30 novembro 2009

1º de Dezembro (a sério)







Temos por aí, hoje, os reis de Espanha. E todo o mundo da América Latina, hablando español. Quando o português está para capitular sob o Acordo Ortográfico que rejeitarei cumprir, ainda me lembro do patife Scolari. E os Migueis de Vasconcellos por atirar na varanda lisboeta à falta de patrioteiros. Daí, viram-se para Pinto da Costa...

Não me apetece falar do FC Porto. Também pouco adianta. Há uma série de frases feitas e preconceitos tão radicados sobre os problemas do FC Porto que alguns adeptos só os trocarão por goleadas à moda antiga como se fossem moeda corrente no futebol actual. Falar das diferenças de ter ou não Fucile - logo notada a ausência quando saiu lesionado aos 2' do jogo com a Académica e premonitoriamente admitida como crucial sendo então um dos jogadores mais em forma e cujo regresso deu amplitude ao jogo ofensivo; comentar a vivacidade que Varela desde a pré-época, surpreendentemente, emprestou ao ataque do tetracampeão e que também tanto se sentiu nos últimos tempos até ser um bálsamo decisivo frente ao Rio Ave; apontar que Rodriguez, já visto assim na época passada, é um maratonista e mais demorado a entrar no ritmo certo quanto pior sai de uma lesão que lhe tirou a pré-época - nada disto tem sentido face aos tão proclamados "exigentes" adeptos portistas que, de novo, se aprestam a tomar o lugar de Jesualdo Ferreira, na mesma senda de encontrar e enterrar novos nomes para o cargo, de Paulo Bento a Jorge Jesus, de Jorge Costa a André Villas-Boas...

Os adeptos portistas ou tornaram-se bestiais, com as suas famosas "exigências" sem darem um pontapé na bola ou uma prelecção no balneário, ou sem o saberem são umas bestas, tão atreitos à vulgaridade e irracionalidade como os outros, banais adeptos de clubes perdedores que não sabem o que é ganhar nem estimam a contínua luta e incessante canseira de vencer sempre.
Para os portistas extremistas capitalistas que resumem tudo ao poder do re$ultado, trinta remates não são sinónimo de jogo, mas de desperdício quando não se marcam mais de um ou dois golos. Um penálti por empurrão, mesmo que ligeiro, num homem que corre na área é mais simulacro do que os que vêem penáltis em cortes legítimos de bola bem antes de contacto físico com adversários. E três ou cinco pontos de atraso com apenas um terço de campeonato disputado são sinónimo de quem só gosta de estar na frente e é incapaz de perceber que a vida tem outras fintas e desfeitas ampliadas por 11 jogadores e 11 adversários correrem atrás de uma bola redonda num hectare de campo mais ou menos relvado consoante seja em Oliveira de Azeméis ou Alvalade.

É por isso, como rever Varela, Fucile e um Cebola a caminho do seu melhor, um suplemento de alma ouvir um adepto portista como Miguel Guedes, que pensa e fala bem na Antena Um e nem heresia se pode chamar-lhe o de, sem desfalecer, ter respondido um dia ao desafio de Gato Fedorento de cantar o hino do FC Porto em inglês - mais uma prova triunfante da internacionalização sobre a vulgaridade que os birrentos (esbilros?) de Lisboa tiveram de comer e calar...

Ao ouvir, como gosto à 2ª feira, o programa das 19 horas "Grandes Adeptos", apesar do maldoso e "faccioso" (como se intitula) Medeiros Ferreira (Benfica) e um descendente hierárquico dos sobas do regime republicano, pouco socialista e nada ético Alfredo Barroso (Sporting), sobrinho de Mário Soares e obviamente um laico e anti-regionalista convicto, segundo a cartilha familiar, lembrei-me de há tempos ter falado nos Migueis de Vasconcellos que há 369 anos atiraram de uma varanda em Lisboa para as ruas da amargura.

Evoquei-os por causa das "dores" espanholas e muito castelhanas dos que condenaram a posição da FPF em relação a Cristiano Ronaldo e o proteccionismo anti-regulamentar do Real Madrid a querer impedir o jogador de cumprir o estipulado em casos do género: um lesionado ir à sua selecção "dar uma satisfação" pessoal e, mesmo que apenas formalmente, comprovar a situação de lesionado de facto. Já se intuía, porém, que a recuperação de RC9 não iria demorar os propalados 30 dias mas ele estaria apto a defrontar o Barcelona. Fatalmente, CR9 em campo e uma derrota previsível do Real Madrid com tiques de galáctico metidos entre as pernas de regresso a Castela, sucedeu este domingo e os 270 ME de reforços merengues não superaram a identificação catalã espelhada nos sete homens da cantera de La Masía.

Hoje é o 1º de Dezembro e por cá temos os Reis de Espanha e todo o séquito latino-americano para mais um evento suposto vangloriar o regime sócretino. Até o basbaque presidente Cavaco resguardou 22 ou 23 quartos em Cascais para estar junto ao mundo espanhol e não ter de se levantar mais cedo e incomodar a Guarda Pessoal de afastar o trânsito para ir de Belém à Linha.

