04 maio 2010

11 contra 10 em 11 de 29 jogos

No jogo jogado, o clássico de domingo confirmou algo que se sabia: o poder de choque do Benfica foi manifesto, em particular no golo do empate em que, por força bruta, mas legal, Luisão superou Rolando. Já na Taça da Treta aqui anotei que o meio-campo portista era (é) composto por libelinhas, e pesos-plumas não fazem mossa em pesos-pesados. Some-se a experiência e maturidade do plantel benfiquista e, sem mais considerações, conclui-se que tem pontos fortes que justificam a sua época, a melhor em 30 anos (objectivamente, pela estatística) mas ainda insuficiente para ser campeão virtual e antecipado como há muito se apregoa.
Nalgum lado estará a mentira. Alguns experts, porém, extravasam um pouco as análises e falam em "melhor futebol" que é um termo mais lato, abstracto, subjectivo para designar-se a melhor equipa e porventura explicar se há um justo campeão. Não há.

Essa força bruta só pode ser exercida de duas formas: legal, nos termos das Leis do Jogo; ou ilegal, por complacência dos árbitros que não as aplicam.

O larápio de domingo quis ser recto e tão firme quanto a sua figura espetada que não o faz melhor árbitro. Foi exagerado nos primeiros amarelos a Fucile e di Maria, mas os outros eram justificados e não esperou pela segunda, terceira e quarta falta para, como o Lucílio Vigarista, mostrar que sabe contar pelos dedos até mostrar um cartão.
Mas ficaram muitos cartões por mostrar, como de costume aos jogadores do Benfica, e o adversário acabou com 10 jogadores, um hábito desta época em 11 dos 29 jogos com que o Benfica terminou em superioridade numérica. Alguns, ébrios de sucessos sempre fugidíos apesar de proclamados como inevitáveis, esquecem isso. Não tenho dados precisos, mas também não tenho memória de alguma vez uma equipa ter tido tanta vantagem, de forma muito discutível, sobre os adversários.
Os factos podem ser omitidos, ignorados simplesmente ou escabrosamente manipulados, talvez menorizados, mas não deixam de existir. E em vez de apreciações subjectivas do "melhor futebol", da "equipa mais forte" e do "justo campeão" é importante saber as condições dessa superioridade. No caso, em mais de um terço dos jogos (11 em 29), o Benfica defrontou adversários em inferioridade numérica. Os árbitros avaliaram sempre as faltas dos jogadores do Benfica com uma ligeireza que contrastou de forma flagrante com a dureza assumida a punir faltas de adversários do Benfica.

Recorde-se as duas faltas sofridas por Fucile ante Fábio Coentrão: ambos com amarelo, o portista foi agarrado fora da área e ainda agarrado dentro da área. Justificava-se penálti, segundo amarelo para o benfiquista e proavelmente um golo portista que faria o 2-0 contra 10 adversários. Ao invés, de forma arrepiante e torpedeando a verdade desportiva, o larápio brindou o portista com segundo amarelo por suposta simulação que de todo não existia. O larápio da lateral com bandeira fez de conta que não viu. Adulterou as regras, viciou a contenda e a jogar contra 10 o Benfica logo empatou.

Luisão, essa coitadinho que tanto se queixa, fez o empate e devia ter sido expulso por agressão a Belluschi que o mesmo larápio brindou apenas com amarelo, tal como uma agressão violenta e premeditada a pontapé de Luisão a um jogador do Nacional passou, como se nada fosse, apenas com um amarelo na tal Taça da Treta, no início do ano.

Ora, a 31 de Janeiro, esta capa do "Vermelhices" apareceu aqui quando fiz mais uma chamada de atenção para o constante benefício das arbitragens ao Benfica. Elmano, outro traste da arbitragem lusa, acabou de cometer a proeza de expulsar Carlos Martins frente ao V. Guimarães, o que deixou o Benfica a jogar com 10 os últimos 18 minutos.
Mas com 1-1 no marcador e já com amarelo, C. Martins devia ter sido expulso por entrada violenta. Não foi. Marcaria depois dois golos para o 3-1 final, antes de por jogar a bola com a mão ver o segundo amarelo... Ironias? Nim, porque foi o jogo em que Javi Garcia deu uma patada na área benfiquista a Valdomiro, era penálti e expulsão mas o árbitro, com o jogo parado e de frente para o lance, nada viu. O sumaríssimo posterior também pouco contou, pois um expediente legal, mas imoral, fez adiar os dois jogos de castigo para mais tarde. Javi Garcia continuou a jogar e depois "descansou" em dois jogos fáceis.



Nada que não tivesse acontecido em 2004-2005, o anterior campeonato marcado pela Associação Profissional de Árbitros Fraudulentos. A violência de Petit e companhia nunca teve vermelhos, nem quando o mastim deu uma pantufada tremenda em Fábio Felício que se escapava para um contra-ataque. Nem segundo amarelo se dignou mostrar o João "Pode vir o João" Ferreira. Passava o minuto 90º e o Leiria ganhava por 1-0, golo de João Paulo. Num dos habituais torcicolos do destino nestas coisas, uma falta de Karadas sobre João Paulo foi transformada em falta defensiva. Mantorras empatou aos 94'...


Na 1ª volta desta época registou-se um elevado número de penáltis, 7 para o Benfica. Nas últimas 10 jornadas de 2004-2005, o Benfica marcou 7 golos, todos de livre ou penálti ou canto. Para o famoso jogo no Estoril do Algarve, um golo de canto depois de outro de livre e, este, mais uma vez, transformado de uma falta atacante em falta defensiva e ganhava o Estoril 1-0 reduzido a 10 jogadores.


