08 abril 2013

Substituição de Lucho

O título é tão objectivo quanto ambiguo, mas assim está bem. Da mesma forma, o objectivo do Tri está em aberto, mas temo que este futebol inconvincente do bicampeão não dê para tanto, porém a qualidade só não é condição indispensável para ser campeão, nem a qualidade do plantel sequer e nesta matéria deixa muito a desejar o FC Porto a penar por falta de soluções. Vai valendo a força da inspiração e um acreditar ténue mas que ainda atemoriza adversários.
 
Voltando ao início, só acreditei na vitória com a saída de Lucho. E faço este destaque propositadamente, pois já dá pena e é uma lástima ver Lucho arrastar-se em campo e fazer crer que a equipa ainda espera dele alguma coisa de definitivo - da mesma forma que James joga pouco, muito pouco mesmo e por isso digo que o nosso nº 10 perdeu o 1 mas ainda é decisivo nos remates, fez um belo 1-1 e um canto perfeito para Kelvin acabar com o jogo. Eu já desesperava com Lucho em campo e apesar de Kelvin não ter mostrado ao que vinha sempre achei que era melhor assim do que andar a fazer de conta.
 
Percebeu-se que VP abraçou Lucho após um golo, o 2-1 ou o 3-1, sendo Kelvin o elemento fundamental, lançado para a extrema-direita como esquerdino mas sem sequer buscar a linha mas a procurar tanto o jogo interior como James o que desguarnece os flancos e faz a defesa contrária fechar toda ao meio e adensar o caminho para a baliza. Kelvin podia ter entrado noutros jogos, ainda há dias notei que ficou no banco quando podia ter entrado face à falta de extremos e de tão desenquadrado de jogar mal arriscou no 1x1 em que é forte e até desconcertante. Foram Kelvin e Atsu, entrado antes por Defour que é só interior embora se esforce por jogar na linha, deram vivacidade ao ataque portista que voltou a ser infeliz com os ferros (mais duas bolas) e retardaram a vitória.
 
A substituição revelou-se acertada e demonstra que Lucho está acabado se pensarmos em influência na manobra ofensiva, hoje já nem se trata de desgaste de dois jogos por semana, foi poupado 4ª feira e não dá mais, muito menos meterem-lhe bolas nas costas da defesa, ele nunca foi de buscar a bola no espaço e não seria agora que perdeu totalmente velocidade. Com a saída provável de Moutinho no final da época, com esta "transferência" de agente, a perda de Lucho será maior na próxima época e é todo o meio-campo que fica em causa, até porque Fernando pretende, legitimamente, sair mas é sempre dos melhores e voltou a ser o melhor médio outra vez. Quando o FC Porto foi ao assalto da área, não havia médios para a segunda bola ou a ressaca fora da área, o que normalmente significa ter a equipa partida porque há jogadores que não compensam com posicionamento mais interior quando a bola é sacudida da área pelo adversário.
 
Como é que neste contexto o FC Porto ainda ganha jogos, dominando com menos intensidade, perdendo fluidez e convicção mas ainda assim forte demais para fazer o Braga, primeiro perdendo pela falta de comparência dos adeptos, jogar mais na retranca que nunca está época?!
 
Pior, se o Braga fez um belo golo em 1x2 na área mesmo descontando o espaço e a pasmaceira da defesa portista, o FC Porto conseguiu oferecer aos minhotos quatro ocasiões de golo, duas delas pelo Otamendi cada vez mais desassossegado e com passes de risco para trás de arrepiar os cabelos (como no Marítimo), além de não acertar num passe longo para os flancos. A defesa se anda sobre brasas também tem azar, Maicon lesionou-se outra vez e ainda bem que Mangala pode voltar a jogar esperemos que até final e até ao título.
 
Mas temo mesmo que este futebol não chegue para tanto, um futebol pastoso que tem, ainda, um óbice: com a falta de sorte com lesões e bolas nos postes, com os adversários a marcarem normalmente na primeira vez que vão à baliza, quando não solicitados por passes desastrados, sem extremos, dantes Alex Sandro compensava e fazia lembrar/esquecer Álvaro Pereira, sem que Danilo ajudasse na lateral-direita. Alex Sandro está complicativo, agarra-se muito à bola (mais um sprint de 50 metros sem a largar), também faz passes de risco... para trás. E quando os laterais não ajudam, sem extremos, é difícil Jackson ter bolas de golo. Não tem sequer. E a seca continua.
 
Este é um problema adveniente da falta de soluções ofensivas. Obviamente, Liedson continua à vista para perceberem o erro tremendo de contratar outro manco. E ser campeão assim será quase um milagre, para já dependendo de um deslize do Benfica que bem pode acontecer até final do mês e se calhar em hecatombe.
 
Pode ser o click que falta ao FC Porto, como foi para entusiasmar o Benfica: perder pontos.