10 janeiro 2009

O campeonato ainda não está nivelado por baixo?

Quando o último sai dos lugares de despromoção impondo a primeira derrota ao líder que o tira do comando, costumava ser o toque a rebate contra a falta de competitividade. Os miúdos do Porto ganharem aos seniores do Setúbal deu a mesma indicação.

Enquanto dizem que enregelamos à entrada de um ano antevisto como dos mais quentes de sempre, a pretexto de mais uma vaga de frio como se a espécie humana tivesse a
sobrevivência em risco, o futebol desta época trouxe um conformismo incomum que os últimos jogos confirmaram.

Os miúdos – sim, até o Benitez tem 24 anos, o Sapu 22, o Rodrig
uez consegue ser mais novo do que o Hulk por uns meses, mais o Rabiola e o Diogo Viana, o Ventura futuro Vítor Baía, o Guarín além do Fernando – do FC Porto ganharam aos seniores sadinos que tinham defrontado o Sporting da eterna juventude tão cantada. Uma lufada de ar fresco nesta aragem polar que sempre conheci em Janeiro (acho que mal nasci senti-a logo), uma coragem de Jesualdo merecedora de todos os aplausos que os altifalantes da propaganda do regime não difundiram.

Parece que a opção de pôr as “reservas” a mostrar serviço chocou muita gente, quando antes era motivo de chacota por se portarem mal (eliminação com o Atlético ou o Fátima), mas como a coisa até saiu bem há que perguntar aos cronistas do regime “o que é isto”, não vá a qualidade em profundidade do plantel portista causar mais surpresas do que já mostrou. Em cada espaço desportivo ficou ontem a pergunta, ao jeito de “aqueles gajos do Porto estão malucos, ou quê?”…

Isto acontece dias depois de o último da Liga ter ganho ao primeiro. Não só: foi o modo, a substância, o critério, a justiça e a valentia do Trofense a impor ao Benfica a primeira derrota no campeonato, afastando os encarnados da liderança. Onde dantes era tudo Flores de encómios, nem um
aceno de simpatia para o simples Tulipa que antevejo como um Carvalhal para muito melhor: tem discurso, fluência, astúcia, sabe do jogo e para já dispensa o “doutor” e a figura de autor de livros.

Noutras circunstâncias, seria o suficiente para tocar a rebate, mas um alegado título de campeão à entrada oficial do Inverno no calendário civil, que não desportivo, deve chegar para afagar a coisa e vê-la ainda sob o prisma mais caloroso para a alma: a de que, enquanto houver luta na frente da classificação, a coisa vai bem. Será assim?

Há duas épocas, o FC Porto não era só consagrado campeão de Inverno, nesta altura, mas já o proclamado campeão da época 2005-06, o que retirava interesse à competição, só reavivado(a) quando a pauta assinalou apenas um ponto de avanço no final, dos 7 da viragem da 1ª volta.

Hoje não se fala do nivelamento por baixo, da falta de competitividade. Um ou outro cronista tocou o assunto sem despertar emoções, logo na segunda ou terça-feira. O exe
mplo da segunda equipa portista a vencer os titulares de Setúbal também não deve agitar as consciências que noutros contextos se sobressaltam.

Tem-se discutido, um pouquinho mais, a qualidade, do jogo, dos plantéis, dos espectáculos. Mas quase nada. O que é ridículo, atendendo às surpresas que têm sido Hulk no FC Porto, William no P. Ferreira, Nené no Nacional, mais os afamados Reyes, Aimar e Suazo que são jogadores de uma craveira internacional indiscutível. Pode ser discutível a constância do seu rendimento, mas não a sua qualidade.

Depois, serão os jogadores ou os treinadores castradores, os responsáveis pela qualidade do jogo? E que dedos têm sido apontados a esses treinadores ou jogadores?

Há emotividade e isso parece bastar a muitos. Enquanto assim durar, não há alarme. Mas sem olhar-se para a forma lúcida e brilhante como o último ganhou ao primeiro, a qualidade geral das equipas e a competitividade da prova poderão ser aferidas?

É certo que em grande parte da época, até há pouco, os três grandes jogavam sem atractividade, sem convencerem, sem pujança nem confiança. O que tem explicações para a transformação que Benfica e FC Porto sofreram, mas menos para o Sporting de quem era lícito esperar muito mais
no campeonato e que fraquejou contra os dois rivais, mas desde que tal seja esquecido parece que está também tudo bem, conquanto sonhem, como sempre fizeram, com o título, por estarem perto do líder mais do que sentirem capacidade para, mais meia volta cumprida, lá chegarem.

A ascensão do FC Porto à liderança foi mal digerida e dissecada, porque confrontarmo-nos com a realidade de alguém ser claramente melhor é difícil e o português comum, a Imprensa Destrutiva e as tv’s do regime, se já têm mitigado bem a crise com a propaganda própria aos serventuários do poder, não estão para maçar as pessoas com mais preocupações.

