16 abril 2013

Contrafacção

Enquanto a derrota portista é glosada e mal digerida no site oficial do clube em que se apresenta o resultado anterior como próprio do jogo a seguir com o Moreirense,
a provar, de novo, a massa de que é feita aquela porcaria que é sempre a imagem visível, e internacional, do clube e da SAD, há outras reflexões a ter em conta, não como o pateta José Correia se transformou desvairado e em postura cobarde e censória, sobre as incidências que se vão apurando e a consciência que se vai formando.

Li ontem, por acaso, em O Jogo (do qual procurei o link mas não vislumbrei na net, o que é notável e diz bem do negócio online para mais assinado mas sem apelativo para pagar informação não disponível) que Pinto da Costa já estaria a preparar qualquer coisa, desde a recandidatura à próxima época do futebol SAD, com treinador e plantel nas cogitações. É uma verdade lapalissiana, seguramente, porque é consabido, ou sempre comunicado à exaustão, que no FC Porto prepara-se sempre tudo com muita antecedência. E, ainda, que este tipo de notícias não traz nada de surpreendente ou de novidade, sendo do cardápio de qualquer reacção pós-trauma de uma derrota dolorosa e seja em que clube for. Quando se perde parece que tudo se mexe, já vimos isso em vários clubes e no FC Porto de vez em quando porque normalmente ganha e parece haver pouca necessidade de mexer sendo verdade, também, que mexe-se sempre mesmo em equipa que ganha.
 
O mais preocupante, ou verdadeiramente digno de fazer pensar, é saber, lendo no papel disponível no café, que Pinto da Costa zarpou de Coimbra afastado da equipa. Pior, que Antero Henrique, que ainda na 2ª feira anterior tinha abraçado o treinador na hora dos golos depois de estar no banco a ouvir o relato pela rádio e portar-se como se não fosse nada com ele e desconhecesse VP de todo, entrou no autocarro antes de VP e deixando o treinador, depois da saída antecipada do presidente, sozinho.
 
Mais e ainda pior: lê-se que há uma facção de Antero (sic) na SAD que pretenderá contratar Leonardo Jardim. Há uma facção. Ponto. Quer dizer, haverá outras, alegadamente uma pretenderá Domingos. Não vou discutir nomes, nunca o fiz, apesar de isso agitar a bluegosfera que, assim, vai de encontro ao que recrimina nos jornais, contribuindo para o circo me(r)diático com a verborreia que não aceita na Imprensa que tem esse móbil de negócio e faz parte do seu dia a dia. Entretanto, o presidente saiu, presume-se que intempestivamente. E o delfim move-se por outros objectivos e interesses. Há facções quando era suposto o presidente aglutinar tudo e todos, naquele dizer já da praxe de visão, rigor, ambição e paixão ou coisa parecida no slogan. Há divisões ou facções. Fracturas quando sobram facturas para pagar. Como em qualquer administração, corta quem manda e em tempo voltaremos ao assunto retomando outros casos em que a "estrutura" sacode a água do capote, cena em reposição.

Então, pergunta quem estiver atento e sapiente, mas não é, sempre, atribuído ao presidente o mérito de escolher treinador? Ele mesmo, do alto da sua cátedra sem dúvida intocável, sabedor do métier e que recebe dos treinadores presicamente esse reconhecimento e gratidão para a vida, não diz que escolhe, decide, apresenta aos pares da SAD e estes ratificam a escolha, tida como sábia e invariavelmente certeira?
 
Tal como seria aconselhável qualquer jornadista avisado não escrever certas coisas com risco de parecer mal ou puxa-saco, convém lembrar terem sido essas facções que foram aniquilando a equipa com o desmembramento a cada época, sangrando-a ao som de milhões que, fatalmente, um dia se pagam com derrotas. Ainda confio no título e as próximas duas jornadas serão determinantes para uma escorregadela do Benfica, conquanto já no fds não estarei para comentar. Espero que tudo corra bem, mesmo que um triunfo no campeonato, bálsamo para tudo e mais alguma coisa, não apague o que já se vai dizendo e mostrando. Para não se apagar o que está e vai sendo feito, no contexto da preocupante fase do pós-pintismo o qual não me aquece nem arrefece mas deve dar que pensar a muita gente, tomando este exemplo como referência, até porque o fim está próximo, seja quando for.
 
É que há, por fim, jornalistas que não "inventam", como é o caso citado, embora possam veicular versões, "narrativas" no léxico actual, de facções como se fosse bom haver facções onde quer que seja. E se escrevem é por serem, de algum modo, autorizados e confiantes no que dizem, mesmo que o mais grave esteja encoberto pelos títulos. Não é só grave quando se acumulam frustrações na época, com risco de perder títulos importantes, mas pior será quando o dinheiro abundar menos.
 
E se alguns jornalistas merecem confiança para veicular certas posições, há bloggers que só escrevem se também tiverem autorização, ou segredo de pé de orelha para uma certa versão ou "narrativa" no léxico actual, prometendo fazer o ponto de situação sempre mais tarde, mesmo que seja amanhã.
 
Enfim, como em qualquer dificuldade, em clube ou na vida, o "portismo" está em causa. Afinal, não está tudo em causa como é consabido, igualmente, nestas ocasiões? Afinal, de novo, já se entrou pela via de discutir o penálti quando se vê que há responsabilidades nem atribuídas nem assumidas. Por cobardia, que acontece nas derrotas para as quais nem todos têm estômago. A coragem dos vencedores é só outra treta que se põe a correr, mas essa deixa-nos a encolher os ombros. O pior é agora. Pelo visto.