Está cá o Brasil, claro, mas o português que chegou aos quatro cantos do Mundo já capitulou sob um Acordo Ortográfico que é mais uma derrota da República resfolegante no seu último estertor.
Engana-se quem subverte, como Rui Valente no Renovar o Porto (Gaia), que o 1º de Dezembro é algo que os republicanos pensam que nos engrandece. Esta República está morta. A data, a evocação histórica de hoje é de quem sentia a Pátria de forma diferente no tempo monárquico em que Portugal era mesmo assim e não República Portuguesa (muitos nem saberão o nome oficial e verdadeiro actual deste pobre País) que vai na sua terceira versão qual delas a mais falhada e umas mais odiadas que outras, com a partidocracia triunfante a reinar sobre as nossas vidas como num país que julgávamos acabado de partido único...
Nem de propósito, mas só por coincidência, Pinto da Costa disse há dias em Amarante a mais pura das realidades vivas actuais desta sociedade em declínio em Portugal. "O FC Porto está a mais no país que temos". Os parolos do costume pegaram na frase pelo lado do rebaixamento e ressentimento, além de fora do contexto. Porque o complemento é que o FC Porto, concluiu o seu presidente, "é necessário para o país que queremos".
Tudo numa semana em que foi noticiado como o regime - pago com os impostos de todos e mesmo à custa dos juros que todos pagamos para "comprar" dinheiro, cada vez mais caro, no estrangeiro e os que se governam acharem que é só deles - se preparou para desviar para Lisboa a corrida de aviões que julgam, os pacóvios desta choldra com cheiro nauseabundo lisbonense, ter trazido fama ao Porto. Com as várias Galp, Ren e outros monopólios que fazem uns certos maganos pensarem como era bom o Império mesmo em 1580 e órfãos de D. Sebastião e do Grande Luís Vaz que fez mais pela honra de ser português que muitos com dois olhos.
O FC Porto é mesmo o único bastião contra o centralismo. Aquele que não capitulou mas muitos alegados adeptos radicados na capital, desconhecidos portistas há 30 anos, acham que isso é conversa de provincianismo. Quem melhor, já não digo o sebento Eugénio Queirós, do que o sobrinho de Mário Soares para o dizer, mais a fatal evocação de Alberto João Jardim, como "Grande Adepto" da anti-Regionalização, no tal programa radiofónico, ontem mesmo?
O Porto - e o seu espírito liberal em que D. Pedro se apoiou para derrotar o irmão absolutista Miguel (nome maldito no ser português) - é uma espinha encravada no coração de Lisboa a guinchar como o cíclope Polifemo cego, no seu olho único no meio da testa, pelo destemido e insubmisso Ulisses, astuto ao ponto de embebedar o monstro numa caverna das Cíclades.
Para complemento desta ideia de País sem noção do que é Nação, ouvi ainda ontem duas coisas: também na rádio, depois de ter por muitos anos perguntado a mim mesmo se o ideal de Democracia era ter um sindicato de bancários do Norte e outro "do Sul e Ilhas", fiquei a saber que existe, hoje, um sindicato de electricistas "do Sul e Ilhas"; e na tv, esse veículo democrático por excelência onde todos anseiam pelos seus 15 minutos de fama efémera e em que temos sempre algo a dizer como canta Rui Veloso, a Maria Cavaco a receber, numa excursão à baía de Cascais, as primeiras damas do mundo espanhol do outro lado do Atlântico ali mesmo rendidas ao simpático "Portugal é muito bonito".
Essa de Cascais ser uma varanda para Portugal fez-me lembrar aquele esforçado seleccionador Scolari, ali radicado como nababo a sorver o egocentrismo lisbonense até ser facilmente identificado como "um deles", que ocorreu ao Porto "uma dúzia de vezes" sem ninguém ter dado conta de tão magnânimo esforço.
As senhoras basbaques hablando español e capazes de reduzir Portugal a Cascais é uma ideia de "compreender" a coisa bem à maneira portuguesa dos que também se encantam com o socialismo cubano quando demandam as praias de Havana e gostam da decadência urbana do que restou do colonialismo hispânico nos edifícios e os carros sem manutenção dos anos 50 da América.

E fez 10 anos que o Porto recebeu a cimeira Ibero-Americana na Alfândega com um Fidel Castro para amostra. Hoje, nem o irmão Raul se dignou aparecer por Lisboa, muito menos o Hugo Chavez a quem Sótraques, na última cimeira em S. Salvador (salvo erro), foi apresentar, qual caixeiro-viajante, um Magalhães como produto genuíno da tecnologia lusa - aquele pc tuga, originalmente formatado na Índia, para menino poder derramar água em cima e até resistente à prova de arremesso para o chão como comprovou o ex-pugilista venezuelano.
Até que dá, um ano depois de el rey Juan Carlos, para lembrar: PORQUE NÃO SE CALAM?!...
(ACT.) A data do post atraiçoou-me, sinal de que não se pode confiar na tecnologia cegamente. Esperei pelas zero horas e, entretanto, surgiu isto, no Blasfémias, dito por um resistente aos tiranetes actuais, no País e no Porto:
"Último Primeiro de Dezembro
Publicado por PauloMorais em 1 Dezembro, 2009
Primeiro de Dezembro. Entra hoje em vigor o Tratado de Lisboa. No mesmo dia em que se comemora a Restauração da Independência Nacional, os governantes portugueses alienam o poder democrático de que estão mandatados em nome do povo português. Cedem-no a um directório em Bruxelas, que não dispõe de qualquer legitimidade democrática. Esta nova União Europeia não é mais do que uma adaptação pós moderna da ex União Soviética. E o Tratado de Lisboa está para Bruxelas como as cortes de Tomar, em 1581, estavam para Espanha: momentos históricos de subjugação e vergonha".

