Mais uma lição maravilhosa do que é Wembley e a magia das suas finais e que serve bem de alerta para a final do FC Porto amanhã no pechisbeque de Oeiras.
O Chelsea ganhou hoje e fez o "double", o 7º clube apenas a fazê-lo em Inglaterra que tem futebol de Taça desde 1872 e campeonato profissional a par da "knock-out competition" desde 1888-89, quando o Preston North End não só ganhou a primeira Liga (Division One) sem derrotas como a FA Cup sem sofrer golos.
Depois, desde 1973 quando vi a primeira final, a preto e branco, creio que com os comentários de Alves dos Santos e as mesmas câmaras fixas de 3 ou 4 "spots" de Wembley, a Taça de Inglaterra fascinou-me e levou-me a adepto incondicional de futebol e de uma forma universal, ajudando-me a perceber o futebol para além de Badajoz que já era, então, uma realidade distante, tal como Vigo onde, pelo Norte, se ia comprar caramelos enquanto por Trás-os-Montes (como em Chaves) se saltava, para a emigração clandestina e o contrabando, a fronteira armada dos dois lados apesar dos regimes aparentados em ideologia e autoritarismo da dupla Salazar-Franco.
Para mais, ainda, foi a final em que o grande Leeds de Don Revie perdeu com o secundário Sunderland, na magia de que se ouvia falar da Taça de Inglaterra e plenamente cumprida a cada ano, salvo quando a majestática RTP se "esquecia" de transmiti-la como em 1975, 1980 (e ainda 1984 com o Watford do chairman Elton John), ambas com o West Ham vencedor curiosamente - sendo que a de 1979 deu na tv, com Bobby Robson triunfante pelo Ipswich com o Arsenal (vencedor apenas em 1978 no thriller de 3-2 com o M. United de 2-0 a 2-2 e decisão no último minuto, perdendo em 79 e 80), tudo porque nesse sábado o FC Porto tinha de ganhar no Bessa para seguir na via do bicampeonato e lá fui ver Gomes a marcar como de costume no campo do Boavista tão à inglesa...
Em 129 finais parece não haver espaço e tempo para novidades, mas o Chelsea-Portsmouth marcou, pela primeira vez, o confronto do 1º com o último da Premier League. E no que pareciam favas contadas, chegou a "cheirar" a escândalo possível, não porque os Pompey atacassem de peito aberto, mas porque ao adiar o golo com 5 bolas nos postes só na 1ª parte, e uma delas a entrar só metade na baliza de James falhando o golo só por cerca de 32 centímetros de diâmetro que pisou a linha fatal, o Chelsea pôs-se a jeito e em duas situações inesperadas podia ter sofrido um golo.
O que serve de aviso para o FC Porto-Chaves de amanhã, onde a distância que separa os dois clubes na hierarquia da Liga é maior do que nunca: 29 lugares de diferença. O 3º do escalão superior contra o 15º da Divisão de Honra e já despromovido do futebol profissional. Até o 1-0, numa final, é sempre "tremido", como foi há um ano com o P. Ferreira apesar do golo de Lisandro logo aos 6'.
Só serve de lição de que no futebol não há jogos ganhos por antecipação. No início da 2ª parte, porque enquanto as bolas não entravam o Portsmouth - que se diz Portsmud e não Portsmáud como insistem em dizer na rádio e televisão os sucessivos ignorantes que lá passam e os analfabetos que permitem over and over again estas coisas - folgava as costas, o ganês Boateng falhou um penálti com 0-0.
Vi ali, depois de vagas sucessivas de assalto infrutíferas do Chelsea campeão inglês e que defendia o seu troféu da federação, o flash do Liverpool campeão de 1989 com o underdog Wimbledon, um jogo sentenciado por uma cabeçada de Lawrie Sanchez de um canto, com John Aldridge a falhar depois um penálti pela primeira vez numa final em Wembley, sendo Dave Beasant o herói ante o goleador dos reds.
