Assim se recupera o sorriso

Equipa: Helton, Sapunaru (Pelé 68'), Rolando, B. Alves, P. Emanuel, (Lino 78') Fernando, R. Meireles, Lucho, Tarik (Hulk 45'), Lisandro e C. Rodriguez

Afinal valeu a pena acreditar até ao fim. Apesar de tudo, de todas as contingências do jogo que pareciam estar contra o FCPorto, valeu a pena acreditar que a vitória ainda estava ao nosso alcance, que todo o nosso azar iria terminar e que, finalmente, a sorte também nos iria acompanhar pelo menos uma vez. O FCPorto reconquistou a vontade de sorrir, suspirando bem fundo, ao conseguir uma vitória muito importante, e se é verdade que a crise não foi completamente ultrapassada, porque ainda existiram coisas que se devem melhorar futuramente, o certo é que esta vitória é o primeiro passo para resolver alguns problemas que assolaram a equipa nas últimas partidas. Foi uma vitória do querer, da garra, da transpiração, da união, e do sofrimento, foi com muito sofrimento e com muita fé nele próprio que o FCPorto conseguiu uma vitória que permite, acima de tudo, desanuviar toda essa pressão negativa que caía sobre os ombros desta equipa e encarar o futuro com um maior optimismo.

Jesualdo Ferreira efectuou três mudanças na equipa titular, sendo as mais significativas na defesa, começando pela baliza colocou, finalmente, Helton no lugar de Nuno, e chamou Pedro Emanuel para defesa esquerdo dando um pouco mais de experiência à equipa. Por fim, Tarik Sektioui substitui Hulk, talvez querendo dar maior largura na frente de ataque.

O jogo começou, novamente, da forma como temos visto as ultimas partidas, com o azar a bater à porta da equipa portista, Raul Meireles num remate fora da área consegue fazer com que a bola embatesse, e já lá vão 12 vezes( !!!) esta época, no poste da baliza adversária, negando o primeiro golo. A equipa entrou bem, não se notando quaisquer sinais de intranquilidade, com um futebol muito pausado, se bem que um pouco lento, sentia-se a crescer na partida e a querer mandar no terreno adversário, fazendo aquilo que mais lhe competia que era ir atrás da vitória. Até que, voltamos a ver o filme já mais do que visto nesta época, o Dínamo Kiev, na primeira descida ao ataque, no primeiro remate que efectua à baliza de Helton marca um golo, parecendo ser já quase um caso de bruxedo.

Os resultados negativos geram falta de confiança, a falta de confiança gera receio, e foi mesmo receio que parecia ter visto na equipa portista quando viu o avançado do Dínamo avançar no terreno, não tendo ninguém procurado estorvar a sua acção, foi no meio de três jogadores portistas que ele rematou para o fundo da baliza não dando hipóteses de defesa a Helton.

A partir do golo sofrido, temeu-se que o pesadelo dos maus resultados iria se prolongar, mas a equipa portista, ao contrário do que tem sido habitual, não se conformou logo e não se rendeu, procurou mudar o rumo dos acontecimentos desde cedo, se bem que nem sempre da melhor maneira. O FCPorto, até ao final da primeira parte, teve sempre muitas dificuldades em chegar em condições à baliza adversária, o meio campo parecia estar demasiado preso a uma teia montada pelos ucranianos, o ataque não era rápido nas suas saídas, e as oportunidades de golo escasseavam tendo o FCPorto ido para o balneário com o resultado que menos lhe interessava.

No intervalo Jesualdo Ferreira deixava ficar Tarik no balneário, entrando para o seu lugar Hulk, o que, viria-se a provar mais tarde, iria dar uma maior força para o ataque, se bem que o jogador brasileiro necessita de dar maior tranquilidade ao seu futebol, exagera imenso nos protestos e ainda se faz muito às faltas, certamente o momento intranquilo da equipa e ainda por cima ter entrado quando a equipa estava a perder contribuiu para a sua intranquilidade e o seu desespero, mas futuramente terá que controlar o seu ímpeto.

Na segunda parte, o FCPorto procurou dominar ainda mais a partida, efectuando um pressing mais perto da baliza adversária, se é certo que a bola nunca chegava em condições ao ataque, as oportunidades para o empate eram poucas e o resultado não era o mais desejado, notava-se uma grande atitude na equipa em querer mudar as coisas o mais rápido possível, e não se poderia apontar o dedo à sua capacidade de luta e garra. Jesualdo Ferreira tira Sapunaru, entrando Pelé para o meio campo, o que daria origem a que Fernando fosse para lateral direito, e a partir daí notou-se que a equipa portista ganhou uma maior frescura no meio campo e até o lado direito portista ficou a ganhar com essa opção.

Logo no minuto seguinte, finalmente percebeu-se que a sorte poderia mudar, Raul Meireles marcou um livre, que viria a bater num jogador adversário, mas desta vez sobrava para a cabeça de Rolando que viria a colocar a bola na baliza adversária. Afinal também tínhamos direito a sorte, por vezes procurar apenas não basta, mas já começava a ser demais. Mas, logo a seguir o FCPorto passou por um susto na sua defesa, Helton viu a bola embater no poste, e ainda por cima os ucranianos ganhavam quase todos os ressaltos e o receio de voltar a acontecer os azares já vistos voltavam a aparecer.

Até que quando muita gente, por ventura, já pensava que o apuramento para os oitavos de final poderia estar comprometido, ou pelo menos mais complicado, eis que Lucho Gonzalez devolveu a esperança e colocou o FCPorto numa posição bem privilegiada, mas não facilitada, para que esse apuramento seja realidade, numa jogada de ataque rápida, Hulk combina bem com Lisandro, este cruza para o segundo poste onde estava "El Comandante" que viria a marcar o golo da vitória. Lamenta-se que não tenha tido a mesma frieza com que ele enfrentou o guarda-redes e fez o golo, na altura dos festejos, sendo por isso expulso, ficando impedido para alinhar no próximo jogo.

Apesar de ainda ter sido uma exibição perfeita, o que também era difícil em virtude dos últimos acontecimentos em redor da equipa, a partir de agora, apenas dependemos de nós próprios e isso foi uma grande conquista nesta jornada europeia. Além disso, esta vitória servirá para derrotar alguns fantasmas derrotistas que pairavam sobre a equipa. Domingo, contra o Sporting, em Alvalade, será a prova, ou não, que a crise terá terminado.