29 junho 2012

Orgulho nos gorgulhos e o fado de sempre

Ninguém perguntou a Hugo Almeida se saiu por estar cansado. Nem a Paulo Bento porque tirou Hugo Almeida. Nem a Cristiano se a saída de Hugo Almeida não retirou hipóteses de vitória a Portugal.

Nos espasmos de sons diversos de rádio no carro e tv num café longínquo só ouvia perguntas de os jogadores sentirem brilho, brio, orgulho, superioridade e o "quase vencíamos o Europeu" ecoado, envergonhado, como em 2004. Se o futebol fosse um estado de alma e estes decidissem jogos, os patetas da SIC teriam ganho por goleada à Espanha, tirando falar de ocasião "em cima da baliza" quando Cristiano chutou à entrada da área aos 90', os "quatro passos atrás e um para o lado" quando o dito deu cinco recuando e o seu livre ansiado como a libertação da escravatura dos fracassos e a fuga do Egipto para a vitória dos inanarráveis medíocres do patrioteirismo serôdio à moda do antigamente em que nem eram nascidos era proclamado, mesmo a 30 metros de Iker, como um golo certo - porque o rapaz marcara 65 golos pelo Real Madrid...

A Nação, sempre vibrante só com a Selecção enquanto decorrem jogos mais importantes n Europa que conta com o euro e as contas muito para além das bolas nos ferro que atormentam o pobre treinador tuga, voltou a acolher a equipa de alguns, ouvi dizer, como se nova vitória moral nos enchesse tanto de brio como de orgulho os jogadores dizem sentir nestas ocasiões de regressar a casa a penates mesmo com charrete à saída do avião para desdita dos maldizentes.

Continuamos a contabilizar só as nossas bolas nos ferros e não as bandarilhas que nos metem no dorso. Em nome do consenso patrioteiro, com os epígono do regime em uníssino, Portugal fez algo d' "extraordinário" que, pelos vistos, dizem encher também de orgulho a maralha que vai ao aeroporto - imaginem se vencesse uma competição e como seriam os relatos mais histéricos do que históricos da gente parvinha que em estados de alma sonham com tudo menos encarar como natural trabalhar no estrangeiro quando as fronteiras agora estão abertas.

Temos um Governo que tem a mesma receita de austeridade como a antiga vacina da tropa dava para tudo. Temos uma Selecção que ganha perdendo. Um seleccionador que aplica a mesma receita em qualquer circunstância como um amanuense do funcionalismo público sob as ordens do Gaspar e do Álvaro. Temos quase uma Imprensa una e indivisível a proclamar as mesmas coisas, em nome de um ideal, talvez do velho fado.

O Europeu foi uma maravilha, apesar de tudo, porque experimentamos ouvir e ver jogos em três televisões nacionais, um luxo que a Troika não proíbe, para ao menos desenjoarmos de ouvir e ver sempre os mesmos. Um tipo que não sei o nome mas que pela voz já ouvira em jogos do campeonato inglês na SportTV aprecio imenso, deu ontem na TVI no Itália-Alemanha. Não foi sempre o mesmo, afinal, este Europeu com tanto periodismo medíocre em pasquins pimba e tv's do Despertar e Dar as Horas para comidas, treinos e deslocações.

Como não ter tanto orgulho nos gorgulhos?

Só falta ligar o Paulo Bentoinha para saber o que tem para infomar o País da sua excelsa mediocridade em que cavalga, de charrete, no dorso dos jogadores a quem não ajudou a fazer mais do que podem e sabem.

O fado, logo numa altura em que, ouvia num café longínquo, Domingos engrossava o lote da mesmice nacional e o canto Toy opinava também sobre futebol, tão convidado como ele, meses depois de o ex-treinador então no Sporting perguntar-se porque não discutia fado e ouvia fadistas a falar de futebol.

Triste sina. 

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