Que TRIste despedida

FCPorto 0-3 Nacional
F. Coentrão 21', 45'e Juninho 93'Equipa: Helton, Bosingwa, P. Emanuel, B. Alves, Lino (Tarik 57'), P. Assunção, R. Meireles (Bolatti 77'), Lucho, M. Gonzalez (Farias 45´), Lisandro e Quaresma

42.219 espectadores

O FCPorto despediu-se dos seus adeptos da pior maneira possível, com uma derrota frente ao Nacional da Madeira e, ainda por cima, por números inimagináveis para quem acompanhou a fabulosa carreira portista neste campeonato, principalmente no seu Estádio. Em jeito de brincadeira, é caso para dizer que também nós tivemos direito a levarmos com o TRI.

À primeira vista, nós, adeptos portistas, podíamos dizer que não merecíamos um jogo destes, mas, de facto, até os próprios jogadores, que fizeram um campeonato brilhante, sem percalços, com muita qualidade e apresentando um bom futebol, também mereciam uma despedida em grande, com muitos aplausos, uma verdadeira festa.

Mas, de festa, nem antes, nem depois, nem durante o jogo, não teve nada, nem um cheirinho de dia de festa deu para sentir, os jogadores no final da partida nem sequer ficaram no relvado para serem aplaudidos, que bem mereciam pela época que fizeram e que, apesar do regresso de alguma massa assobiativa sempre atenta para atacar, os adeptos presentes estavam, de certeza absoluta, dispostos a lhe renderem uma homenagem, nem sequer uma volta de consagração, nem um agradecimento pelo apoio, acabaram o jogo e, talvez envergonhados, foram a correr para o balneário.

Sublinho, mais uma vez, que nem os adeptos mereciam, mas, acima de tudo, os jogadores, os verdadeiros vencedores que tanto sofreram, que tanto foram desrespeitados, e que, este ano mais do que nunca, tanto viram o mérito das suas vitórias a serem questionados, mereciam algo mais, algo grande, como só eles mereciam, até porque não é, de certeza absoluta, esta derrota que irá manchar todo um trajecto de sucesso, sucesso esse que esta época ainda poderá ser ainda maior porque ainda temos uma Taça de Portugal para vencer.

Apenas uma palavra : decepcionante, isto para não dizer outra coisa e acabar por ser injusto para quem não merece. Para quem nos deu, e irá continuar a dar, muitas alegrias e muito orgulho por fazer parte desta família portista.

Quanto ao jogo, primeiro de tudo, é necessário dar os parabéns ao Nacional da Madeira, por ter aproveitado um jogo muito mau do FCPorto para rubricar uma boa exibição, por ter jogado sem complexos, de forma aberta e ter conseguído uma derrota justíssima num Estádio onde, esta época, ainda ninguém tinha vencido, na condição de visitante.

É claro que isto só aconteceu pelo desanuviar de pressão da equipa madeirense, era um jogo onde estava liberta de obrigações, mas só a decisão de querer proporcionar um bom espectáculo de futebol, aberto e sem enormes preocupações defensivas, já merece um elogio, apesar de o FCPorto lhe ter facilitado a vida, rubricando uma das piores exibições já vistas esta época.

O Nacional da Madeira entrou na partida a jogar muito rápida, trocando muito, e bem, a bola, criando, logo desde o inicio, várias oportunidades para inaugurar o marcador, aproveitando uma entrada portista amorfa, muito lenta, a jogar atabalhoadamente, fazendo passes sem nexo, completamente irreconhecível.

O FCPorto, aos poucos, queria-se soltar da teia montada, eficazmente, pela equipa madeirense, mas revela-se dificil, os ataques surgiam sempre com movimentos errados, tudo muito lento, acabando por ser uma presa fácil para a defesa adversária.

Foi, quase sem surpresa, e já com algumas oportunidades de golo, que aos 21 minutos, o Nacional da Madeira inaugurou o marcador, por intermédio de Fábio Coentrão, completando uma jogada madeirense que recuperou a posse de bola depois de mais um passe desajustado de um jogador portista.

A equipa portista sentiu o golo e procurou o empate, mas sempre de forma lenta, de quando em vez quando impunha velocidade, as oportunidades surgiam, com destaque a uma, aos 32 minutos, com Lucho a servir de forma exemplar Ricardo Quaresma e este a falhar, por milímetros, um golo que seria espectacular se concretizado.

Mas, o Nacional aproveitava para jogar descomplexadamente, e quando descia à baliza de Helton as oportunidades surgiam naturalmente. Até que, aos 45 minutos, e mais uma vez com um passe desajustado de um jogador portista, a equipa madeirense desceu rapidamente, e numa jogada perfeita de contra-ataque, alargou a sua vantagem, novamente por Fábio Coentrão, marcando um excelente golo, levando a sua equipa para o intervalo a vencer por 2 a 0, muito justamente.

Na 2ª parte, a equipa portista entrou muito forte, Farías substituía um esforçado Mariano Gonzalez, e a baliza adversária era sentido único e a reacção à desvantagem prometia condigna de uma equipa campeã.

O FCPorto instalava-se, quase completamente, no meio campo defensivo do seu adversário, as jogadas fluíam doutra maneira, mas, de facto, faltava sempre uma coisa para que tivessem o resultado procurado. Ou era sempre o último passe que falhava, ou uma perda de bola infantil, um passe desacertado, e foram muitos neste jogo, ou até esbarrarem no muro defensivo da equipa madeirense, o facto, é que a equipa portista, na 2ª parte, bem tentou que as coisas mudassem, mas nunca conseguiu da melhor maneira, procurou, quase sempre, o pior caminho, querendo resolver em jogadas individuais e o colectivo ressentiu-se disso.

Jesualdo Ferreira tirava da equipa Lino para dar lugar a Tarik, e depois tirou Raúl Meireles para dar o lugar a Bolatti, mas a equipa portista nunca foi capaz de dar a volta a um resultado negativo e a uma exibição medíocre.

Até que, mesmo no último segundo da partida, Juninho viria fazer o resultado final, depois de mais uma perda de bola portista, completando uma jogada individual onde toda a defesa portista assistiu a ver a equipa adversária a jogar e não foi capaz de reagir para evitar sofrer mais um golo.

Antes de terminar, Paraty também ajudou, perdoando, pelo menos um penalty certo que Lisandro sofreu na primeira parte e, fico com dúvidas, num segundo penalty sobre Ernesto Farías na 2ª parte, felizmente, como disse o outro, para mim e para ti, este ano é o último.

É tempo de acabar com as euforias, descer à terra e se esta derrota serviu para alguma coisa foi para confirmar que também os melhores têm direito ao erro, e direito a ter um dia mau, e que não há imbatíveis, por isso é necessário trabalhar, de forma séria e concentrada, durante estas semanas de forma a prevenir que dias destes se repitam por muitas vezes, principalmente na final da Taça de Portugal que falta disputar.