Empurrados pela Paixão por vencer

Sporting (4)1-1(5) FCPorto (após g.p.)

Liedson 29' e Hulk 59'Equipa: Helton, Fucile (Lino 100'), Rolando, B. Alves, P. Emanuel, Fernando, R. Meireles (C. Rodriguez 56'), Lucho, M. Gonzalez (T. Costa 45'), Hulk e Lisandro

Repetindo o filme de há duas épocas atrás, o FCPorto conseguiu a passagem aos oitavos de final da Taça de Portugal, através da marcação das grandes penalidades, mas desta vez foi a Heltón que coube ter o papel de "herói" da partida, defendendo por duas vezes as grandes penalidades marcadas pelos jogadores sportinguistas.

Se é um pouco relativo, discutir a justiça do resultado quando ele é determinado pela marcação de grandes penalidades, e se os penaltis são uma lotaria, então não é demais dizer que a taluda saiu para a equipa que, embora sem deslumbrar, conseguiu sempre unir-se perante todas as armadilhas e ratoeiras que lhe iam colocando no caminho. Armadilhas essas que, embora colocadas com Paixão, serviram apenas para que viesse ao de cima a tão falada, e ultimamente ausente, mística que tanto nos habituamos a ver no FCPorto, e quanto à crise de resultados, com estas duas vitórias pode-se dizer que a equipa quer fazê-la desaparecer o mais rápido possível e está a lutar muito por isso.

Relativamente à equipa, Jesualdo Ferreira apresentava uma novidade esperada, Hulk a jogar de início relegando Rodriguez para o banco, e outra inesperada, Mariano no lugar de Tomás Costa, sendo que a outra mudança ocorria com a substituição de Fucile por Sapunaru no lado direito .

O jogo começou equilibrado, logo aos 2 minutos, Hulk teve uma oportunidade para marcar, mas preferiu servir o colega, ficando a ideia que se fosse tão egoísta como, ás vezes, o é e rematasse poderia ter mais sucesso, mas deixou que o passe fosse interceptado por o defesa sportinguista mesmo in extremis.

A partir daí, o FCPorto perdeu o domínio do jogo e começou logo, desde cedo, a ver as ratoeiras a serem postos no caminho, Liedson agride com uma cotovelada Fucile nas barbas do árbitro que nada fez. Faço minhas as palavras do narrador do jogo da TVI, "Liedson joga com muita paixão", é verdade, neste lance o que mais houve foi Paixão. Mas mais Paixão haveria de ter o jogo...

O FCPorto mostrava-se muito confuso tacticamente, perdido no meio do losango sportinguista, os jogadores perdiam lances de forma estúpida, a equipa era demasiado tenrinha para o Sporting, enquanto Rochemback entrava a matar sobre Lucho, Fernando deixava-os passar. A falta de agressividade portista contra a agressividade sportinguista, sempre com a benevolência de muita Paixão, deu origem a um FCPorto muito acanhado, com receio de meter o pé e sempre muito confuso.

Mas, mais uma vez, o FCPorto quase que convidou o adversário a marcar e aos 29 minutos Fernando não conseguia aliviar a bola de forma perfeita, esta iria ser ganha por Liedson que cabeceava para dentro da baliza, perante um Pedro Emanuel incapaz de lhe ganhar nas alturas.

O FCPorto, até ao intervalo e depois do golo sofrido, não mais se viria a encontrar na partida, a pressão era sempre muito fraca, sem agressividade nenhuma, a equipa não denotava tranquilidade e acerto nos passes e tudo saía de forma confusa e sem nexo.

Jesualdo Ferreira viu que tinha que mudar e, no intervalo, trocava Mariano por Tomás Costa, pretendo equilibrar mais o jogo, já que com Mariano na partida o FCPorto estava a jogar com menos um.

E de facto, o FCPorto equilibrou mais no meio campo, passando a jogar mais liberto e menos confuso, embora nem sempre deslumbrava. O FCPorto trabalhava mais e melhor e mostrava que queria mudar o rumo dos acontecimento. Jesualdo faria entrar Rodriguez para o lugar de Raúl Meireles para tentar arriscar um bocadinho e relançar a equipa para o ataque.

A partir daqui, o jogo teve bons momentos de emoção, muita rapidez, bem jogado de parte a parte e equilibrado até que Hulk, aos 59 minutos, pega na bola no seu meio campo e sozinho cavalga em direcção da baliza adversária fazendo-a parar dentro das redes de Rui Patrício, fazendo um empate já merecido por aquilo que a equipa trabalhava até ao momento.

E foi o mesmo Hulk protagonista de dois lances onde o Sporting mostrou ter muita Paixão. Uns minutos depois do golo, Polga na área sportinguista toca o pé do jogador brasileiro em plena área ficando uma falta por marcar, mas o mais escandaloso viria-se a passar a seguir, Rui Patrício atirou-se para cima de Hulk derrubando-o de forma clara em plena grande área, ainda por cima, e já quando Hulk estava no chão, Caneira, cobardamente, dá um pontapé na cara do jogador portista. Falta contrária, amarelo para Hulk, que viria a ser decisivo depois para o FCPorto jogar com 9, e o jogador sportinguista leva o segundo amarelo apenas por…ter encostado a cabeça ao jogador brasileiro. De rir com muita Paixão.

O FCPorto com mais um elemento no jogo tentaria vir para a frente, mas encontrou um Sporting a jogar sempre muito concentrado defensivamente, e a equipa portista, embora trabalhasse imenso, teve sempre imensas dificuldades para encontrar soluções. Mais uma vez nota-se que nesta equipa portista falta um pouco mais de qualidade no meio campo para a frente, na minha opinião Lucho está demasiado amarrado tacticamente, o que leva a desgastar-se imenso.

Até ao final da partida, o jogo foi sempre jogado com alguma emoção, muita intensidade, muito equilibrado e as duas equipas procuravam vencer, embora com poucas oportunidades de golo, mas Paixão viria a equilibrar o número de jogadores para cada lado, Pedro Emanuel seria expulso por acumulação de amarelos com Moutinho a saltar por cima dele e a fazer um belo número de teatro circense .

No prolongamento, Lino entrava para o lugar do exausto Fucile, e o jogo continuaria na mesma, muito espaço para jogar, mas pouco espaço para oportunidades de golo, as equipas viriam a cair fisicamente, talvez devido aos jogos exigentes que ambos tiveram para a Champions League e o jogo iria-se ressentir até ao seu final. Mas o jogo ainda não terminaria sem mais umas verdadeiras anedotas à Paixão, num canto a favor do FCPorto, Rochemback deu uma cotovelada a Rolando, penalti transformado em falta contra o defesa portista, e no lance a seguir Hulk cai na área, mas sem protestar, levantando-se depressa, mas Paixão não resistiria a dar mais um cartão amarelo e a expulsá-lo.

A equipa portista aguentou-se bem e conseguiu levar o jogo para a marcação das grandes penalidades, onde Helton brilharia conseguindo uma passagem aos oitavos de final muito sofrida e muito intensa, mas acabando por ser justa perante toda a garra demonstrada. Apesar de ainda continuar a não deslumbrar, e de Jesualdo Ferreira ainda continuar a estar muito equivocado nalgumas posições de jogadores, mais uma vez viu-se que Fernando poderá ser mais útil na direita e que, definitivamente, Mariano é um equívoco.

O FCPorto conseguiu mais uma vitória, ou uma vitória depois de um empate no tempo regulamentar, importante para que os fantasmas dos maus resultados fossem vencidos. A crise, essa, está, devagarinho e com muito sofrimento, a afastar-se dos lados do Dragão.