29 novembro 2009

Os campeões também se fazem com sofrimento

FCPORTO 2 - 1 RIO AVE
Marcadores: Hulk ( 23 ') e Varela ( 81' ) e João Tomás ( 24')

Equipa: Beto; Fucile, Maicon, Bruno Alves e Álvaro Pereira; Belluschi (Varela, 64), Fernando e Raul Meireles (Guarín, 84); Hulk, Falcao e Rodriguez (Farias, 67) .

O FCPorto provou que, apesar das enormes insuficiências na finalização, que impediram um resultado mais volumoso, e alguma intranquilidade no passe, principalmente quando alguns jogadores precisam de arriscar um passe mais longo, ou em jogadores como Fernando que tanto recuperam a bola como depressa a perdem de forma infantil, ao jogar bem é mais fácil encontrar o caminho certo para as vitórias.

Nesta partida, frente a um adversário bravo que se bateu de igual para igual, mostrando uma enorme qualidade, o FCPorto conseguiu uma vitória importante mostrando, em alguns momentos, um futebol bem agradável, com jogadas de ataque bem rápidas, muito bem construídas, criando imensas oportunidades de forma fácil, do melhor que se tinha visto até ao momento, neste campeonato.

A equipa portista não realizou uma exibição perfeita, defensivamente esteve um pouco “aflito” nalguns momentos, o que quase lhe punha em causa a vitória na parte final, e, a já falada, falha na finalização, o que pouparia algum sofrimento aos seus adeptos, mas fez uma exibição uns furos bem acima do que tem feito nas últimas partidas.

Com Maicon no lugar de Rolando, e Hulk de regresso à titularidade, o FCPorto entrou na partida quase surpreendida com a atitude vila-condense, que nunca “estacionou o autocarro na sua defesa”, jogando sempre de peito aberto, embora com muita agressividade, por vezes, uma dureza bem grande, o qual o árbitro iria perdoando.

Com a partida a ser jogada de forma muito rápida, com as equipas a fazerem pela vida, o FCPorto chegou ao golo, quase na primeira oportunidade flagrante, Hulk, um jogador muito mais preponderante para a equipa quando joga no meio do que nas alas, entrou pela defesa do Rio Ave, e beneficiando de dois ressaltos não deu hipóteses a Carlos.

Mas, no minuto seguinte, o Rio Ave igualou o marcador, de forma já por demais vista nas partidas do FCPorto, com a defesa portista a ser batida, nas alturas, num erro de falta de marcação dos defesas que permitiu a João Tomás cabecear de forma fácil para o fundo da baliza.

Mas, ao contrário do que tem sido nas últimas partidas, o FCPorto reagiu bem ao golo sofrido, com Rodriguez electrizante, e Álvaro a subir sempre com perigo, os portistas começaram a criar um festival de oportunidades falhadas, permitindo a Carlos começasse a ser a figura do encontro. A partida ganhou outro interesse, continuando até ao intervalo, sempre jogado de forma rápida e com momentos de bom futebol.

Na segunda parte, o FCPorto entrou menos bem, começando a denotar alguns níveis altos de ansiedade, principalmente, na altura do último passe. À medida que o tempo ia caminhando para o fim, começavam a avolumar as oportunidades de golo portista, os tetra-campeões obrigavam o Rio Ave a jogar muito atrás e com muitos homens, mas sempre bem organizados.

Aos 55 minutos, Falcao desperdiça, mais uma, oportunidade de golo, desta vez enviando a bola à barra, num lance de grande penalidade, a partir dai, a equipa sentiu a falha, Jesualdo Ferreira apostaria num 4x2x4, retirando Rodriguez e Belluschi, colocando Farías e Varela, aumentando a pressão, quase avassaladora, portista sobre os vilacondenses.

E depois de tantas oportunidades perdidas, lá veio o merecido prémio, num canto, Farías desvia a bola e Varela muito rápido empurra para a baliza, fazendo um golo, mais do que merecido, perante as imensas oportunidades falhadas.

Mas, até ao final, o FCPorto ainda teve direito a dois sustos na defesa, mostrando alguma intranquilidade e nervosismo, o Rio Ave ainda poderia chegar à igualdade, o que era um castigo bastante frustrante para quem tanto lutou pela vitória, como foi o caso da equipa portista.

Acima de tudo, ao FCPorto pedia-se uma vitória, frente a um conjunto que é somente a equipa sensação deste campeonato, se possível com uma exibição agradável, a equipa de Jesualdo Ferreira conseguiu o mínimo exigido, apesar de uma tremenda falta de capacidade de finalizar as imensas oportunidades que se cria.

Na próxima jornada, uma deslocação num campo tremendamente, e tradicionalmente, difícil, uma vitória, se possível com uma exibição positiva, poderá recolocar o FCPorto no caminho certo rumo ao objectivo principal.

