20 junho 2012

Agora viram-se contra Platini - que dirão os franceses que vão defrontar a Espanha

Terminou a 1ª fase do Europeu de altíssimo nível, por sinal com o até agora melhor golo na digna despedida sueca (e por Ibrahimovic suposto rebelde no balneário e líder de uma das facções em confronto, nunca visto numa equipa nórdica). Um final com um golo-fantasma, polémica indesejável e que volta a esvaziar a presença do juiz de baliza que é parvo ou cego e não está ali, normalmente, a fazer nada.
Uma 1ª fase com chegada, finalmente, de Portugal em grande, depois de variações em dó menor, o suficiente para ouvir Paulo Bento falar da qualidade do jogo português com a Holanda, como a assumir ter Portugal atingido o nível da competição de forma a ser levado a sério e não em charrete...
Parece, porém, que quem fez a avaliação e antevê o futuro do Euro-2012 é o presidente da UEFA a quem, sob capa de equidistância institucional, negam a qualidade de comentador numa roda de jornalistas internacionais sendo o homem bem mais qualificado para dissertar sobre o jogo do que muitos grunhos que por aí andam e que tanto avultam em Portugal. E que indignações e vitupérios correram os quatro cantos da Lusitânia paródia...

E os franciús, não reagem? Bah!... Procurei no L'Équipe e nada de Platini. O vaticínio do actual presidente da UEFA sobre uma (provável) final Espanha-Alemanha a 1 de Julho em Kiev até eu dava e muitos adeptos também, sendo neutrais. Já agora, se em 2008 foram os finalistas em Viena num Euro cujos anfitriões Suíça e Áustria ficaram na fase de grupos (como a Bélgica em 2000, o primeiro anfitrião sem passar a 1ª fase de uma grande competição em solo pátrio), com Polónia e Ucrânia já eliminados seria apenas uma coincidência que ninguém estranharia, tal como o afastamento das selecções da(s) casa(s).

E a Europa, está escandalizada? Está, mas com uma multa de 65 mil euros à Croácia por racismo contra Balotelli pelos seus adeptos, enquanto a publicidade nos calções de Bendtner paga 100 mil euros e um jogo de castigo ao avançado dinamarquês? Na Europa continua a distinguir-se prioridades de fait-divers, mas o hábito caseiro de discutir o acessório em vez do essencial primeiro estranhou-se e agora está entranhado na comentadeirice de trazer por casa. Não houve bicho careta do Portugalório, em forma de notícia, em apontamento de reportagem do pé-de-microfone em Opalenica ou num àparte de um palrador de ocasião na pantalha de serviço que enquadrasse a coisa devida e concretamente.

