazer o descoroaçante boato. E, desfeito o acabrunhamento do terrível pesadelo, as turbas tornaram a erguer-se, frenéticas, clamando:
- Benfica! Benfica! Benfica!
E foi como se a equipa encarnada tivesse marcado o seu primeiro golo antes de se dar o primeiro pontapé na bola...
(...)
E quem poderá contar os dramas íntimos de cada um? As lágrimas que não puderam chorar-se? Os gritos de dor que ficaram represados nos peitos?
Quem poderá apreciar, medir, descrever, a tristeza daquele lento, arrastado, quase lúgubre, debandar do Estádio da Luz?..."
Texto bastante riquíssimo do ponto de vista literário, sem dúvida. Mas estamos a falar de um jornalista. Imparcialidade? Não, isso era coisa estranha para os lados do jornalismo de Lisboa. Com este tipo de prosa, estou certo que se fabricou muito mito benfiquista. E, claro, omitiu-se muita matéria passível de censura.
Como curiosidade, o título de primeira página de A Bola sobre a vitória do FC Porto em Torres Vedras é um seco “OS PORTUENSES VENCERAM A SUA PRÓRIA ANSIEDADE” (da autoria de Aurélio Márcio).
CSI – Calabote Scene Investigation (VI) – Conclusões
TORRIENSE-FC PORTO:
- O treinador-adjunto do Benfica sentado no banco do Torriense, numa demonstração de domínio sobre os clubes mais fracos e subservientes ao Benfica.
- Os jogadores do Torriense a queimarem tempo, mesmo estando a perder e precisando do jogo para não descer de divisão.
- No final, um jogador do Torriense lamenta-se por... não ter conseguido dar o campeonato ao Benfica. Sintomático.
BENFICA-CUF:
- O jogo começa com muitos minutos de atraso.
- O árbitro, que era de Évora, marca 3 penaltis a favor do Benfica. O primeiro, curiosamente, falso como Judas.
- O guarda-redes da CUF é substituído depois do 5º golo do Benfica, a pedido dos seus colegas de campo. No final, lamenta que o Benfica não tenha conseguido os seus objectivos.
- O árbitro dá mais 4 minutos de descontos, mente no relatório e permanece fiel à sua versão. A soldo de quem?
Publicado por guardabel às 07:21 AM
mourinho sabe muito...ja vem buscar o quaresma!!!
ResponderEliminarOxala paguem os 40 milhoes.
ResponderEliminarUm diamante por lapidar (em disciplina tactica), que o Mourinho transformara num dos 3 ou 4 melhores do mundo.
Deco e Lampard parecem ser os outros dois principais ojectivos.
Entretanto em Manchester parece que nao estao interessados em subir o ordenado do Ronaldo. A novela continua. Ca para mim o maniento quer mais redea solta e prefere tempo menos chuvoso.
José Gomes adjunto!!!!
ResponderEliminarPior escolha é impossivel, enterrou todos os clubes por onde passou como adjunto ou treinador principal.
Esta época começa bem.......
Grande texto David.Copperfield...Vou guardar religiosamente...Está lá tudo o que é necessário para se perceber o que se passa realmente no Futebol Português!...As relações privilegiadas entre muitos Clubes, a vontade do Zé Povinho, a falta de ética desenvergonhada de uns, especialmente dos Fazedores de Opinião, como o execrável Fernando Farinha -ainda bem que a Reforma Compulsiva existe- e a censura exacerbada desses arautos -como agora do Coroado- pela presumível falta de ética de outros...O comportamento de muitos jogadores dando o corpo e a alma em campo por terceiros e esquecendo o emblema que verdadeiramente representam...A Selecção, meus senhores a Selecção..."Não é por acaso" que a maioria dos jogadores Portistas quando de lá vêm trazem mazelas...Cuidado com isto que eu digo, atenção Raul Meireles, Bruno Alves, Quaresma,...Quem é o Preparador Físico?...A única coisa estranha no meio disto tudo é ter havido castigo para o árbitro...Talvez não tão estranho assim, o Belenenses tinha "o seu peso" na época...Veja-se a repetição do Belenenses-Benfica!...Recorde-se Américo Tomás...
ResponderEliminar-Sabem uma coisa? Logo o Doutor Rui Moreira vai estar na RTP para o debate das terças-feiras, façam-lhe chegar cópia deste texto e vamos ver como ele reage...Ele até pode não dizer muito sobre o tema, basta entregar o conteúdo de que falamos aos "imparciais" António Pedro de Vasconcelos e Carlos Daniel...Gostaria também de ver a suas reações!...
Até acho que o Porto deve fazer chegar estes elementos à FIFA e à UEFA, os crimes organizados não podem prescrever, não é verdade?... Cópia para a Maria José Morgado!...Talvez seja difícil obter o testemunho da Carolina que dormiu com o Calabote nessa noite, mas muitas mais coisas se podem obter!...A justiça tem que ser feita. -Um Clube que se presta a estes papéis não pode jamais representar Portugal!...E não esqueçam, foi no rescaldo de todos estes episódios elucidativos da "profunda justeza de métodos" utilizados pelo GloriGozo, que este ganhou grande ascendente no Estrangeiro...Talvez não sejam estranhos a tudo isto alguns resultados na Europa!...Mr King, Please Mr King!...Ontem na SIC, em duas horas e meia de programa falou-se cinco minutos do Futebol Clube do Porto! É assim que as coisas se mantem!...Imparcialidade acima de tudo!...
Gostei especialmente dos episódios do guarda-redes da CUF, substituído a pedido dos colegas e do Treinador /Substituto do Torriense e da mala de cartão cheia de notas que ele tinha no banco de suplentes!...Não esqueçam também a sua ligação ao Casa Pia de Lisboa!...
Também se percebe aqui a tendência dos Sulistas pela "comiseração" sentida para com o comportamento de certos árbitros -actualmente Francisco Silva- e a "crueldade metódica" exercida sobre outros homens do apito...Não esquecer o celebérrimo Aurélio Márcio, um dos que conjuntamente com o Alfredo Farinha -não Fernando Farinha como disse antes, compreensível o erro, é uma espécie de síntese entre Alfredo Marceneiro, o homem da "Casa da Mariquinhas" e o malogrado Fernando Farinha, o conhecido "miúdo da Bica"- fez parte do elenco "escolhido" pela SIC, e pelo excelentíssimo Schnnitzer, nos "Donos da BOLHA" durante muitas e muitas semanas...Com a constante complacência do "ilustre" e "referência de virtude jornalística" David Borges!...
ResponderEliminarAchei o texto do calabote muito bonito, mas eu pergunto: Em 50 anos, não temos mais nada para apresentar sobre o Benfica? Só temos isto? E continuamos a falar sobre isso, passados 50 anos?
ResponderEliminarIsto faz-me lembrar que se gastaram muitos kilometros de fita com escutas e só descobriram que havia "fruta".
Ou, andamos todos muito distraídos, ou, então, não há mais nada para contar. Lamentável.