Ideal para a viragem

" O Rio Ave é claramente a equipa sensação do campeonato e não acredito que venham ao Dragão jogar como a maioria das equipas, ou seja, fechados lá atrás. Tendo em conta os jogadores que tem, ficaria desiludido se assim o fizessem"

"Se fomos capazes de fazer dois meses bons antes, nao há razão para não voltarmos a fazê-lo.

Não foi porque nao saibamos fazer mas porque houve momentos em que as coisas nao aconteceram. A exigência que fazemos ao jogadores é jogar melhor e, claro, ganhar o jogo.


As equipas do Carlos Brito jogam sempre muito bem. Perder apenas uma vez em 10 jogos significa alguma coisa. Têm um jogo muito definido e torna-se perfeitamente claro o trabalho do seu treinador."Jesualdo Ferreira


Depois de uma exibição "simpática", frente
ao Chelsea, o FCPorto tem a oportunidade ideal para dar uma viragem às más exibições que tem realizado, principalmente, para o campeonato.

O Rio Ave é uma das equipas-sensação desta edição da Liga, os comandados de Carlos Brito juntam aos bons resultados, exibições agradáveis, obrigando os seus adversários a terem, ainda maior, atenção e respeito pela equipa vila-condense, que está a fazer um campeonato

Jesualdo Ferreira avisou para os perigos que vão estar no outro lado, resta saber se ele terá capacidade de fazer com que os jogadores transformem esse perigo em facilidades. Sem Helton, Beto irá se estrear na Liga, finalmente, regressa Fucile, Jesualdo Ferreira deverá apostar na equipa habitual.

FCPORTO - RIO AVE
ESTÁDIO DO DRAGÃO, 20: 15 HORAS, RTP
ÁRBITRO- PAULO COSTA ( AFPORTO)


26 novembro 2009

“Killer instinct” e coisas da Champions

O FC Porto não foi capaz de superar o Chelsea e ascender ao 1º lugar. A equipa esteve solta, lutou e ameaçou. Mas não chegou. Não deslumbrou, nem desmereceu. Mas ganhou confiança e com (quase) todas as opções disponíveis o técnico Jesualdo só pode fazer a equipa crescer, daqui para a frente e quando mais é preciso para recuperar o terreno perdido.

A Champions é só lá para a Primavera e em Madrid decerto jogará uma equipa alternativa na sua totalidade. As provas domésticas ganham relevo exclusivo doravante e a capacidade do plantel ficará à prova em toda a sua extensão e profundidade.

Mas a falta do “killer instinct”, sempre patente nos jogos com o supercompetitivo Chelsea, não sendo pecha de agora, é limitativo na Europa. Ao mais alto nível, quem não marca sofre. Anelka deu os exemplos esta época. E em 2009 o FC Porto perdeu no Dragão com duas equipas inglesas, a nata da nata da Premiership, com quem nunca tinha perdido em casa. Foi por pouco, mas foi o suficiente. E tanto para lembrar a velha expressão de “sir” Bobby Robson: é preciso acabar com o jogo, “matar” o adversário. Esse instinto, porém, custa muito caro, além de se adquirir com o tempo.

Alguns portistas ficaram pouco convencidos das melhorias da equipa, depois do zero absoluto de jogo registado frente ao Marítimo. Mas as notas individuais dão confiança de que a equipa, tudo somado, volte a entrar nos eixos.

E se o resultado, de facto, não era o primordial frente ao Chelsea, a verdade é que a jornada desta semana na Champions, com apenas mais uma por disputar, não permitiu qualquer novo apurado para a fase seguinte. Isto é, a qualificação portista obtida a duas jornadas do final ganha relevo maior. Vamos para a última jornada e, além de algumas equipas “caírem” em definitivo para a prova de “salvação da época” que é a Liga Europa, há outras que vão ficar na expectativa até final, incluindo o Milan, o Real Madrid, o Inter e mesmo o… Barcelona.

Na Champions o “killer instinct” faz a diferença. São coisas da “alta-roda”. E até os ingleses sofrem com elas. O Liverpool, estranhamente relegado para a Liga Europa, lambe as suas feridas por causa de dois golos sofridos nos últimos instantes com o Lyon: perdeu em Anfield aos 90’ e sofreu o empate, por Lisandro, já nos descontos em França. É o sortilégio do futebol. Os “reds” não tiveram sorte, não tiveram o seu “killer instinct” depois de terem ganho vantagem em ambas as partidas. No seu caso, não é questão de falta de dinheiro, soluções (Torres continua lá), nem de tempo. É preciso sorte. Assim o talento dá mais frutos. Também não estava à espera de ver a Juventus superada com facilidade pelo Bordéus e em dois lances de… bola parada.

Outras coisas da Champions, menos valorizadas na era da globalização e queda das barreiras no mercado de transferências, é notar que o FC Porto apresentou frente ao Chelsea Beto, Rolando, Bruno Alves, Raul Meireles e Varela como internacionais portugueses. Do outro lado estava até Deco, num onze de Ancelotti que de internacional inglês só tinha o capitão Terry (depois entrou Joe Cole).

Isto um dia depois de o cosmopolita onze de Mourinho não conter qualquer italiano no onze, face a um Barcelona que não tinha só uma grande maioria de espanhóis, mas sim sete ou oito produtos da sua formação.