Não sei em que contexto Platini deu o seu palpite, para mais saído num dia em que a "sua" França, que ele capitaneou, liderou e "goleou" (melhor marcador de sempre numa fase final do Europeu com 9 golos em apenas 5 jogos) em 1984 (derrotando pelo caminho Portugal numa semfinal louca em Marselha), jogava a passagem aos quartos e poderia, como vai mesmo, defrontar a Espanha na fase seguinte. Sacrilégio? Bem, quem "s'emmerdou" parece que foram os muito susceptíveis tugas, com as reacções epidérmicas e idiotas do costume que me alertaram para a "boutade" de um fala-barato que desde sempre me habituei a ouvir (e ler) tal qual as famosas "predições" de Pelé que não ficava só longe de atirar ao poste nas ousadas previsões como eram autênticas bolas para a quinta ao falhar rotundamente nos diversos palpites que a malta da Imprensa gosta de sacar aos "famosos".
Parece que Platini, como presidente da UEFA, não deve dar palpites, ele que sempre os deu e, como ex-jogador de categoria mundial que foi, ficaram como tal, palpites que ninguém lembra se deram certo ou errado. Talvez muitos dos que hoje, na Tugalândia que discute pouco futebol nos jogos e nos intervalos fala de tudo menos da bola tal a insanidade contagiosa e endémica, gostaram de ouvi-lo, em tempos, falar de "batoteiros" e "vigaristas" nas eurotaças de clubes lhe neguem o direito de palpitar só porque é presidente da UEFA.
Só faltava Platini, como Raul Meireles, dizer que tinha todo o direito de não falar como de falar quando quisesse, estando num caso a evolução do Euro ou a participação nele de Portugal. Mas a gente sabe como é a coerência serôdia dos opinadores de pacotilha, capazes de soltar vitupérios e dizer cobras e lagartos de gente da estranja mas muito caladinhos e venerandos respeitadores das peripécias e dos intérpretes lusos sobre os quais nunca anunciam nem favores ou desavenças como simplesmente dizer não gosto de fulano e prefiro sicrano. São as idiosincrasias idiotas dos tugas que vêem mal para além do próprio nariz. 
Que em certas matérias, como o Pífio Dourado que Platini desconhecia mas era aceitável que enunciasse princípios gerais de filosofia para a sua governança da bola europeia, falou extemporaneamente, isso é verdade. Porém, como então defendi, Platini podia achar o que quisesse, em termos gerais, de como deve ser o futebol europeu no campo e nos gabinetes, em ética e fair-play financeiro ou futebolístico, em respeito e integridade e em diversidade e solidariedade. Aliás, como tem pontificado o seu profícuo reinado em que, obviamente até por um perfil latino diferente do sueco Johansson a quem sucedeu e por ter sido jogador afamado e não mero administrador do frio raciocínio nórdico, marcou a sua actuação sempre com o coração perto da boca. Como, aliás, não se coibiu de chamar ladrões e vigaristas aos hoteleiros ucranianos ávidos de explorar os preços para os adeptos visitantes.
Platini, é bom lembrar, podia dar os palpites que quisesse, em 2008, para gáudio da maralha bolorenta do Benfica mafioso a querer que o 4º lugar desse acesso à Champions. Mas, como se provou nos procedimentos disciplinares, nunca as suas palavras influenciaram as decisões jurisdicionais, tal como pouca repercussão têm as suas tiradas sobre arbitragem, por muito que lhe atirem culpas de influenciar, também de novo sob a sina de protesto português amiúde trazida à estampa. O pateta Coroado lá sacou da teoria da conspiração ou do amanho dos árbitros...
Agora, imaginem que o francês alvitrava uma final entre a França e a Itália, os seus dois países de eleição onde jogou, mostrando sempre um afecto especial pelo futebol transalpino onde foi rei nos anos 80. Que diriam em Espanha, em Inglaterra, na Alemanha? Nada, tomavam apenas como um fait-divers sem repercussão nenhuma na competição. Porventura chamá-lo-iam maluco por descurar as duas equipas mais fortes do momento, precisamente da Espanha e da Alemanha. Platini não foi sequer irónico, muito menos original nem terá, digo eu que posso ser ingénuo, querido ferir o seleccionador gaulês Laurent Blanc que com Zidane liderou os bleus ao título mundial de 1998 - onde Platini foi o presidente do Comité Organizador Local.
Dá vontade de rir a reacção pateta da Tugalândia, decerto sujeita e respeitadora de as figuras institucionais não poderem tugir nem mugir sobre aspecto algum, político, judicial, desportivo, ético whatever, como os diversos Cavaco, Passos, Seguro e companhias mal frequentadas se calam devidamente para não ferirem susceptibilidades sabendo nós que as coisas, e as pessoas, são como são mas não devem sê-lo, assumi-lo ou mostrá-lo mais ou menos à evidência sob pena de chocar a moral pública que se indigna por tão pouco e cala por tantos desvarios que fazem escapar os ratos pelas malhas das redes lassas devidamente "conceptualizadas" por políticos, advogados do sistema e afins regimentais.
Contra os jogadores se calarem na Selecção sem razão plausível e sequer digna não há manifestações de azedume. O permanente estado de guerrilha em que se deixa enredar a Selecção até acaba silenciado pela colocação do lado certo da barricada dos defensores do establishment, na coerente antocensura que faz por calar os detractores inconvenientes e deixa os epígonos do regime darem largas à verve plutocrata, conhecimento ignaro dos dossiers e louvaminhas beatíficas na época dos santos padroeiros a venerar dogmaticamente comme il faut... porque os hábitos da casa, herdados de outras gerações e gente de muitas prebendas, são imorredoiros no Portugalório patrioteiro destas ocasiões da mobilização tuga pela bola que nos faz cidadões a cantar o hino a plenos pulmões.
A Espanha, campeã europeia e mundial, é reconhecida por Platini como potencial finalista, numa altura em que há críticas ao seu estilo de jogo e um tiki-taka já elaborado em demasia e custoso sem ser profícuo, sem que o visado del Bosque perca a compostura. Entretanto, nas suas diatribes monárquicas e guerrilhas autonómicas, descobriu-se que a bandeira não levava o escudo dos Borbon mas de outra família real qualquer metida nas coisas da heráldica. Foram logo perguntar ao presidente da RFEF, Villar, pelo engano.
Não obtiveram resposta, mas os tugas que servem de capacho à porta do hotel de Opalenitsa como gostam de dizer muito eruditos e adaptados ao polonês não ousaram perguntar à FPF, fosse ao Madaíl ou ao Gomes que lhe sucedeu, se os jogadores não devem ser obrigados a falar para os adeptos que dizem respeitar mas desrespeitam pelo silêncio e em nome das suas birras e caprichos pessoais. Mas ontem já ouvi a sacramental pergunta ao ex-presidente da FPF sobre os ditos de Platini, como se Madaíl alguma vez tivesse tido opinião e poder de decisão sobre coisa alguma, na esteira do qual segue o seu sucessor que anda calado que nem um rato com asas a saltar do aerópago da Liga e parir uma presidência da FPF em nove meses na Constituição do Porto e atrelado a ele o ex-tasqueiro e trovador a la Marceneiro, Hermínio dito Loureiro.
Como para criticar há que saber estar, ter conhecimento e treino, na sua vez o italiano Prandelli aproveitou para ironizar com Platini mas para isso é preciso poder de encaixe, capacidade de "dar troco" e ter um profundo saber do passado, dos intérpretes e  compreender o contexto em que se fala.
Os tugas lançaram, como bons "jihadistas", uma "fatwa" contra o sacrílego sacana de França tão antipatriota como um qualquer Miguel Vasconcellos a defenestrar em nome da Restauração do prestígio régio, insensível à sua selecção; talvez na bonomia da epistemologia segundo A Portuguesa, que investe contra os canhões tal qual A Marselhesa, aceitassem um "voto natural" pelo galo francês  pelo qual, helàs, talvez compreendessem a boutade de um palpite inofensivo mas coerente com o personagem de puxar a brasa à sua sardinha. Ao tuga endómito na defesa da sua equipa ficaria bem, voilà!, mesmo resmugando as lamúrias do costume contra a França que nos dá cabo da vida na bola.

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