Começar no inferno, acabar no céu

Besiktas 0-1 FCPorto
Quaresma 92'

Equipa: Helton, Fucile, B. Alves, Stepanov, Bosingwa, P. Assunção, R. Meireles (Leandro Lima 88'), Lucho, Quaresma, Lisandro (Adriano 75') e Tarik (M. Cech 66')

A palavra sofrimento começa a ser mais que usual na linguagem dos portistas. Tem sido assim em quase todos os jogos, mas o que é certo é que tem valido a pena e vitórias sobretudo. O inferno de Istambul, como que por um qualquer milagre de Fátima, transformou-se ao minuto 92, para o FCPorto, no céu e em pleno Ramadão devido a alguém com o nome de Quaresma. Brincadeiras à parte, o certo é que o enguiço de nunca ter vencido na Turquia foi quebrado, como têm vindo a ser quebrados outros enguiços nos últimos anos por essa Europa fora.

O FCPorto, ao contrário do que previa na antevisão deste jogo, entrou com a equipa esperada por todos e com uma táctica que dava a entender que seria a mesma de sempre, só que neste jogo, pelo menos durante quase toda a primeira parte não terá sido bem assim. O que se viu foi um FCPorto muito cauteloso, em que Lucho e Raul Meireles apareceram muito encostados a Paulo Assunção e em que Quaresma e Tarik, embora encostados à linha tinham a missão correr quase todo o flanco sozinhos, sendo que quando conseguiam colocar a bola em Lisandro, este na maior parte das vezes estava completamente só no meio de três ou quatro adversários.

A equipa azul-e-branca conseguiu assim controlar o adversário nos primeiros vinte, vinte e cinco minutos, já que todos os caminhos estavam completamente tapados para a baliza de Helton. Mas a partir daí o FCPorto foi submisso quase por completo à fúria turca e os lances perto da área portista foram-se sucedendo, embora apenas em muito poucas vezes fossem de real perigo e quando tal aconteceu o guarda-redes brasileiro estava lá para resolver. Ainda assim o lance de maior perigo foi criado na baliza contrária por Quaresma, que num dos seus cruzamentos de trivela colocou uma bola quase perfeita em Tarik, dando a este grandes hipóteses de abrir o marcador, mas o marroquino chegou um pouco atrasado.

Na segunda parte o meio-campo, principalmente Lucho, entrou um pouco mais adiantado no terreno, o que fez com que o ataque estivesse mais perto do resto da equipa e o FCPorto foi controlando o jogo mais longe da sua baliza. Durante grande período o jogo foi muito disputado no miolo, sem grandes ocasiões de golos. Aos 66 minutos Jesualdo resolve finalmente fazer sair Tarik que esteve uma autêntica nulidade e faz entrar Marek Cech para o meio-campo. Meireles solta-se mais e estava agora à vontade para ajudar, juntamente com Lucho, Quaresma e Lisandro. Os lances mais perto da área do Besiktas começam a suceder-se, embora sem grandes perigos e principalmente com remates de Meireles de fora da área.

Lisandro, esgotado de tanto lutar, quase todo o tempo sozinho, dá lugar a Adriano. Finalmente regressado, este, fresco e com outra velocidade, aparece mais vezes na área adversária a dar seguimento a cruzamentos do Quaresma ou a bolas colocadas pelos médios. Alguns lances de perigo vão acontecendo, fazendo, naqueles últimos dez minutos de jogo, os portistas sofrerem e, para ajudar e em contra-ataque, o Besiktas ia-nos lembrando que o resultado poderia cair também para o lado deles, valendo-nos Helton em noite inspirada com a ajuda, principalmente, dos centrais, Bruno Alves e Stepanov, que fizeram uma grande dupla e por Paulo Assunção que esteve perfeito. Até que, quando já todos esperávamos o apito final, Lucho faz um belo passe já dentro da área dos turcos para Quaresma isolando-o e este, aproveitando bem a oportunidade, oferece os três pontos à sua equipa, numa das vitórias europeias mais saborosas dos últimos anos, fazendo até lembrar um pouco a épica noite de Old Trafford.

Com a vitória surpresa do Marselha em Liverpool, deixando os franceses isolados no primeiro lugar com duas vitórias, o FCPorto encontra-se no segundo lugar e muito bem lançado a caminho do apuramento, sendo que os próximos dois jogos com o Marselha serão absolutamente determinantes para a resolução do futuro dos azuis-e-brancos nesta campanha europeia.