06 junho 2012

"Sirko" da Selecção

Os pés-de-microfone continuam a dizer a que horas treina a Selecção na Polónia e o que comeram depois de acordarem os jogadores. Há anos que a domesticada Imprensa se sujeita a isto, resta saber se há "ordens de serviço" ditadas por um palerma qualquer na FPF como para o Mundial-2006 (ou Euro-2008) em que quem não assinasse as "regras de conduta" não teria salvo conduto para o estágio e acompanhamento da equipa portuguesa nas grandes competições internacionais. É claro que para certos Condutos e carneiros, silenciados para saberem uns fait-divers que justifiquem o investimento das administrações até ao limite dos patrocínios dos pasquins, a coisa parece de cumprir calendário. Tal qual a Selecção anda a fazer e já ouve sérias críticas ao "sirko" montado.
Nem queria falar da Selecção antes do jogo de sábado, que é o que interessa, mas as primeiras reacções desagradáveis não são minhas, já que os comentadeiros e os pasquins do regime acham que devem bendizer toda a porcaria que rodeia a Selecção e mais uma participação no Europeu como o festivaleiro e fracassado concurso da Eurovisão, sempre mais parolo e ridículo do que o anterior certame.
A propósito do que disse Manuel José, também Carlos Queiroz refere como é montado o "sirko" à volta da Selecção. Na experiência pré-2010, como aqui referi no rescaldo do Mundial sul-africano, escalpelizei várias situações de "desconformidade" - para usar o jargão do antidoping que tanto brado deu e de puta que pariu para cima, além da "cona da mãe dele" - que afectaram as relações, antes tão frutuosas e cordiais como até agora na qualificação com Paulo Bento, dos jogadores com o treinador já na fase final. A malta do "porreiro, pá", na FPF, dá o cu e oito tostões pelos milhões de patrocínios que chovem nestas alturas e nos enchem os ouvidos como as promoções de frangos, nabiças e enchidos...
Queiroz não aceitou interferências várias e acaba a contar mais uma, em O Jogo online. Já se percebeu que, com toda livre, o pusilânime Paulo Bento aceita tudo para não ter os mininos de Scolari revoltados. Muito do "sirko de 2010 não existiu, não obstante o anúncio dos 23 convocados ter tido alguma pompa, curiosamente, porque o então seleccionador insistiu para uma cerimónia não espampanante mas luzidia e com certo "snighte" para a TV em directo. Este ano foi uma pasmaceira sem graça alguma, nem ideia de como fazer, para daí em diante se assistir a eventos sem fim e tangas entre folgas, necessariamente intervaladas, e fracassos nos amistosos de preparação. Vá lá que Nani poupou-se a acrobacias nefastas desta vez...
Como escrevi ontem, depois da vitória moral num amigável inimaginável com a Turquia, esse colosso europeu, a que não faltou o "golo dos apanhados" no 1-3 final, mais o cantar do hino para a tv e a acção de marketing com o estádio vazio e parolo como sempre é na Luz, estes andores estão a montar uma boa procissão de santos defuntos. Como nunca disto foi visto na Selecção, prefiro trocar o "circo" de que Artur Jorge falava do Benfica com o "sirko" que é esta coisa com "ar de feira" que o bentinho abençoado tem a primazia de comandar e já com contrato renovado. Rico enterro...

É que o "sirko" contenta, pelo que se ouve, os basbaques das tv's. A Selecção é imagem, não são resultados. E as tv's querem a imagem, antes dos resultados que potencialmente podem estragar tudo se forem maus. As imagens abafam os assobios frente a Macedónia e Turquia e são imagens novas, nas tv's sedentas delas como sua "raison d'être", que ajudam os basbaques das tv's a fomentarem a ideia de os telespectadores terem perspectivas novas e visão de dentro dos estágios anteriormente negadas. Ora, os idiotas que defendem estas práticas estão a vender o seu produto para quem o quiser comprar. Como o voyeurismo televisivo está em alta na mais diversa programação, os tipos das tv's querem isto mesmo e aplaudem.

Admirava-me muito se, em vez de imagens que um dia acabarão também esteriotipadas como no passado e banalizadas como já são hoje pela sua profusão em overdose, os profissionais da Radiotelevisão pugnassem por entrevistas generalizadas como muitas selecções disponibilizam os seus jogadores todos numa grande sala onde é permitido falar à vez com um e com todos por parte de todos os meios de comunicação. Ao invés, predispõem-se a ouvir o 3º g.r. (Beto) não utilizado um dia a seguir a um jogo, o que no mínimo deveria ser considerada uma falta de respeito pelos profissionais de Comunicação e em concomitância falta de consideração para com o público que prefere ouvir os titulares certamente de forma mais positiva do que verem imagens de tangas e merdices de jogadores abraçados nos sofás a demonstrarem união ou a jogar cartas com a última maravilha tecnológica pendurada ao pescoço.

Este sentido - de um modo mais lato por o futebol ser um produto hoje eminentemente televisivo e dos direitos de transmissão garantirem prémios milionários aos participantes - de não ter medida é aflitiva porque denota a tendência geral para a vulgaridade, defendendo-se o inócuo e a superficialidade que não chega a entrar em campo nos jogos onde é suposto estar o País representado para dar o máximo, com seriedade que tem de estar demonstrada antes de chegar ao inviolável balneário, e ter a Nação suspensa.

Por fim, o zapping à procura de alguma coisa notável, deu-nos as caras de sempre, os pivots vulgares e até o regresso do Gordo Gobern - ah, como o carlitos de Paredes esperava a oportunidade de redenção do colossal comentadeiro que tanta falta faz e tanto génio trás às pantalhas.

Pois é, um ano de Governo, ontem, e deu o que deu...

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