Na 1ª volta, ainda, depois da derrota em Braga, importava que o andor não caísse e as três jornadas seguintes com Naval, Sporting e Académica ficaram penáltis por marcar contra o Benfica, dois deles para a Académica. Com a Naval ficou mais um penálti e a expulsão de Maxi por fazer antes do intervalo, até o Lucílio Vigarista inventar uma falta contra di Maria e um livre lateral que deu a vitória aos 90'

O andor, com todos estes santos de pau carunchoso, está aí, a queixar-se que não lhe dão nota artística e prebendas em forma de títulos.



A contabilidade das vantagens numéricas do Benfica ia assim quando fiz o balanço após mais um jogo de campo inclinado no Marítimo:
"Benfica já jogou, na Liga, em superioridade numérica no que corresponde a um jogo e meio e com 11 contra 9 em quase um jogo
TOTAL – 56ca, 4dca, 7cv -------- 8gpc , 1gpf ------- com 10 por 133’, com 9 por 83’"



Agora, com a expulsão de Fucile, completam-se mais 5 jogos em superioridade numérica: contra o Belenenses (embora Neca fosse expulso aos 90'), Setúbal e Leiria. Antes de Fucile, foi Delson expulso apenas com 8' de jogo na Luz.

O total de minutos em superioridade numérica do Benfica, à parte o jogo com o Marítimo da 16ª jornada e contabilizado na súmula então feita, vai em 208 minutos de vantagem para o Benfica, o que representa bem mais do que os 133 minutos registados nas primeiras 16 jornadas. E 208 minutos de jogo são mais de dois jogos completos como se o Benfica os tivesse feito contra adversários entrados em campo, virtualmente, com 10 jogadores apenas.

E se já não é muito normal os 11 penáltis a favor (à parte considerações sobre lances patéticos como o que deu a vitória em Leiria), que também podem decidir o título de melhor marcador, é curioso que só três foram marcados nas últimas 13 jornadas, quando a média antes era de um penálti em cada duas jornadas (8 em 16).

Os que gostam de estatísticas dos golos marcados, sofridos, cantos, livres, faltas, vitórias, derrotas e tal, como se isso justifique por si só o valor da "melhor equipa" e enquadre o "melhor futebol", depois de Mourinho recusar ter a bola sem a qual não se pode jogar, que não se armem em parvos nem pensem que quem os ouve são tótós.

Só com um olho, razão tinha o grande Camões ao proclamar:
"essas honras vãs, esse ouro puro
Verdadeiro valor não dão à gente;
Melhor é merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer."
(bem extraído pelo Pedro Correia, no Delito de Opinião, a propósito da deputada que dizia ter direito a subsídio de viagem a Paris mas agora não o quer e julgar escapar-se em boa figura da triste dita que fez, tão longe da "formosa Leonor" mas igualmente "não segura")



3 comentários:

  1. Zé Luis eu fiz um apanhado pelo Maisfutebol e o Benfica jogou 322' contra 10 e 83' contra 9 com 29 jornadas, bem como marcou 20 golos em superioridade numérica, ou seja o tão propagandeado futebol de ataque precisou de estar em superioridade numérica para fazer 1/4 dos golos da época. Isto deve ser desmascarado e é lamentável que quem nos representa na comunicação social não mostre estes nºs e ande a dizer que o título ao Benfica é merecido porque jogou melhor futebol. Com este andor das arbitragem, conjugados com o enfraquecimento dos adversário via arbitragem e Conselho de Disciplina até o Belenenses podia ser campeão.

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  2. 208+133=241, pelas minhas contas, Miguel, mas a diferença não é significativa.

    Importa é que conte e seja desmascarado.

    Sobre os apelados "nossos representantes", conto tanto com eles como com a comunicação institucional do clube. Nada.

    Há "nossos representantes" que davam o Benfica "justo campeão" ao fim da 1ª volta em que nem era líder. E, outros, que julgam terem sido apenas anulados indevidamente dois golos ao Falcao.

    Eu continuo a lutar contra gente distraída. E, "nossos representantes" ou não, não os quero do meu lado.

    Aliás. a sua representativ idade é tão frouxa quanto a inferioridade no cenário mediático. Depois, à maneira também portuense, liberal e individualista, julgam ter o rei na barriga. Não percebem muito do que dizem e não ouvem ou lêem onde aprender mais e alargar horizontes.

    O mal é esse. O clube não ajuda, mesmo que confie "na blogosfera" em que muitos adeptos se manifestam mas a que o clube ajuda zero e acarinha nada.

    Estamos, portanto, no mesmo ponto.

    Eu, por mim, estou no ponto da 1ª jornada, logo a desmascarar que o rei vai nu. Logo aí, uns quantos preferiram criticar o Hulk pela expulsão em P. Ferreira. Entretanto, na Luz, Aimar e D. Luiz escapavam a expulsão por vermelho directo com entradas assassinadas sobre jogadores do Marítimo.

    Ainda hoje uns quantos basbaques se consolam em apreciar o futebol, renegando túneis, arbitragens e medidas disciplinares.

    São burros a olhar para palácios. Até já tive confrontos verbais duros com gente daqui que, à minha beira, obviamente não tolero.

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  3. Perdão, só agora me apercebi do erro da soma acima citada e que é, no total, 341 e não 241 minutos, obviamente.

    De resto, os factos foram retirados das fichas de jogo do site da Liga, registados que estão, oficialmente, os minutos de expulsão de jogadores.

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