28 maio 2010

O novo treinador



Pode-se especular quanto a eventuais hesitações; admitir dúvidas; ponderar dificuldades - mas o novo treinador do FC Porto deve ser um tema tão difícil de resolver que ultrapassa os "50 treinadores que tenho na cabeça", segundo Pinto da Costa.


Primeiro, desfez-se a questão de há muito estar equacionada a substituição de Jesualdo. Não estava, creio eu, e a forma serena como se processou respeita o FC Porto e engrandece o contributo do professor dos últimos quatro anos de inegáveis êxitos que o clube soube retribuir com a consideração final sem proceder a uma liminar substituição.


Agora, consumada a rescisão apesar do pretexto de mudança de paradigma no futebol portista que devia ter impedido a renovação por mais de um ano - era a minha opinião após a final do Jamor de 2009 e só concebi um contrato de dois anos no âmbito de uma aposta europeia que as vendas posteriores deitaram por terra -, revela-se o problema da substituição de Jesualdo, o que não é fácil por muitos vaticínios que se fizessem quanto à inevitabilidade de romper com o treinador a meio do campeonato e os que se fazem quanto ao putativo futuro treinador.


O arrastar da situação, com a anedota de o presidente estar em férias alegadamente no Brasil, mostra que a coisa está para durar e, assim, tem a ver com um treinador sob contrato com outro clube. O que leva, inevitavelmente, a colocar as hipóteses Domingos e André Villas Boas, cada qual com uma rescisão para pagar ainda que, até pelo exemplo de Jesualdo no Boavista em 2006, possa ser ultrapassada, pagando a cláusula em que todos hoje em dia se resguardam.


Então, se é assim, o que inviabiliza o anúncio do novo treinador? Aqui sim, pode-se especular, muito mais do que perceber qual o "sedutor" em vista, como titulava O Jogo no início da semana ou conceber o perfil, resposta para a qual adorei a frase e a filosofia de Pinto da Costa, ontem, pois fala com os treinadores de frente e não de perfil...


Pois é por isto, apesar de ter a minha preferência e há tempos ter confessado que gostaria e apostava em Carlos Carvalhal para treinar o FC Porto, o que parece menos viável face ao adiamento do anúncio formal da contratação do novo técnico, que tenho preferido a abstinência de comentários, ou repisando os meus gostos pessoais, à invasão de opções e simultâneo esvaziamento de conteúdos de que têm padecido os jornais que há uma semana contam os dias para a saída de fumo branco do Dragão com a benção papal que, essa sim, todos acreditam valer para alguma coisa.


Portanto, tudo está em aberto, mas não tanto quanto alegadas divergências no seio da SAD onde poucos opinam para influenciar uma decisão desta gravidade que não pode ser tomada de ânimo leve. Mas acredito que será português e até domingo anunciado o novo técnico do FC Porto.


nota: antes disso, do novo treinador do FC Porto, esta tarde será lida a sentença sobre os capangas do Vieira nas malfeitorias sobre equipas e adeptos adversários, culminando-se uma investigação às atrocidades dos NN Bois cujas sequelas se sentiram por toda esta época, desde as ameaças a árbitros que não parecem, nunca naquele clube, ser coacção com direito a descer de divisão, às patéticas mensagens subliminares da tv dos bimbos. Mas este assunto será tratado sem parangonas e diluído no calor de volta para o fim-de-semana capaz de derreter as meninges mais prosaicas em abafar coisas incómodas de mais uma época de vergonha e cambalachos na Liga.

9 comentários:

  1. Também anseio pela leitura da sentença desses tipos para quem a vida humana tem pouco valor.
    Citação tirada desta noticia:
    http://videos.sapo.pt/ERofJ8MZo7WjCippBrrY

    Quanto ao treinador, deve ser realmente por questões de desvinculação à actual entidade patronal que estará a atrasar a coisa mas provavelmente será o tal. Aquele que todos falam agora e depois de definitivamente terem afastado o risco ao meio e cara de atrasado mental com discurso a condizer. Não me agrada completamente, pois tem pouca experiência na profissão, mas também não de desagrada de todo, pois tem uma escola muito boa.

