A anatomia do Tri

A cabeça do Mariano,

Mariano Gonzalez prometeu ser o reforço necessário para as alas do FCPorto, devido às suas exibições muito positivas durante a pré-época portista, mas à medida que o campeonato avançava começou-se a notar que as suas promessas eram infundadas, através das sucessivas oportunidades que lhe foram dadas, e nunca conseguia justificar tantas esperanças depositadas nele.

Apesar do seu esforço em tentar fazer melhor, da sua disciplina táctica e do seu empenho revelado nalgumas jogadas, Mariano nunca criou uma imagem de ser um jogador útil no plantel, deixando no ar muitas dúvidas se ele é um jogador essencial para o ataque ao tri-campeonato ou se apenas é mais uma contratação falhada, mesmo que seja só por empréstimo.

Antes das curtas férias de Natal, Mariano confessou aos jornalistas que o problema estava na sua cabeça e que iria procurar descansar, para tentar acabar com a malapata e para que, de uma vez por todas, começasse, finalmente, a brilhar com a camisola dos dragões.

Cada vez que o vejo, sinto a sensação que falta algo mais, que ele tem algum valor mas necessita de um click, um golo ou talvez até uma coisa simples como acertar 2 passes seguidos para começar a justificar as oportunidades e todos os elogios que lhe foram dirigidos quando foi contratado pelo FCPorto.

Concordo inteiramente com a sua auto-análise, penso que o seu mal está mesmo na sua cabeça e na sua falta de confiança, fico mais satisfeito e até mais confiante num Mariano diferente por ter sido o próprio a detectar o seu problema.

Acredito que um jogo bom poderá ser o ponto de partida para que ele deixe uma melhor imagem, agora que Tarik está de partida para o CAN abrir-se-á um espaço na equipa e, muito provavelmente, Mariano terá mais oportunidades, no entanto penso que uma contratação de mais um extremo não deveria ser posta de parte.

Esperemos que a sua mente se liberte e consiga adquirir a confiança necessária para começar a brilhar e para que a sua presença no campo seja mais útil, caso contrário no final da época é tempo de recambiar à casa-mãe e dar mais oportunidades a jogadores da casa.

o peito dos outros,
Quando chego a casa, depois de mais um dia de trabalho, gosto de me sentar e ler o jornal com alguma atenção para não me desactualizar, o mundo corre a uma grande velocidade, as mudanças são enormes e temos de fazer o possível para as acompanhar.

Aí destaco a leitura, habitual, do jornal "O Jogo", mais concretamente de quatro partes dentro do mesmo que nunca perco: as noticias do meu clube, o futebol internacional, o cartoon e a gaja boa da penúltima página.

Mas, ultimamente, sinto-me curioso ao ler as declarações dos nossos adversários e até tenho gostado, embora me sinta um pouco confuso.

Lendo-as, fico sem perceber quem está em primeiro lugar no campeonato, com uma vantagem de 7 pontos para uns e 9 pontos para outros, quem tem um dos melhores ataques do campeonato, a melhor defesa, quem tem, até ao momento, a melhor presença nas competições europeias, o melhor marcador, de facto só não temos o jogador mais regular dos outros jornais, mas isso é outra "guerra".

Eles dizem que os jogadores do FCPorto falam muito, que demonstram arrogância, que no final é que se vê quem falou com mais razão, que é só no campo que se deve falar porque é ali que se vê quem é o melhor, uma variedade de baboseiras que só uma imprensa submissa lhe dá aceitação.

Como os tempos mudam. No meu tempo, quando eu era criança, fazia um joguinho 2 contra 2, num campo pequenino, à media luz, com as nossas mães nas janelas e nós olhávamos de lado para ver se tínhamos alguma miúda a assistir para tentar aquele truque para ver se a impressionamos, quem ganhasse era considerado o "maior da rua", pelo menos durante um dia.

Agora não, eles para serem considerados "os melhores da rua deles", gostam de ter declarações bombásticas com a imprensa a rejubilar, de falarem das coisas como se percebessem delas, mas vendo-os jogar, logo concluímos que eles falam muito, mas nota-se uns problemas de garganta, talvez rouquidão.

Sinceramente, eu até os achos com graça, muita graça, eles até são quase tão engraçados como o cartoon. Só não são tão bonitos e tão bons como a gaja da penúltima página.

e os pés do Postiga.
Mourinho quis mostrar que Pavlin era bom, Fernandez quis fazer com que o brilho de Maniche não se desvanecesse, Couceiro preferiu lançar jovens para a fogueira, Adriaanse recuperou Pepe e Quaresma e Jesualdo apostou na afirmação de Postiga, mas parece que foi na recuperação de Tarik onde obteve mais êxito.

Tenho, para mim, a convicção que se nós fôssemos os novos treinadores do FCPorto, a primeira decisão seria tentar recuperar Hélder Postiga. Aliás, penso que até ao final da sua carreira, todos os treinadores que o tiverem nas suas fileiras, quererão recuperá-lo e, duma vez por todas, fazer um grande jogador, aquele grande jogador que se esperava ser quando começou a jogar na equipa principal.

Postiga continua, aos 26 anos, com o rótulo de "promessa", e assim irá continuar por muito tempo se não mudar de atitude, mas deve ter um aura à sua volta, que faz com que os treinadores acreditem em si, e na sua, plena, e já começa a ser tardia, afirmação.

Na minha opinião, essa aura deverá ter uma justificação, talvez seja mesmo "um ordenado alto", provavelmente, um ordenado altíssimo demais para uma promessa que tarda em ser cumprida, para um jogador que não justifica no campo o aumento da sua conta bancária todos os finais de mês.

Confesso que me dá uma certa impressão ver este mal-estar, esta tardia afirmação de Postiga, e não é só por já ter visto melhores jogos dele, e por saber que ele tem valor para mais, não consigo compreender como um jogador criado nas escolas do FCPorto, que sentiu desde pequeno, a ambição e a vontade indomável de vencer todas as partidas, como um jogador que percebe, se calhar como nenhum outro seu colega, como é a mística portista, sabe como o grau de exigência dos adeptos é altíssimo, e ainda bem porque os jogadores não podem adormecer, mas mesmo assim não consegue, duma vez por todas, de ser uma pedra essencial no plantel portista.

Se, no caso do Mariano sou a favor de que demos continuidade às oportunidades que lhe tem dado, nem que seja por alguns minutos, e depois ver-se-á se vale a pena, ou não, apostar na sua contratação definitiva, no caso do Postiga, sinceramente, já não tenho mais paciência para tanta irregularidade e tanta displicência.