Vale a pena pensar nisto.

Crónica semanal do blog Portistas de Bancada para o Futebol "O desporto rei"

O Portistas de bancada contribui com uma crónica semanal no Futebol: Desporto-rei, a convite deste. A parceria destes blogs tem montra à 5ª feira. Quem quiser ler, clique no título acima.

25 novembro 2009

O mesmo filme de sempre

FCPORTO 0 - 1 CHELSEA
Anelka ( 69´)

Equipa: Beto, Sapunaru( Ernesto Farias 79'), Álvaro Pereira, Rolando, Bruno Alves, Fernando, Raúl Meireles, Belluschi ( Guarin 71'), Varela ( Hulk 60´), Rodriguez e Falcao

O FCPorto averbou, frente ao Chelsea, mais uma derrota ingrata, repetindo um filme já muito visto quando a equipa portista defronta adversários mais poderosos. A equipa até teve uma boa atitude, alguma garra, consegue momentos interessantes, e tem uma razoável consistência defensiva, mas, existe sempre um mas que o impede de ir além.
E o “mas” desta partida, é que, apesar do FCPorto ter tido as melhores oportunidades de golo, o Chelsea é uma equipa com uma qualidade bem superior, composta por jogadores de grande classe e um conjunto verdadeiramente eficaz.


Quando se defrontam jogadores de classe mundial, como Terry, Ricardo Carvalho, Ballack, Deco, Drogba, Anelka ( que jogador fora de série, que junta uma enorme qualidade a uma capacidade de trabalho inesgotável) é muito mais difícil vencer, principalmente, quando a equipa do FCPorto, neste momento, ainda tem muitos défices de qualidade.

Jesuald Ferreira quis, e a meu ver muito bem, surpreender o Chelsea, com Varela na frente, relegando Hulk para o banco.

Foi um jogo muito morno, com duas equipas descansadas à sombra do apuramento, o FCPorto entrou um pouco retraído, não arriscando, mostrando imenso respeito pelo seu adversário,os ingleses aproveitavam para jogar com pouca velocidade, trocando muito a bola, mas sem nenhumas oportunidade de golo.

Aos 20 minutos, Belluschi criou a melhor oportunidade de golo para o FCPorto em toda a partida, depois de uma jogada sua, rematou forte, Cech defendeu para a frente e Falcao, sozinho, remata contra o guarda-redes.

A equipa parece que acordou, sempre que Belluschi pegava na bola o perigo surgia, e passados uns minutos, um remate à barra dava entender que o FCPorto poderia fazer algo mais e mudar o filme dos últimos encontros contra o mesmo adversário, mas até ao intervalo o empate iria prevalecer, embora injusto para aquilo que a equipa portista tinha feito .

Na segunda parte, o Chelsea veio disposto a mudar, o jogo, nunca jogado em grande velocidade, ganhou um pouco mais de equilíbrio, sempre muito jogado a meio-campo, e muito táctico.

Já com Hulk no lugar de Varela, aos 69 minutos, a equipa do Chelsea mostrou de que classe era moldada, numa jogada onde o FCPorto acumulou vários erros de marcação, e de concentração, na sua defesa, Anelka foi mais uma vez o “carrasco” empurrando a bola para a baliza com uma cabeçada sem dar hipóteses ao guarda-redes.

Os erros de marcação em alta competição e com jogadores daquela classe pagam-se caro, e o FCPorto está a pagar, defensivamente, por alguma fora de forma de alguns seus jogadores na sua defesa.

Até ao final, Jesualdo Ferreira faria entrar Guarin para o lugar de Belluschi, e já arriscando tudo, tirava Sapunaru para dar oportunidade a Ernesto Farías mas a equipa não teve capacidade para dar a volta ao resultado.

Por último duas notas, uma delas é que ficou provado que o público portista não é ingrato para quem nos deu muito, casos de, principalmente, Deco e Ricardo Carvalho que tiveram uma recepção bem carinhosa, e, por último, arbitragens como foi a desta partida prova que não é só em Portugal que existem árbitros incompetentes. Agora é tempo de pensar nas provas nacionais, porque até Março, podemos ignorar a Champions League, apesar de ainda termos que disputar uma partida.

Amigos, amigos, 1º lugar à parte

" É um jogo em que os pontos contam para garantir a classificação e não a qualificação. Essa está garantida desde a quarta jornada e isso permite-nos, sob o ponto de vista de gestão do plantel e dos recursos que temos, dirigir a equipa de outra forma e dar oportunidade a outros jogadores e conferir responsabilidade ao plantel»

"O jogo de amanhã tem a motivação que todos os jogos da Champions têm para os jogadores, mas acima de tudo tem uma perspectiva positiva de grande confiança naquilo que estamos a fazer no sentido de garantir um bom jogo e um bom espectáculo. Se a consequência desse jogo for uma vitória, melhor, mas, acima de tudo, para nós, o importante é fazer um bom jogo, jogar bem e poder competir com uma grande equipa como o Chelsea." - Jesualdo Ferreira


O Chelsea, nosso velho conhecido e bom amigo, principalmente para as nossas finanças, é o único adversário portista no Grupo da Champions League. Com o apuramento no bolso, cabe apenas a luta pelo primeiro lugar, luta essa que poderá ser resolvida no Estádio do Dragão.