    Não me parece é que as garantias dadas aqui no blogue há uns meses atrás, por parte de vários comentaristas (incluindo também o Zé Luís), que seria o Bento mais o J Costa como adjunto, se vão confirmar nem de longe.
    Para quem gritava tão alto que sabia e acontecia e que nem valia a pena discutir porque tinham amigos em certos sítios...
    Um até chegou a dizer que era um amigo dele que trabalha na antena 1. Essa estação de rádio para mim e no que diz respeito ao respeito que deveriam ter para com o FC Porto, nem serve para apeadeiro quanto mais estação.

    Agora, e no campo dos desejos delirantes, que também tenho direito, gostava era que houvesse arrojo e vontade de se ter uma equipa treinada por um treinador com currículo e daqueles que não enganam;
    Frank Rijkaard.

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  2. Caro amigo,

    a única "certeza" que dei foi a de Jorge Costa como adjunto, tudo o resto confundiu com outros locais e intervenções.

    A minha preferência, como reitero, vai para Carvalhal, mas é apenas uma questão de gosto e de oportunidade. De resto, objectei que Domingos e Jorge Costa pudessem conviver juntos no Dragão. E Jorge Costa ainda não está descartado, embora se lhe tenham aberto várias perspectivas.

    Por isso rejeitei alimentar conjecturas sobre esta matéria e faço-o agora apenas como um ponto de situação e não por andar com a ideia na cabeça. Muitos já afiançaram o risca ao meio, contra o qual eu me insurgiria, e agora dançam ao sabor da música.

    Rijkaard? Em tese uma boa aposta, na carteira caro e na prática um falhanço pois não tem matéria prima e para 4x3x3 bastou o Jesualdo, o sistema não mudaria e os intérpretes não são os melhores para vingar na Europa. Já na Liga, é difícil compatibilizar o sistema com os adversários fechados e árbitros abstrusos que não protegem os melhores e permitem perseguições aos jogadores do FC Porto.

    Há que ser realista.

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  3. http://oantilampiao.blogspot.com/2010/05/faltou-o-orelhas.html

    Faltou o orelhas.
    Tribunal condenou 13 dos arguidos do processo No Name Boys


    "Treze dos 38 arguidos do processo dos No Name Boys foram hoje condenados a penas de prisão efectiva, a maior das quais de 12 anos. Dezasseis outros foram sentenciados pelo colectivo de juízes da 5.ª Vara do Tribunal Criminal de Lisboa com penas suspensas. O tribunal absolveu apenas oito dos acusados.
    Nenhum dos arguidos do processo do núcleo duro dos No Name Boys, claque não legalizada do Benfica, foi condenado pelo crime de associação criminosa.

    De entre os condenados a penas efectivas estão António Claro (12 anos), Hugo Caturna (oito anos e seis meses) e José Pedro Pité Ferreira (sete anos).

    Os 37 arguidos do julgamento, que começou a 2 de Março e tem 16 processos conexos, estavam indiciados da prática dos crimes de associação criminosa, tráfico de droga, posse de armas brancas e de guerra e outros ilícitos.

    Este processo foi investigado pela 3.ª Esquadra de Investigação Criminal da Polícia de Segurança Pública (PSP) a partir de 2008.

    No final desse ano, mais de 30 pessoas foram detidas no âmbito da “Operação Fair Play”, na qual a PSP apreendeu armas brancas e de guerra, material pirotécnico e produtos estupefacientes a elementos da claque, que se autodenominavam “Braço Armado do Benfica”.

