04 novembro 2013

A pobreza

Ora, ao ler o que se vai escrevendo, sem levar a sério, na bluegosfera sobre o "momento" portista, o contraponto é evidente. Podemos ler crónicas e apontamentos constructivos, embora raros e muito especificamente seleccionados, sobre a situação do País e o ponto a que isto chegou. Neste aspecto, os culpados são evidentes e os responsáveis passados não são presentemente ignorados.
 
No tocante ao FC Porto, onde muita coisa corria mal até o futebol se tornar pior e intragável com a agravante de não se vislumbrar recuperação, muitos patetas alegres, das vitórias e do efe-erre-á, pretendiam dar "tempo", confiar "na SAD" e esperar por "coisas boas e títulos".
 
Aqueles que acham serem os "títulos" meros procedimentos "administrativos", onde qualquer um "arrisca-se a ser campeão", não escondem o seu desencanto e a insatisfação "apesar do 1º lugar". São os mesmos que confiavam em quem sabia de Comunicação e garantiam estar o clube defendido no Torto Canal que praticamente ninguém defende, salvo uns "Asterixes" que percebem do assunto como de abóboras para enfeites de Halloween e não ingrediente para boa culinária. Ou que, dizendo-se "fiéis" e actualizados quanto às notícias e ao dia-a-dia do (seu) clube, estão a par de tudo e não lhes escapa nada. Recebem recados e transmitem recados como aos jornaleiros que criticam fazerem tal coisa em nome da Informação e isenção deontológicas (ah, mas eles são adeptos e não comungam dos mesmos preceitos, mas criticam os pasquins e adulam, ou amiúde calam a mediocridade, o Torto Canal).
 
Eu normalmente distingo uma exibição de um resultado e perspectivo um percurso de forma analítica e com fé também feito de experiência feita e conhecedora da realidade abrangente. As críticas que hoje já não se escondem e pululam por aí sem restrição alguma, ao contrário do tempo em que, há dois anos, fui o único a defender Vítor Pereira e nunca critiquei a não ser em situações pontuais sem deixar de apontar um dedo ao responsável quando teve de ser (como a AVB pela derrota com o Nacional que hipotecou a Taça da Treta), já as fiz aqui, todas e de forma extensiva mesmo que a cada jogo do dia, e não vejo nada de diferente nos que, atrasados e obviamente mentecaptos, agora resvalam para o bota-abaixismo sem o assumirem porque se o fizessem davam cabo do credo na omnipresente mas não omnipotente Administração. Parte-se de uma generalização, abusiva e desfocada, para uma assumpção de realidade como se, dantes, todos criticassem VP. O que é verdade, os críticos lêem e ouvem os críticos e não outra forma de pensar e ver. Os que gostam de críticas e debates, filosoficamente, ouvem todas as opiniões. Mas por alguma razão os fundamentos da Democracia e a essência do Debate são estranhos à maioria Tuga de irreprimível narcisismo.
 
Mas confesso que já me começa a fazer confusão que no que dantes se via ser um 4x2x3x1 agora digam ser um 4x3x3. Porque custa-me, agora como antes, a perceber a definição precisa do sistema do Preocupações Fonseca, algo que já desde o início da época enumerei aqui. O que reforça, enfim, a indefinição e assustadora visão de vazio que tenho dado conta sem subterfúgios, em nada embandeirando em arco com algumas vitórias que a outros encantam mas não têm substância. À parte o "Porta 19" que escreve muito bem, pouco há que se aproveita, ainda que muitos aproveitem coisas lidas noutros fóruns, como este, em que há muito deixei de poder "aturar" os "sempre no contra" e "sempre contra o que estão a dizer".
 
A pobreza de análise não é apanágio dos pasquins que amiúde se criticam. Ou então sim, é consequência disso e de não saber do que se fala. De resto, numa soberba muito própria fruto do seu autismo que as "vitórias" permitem, a dita bluegosfera é renitente em contraditar expressamente o paleio de alguém mas absolutamente incapaz de respigar objectivamente o que se vai dizendo. A dispersão é tamanha e medonha que não dá para abarcar tudo o que se diz e que já foi dito por outrem. A pobreza é própria de quem se contenta com a sua situação, por muito feliz que se afigure num dado momento. E entorpece a discussão que, em condições normais e num quadro de literacia abrangente, poderia existir.

 
RTP - Não quero deixar de registar um apontamento de sábado de manhã na RTP que acabara de passar o resumo do Académica-Benfica. Vi de relance mas assusto-me com o que vejo, oiço e leio. A moça de serviço, muito bonita e com boa dicção, que já li apreciar futebol e até colecionar cromos da bola, creio que se chama qualquer coisa Sandra Fernandes Pereira, passou a revista dos jornais, como cão em vinha vindimada que é o que fazem todos os locutores de rádio tv a ler o teleponto sem saberem o que dizem e do que falam, e a capa de A Bola era do dia do jogo, falava de um obstáculo difícil e ela leu-a como capa do dia quando já havia o resultado e tudo. É o mesmo de muita bluegosfera que, além de fazer os relatos dos jogos como se fossem jornaleiros e apontassem ao minuto as incidências que todos viram na transmissão televisiva, não percebe nada para além disso e limita-se a copiar os feitos , efeitos e defeitos do periodismo saloio que criticam abundantemente. Ah, como disse, li algures que a moça até já foi entrevistada, neste País qualquer merda é digno de uma entrevista, dala dos seus "feitos" e diz que é tudo muito "trabalho" e "sacrifício". Não admiram greves, protestos, desinformação e má formação. É tudo assim.

Sem comentários:

Enviar um comentário