Sem Heltón, na ponta final de uma lesão, Jesualdo Ferreira apostará em Beto para titular, assim como o regresso de Belluschi à titularidade.

Como outra nota de interesse, o regresso de ex-portistas a uma casa onde foram muito felizes, principalmen
te do regresso que, adivinha-se e deseja-se, será o mais saudado, do nosso "mágico" Deco.


FCPORTO-CHELSEA
( 5ª JORNADA DA CHAMPIONS LEAGUE)
19: 45 HORAS, RTP1
ÁRBITRO: JONAS ERIKSSON ( SUÉCIA)

24 novembro 2009

Pep gozou com Mourinho


Barça vulgariza Inter sem Messi e Ibra. Mou levou banho de bola e argúcia táctica do espanhol



Foi invulgar a capacidade do Barcelona vulgarizar o Inter esta noite. E a um banho de bola, dispensando goleada que deixaria os italianos na obrigação de vencerem o Rubin em casa na última jornada (e mesmo assim terão de o fazer para não serem eventualmente surpreendidos se o D. Kiev bater o Barça a precisar apenas de um ponto), Pep Guardiola deu um banho táctico a José Mourinho.
Os comentadeiros tugas andam meses a fio a questionar a valia táctica e estratégica de alguns técnicos nacionais. Endeusam outros mesmo que sem títulos ou em plano inclinado nas suas carreiras e, agora mesmo, os palermas da SportTV não viram a asneira táctica que Mourinho nunca corrigiu em toda a partida do Camp Nou. A permanência inútil de Chivu em campo, de resto amarelado o suficiente para falhar por castigo a próxima ronda.
Mourinho tinha anunciado que jogaria a lateral-esquerdo Chivu se Messi jogasse. Guardiola não meteu nem Messi nem Ibrahimovic. Mourinho pôs Chivu e logo de início viu-se que nem o romeno tinha a quem marcar directamente, nem ajudava o meio-campo. Se Chivu podia fechar no meio, então era corredor livre para Dani Alves. Depois do 1-0 de canto, o 2-0 surgiu de um corredor deserto por onde o lateral brasileiro do Barça fugiu para cruzar primorosamente para Pedro Rodriguez sentenciar a partida. Sem bola, com um a mais atrás e poucos à frente, o Inter só rematou aos 42 minutos. Fosse com uma equipa portuguesa pouco querida de alguma sensibilidade mais crítica e os reparos manter-se-iam por toda a partida.
O Inter foi uma nulidade absoluta. O grau zero do futebol continua a deixar Mourinho apavorado na Europa desde que deixou o Chelsea. E o seu sonho do Barcelona continua a ser o seu pesadelo sempre que defronta os catalães. Pelos blues ou pelos nerazzurri. O Barça tirou o pé do acelerador e Julio César mesmo assim foi o único que se salvou e evitou pior derrota. Mais um golo sofrido significaria que o Inter desvia para 3º e o Rubin iria a S. Siro a precisar apenas de um empate para ficar à frente dos italianos.
O erro táctico Mourinho nunca o corrigiu. Chivu acabou amarelado, o Inter multiplicou faltas feias por incapacidade física e técnica de travar os soltos catalães. Nem Chivu defendeu à frente, nem teve adversário por perto para exercer a marcação que sabe fazer. Uma inutilidade a que Mourinho nunca pôs cobro e escapou por 95' aos toninhos que comentaram o jogo na SportTV.

Mourinho ainda não caiu das núvens de alguma adulação tuga sem sentido. E se dificilmente fará o Inter repor algum respeito na Europa, decerto não será desta vez que a aposta de ganhar a Champions vai ser uma realidade para Moratti.
Agora, resta ao Inter vencer para continuar na prova, mesmo o empate pode não dar a não ser para a Liga Europa para onde está confirmado o Liverpool. Esta também deve ser difícil de vencer...
Resta ver hoje como Jesualdo vai desfazer a teia de um italiano de gema como Ancelotti e o FC Porto desalojar o Chelsea do comando.
ACT. (1h)
O expert Tadeia, no resumo alargado da RTP-1, também não viu o banho táctico. Viu, pareceu-lhe, o habitual 4x3x3 do Barça. Mentira (com o ele entendido de futebol): o Barça jogou com Xavi a fazer a meia-direita mas deixando o flanco para Dani Alves fazer o vaivém. Busquets a trinco, na posição 6, Iniesta a orquestrador e Keita sobre a esquerda. Com a basculação do meio-campo do Barça, o flanco direito do Inter, sempre perigoso pelo fortíssimo Maicon, ficou anulado. O Barça teve 4 homens no meio-campo e igualou os médios do Inter. Pedro descaiu para a esquerda e Henry ficou no meio, a ponta-de-lança. Um 4x4x2 tombado estrategicamente para a esquerda. Em vez do tridente Messi, Henry e Ibrahimovic, não havia alguém à direita e Mourinho deixou lá estar sempre o Chivu, um peso-morto. Foi um banho táctico como há muito não via e muito menos com Mourinho. Estamos sempre a aprender. É preciso ter os olhos bem abertos. Mourinho não estava lá. Mas a sua aura ainda cega os tugas empedernidos do melhor treinador do mundo...