A dado ponto, neste “embalar” doce a pretexto do anunciado “campeão de Inverno”, quase adormeci a ver o Nacional-Porto, não porque o jogo fosse desinteressante, bem pelo contrário, mas por os gritos estridentes pelo 2-2 dos madeirenses me terem despertado para a consciência de umas picaretas falantes subitamente amplificadas uns decibéis para dar conta de um golo.


Despertei, pois, para o que diziam na tv, quando só me preocupava o que via.


Vale a pena concentrarmo-nos nas mensagens televisivas? Por exemplo (negritos meus):
- ouvir dizer (na RTP) que “o árbitro Pedro Proença considerou que o jogador do Nacional jogou a bola com a mão”, assinalando penálti, é precaução do jornalista, evitando comprometer-se?

- ouvir dizer (na RTP) que “Guarín jogou a bola com o braço”, no segundo penálti a favor do Setúbal, quando nenhuma imagem o mostra, é coragem de quem o relata?

- e os eufemismos (na SIC) do “Moreira podia ter feito melhor” (ou a preocupação de telegenia do “ficou mal na fotografia”), poupou-nos a imagem de um frango só por estarmos empanturrados de rabanadas e bolo-rei?
Algum dia estes discursos, confrontados com um líder em fuga, poderão “voltar” às preocupações filosóficas – atendendo a esta predisposição cultural de comentar o que se vê remetendo para terceiros ou assumindo asneiras próprias – sobre a competitividade, a qualidade, a emotividade e, porque não, a arbitrariedade com que se continua a apitar nos jogos de futebol em Portugal?

12 comentários:

  1. Só umas pequenas correcções, sapunaru tem 24 anos, rodriguez tem 23 e hulk tem 22 anos.

    A imprensa não muda, mas os leitores estão a mudar, e ela vai a breve prazo ressentir-se da fraca qualidade que tem.
    Pergunto-me que raio de jornalista é aqule que no jogo de ontem diz que o Maradona vem ao dragão ver o Porto quando é mais que sabido que a sua digressão foi cancelada.

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  2. concordo com o sirmister.


    Visitem e comentem sff

    http://campeoesfcporto.blogspot.com

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  3. sirmister, consultei uma revista de início de época (Record) que me indicou as idades dos jogadores... Sorry.

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  4. O "Zé Luis" lê o rascord????
    Daaasssssssssssssssss!!!!
    Até me causa vômitos....

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  5. Apesar de ser um jornal tendencioso, a organização do site do Record é bem melhor que dos outros.

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  6. Se me permitem vou fazer um off-topiczito.
    A todos os PdB e principalmente ao Zirtaev e ao Zé Luís deixo aqui um link muitíssimo interessante relativo a um amigo que temos todos em comum e que passou em claro por quase todos os órgãos de comunicação social. Podem ver o link à vontade porque não tem vírus, garanto-vos. Aliás só não falo do seu conteúdo para não retirar suspense, mas acho que depois podemos todos tirar impressões sobre as conclusões a que cada um chegou, se é que alguém já tomou contacto com esta pérola.

    http://content.yudu.com/Library/Azl07/24horasDec263030/resources/7.htm

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  7. Mais uma arbitragem vergonhosa em Alvalade.
    O Vigarista do costume deve ter afinidade com o Rochemback. Impressionante como ainda se encontra em campo. Nao ha palavras para tanta roubalheira, semana apos semana.

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  8. Para além da tendenciosa arbitragem, é confrangedor assistir a este jogo, perante a atitude tão dócil e caricata dos jogadores da Madeira.
    Que vergonha !!! :(

    Ainda à algum tempo, corriam que nem uns desalmados pelo Dragão, e agora é jogar devagar para os lados e para o guarda-redes. Conseguiram a habilidade de não fazer durante 90 minutos um remate perigoso à baliza do Zporting. O miguelito das couves, no dragão apareceu várias vezes no interior da área do FCP, acossando a nossa baliza. Hoje nem se mexia, e nem por uma vez entrou em correrias pelo seu corredor. Ainda deveria ter as pernas dormentes do jogo contra o FCP.

    Gostaria de perguntar a estes cavalheiros, para não dizer outro nome, como é possivel em 15 dias mudarem tão drásticamente de atitude no seu jogo, desde que as camisolas que estejam do outro lado não sejam azuis e brancas?

    Enfardam 6 dos bermelhos, e em 2 jogos com o Zporting enfardam 5. Mas contra o FCP, é jogar à grande, em que até se espumavam todos, como a imagem do Bruno quando Duarte Gomes lhe marcou uma falta.

    O que foi expulso contra o Zporting, no dragão fartou-se de dar lenha, e não foi para a rua.
    Foi lapso do Senhor árbitro.

    Deveriam ser investigados os 2 últimos jogos do Zporting, pela falta de atitude competitiva dos seus adversários.

    FCP sempre.

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  9. - O "Zé Luis" lê o rascord????

    - Não, peguei a revista de início de época que me parece a mais completa de todas, apesar dos erros.

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