Passaram ontem 60 anos do triunfo empolgante da Hungria em Wembley e os ingleses, agora inundados de estrangeiros como naquele tempo afogados no seu isolamento de ilhéus, ainda pensam sobre a necessidade de ter melhores jogadores.
Há poucas semanas o treinador do Bor. Dortmund teve um trejeito depreciativo sobre a sua "ideia" de futebol, leia-se ideia aplicada aos outros: que se fosse criança e tivesse visto o Barça (recente) jogar ter-se-ia dedicado ao ténis. São opiniões, livres e aceitáveis, da mesma forma que, ao anúncio de Guardiola ir para o Bayern, no Verão, Jurgen Klopp disse que, na Bundesliga alemã, ele seria o (terrível) Mourinho para o ex-técnico do Barça.
Os linguareiros pagam sempre a sua língua de pau e de palmo. Vi atentamente o Dortmund-Bayern de sábado, como gosto de apreciar os grandes jogos com grandes intérpretes. E fico sempre a pensar no que me foi dado ver, juntando ainda o background do jogo e que remonta ao Verão, precisamente, ou até à final da Champions em Wembley entre as duas equipas.
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Guardiola, ouvi-o depois no final num alemão que estou a tentar atingir e para isso queria ouvir os intérpretes no final (e os comentários de Lothar Matthäus), não exultou pelo 3-0 e os 7 pontos a que deixou o rival. Reconheceu uma 1ª parte sofrível, em que o Dortmund dominou e o Bayern defendeu sem riscos de maior mas incapaz por si de virar o jogo.
O jogo virou-o Guardiola, à hora certa: meteu o ex-Dortmund Mario Götze, que marcaria o 0-1 respeitando a "afición" local sem festejar. Depois (ainda antes do 0-1), meteu Thiago Alcântara, ex-Barça. Os dois jogadores, com toque de bola e trato de bola acima da média, alteraram a forma de jogar do Bayern porque a bola saiu sempre mais redondinha, circulou melhor e chegou à frente em condições. Foi Thiago, num magistral passe de 40 metros, que lançou Robben para o 0-2. Endspiel! Mas Muller ainda ampliou (0-3) e o resultado já não escandalizou, após incursão e passe de Lahm. "Bons médios asseguram melhor jogo, sintetizou Guardiola.
É preciso bons jogadores para produzir bom futebol e, ao contrário do que alguns dizem, até contra si próprios, os treinadores não são indispensáveis, ajudam a melhorar os jogadores e a manter a equipa a rolar. Em resumo:
- num clássico de campeões, Guardiola foi ao rival ganhar 3-0, para o que tirou um avançado (Mandzukic) e meteu um médio-ofensivo (Götze); logo a seguir tirou um central (Boateng, já amarelado e que teve uma intervenção de altíssimo risco a impedir Reus de se isolar com um corte incrível, ainda com 0-0) e meteu outro médio (Thiago). De repente, aquilo chegou ao 0-3.
- num jogo típico da Liga Tuga, com um Nacional superfechado mesmo a perder 1-0, Paulo Fonseca tirou Varela e meteu Licá, tirou Josué e meteu Quintero; apesar de certos apaniguados do "mau futebol" escrito e falso como os jornaleiros que dizem criticar, PF procurou ampliar, e não defender, o resultado. Não teve sorte, nem na finalização nem na defesa do resultado: o novo figurino da equipa desequilibrou-a um bocado numa busca incessante, ainda que desconhecida de certos bacocos das redes sociais portistas, mas louca e injustificada, por mais um golo e a coisa terminou como se sabe, fruto de um deslize individual inadmissível, não em zona proibida mas no momento proibitivo por toda a equipa estar à frente e Otamendi já no meio-campo adversário!!!
- num clássico de campeões, Guardiola foi ao rival ganhar 3-0, para o que tirou um avançado (Mandzukic) e meteu um médio-ofensivo (Götze); logo a seguir tirou um central (Boateng, já amarelado e que teve uma intervenção de altíssimo risco a impedir Reus de se isolar com um corte incrível, ainda com 0-0) e meteu outro médio (Thiago). De repente, aquilo chegou ao 0-3.
- num jogo típico da Liga Tuga, com um Nacional superfechado mesmo a perder 1-0, Paulo Fonseca tirou Varela e meteu Licá, tirou Josué e meteu Quintero; apesar de certos apaniguados do "mau futebol" escrito e falso como os jornaleiros que dizem criticar, PF procurou ampliar, e não defender, o resultado. Não teve sorte, nem na finalização nem na defesa do resultado: o novo figurino da equipa desequilibrou-a um bocado numa busca incessante, ainda que desconhecida de certos bacocos das redes sociais portistas, mas louca e injustificada, por mais um golo e a coisa terminou como se sabe, fruto de um deslize individual inadmissível, não em zona proibida mas no momento proibitivo por toda a equipa estar à frente e Otamendi já no meio-campo adversário!!!
"Tata" Martino manteve o Barça em alto nível e Guardiola fez o mesmo no Bayern, equipas intratáveis nos seus campeonatos e na Champions. Paulo Fonseca teve liberdades que o FC Porto não deveria permitir a um novato sem tarimba destas andanças e descaracterizou o futebol portista, demorando a retomar o caminho de que não deveria ter saída apesar da saída do mentor maior do tiki-taka portista, Vítor Pereira. O FC Porto paga a transição de treinador e a pusilanimidade de ver alguém mexer a mais onde não devia, a cultura de jogo enraizada. Disso, porém, fui falando desde o Verão, materializando-se a incompatibilidade das ideias do treinador com as características dos jogadores.
Mas para vencer o Dortmund diante dos seus fiéis 80 mil semanais, não foi o tiki-taka que derrotou Klopp. Guardiola já pediu para não se rever no Bayern o seu Barcelona época e glorioso. O Bayern não faz tiki-taka, de passar a bola ad infinitum, o que não quer dizer que não cultive o gosto de jogar bem, caminho essencial para ganhar mais. Privilegia os jogadores que sabem jogar mesmo com a adaptação de algumas peças julgada impensável.
Também nas últimas semanas deu brado a "reclamação" de Philip Lahm por jogar na posição 6, a trinco puro, quando sempre foi lateral, normalmente à direita mas sabendo também da poda à esquerda. Vi Lahm pela primeira vez a trinco e parece que nasceu para a função: sabe passar, receber, jogar para trás e para a frente, desarma, faz tackle, vai ao ataque. Lahm não pode temer pelo seu lugar na Mannschaft, mesmo que Löw o dispense das laterais, nem pelo Mundial.
Os grandes jogadores sabem fazer a diferença em qualquer lado. O Bayern, contido e até envergonhado, precisou de dois tratados de bola para desarmar a fúria dos panzers amarelos, deixando Klopp cabisbaixo. Quando assim é, nada há a fazer. E o sucedido na Supertaça da Alemanha (4-2 para o Dortmund) era apenas o início de um caminho que Guardiola, também em dificuldades na Supertaça europeia com o Chelsea (ganha nos penáltis), estava apenas a começar mas agora vai destacado. Na Champions, o Borússia corre o risco de ser relegado para a Liga Europa se não vencer o Nápoles hoje.
Importa é ver bom futebol e aprender, sem temor de replicar algum modelo ou "sugestão". Guardiola sabe a importância dos médios (Götze entrou em vez do avançado Mandzukic), mas mais o que é preciso para fazer jogo e chegar aos golos. Jogar bem, tratar a bola como deve ser retirou a iniciativa que o Dortmund teve durante 60 minutos. O tiki-taka pode não satisfazer todos, mas o futebol também não é só correr.
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