23 novembro 2009

À sombra de Oliveira



Estaria a Oliveirense à espera de uma equipa treinada em jogadas de mergulho, adequando a sua piscina? É que sem esses exercícios de apneia submarina parece que nada ganha. Mas, assim, os oliveirenses estavam a dar cartas ao opositor e não água pela barba... A gente gosta é de azucrinar os franceses pela mão de Henry como se alguns fizessem por esquecer a mão negra de Vata...
Não sei se esta imagem, subitamente difundida pelos mais diversos meios, é relativa a um dos muitos jogos que se "realizaram mesmo" no campo dito de jogo de Oliveira de Azeméis. Se jogaram, perguntem-se porqùê, que eu não sei nem me interessa: parece que ninguém protestou e, pior, os intervenientes não reclamaram. O técnico da casa até achou normal, o presidente deve ter partilhado a ideia de uma boa preparação para o jogo seguinte.

Dizem as crónicas que o Oliveirense-Gil Vicente foi disputado naquelas condições. Também não sei. Feito o jogo, nem quero saber. Admito que as crónicas tenham contado o que se passou, se havia alguma coisa para contar. Mas quiçá as crónicas nem contaram que "aquilo" não devia ter tido lugar em tais condições. E nem suscitaram debates e opiniões. Porquê? Porque não jogou nenhum grande.

Bastou o FC Porto ir lá, a sua equipa ter entrado em campo para o aquecimento (?) e adaptação (!), para aparecer alguma indignação sobre isto.

Isto é uma competição profissional para quem joga, pelo visto também com o Carregado antes do Gil Vicente, na II Liga portuguesa. Onde muitos acham que, nesta taberna mal frequentada, a Liga tem protegido e divulgado o futebol, na hora em que o tasqueiro ocasional, político paraquedista, se prepara para deixar vago o cargo com méritos que lhe reconhecem e eu não vislumbro um só que seja.

Quando o FC Porto volta a entrar em competição a sério, na Champions, onde não se transige com os regulamentos. Quando está em marcha uma campanha para receber, a meias (mais ou menos) com Espanha, para o Mundial-2018 (ou 2022), temos isto. Que tanto suscita debate, sem gente para o fazer com argumentos razoáveis, mas acaba por espelhar a indiferença generalizada, encolhendo os ombros, como os responsáveis locais, à espera que não chova para piorar as coisas e na esperança de sol de Inverno a amenizar a situação.

Ou será que a Oliveirense estava a preparar a piscina para receber outra equipa muito dada a mergulhos e sem os quais, com tanta complacência dos árbitros como a Oliveirense tem da FPF e da Liga, para não dizer da Polícia e de um caso que devia originar uma queixa-crime, essa equipa de fiteiros e experts de apneia submarina não ganha?

Parece que a Liga só "licenciou" o campo da Oliveirense, o resto não é da sua conta. A FPF até tem patrocinador para a Taça de Portugal, mas lava as mãos como Pilatos. E, contudo, os discursos oficiais são no sentido de projectar o futebol português, seja pela presença no Mundial-2010 ou no ensejo de organizar o de 2018.

As questões menores ficam com quem se preocupa e anda no terreno por coisas assim. A fachada do futebol português é grandiloquente. Há basbaques e aduladores. Mas nem todos são burros no curral ou afoitos a jogar onde não se deve.

O nível da II Liga, raramente falado, é aferido assim. O patrocinador dá a sua água Vitalis, mas recusa publicitar tanta lama para a credibilidade do jogo. Depois de uma curta ausência, alheado da pouca ou nenhuma repercussão que este assunto grave teve, é revigorante ler o editorial de José Manuel Ribeiro em O Jogo de domingo.
"A lama medicinal de Oliveira de Azeméis

O futebol nacional desagrada aos "conaisseurs", quase não vende bilhetes (dizem) e leva poucas estrelas do Guia Michelin. O que têm os órgãos executivos da Federação e da Liga a ver com isso? Podem, de facto, fazer alguma coisa para "melhorar o espectáculo"?
FPF e Liga não contratam jogadores, nem os maus, nem os bons. Também não administram clubes, não fazem substituições, não escolhem entre jogar com um ponta-de-lança ou dois e não ordenam às equipas que alinhem à frente ou atrás da linha da bola. Todos os adeptos portugueses que conhecem as duas instituições e pensaram nessa possibilidade lhes estão agradecidos por isso.
Dentro do que são as competências mais convencionais de uma federação e de uma liga, podem capturar patrocínios e ir fingindo que tentam extorquir do Governo isenções fiscais à espanhola, para se importar estrangeiros de qualidade com desconto, mas serão sempre os clubes a decidir que artistas contratam. E que artistas são contratados.
Portanto, se não compram os jogadores, não fazem as equipas e não riscam as tácticas, o que podem a Federação e a Liga fazer para assegurar, pelo menos, que o futebol não volte à lama? Um pequeno contributo, retirado da experiência deste sábado: dizer que o estádio está licenciado pela Liga, como fez a Federação a respeito do campo da Oliveirense, não chega".

