Reflectir para vencer

Em dia de reflexão sobre um referendo que agitou o país, nesta minha primeira crónica no " Portistas de Bancada ", irei começar por reflectir sobre o homem que comanda a equipa do nosso coração e que muito dividiu opiniões nesta semana: Jesualdo Ferreira.

Uma má reentrada no ano futebolístico, com três derrotas em quatro jogos, sendo que duas delas foram derrotas em casa, depois da, já habitual e tão discutida, paragem de Natal fez com que Jesualdo Ferreira perdesse o chamado " estado de graça ", que um treinador tem quando comanda uma equipa, e que todas as suas opções já realizadas anteriormente fossem vetadas ao esquecimento. O adepto de futebol é assim mesmo, vive de resultados, e os resultados que contam são os imediatos, todo o trabalho feito anteriormente será sempre esquecido e só será resgatado novamente se os objectivos da época forem conseguidos com o sucesso desejado, aí a glória de um treinador e os elogios à sua forma de comandar a equipa são levados a um limite onde, por vezes, se confunde a euforia com a razão.

Jesualdo Ferreira veio para o FCP numa altura em que foi provado que os hábitos vencedores daquela casa não se perderam, num ano, difícil, mas vencedor em todas as frentes, e tendo como único ponto negativo apenas a medíocre presença na Champions League, e onde a opinião pública questionava se era o FCP que dava sucesso aos treinadores, ou se era o treinador que dava sucesso ao clube.

Com um plantel que não foi escolhido por ele, com uma táctica trabalhada, com sucesso, mas muito desequilibrada, e com um tempo limitado até ao máximo, Jesualdo tratou de moldar o plantel ás suas ideias e, sem qualquer dúvida, consegui-o com êxito.

Nas duas primeiras jornadas, o FCP jogou pelo seguro e manteve a táctica do anterior treinador, mas depois Jesualdo optou por arriscar e por regressar a uma táctica não desconhecida dos jogadores, mas muito pouca rotinada, sendo necessário dar tempo para que as bases, construídas nos treinos, se consolidassem nos jogos e que todo o futebol apresentado pelo FCP fosse mais organizado defensivamente, que jogasse menos vezes no " fio da navalha ", enfim, que fosse mais seguro, mas que a equipa nunca perdesse a sua famosa identidade denominadora e, principalmente, vencedora.

A equipa foi mostrando níveis de confiança grandes, e, afinal, o futebol no Dragão poderia ser espectacular, sem se jogar nos limites, a identidade não estava perdida, antes pelo contrário, saiu mais fortalecida, e os resultados apareciam com naturalidade. A tão famosa " Anderson - dependência " afinal não existia, e embora as diabrices de Quaresma, os passes geométricos de Lucho, a raça de Lisandro, os golos de Postiga e a segurança de Pepe se destacassem aos olhos dos adeptos, era o colectivo que sobressaía, e, até Dezembro, o futebol apresentado, quer nos campos nacionais, quer internacionais, anunciavam uma época plena de êxitos.

Até que surgiram as tão famosas férias que acabaram com um ritmo alto e uma paragem, que foi prejudicial, a derrota contra o Atlético, o jogo menos feliz contra o Aves, e as últimas derrotas deitaram abaixo um trabalho, que estava a ser realizado com todo o sucesso.

É claro, que Jesualdo, e os jogadores que comanda, não estão isentos de culpas, a equipa parece presa de movimentos, a velocidade do ataque não é mais desejada e a atitude revelada não serviu para vencer as partidas realizadas.

A mim, não me escandalizou ver o Atlético ir ganhar ao Dragão, é uma coisa anormal, mas que, volta e meia, acontece, não foi a primeira vez, nem, certamente, será a última, não foi este treinador que inaugurou isso no FCP.

O que me escandaliza mais, é ver o FCP perder 2 jogos seguidos no campeonato, quando teve uma primeira volta só com uma derrota, e não conseguir reagir a todas as adversidades que o clube tem tido neste começo do ano, e acima de tudo, ver jogadores com medo de se assumirem nas alturas decisivas, aí Jesualdo terá um trabalho extra para descobrir com quem pode contar para esta época e até para o futuro.

Com, mais uma semana pela frente sem jogos Jesualdo Ferreira tem, ele próprio e em conjunto com os seus jogadores, de demonstrar que o futebol apresentado até Dezembro é a verdadeira imagem da sua equipa, sendo necessário regressar, rapidamente, a esses tempos, porque, só assim, é que o êxito aparecerá e que todo seu trabalho será recordado com um sorriso nos lábios. Quanto aos adeptos, resta-me apelar à sua dedicação, que é extrema e magnifica, ao seu apoio incondicional e apaixonado, mas sempre critico, mas que não se deixem vergar a facilitismos de adeptos pessimistas, o valor da nossa equipa está lá, o treinador já provou ter qualidades, agora só depende deles para voltar aos tempos de vitória, porque o erro, agora, terá custos cada vez mais graves.

PS. Não queria deixar de agradecer, desta vez publicamente, a oportunidade que o Zirtaev me deu ao escrever estas crónicas, irei tentar não o desiludir e contribuir para que este blog seja ainda maior do que já é, e cumprimentar o Zé Luís, como colega e como admirador das suas crónicas sempre mordazes e certeiras. Por último, um abraço a todos os adeptos do grande FCP que fazem deste blog uma grande, senão a maior, referência na blogosfera portista, espero que, com a minha chegada, não perca qualidade.