27 outubro 2009

Da jurisprudência II


O argumento da lei no futebol que continua a ser um estado dentro do Estado

O engano, grosseiro e deliberado, precisa mesmo de ser catalogado de mais grave se for decisivo para a atribuição de pontos ou é um mal a erradicar para bem do espectáculo e de não defraudar público e adversários?

O argumentário já é conhecido: o artigo que puniu Lisandro com um jogo impõe que o engano, por mais doloso que seja, tenha a agravante de decidir a atribuição de pontos. Ora, isto é uma fraude em forma de lei. Uma equipa pode ganhar 12-0 e simular um terço dos golos em penáltis de artista para árbitros pusilânimes e incompetentes que passa impune. É ridículo.

Em Inglaterra, "to disrupt" ou "bringing the game into disripute" (acho que é assim que se escreve), significa que é dar mau exemplo, prejudicar o bom nome do jogo (e do negócio) e não há segundas leituras numa situação concreta.

Em Portugal, por ironia em excesso, digamos que eu posso matar um tipo e passarei impune só porque ele sofre de doença terminal e não lhe dão mais de uma semana de vida?

A ser assim o raciocínio, é mais "piedoso" roubar a um rico do que a um pobre?

E violar uma prostituta é capaz de ser aceite porque, afinal, ela vive a "vida fácil" que às vezes deve ser muito difícil de passar?

Um penálti simulado deve ser punido de forma diferente, do ponto de vista moral, ético (fair-play é uma treta), caso signifique 1-0 para ganhar pontos ou 3-0 sem influência no resultado?

Poderia dar inúmeros exemplos, mas um roubo é um roubo, um assassino é um assassino (salvo, eventualmente, em legítima defesa), um violador é um violador, um pedófilo é um pedófilo, um cretino é um cretino, um vintém é um vintém, um euro é um euro, um túnel é um túnel e um árbitro incompetente é um árbitro incompetente.

A trapaça de Aimar, de resto recorrente neste novo artista capaz de destronar JVP, não pode passar impunemente. Quer dizer, não deveria, mas sabemos que nada vai acontecer.

Afinal, aqueles que andaram anos a clamar contra o futebol ser um estado dentro do Estado têm, mais uma vez, um lastro de leis no futebol que deturpam o que devia ser suprema legislação para todos.

A CD da Liga já deu o exemplo, com o "caso da fruta" e a sentença absurda com recurso a meios de prova ilegítimos face aos crimes de catálogo em causa que inviabilizam as escutas telefónicas, isto segundo a Lei geral para Portugal que as supremas instâncias têm brandido na cara do galinácio da Liga.

Esta CD da Liga, de resto, que pugnava por um novo Regime Disciplinar mas que pune com descida de divisão coacção por telefone e iliba, com meros 1500 euros de multa, um cachaço num árbitro auxiliar, levou um manguito dos clubes que só a querem, agora, ver pelas costas. Ao Ricardo mouro da Costa e ao taberneiro Hermínio y sus muchachos. Ao aperceberem-se de certas manobras no âmbito da "reforma disciplinar" do assistente de Direito de Coimbra que perde em todas as instâncias judiciais de Portugal, os clubes rejeitaram os seus propósitos.

Houve quem achasse que os clubes não queriam transparência e firmeza no RD, mas só não vê quem não quer ver. E para mudar já vai tarde. Porque o que nasce torto...

Mas isto é só uma série, amanhã abordaremos outros dislates da miserável CD da Liga.

8 comentários:

  1. Ah, mas há mais... também há treinadores que não podem dizer que é falta, mas há treinadores que podem continuar anos a dizer que são prejudicados... A investigação ao Paulo Bento pelo que disse sobre o Duarte Gomes foi arquivada.
    Nem seques se possa dizer que há um estado dentro de um estado, porque a investigação às ligações entre o Benfica e a sua claque de terroristas foi arquivada.
    A merda continua. Assim, não admira. Independentemente do que aconteça este ano, a gente sabe que estarão a rastejar para o ano, mas que tudo o que envolve os encornados esta época mete nojo, mete.

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  2. PORRA! Nightwish,

    queres estragar os meus posts seguintes sobre a JURISPRUDÊNCIA?

    É esse o teu objectivo? :)

    Logo hoje que a Imprensa mal tocou no assunto, deu as notícias em espaço curto e sem contextualização e vens tu, chic-esperto :), levantar a suspeição?

    Isso não se faz, pá. Tens de estar desatento :)

    Abraços

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  3. ... e continua, amigo Estilhaço.

    Já sabemos, não estamos surpreendidos. Mas nunca podemos deixar passar em claro.

    Abraço

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  4. Mas e qual é a novidade, meus amigos?
    Foi assim o ano passado...foi assim à dois anos, será assim este ano...and so on, and so on.
    A Liga é uma fantochada (reeleição assim o oblige).
    A CD como se sabe só está atento ao que é azul e branco (O Hulk que o diga com os dois jogos que lhe deram).
    Podemos gritar até que a voz nos doa, mas será inútil.
    O único modo de os fazer espumar de raiva é ganhando, é sendo pentacampeão. Aí sim.
    Doi-lhes, fa-los dobrarem-se de dores com a azia.

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  5. Por acaso, Zé Luís, ainda pensei que se calhar não devia ter dito nada, mas também pensei que tivesse passado despercebido. Eu mal notei a notícia no Público...

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  6. Nightwish, a mim só passa despercebido se eu não ouvir ou ver.

    Olha, não vi o jogo, só vi os lances que as tv's quiseram transmitir. Ouvi os discursos. Mas percebi tudo.

    As notícias da CD da Liga antevi que passariam sem destaque na Imprensa porreiro, pá. E sem contexto, passam melhor ainda.

    Estes dias vou falar disso. Há surpresas.

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  7. Obviamente, quando te chamei a atenção estava a brincar. Eu tinha ouvido só de raspão na rádio, ao fim da tarde, nos noticiários de Desporto.

    Percebi logo tudo por cada caso que falaram e cada decisão da CD da Liga. Puxei logo o filme atrás para cada caso.

    Falarei disso.

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  8. As simulações do Aimar estão ao nível das do Hulk e do João Moutinho.

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