29 maio 2013

Quando o riso é triste - e se fala do FC Porto sem citar o FC Porto

Nem se trata do sorriso amarelo, mas dá pena que, por causa de uns resultados, por fim menos conseguidos ou menos positivos, como na novilíngua (ou nem isso) do futebolês, se desate a malhar num tipo. Jesus, descobrem agora uns parolos (menos) deslumbrados e (des)sossegados nas suas consciências de vendedores de banha de cobra, fala mal, comete argoladas, não diz duas frases de jeito - foda-se, então quantas páginas grandiloquentes lhe deram, caralho?
 
Pois é, o velho problema de quem o idolatrou vir a apunhalá-lo. Não dizem que na sociedade da Informação a Inteligência está a diminuir. Há tantos e tantos exemplos... Até tu, Brutus?...?...
 
Jesus, descobrem agora os experts de meia tijela, não leva as equipas em forma até ao fim. Já não é a primeira vez que vejo alguém descobrir isto, e não só sobre Jesus, mas nunca vi alguém apontar, cuidado que a equipa está de rastos.
 
Jesus, para mal dos seus múltiplos e imperdoáveis pecados congénitos que não mudará aos 60 anos apesar dos bacocos imberbes que lhe apontam vários defeitos como se tivesse de mudá-los agora para ter melhor sorte, ainda vai ter sobre si as acusações que já teve há umas décadas, a de propiciar recurso a doping, o que já foi noticiado várias vezes e com jogadores a dar a cara por essa denúncia.
 
Jesus, curiosamente, é o homem do momento, porque perdeu tudo, até a taça da treta que lhe salvou a época nos últimos dois anos, mas é do momento porque, perdedor, está para sair, o que seria natural e suscitaria menos controvérsia e sobretudo menos conversa. Curiosamente também, enquanto isto, não se fala do treinador bicampeão em risco de não continuar na sua cadeira de sonho...
 
Fosse a falar da capacidade de comunicação. Fosse a comentar os predicados como treinador. Fosse a escalpelizar os prós e os contras (há-os com todos os treinadores, as vantagens e inconvenientes que se avaliam ano a ano mas não podem demorar mais de um/dois dias a tirar a diferença para o bem ou o mal). Fosse a falar do que correu bem ou mal e dos jogadores que deixaram de correr, algo muito visível e palpável mas que ninguém foi esperto, ou corajoso e profissional, para denunciar. Fosse a associar a imagem do Benfica, como se fosse ela indiscutível enquanto imagem veiculada de um clube vencedor e, melhor, hegemónico, a uma senda de triunfos.
 
Por detrás de tudo está uma compração que nunca foi falada mas, para lá do biombo indiscreto e transparente, era o FC Porto o fundo da conversa.
 
Porque o FC Porto conseguiu ganhar tudo e por duas vezes, o que nenhuma equipa na Europa conseguiu. Porque o FC Porto ganhou tudo fazendo ainda mais jogos do que o Benfica fez dizendo-se agora que acusou cansaço. Porque o FC Porto teve plantel para isso e treinadores e estrutura competentes para tudo isso. Porque sempre o FC Porto teve altos e baixos mas nunca, nunca desistiu mesmo, nem quando ficou em 3º em 2010, não claudicando na parte final da época: conseguiu ganhar 3-1 ao campeão anunciado jogando a 2ª parte com 10 e acabou a vencer a Taça de Portugal tendo passado a fase de grupos da Champions com 2 jogos por fazer.
 
É nestas alturas em que se fala desbragadamente como se fala desbragadamente quando a meio da época a maré vermelha se impõe e expõe.
 
A gente só pode rir-se de tudo isto, como temos vindo a fazer, mas acaba por ser triste desstar a malhar em Jesus porque perdeu, não porque todos os defeitos que agora lhe apontam não fossem vistos antes. E rimo-nos porque a hegemonia e mais competência do FC Porto é o pano de fundo para a dramatização. Rimo-nos do circo quando ganha sem ganhar nada e quando perde roçando o ridículo antes vsito na fase de expansão do futebol imparável.
 
E o sorriso amarelo ainda tem a ver com a dúvida persistente sobre o treinador do FC Porto. PInto da Costa tem a oportunidade de ouro de confirmar Vítor Pereira agora que Jesus deixa o Benfica e não poderia nunca ter a hipótese de vir para o Dragão, por pura incompatibilidade genética e visceral.
 
Dos outros treinadores, enfim, fala-se de tudo, mas no fim é que se contam umas estórias de um pormenor aqui ou um deslize acolá. Não faltarão doravante as estórias assim e assado, insiders information e coisas de pasmar. Carraça de informação que já sobra para um director também ele até aqui nada falado. Não ia tudo tão bem?

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