02 abril 2013

O espaço me(r)diático III

Já aqui falei da abordagem da Imprensa espanhola, na generalidade e também em cada rincon de Madrid e de Barcelona, cuja bipolaridade, entre outras autonomias (basca, andaluz, valenciana, galega, canária e balear) todas contrapondo-se à castelhana de raiz imperialista, é fracturante mas tem pontos de intocável seriedade por amor-próprio mais do que por causar "enfado" alheio.
 
Nunca a idiosioncrática e macrocéfala lisbonense Imprensa lusitana, já perdida no tempo a portuense muito senhora do seu nariz mas sem que os tripeiros a tenham ajudado a manter títulos tão nobres como o CP já extinto (não sem antes passar por um ogre lisboeta!) e o PJ que vegeta a meias com o ND, com o JN em farrapos para ainda se identificar com o Porto, seria capaz de exemplos tão nobres de informação pura como ainda fazem em Espanha.
 
Por falar em tv's de jornais, que vão aparecendo por aí nas edições online há muito tempo, a do AS, jornal de Madrid e insuspeito a falar de Mourinho, nenhuma seria capaz de dar voz ao jornalista, da Onda Cero, "apupado" por Mourinho esta tarde em conferência de Imprensa. Pois o As não só deu amplo e exclusivo destaque a Fernando a quem Mourinho deixou perguntar alguma coisa quando normalmente o veta para lhe dirigir umas farpas, como a uma lembrança do jornalista sobre umas declarações anteriores, muito antigas, de Mourinho a confiar o seu coração ao Barça juntou declaração e imagem do próprio Mourinho, já mais do que o tradutor de Robson, em Barcelona quando em 1997 ganhou tudo menos a Liga espanhola para o Madrid de Capello.
 
Repito: nenhum jornal assumiria a confrontação e buscaria no arquivo imagem e voz para justificar a entrevista feita a alguém que reclamava essas mesmas sensações e emoções, coisa que o As inseriu na entrevista a Fernando Burgos. É só ver e comparar se uma Bola ou Record seriam capazes, porque nunca o fizeram sequer em papel podendo preparar o arquivo para a edição do dia seguinte, pegassem em algo para confrontar um treinador do Benfica ou do Sporting por coisas que se virariam contra si e rebuscadas após muitos anos e boa memória mas informação completa e isenta, imparcial como pede Mourinho ao jornalista em questão.
 
É desta massa que é feita a boa Informação e não os planfletos em que se transformaram os pasquins lusitanos, ou paus mandados ou editais de caserna para a gente de tasco assim habituada a ser servida.
 
Como diria um amigo meu, perceber e saber da Imprensa ibérica nos dois lados da fronteira é com o confundir xixi com água de colónia. Do lado de cá é a merda que se sabe e o cheiro inconfundível, com o Porto definhando também por culpa dos seus leitores que hoje reclamam muito contra as malfeitorias dos pasquins da capital e até contra o que o Torto Canal não é capaz de fazer.
 
Talvez amanhã fale da jornada da Champions que começou com muita pancada e pouca disciplina e pedagogia arbitral, diria que cabalisticamente com Platini ao barulho... Será talvez até uma ocasião para os basbaques tugas reverenciarem o Mourinho estranhamente, ou não, caído no seu (es)goto muito particularmente idiosincrático de perfil lisbonense.

Entretanto, ao almoço a SIC assumiu a posição basbaque de dizer que "Mourinho calou um jornalista". Infelizmente, recorrendo amiúde ao YouTube, a opção editorial da estação é nem olhar para o que fazem as tv's dos jornais espanhóis, dando voz ao jornalista que foi atacado. A SIC, enfim, rejeita o corporativismo de classe em nome de um seguidismo basbaque e acrítico de um tuga que perdeu a decência moral para ser exemplo de alguma coisa.