02 maio 2014

Desgaste físico e de imagem se não for Atlético

Não sei se está provado que fazer muitos jogos cansa ou sequer diminui a frescura física e desgasta a dinâmica do (seu) jogo. Ao ver o Atlético de Madrid tantas vezes desde o início da época penso que ou furam todos os palpites e prognósticos ou é a sorte de estarem bem uma vez num milhão. Mas não é, pois na época passada fizeram muito bem, acabaram em 3º lugar e voltaram à Champions ganhando a Taça do Rei no Bernabéu frente ao vizinho de Madrid - depois de vencida a Liga Europa já com Simeone em 2012 e prolongando por 16 os jogos sem derrotas na competição nº2 da UEFA.


Ao lembrar que, desde o início da época, nunca vi Danilo e Alex Sandro frescos e de "cabeça limpa" para darem o máximo, questiono-me o que é desgaste vendo jogar sempre, e seguramente em jogos de mais responsabilidade e intensidade na Liga espanhola e na Champions inclusive contra o FC Porto, os laterais colchoneros, Juanfran e Filipe Luís.
 
Direi o mesmo para os médios do Atlético, como Koke ou Gabi, este mais pontualmente, ou Raúl Garcia, este intervalando mais a titularidade com o banco.
 
Nunca pensei, à luz do preconceito de saber que não se rende o mesmo toda a época, que o Atlético resistisse tanto. E, contudo, ele lá está a desafiar as probabilidades, com uma leveza de máquina high-tech e uma eficácia que, a despeito da intensidade e da regularidade das suas exibições colectivas e individuais, tornam ainda mais impressionante a sua campanha - imbatível na Liga dos Campeões e depois de ganhar em S. Siro, quase em Camp Nou e agora no Chelsea.
 
Por fim, contrapondo aos Filipe Luís e Koke, vendo Ashley Cole e David Luiz que só Mourinho podia pôr a playmaker recuado, como um 4 que nem é Guardiola ou o 6 de Busquets, para o fracasso total na construção de jogo - só dá vontade de rir e se percebe como o Atlético, sem nomes verdadeiramente sonantes, pôde  chegar tão longe mas fresco como uma alface e mortífero como um caça supersónico sempre acima da velocidade de som, de tom e de bom. Muito acima de bom, a fazer-nos lembrar que a condição física é primordial para dar lastro a uma organização de jogo irrepreensível e, na verdade, inusitadamente arrasadora - e lá vão Milan, Barça e Chelsea, depois de Porto e Zenit onde também ganhou.
 
Suspeito que também aqui deve haver sinal de importância crucial de um grande treinador. Deve ser por isso que parece haver cada vez menos destes e é preciso que se dê conta deles ao fim de algum tempo. Os mitos do passado podem ser enterrados de vez em Lisboa. Assim cresça o Atléééétiiii!

2 comentários:

  1. O Vítor Pereira afirmou por alturas do mercado de Inverno que fisicamente qualquer um deles - Jackson, Danilo e Alex Sandro - aguentava, o problema podia ser ter força psicológica para isso. Os resultados de Paulo Fonseca nunca foram animadores e, como tal, toda a equipa começou a parecer "cansada", muito mais do que era de esperar. No entanto é impensável abordar nova temporada sem mais alternativas aos jogadores mencionados.

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  2. Sem dúvida. E a organização de jogo, como se vê até no Benfica e mesmo no Sporting, enraizada desde o início e compatível com o perfil dos jogadores, esconde mesmo os defeitos individuais. Também tivemos disso no Porto de Mourinho, onde muitos jogadores vieram da Loka dos 300. O que é escabroso pensar é como não se percebeu desde muito cedo que o Produções Fictícias foi um erro descomunal. Só quem não percebe ou nem sequer viu futebol de alto nível pode deixar arrastar uma situação destas.

    Mas também sobre isso já escrevi insistentemente e já enumerei tantos e tantos erros do passado e os treinadores enterrados por esta SAD miserável gestora dos activos do futebol portista.

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