14 maio 2014

A maldição da mulher barbuda na parte não contada da profecia de Guttmann

Nem se sabe ao certo se nasceu em Janeiro de 1899 ou Março de 1900. Terá sido por Budapeste, enfim, mas naquela altura não havia Hungria, era o Império Austro-Húngaro mas como nasceu do lado Magiar ficou assim húngaro, mesmo morrendo (1981) em Viena de Áustria. Bela Guttmann, que conheceu 18 clubes em 22 anos de treinador terminados no FC Porto (1973) de má memória, era tanto um globetrotter do futebol, mesmo no tempo de raras viagens de avião e semanas em transatlântico até à América do Sul (esteve escassos meses no Peñarol de Montevideu e um ano em S. Paulo de onde arribou ao Porto em finais de 1958), como fala-barato. E, com a tal "dupla nacionalidade", um desenrasca pronto a cair para qualquer lado, como todos os de duas faces, vejam-se os russos na Ucrânia... Esta gente não é boa e, de resto, nem trago aqui o judeu profundo que o apelido indica e o fez sair de Budapeste para Viena (1922) por causa de coisas que depois só se atribuíram aos nazis (como muitas outras, com percursores sempre a Leste, incluindo limpezas étnicas e endogenia), Guttmann chegou uma vez ao Porto e foi campeão, arrebatando o título ao Benfica (com os mesmos 41 pontos e 1 só golo de diferença no Campeonato do Calabote), saindo logo para o Benfica, por dinheiro e por dinheiro, três anos depois, de lá sairia superando a meta de dois anos que dizia ser adequada para estar em cada clube.
 
Isto a propósito de se falar de declarações e alguma profecia que terá feito depois de ganhar duas Taças dos Campeões com o Benfica: 1961 com uma cagueira dos diabos ante o Barcelona; 1962 com o envelhecido Real Madrid sem pernas para Eusébio, Simões e outros jovens rápidos que Puskas e di Stéfano não acompanhavam jogando de cadeirinha e valendo-se da pontaria. Tal como não é certa a data de nascimento não se sabe bem o teor da profecia que terá lançado ao deixar a Luz. Ou que o Benfica não ganharia mais nenhuma taça europeia, ou especificamente só a Taça dos Campeões - versão mais provável, dado ter vencido duas e perdendo logo a terceira final consecutiva para o Milan mesmo estando a ganhar - e resta saber se era para sempre, por 100 anos ou um mix, lá está, de novo como os gajos de dupla face, e este era judeu acima de tudo e pelejava por dinheiro nos dois lados do Atlântico, não é de fiar.
 
Terá ficado a lenda, até porque o Benfica passou a acumular finais perdidas com a surpresa igual quanto às que venceu.
 
É fatal que, agora, para a final de Turim com o Sevilha, se fale de novo na lenda, na profecia e tal, como se isso fosse capaz de impedir uma equipa de ganhar: ah, agora volta a ser com espanhóis, como se Guttmann tivesse feito essa destrinça. Terá saído daí a versão tuga do Bruxo de Fafe, que alguns pategos gostam de papaguear, mas esta parte da história é só uma mezinha para as maleitas domésticas e não vem ao caso.

No fim de contas, a parolice impregnada de lusitanismo impingido de Lisboa e aspergido da mais sacra água benta à falta de melhor argumento, como se até Freud no seu consultório vienense pudesse antever o fenómeno gaja-gajo dos dias de hoje, com barba para chocar e repelente para chocalhar....
 
A verdade é que, morto e enterrado em Viena, Guttmann, afinal, terá dito na sua profecia algo que até abona o Benfica para hoje. Aludindo ao adágio popular do "já tem barbas", tomando a Áustria como país (finalmente) que o adoptou, Bela Guttmann garantiria que seria mais fácil a Áustria ganhar a Eurovisão com uma mulher barbuda do que o Benfica voltar a ganhar uma prova europeia, já nem interessa, nem se esclarece com precisão, se era apenas a Taça dos Campeões pela qual já foi elaborado um vinho pelos 50 anos de perda e, há poucos meses, uma estátua ao tal mágico magiar para esconjurar a maldição.

Enfim, segredo maior desde a 3ª revelação de Fátima neste século...
 
Depois da Conchita Wurst ganhar a final de Copenhaga no sábado, e por bem mais de um pêlo, não há bela sem senão e Guttmann viverá eternamente entre os crentes acéfalos e os ignorantes encartados com a certeza de nada ser inelutável a não ser a morte. Foda-se, como imaginar que uma mulher barbuda ganharia um concurso de canções onde nem uma beldade tuga teve lugar e as mulheres de pêlo na venta do Portugalório insano há muito deixaram de cantar o fado apesar de encarnarem o Povo que lavas no rio?

A profecia de Guttmann, até esta vitória improvável da Áustria, fez mesmo efeito. A parte do segredo da mulher barbuda é que só agora se revelou. Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe.

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