21 novembro 2009

O. Azeméis no Mundial-2018!



O chico-espertismo é mesmo especialidade tuga: da disputa dos 15ME do totoloto à sucata nacional. Se na Luz já meteram 3000 adeptos onde tinha 1000 cadeiras, tirem as cadeiras e garantem 120 mil lugares.

Que se lixe o adiamento do Oliveirense-FC Porto. Que se lixe a Taça (o que interessa é o campeonato, vox populi). Algum dia irá cumprir-se o desígnio da Oliveirense receber o tetracampeão nacional no seu quintal (ou batatal). "Entendemos que devia ser este o rumo", afirmou o presidente do clube local, um tal de Godinho, sem querer pagar 20 mil euros de renda para jogar no Municipal de Aveiro e algum regulamento impedir a inversão do jogo e levá-lo para o Dragão.

Não é por este Godinho fazer lembrar o Godinho da "Face Oculta", que a coincidência do apelido vai além do chico-espertismo de ambos. Oliveira de Azeméis até nem fica longe de Ovar, onde aterrou a sucata da política e do pensar nacional, todo virado para negócios só com a pena de não criar riqueza colectiva, apenas para alguns...

O presidente da Oliveirense pode não fazer muito pelo futebol, mas fez sem querer um empurrão decisivo para a campanha do Mundial Ibérico que Portugal e Espanha procuram organizar em 2018 (ou 2022).

Pode um condutor levar multa pesada, eventualmente ficar sem carta e porventura até ser preso se levar passageiros a mais na sua viatura. Se der acidente e correr para o torto tem um imbróglio dos diabos, ainda que uma potencial vítima mortal em excesso ficasse irremediavelmente a perder.

Mas o Godinho da Oliveirense não. Tinha uns 1600 lugares, sentados e numerados. Não por recreação desportiva ou gozo de jogar com números. As regras mandam que assim seja. Evita-se overbooking, o que dá má fama às companhias aéreas. Mas no futebol nada dá má fama. Os lugares sentados e numerados são uma forma de conforto, dentro do possível e das condicionantes climatéricas. Mas também uma forma de segurança. Mas o Godinho da Oliveirense, com a cupidez própria do tuga mais rasca, tirou as cadeiras para duplicar a lotação.

Eureka! Deêm um estádio novo a este homem, que ontem disse andar a "pedir à Câmara" há anos em nome de uma estrutura desportiva e profissional do seu clube sob pena de regredir para os escalões amadores e distritais. Um de 20 mil lugares, numerados e sentados. Ele arrancará as cadeiras e facilmente duplicará a lotação. Oliveira de Azeméis tem todas as condições para receber jogos do Mundial em Portugal.

Porque não? Em nome de Portugal, o Benfica pode tirar as suas cadeiras e voltar aos antigos 120 mil lugares que se dizia que levava a Luz. Os 127 mil de assistência no Mundial-91 de sub-20, para gozo de Queirós, seriam uma atracção fatal para levar a FIFA a desviar a final de 2018 de Madrid para Lisboa.
Afinal, na Luz já meteram, também sob a impunidade das autoridades e nenhum castigo além de simples multa de umas centenas de euros, como quem bate num árbitro-auxiliar, uns 3000 adeptos do FC Porto onde só havia 1000 cadeiras. Nem foi preciso arrancá-las...
A Oliveirense vai ter de voltar a gastar parafusos e repor as cadeiras nos seus lugares. Terá de pagar o policiamento para um jogo que não se realizou. Mais umas coisas de organização de jogo, árbitros, água e luz pelo menos nos corredores e retretes, porteiros. Talvez os cerca de 2000 corajosos - curiosos! - que enfrentaram o mau tempo mas não tiveram de sentar o cu em cadeiras molhadas e sujas, não tenham dado para a despesa. Mas isso não importa. A Oliveirense há-de receber o primeiro grande no seu quintal.

É despiciendo lembrar como este clube, porventura, podia ter descido de divisão e de volta ao lugar de onde veio, um ano antes, no futebol nacional. Nem de propósito, foi nomeado para este jogo da Taça o árbitro Bruno Paixão que, ali mesmo, aí por Abril ou Maio, expulsou o treinador da Oliveirense do banco, num jogo da Liga de Honra. Mas não identificou bem que treinador: o principal?, o adjunto?...
Por isso, como o condutor que leva ocupantes a mais na sua viatura, Bruno Paixão levou uma apreensão registada por parte da CD da Liga de Clubes.

Quanto ao protesto do Gondomar, que reclamava derrota da Oliveirense por o seu treinador, alegadamente expulso, ter voltado ao banco no jogo seguinte, ficou em águas de bacalhau, com a equipa do "coração de ouro" conotada com o "Apito Dourado" e o clube de onde é originário o presidente da Liga alvo da parcimónia da instância disciplinar dessa tasca mal frequentada - tal como os poderes máximos da justiça deste país conferem aos mais poderosos e especificamente a quem está no poder uma protecção que é invisível para o comum dos mortais.

Se não fosse o caso dramático de um casal não conseguir distribuir-se a sorte de partilhar 15ME de um totoloto em cheio, diria que Portugal é um país de azar. O nosso. Porque nem a sorte que nos sorri dá a felicidade. Só sucata: moral, legal e de tédio. E suspiramos por um Mundial.