31 maio 2014

Dar lustro ao pechisbeque

Parece que hoje a selecção volta a jogar no Jamor, com a Grécia, sem ninguém lembrar a última vez que lá fez um jogo mesmo que a feijões.
 
Não tenho ideia de o Jamor, à parte o domingo das sardinhadas na mata antes da bola em cenário tão pitoresco como pindérico nos tempos actuais de estádios modernos que até em Portugal reluzem há 10 anos, ter tido alguma utilidade recente.
 
Quanto a jogos sob luz artificial, um dos artifícios criados para manter viva a "chama de presença" do pechisbeque do regime, tanto da bola indígena como da política serôdia, já era tempo de lhe dar brilho, desde a finalíssima Porto-Sporting de 2000, que Clayton e Deco decidiram numa quarta-feira à noite, estreando a iluminação em mais uma "PPP" ruinosa e um investimento sem retorno nem utilidade sequer. Entretanto, sabemos que o ex-edil de Sintra que prometeu criar a Casa das Selecções no seu concelho e para o que dois mandatos não chegaram desde o anúncio das belas intenções é candidato à Liga de clubes sem o fardo de promessas eleitorais nem a cobrança de uma Imprensa decente, pois os amigos são para as ocasiões e a malta de Lisboa e da política não gosta de ser incomodada, por isso até os do Porto querem ir para lá que é um manã...

Também antes de um Mundial, há 20 anos, o Jamor foi palco de uma vitória do Porto sobre o Sporting com a proverbial classe e elevação dos "anfitriões" que se repetiria no ano seguinte numa ida a Alvalade, em que dois energúmenos morreram a atirar pedras, insultos e cuspo sobre a famosa Porta 10 A de onde tanto se agitaram que caíram: era por onde as equipas  entravam no estádio leonino - e cuja memória foi há poucas semanas evocada pelo bronco de serviço aos fidalgos de bela linhagem mas manchada roupagem. De outro exemplo do "desportivismo" e da "festa do futebol" no penico de Oeiras pode-se apreciar a seguir.
 
 
Era tempo de ligar os holofotes, não fosse aquilo apagar-se de vez e, depois das cadeiras que já criaram comichões diversas, ter de suscitar os ânimos da Imprensa amiga para dourar a pílula de mais um elefante branco que o regime adora preservar. Será, porventura, o último efeito do "interesse público" a desaparecer deste Portugal corporativo. Antes ou depois da RTP, a ele atrelada, é a grande questão, sendo tão inútil, desajeitada e vazia como o anfiteatro. Mas os epígonos destas coisas lá entoarão os hinos e hossanas devidos. A bem da Nação que se foda deles.

Para compor o ramalhete, temos o hino e as mascotes. É um País de Fantasia.
 

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