    O relatório da PSP foi concluído a 14 de abril de 2009, com um total de 53 indiciados, número reduzido para 38 no despacho de acusação do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa. "

    "Um forte dispositivo policial acompanhou a leitura da sentença do auto-intitulado e ilegal «braço-armado do Benfica». No exterior do Campus de Justiça do Parque das Nações, em Lisboa, familiares e amigos dos arguidos ameaçaram jornalistas e forças de segurança. Vários apoiantes foram identificados e detidos pela PSP, num ambiente de alta tensão. À saída, os arguidos saíram escoltados, à vez, e de cara tapada, proferindo insultos."

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  4. Como já adivinhava a rádio renascença perdeu, no programa Bola Branca, uns bons... 15 segundos sobre o assunto da claque do benfica.
    E acham eles que as pessoas (que não são benfiquistas) não vêem e percebem estas atitudes e opções.

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  5. Mais uma boa análise, não entendo lá muito bem é a fixação em Carvalhal, simpatizo até com o homem, mas na minha opinião não é a solução, a foto do puto tem a haver com o AVB? Para mim parece-me a solução, já agora Zé Luis gostava de saber a sua opinião sobre o homem,

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  6. paulop, obrigado pela insistência em querer saber o que eu acho, pois registo não ser a primeira vez que sou instado a pronunciar-me sobre a matéria.

    E se das outras vezes pouco podia dizer, para além de reforçar a minha ideia em Carvalhal entre os técnicos disponíveis e identificados com o FC Porto, agora não posso adiantar muito mais.

    Que dizer sobre AVB? Pouco, para ser simpático, ou nada, para ser concreto. Essa fixação em AVB é que não se entende, mas não é problema meu e se for tal a opção é um cheque em branco da SAD a alguém sem provas dadas.

    Eu é que não vejo em que factos pode basear-se uma opinião relativa a AVB. É um tipo assim verdinho que o FC Porto precisa? Não brinquem comigo. Acho que tem de ser outro tipo Adriaanse, disciplinador e duro, mas isso choca com a maneira de ser e de estar da SAD. Domingos, por ser da casa e conhecer aquela gente toda, é outro que a ir para o Dragão vai algo fragilizado, acho eu.

    Por tudo isto, não é fácil encontrar algúém para render Jesualdo que vai deixar um legado difícil de igualar. AVB não é um Mourinho, porque os clones esgotaram-se depois de muito difundidos em Luís Campos, Vítor Pontes e... Carvalhal. Mas este tem experiência mais do que qualquer dos outros e, daí, a minha preferência, além de ter mkostrado saber ler o jogo, alterar à sua maneira e impor um sistema que tem variantes.

    Agora, pode sair um coelho da cartola mas as dificuldades quanto a pagar uma rescisão tendem mais a ver com o Braga e Domingos do que AVB, não me lixem outra vez que seria mais fácil convencer a Académica do que o Salvador pouco afoito a perder novo treinador ao fim de um ano.

    Isto é mais complicado do que parece e ainda não entramos no rol de expectativas, que é para isso que se faz certa mise en scêne e a "mudança de paradigma no futebol" portista, segundo a SAD, não pode deixar de levar em conta esse aspecto das expectativas.

    Acho que o anúncio da contratação de Sereno é um contraponto, ou uma opção que não pode ser seguida no tocante ao treinador.

    O facto de muitos repisarem o AVB ajuda a criar tanto alguma expectativa como a esvaziá-la quando, em caso de acerto, se constatar que este moço não tem currículo algum. Os outros antes dele não tinham, pois não, mas já treinavam e Mourinho se deixou a asa de Robson ainda esteve 3 anos com van Gaal, renovando contratos, antes de se aventurar sozinho. E Mourinho era mesmo adjunto, no Barça. AVB nunca deixou de ser o moço dos apontamentos das equipas adversárias.

    Enumerar todas estas condicionantes creio ser fastidioso, embora servisse para elaborar um post, necessariamente extenso e provavelmente inútil se a opção recair num desconhecido. Daí não o ter feito, mas tendo ideia feita sobre esta complexidade que a vulgaridade dos adeptos, e dos blogers, não supera nem iguala sequer.