Petr Cech tornou-se o segundo gr em Wembley a defender um penálti, mal marcado por um pontapé enrolado de meio na bola meio no chão, mas esta final tornou-se única pois Lampard falharia um penálti também a acabar: logo ele que raramente falha uma e, feito o golo de Drogba em livre directo... tabelado no poste mais distante de James, escassos minutos depois da ocasião de Boateng, perdeu-se a ocasião de os marcadores na vitória da época passada (2-1 ao Everton) se repetirem, o que nunca sucedeu.
Wembley e a FA Cup é isto mesmo, por muitos anos que passem e muito rico e renovado seja o sempre impressionante e celebérrimo, qualquer que seja a versão arquitectónica, estádio imperial erigido inicialmente em 1923. Com a curiosidade de os 750 milhões de libras de custo - uns 850 ME - não garantirem que o relvado seja bom e seja permanente, pois por utilização abusiva com concertos e muitos outros eventos desportivos, para pagar a dívida colossal contraída, estão previstas por sete vezes a mudança do relvado com um custo anual de 1 milhão de libras e provavelmente sempre assim, umas 7 ou 10 vezes, até... 2023!!!
Com Hilário e Paulo Ferreira no banco, este conseguiu 3 medalhas de vencedor em 4 anos em Wembley, algo sempre para a história como, ainda:
- David James tornou-se o mais velho gr de sempre a jogar a final da Cup, com 39,5 anos de idade
- Ashley Cole somou a 6ª medalha de vencedor (ganhara já com o Arsenal), um recorde.
- Drogba marcou em todas as 7 finais (também na Taça da Liga) que ali jogou e é a 3ª vitória em 4 anos com um golo seu, depois de ter desempatado no prolongamento a última que, com Mourinho, ali jogou frente ao M. United, em 2007, marcando na época passada ao Everton com Lampard a decidir o 2-1.
Junte-se as 5 bolas nos postes só na 1ª parte do Chelsea e os 2 penáltis falhados pelas duas equipas e temos mais uma final memorável, atribulada, movimentada, também com Ballack a sair lesionado, mas decidida numa bola parada. Para recordar, como sempre, em Wembley, onde o 1º contra o 22º da PL não deixa de atrair mais de 88 mil adeptos. Aliás, como qualquer final ou play-off mesmo na disputa pela promoção da II ou III divisão.
Fica o aviso ao FC Porto de não contar com o ovo no cu da galinha. Tudo o resto relativo ao Jamor é para esquecer na presunçosa comparação com Wembley, tal a vergonha de ali se obrigar a jogar finais de Taça mesmo quando os clubes não concordam mas, como antes registei, com o FC Porto a não acompanhar, publica e sonoramente, a proposta do D. Chaves de se jogar a final a Norte, como era avisado e atrairia mais público.
Acho óbvio que os jogadores do FC Porto se vão esmerar e não vão contar com nada ganho antes do apito final. Nós, os portugueses, principalmente na Taça de Portugal, sabemos bem que os mais pequenos se tornam gigantes nesta competição. Os jogadores dos escalões mais baixos querem-se mostrar na Taça considerando-a uma montra do futebol nacional ao estilo de uma Liga dos Campeões para os jogadores dos "grandes portugueses" que se acham bons demais para o campeonato em que jogam (tipo bruno alves) e fazem por isso nestes jogos esforços que não fazem e até se poupam nas restantes competições para se mostrarem nestes momentos.
ResponderEliminarHá até aquela expressão muito usada pelos "jornaleiros" portugueses quando uma equipa pequena elimina uma grande: Temos taça.
Sendo realista, acho que o Chaves não tem hipóteses, salvo algum jogador mais forte mentalmente que queira então mostrar-se, no geral os jogadores estão desmoralizados pela descida e possível encerramento do clube e com ordenados em atraso e ainda sabendo que o FC Porto não vai jogar de certeza com 2ªs linhas. Eles estarão de certeza com mais espírito de derrotados do que de vencedores.
O FC Porto só tem que jogar o que sabe e não facilitar, nem abrandar por estar por exemplo a ganhar por 2 a 0. Devem correr o mais que puderem e se no fim ganharem 15 a 0 ninguém lhes vai gritar que é uma vergonha bater assim nos pequeninos, por isso, que sejam profissionais com honra e com brio e orgulho pela final que alcançaram com todo o mérito e nos façam também a nós ter orgulho na equipa que apoiamos e que exaltamos.