    E quanto a esse substrato de quem vier, pois será logo avaliado mal seja apresentado. E quem tem menos coisa para mostrar será olhado com mais desconfiança. Por muito que seja "anunciado" aqui e ali, AVB é um cheque em branco que pode sair caro. Repito: a ideia de reencontrar um Mourinho, ou seu delfim, é ilusória.

    Com AVB os próprios adeptos cairão na real a pensar, apesar de "antecipado" largamente como novo técnico, se esta será a melhor solução.

    Mas seria um bom teste à saída de Jesualdo, contra quem muitos diziam ter muito em contra mas tantos se dão conta de que poucos ganharão o que o profe ganhou e essa será a maior justiça que lhe farão. Como, aliás, o tenho dito e defendido, sendo que raramente partilho ideias semelhantes com tantos bloggers portistas que parecem saber muito da coisa de ser treinador e ler o jogo do banco onde nunca estiveram...

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  7. Obrigado pela resposta, mas fiquei mais confuso, a sua prespectiva levou-me a isso, em grande parte concordo com a sua opinião, contudo tenho um feeling que o AVB é a melhor escolha,

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  8. Não queria contribuir para essa confusão, paulop, mas se partilha da generalidade da opinião há que pensar nela para tentar ver mais claro. Sem feelings...

    Quanto à figura (sugerir o AVB), tem-me dado muito gozo escolher figuras para ilustrar as peças... Mas notá-lo já é bom sinal, a coisa desperta atenção e é para isso, afinal, que estou aqui.

    Haja quem sabe ler, informação, opinião, ilustração. E até as entrelinhas.

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  9. Vamos continuar a assistir à novela sobre o futuro treinador, a expectativa é grande. Será um sedutor? Será um durão? Há mais de 40 anos que entre os portistas existe uma predilecção especial pelo segundo tipo, nunca entendi muito bem porquê, mas nos anos sessenta, Yustrich continuava a ser um autêntico D. Sebastião, mais recentemente é o Adrianse.
    No entanto, a última vez que se foi à procura de um duro, correu muito mal. Supostamente pretendia-se substituir um suave, Fernando Santos, por um duro, Octávio Machado, e o resultado foi o que sabemos. O presidente, ao longo dos 28 anos do seu mandado, na esmagadora maioria das vezes acertou na escolha do treinador, como o atestam os títulos conquistados, mas como qualquer humano também erra. A contratação de Quinito, Octávio, Couceiro, Del Nery, Fernandez, estiveram longe do exito.
    Pessoalmente, sinto alguma apreensão quando oiço falar em novos modelos para o futebol. O que eu quero é um treinador que vença 75 por cento dos campeonatos, apure a equipa sempre para os oitavos de final na Liga dos Campeões e forme jogadores que permita todas as épocas encaixar umas dezenas de milhões de euros.
    Eu gostaria de ter no FCP, o Mourinho, ou o Guardiola, ou o Van Gaal, ou o Hidinq, ou o Rijkaad, etc. e tal, acompanhados do Ronaldo, ou do Messi, Rooney, do Lampard, enfim... acontece que vivo em Portugal, por isso fico satisfeito com um português. Um português porque os grandes sucessos do Porto foram conseguidos com treinadores portugueses. Também tenho alguma simpatia pelo Carvalhal, mas não sei quem é o verdadeiro Carvalhal, se o de Leixões e Setúbal ou o do Marítimo ou Braga. Quanto ao AVB estou de acordo com o Zé Luis, não acredito em clones e as cópias nunca são originais. AVB até pode vir a ser um grande treinador, mas neste momento pouco mais é do que um colaborador do Mourinho.
    Com as reservas já assinaladas por outros, sobretudo o facto de saber até que ponto seria capaz de se impor a alguns craques, mas a minha preferência vai para o Domingos. Já demonstrou possuir competência para pôr uma equipa a ganhar e é isso que me interessa.

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