Velhos problemas deixam tudo na mesma

FCPorto 1-1 Benfica

Yebda 45' e Lucho 72'(gp)

Equipa: Helton, Fucile, Rolando, B. Alves, Cissokho, Fernando, R. Meireles (M. Gonzalez 65'), Lucho, C. Rodrigues, Lisandro (E. Farias 88') e Hulk

50.110 espectadores

O FCPorto perdeu, nesta jornada, uma boa oportunidade para se destacar ainda mais no primeiro lugar, rumo ao seu grande objectivo principal nesta época, a conquista do Tetracampeonato. Embora isso se deva a vários factores, a culpa será, maioritariamente, própria, devido a algumas deficiências na sua estrutura que a equipa teima em não debelar completamente.

Com o Estádio do Dragão cheio e embalados pelo ambiente fantástico que se assistia nas bancadas, pode-se dizer que as duas equipas proporcionaram um jogo de futebol interessante, com emoção, muito aberto e com oportunidades para ambos os lados, embora as melhores oportunidades pertencessem à equipa da casa que poderia ter logo o jogo resolvido ainda antes dos primeiros 30 minutos da primeira parte.

Jesualdo Ferreira não surpreendeu e escalou a equipa que tem sido habitualmente utilizada, com Cishoko a titular conforme o anunciado na conferência de imprensa pelo treinador portista.

Foi a equipa portista que deu o pontapé inicial e foi mesmo ela quem começou a tomar a iniciativa de jogo, dominando em todo o terreno, e mostrando muita vontade em resolver a partida. Mas, por vezes, a vontade não chega, principalmente quando o jeito, leia-se eficácia, não aparece. O FCPorto cedo começou a sentir dificuldades em ser eficaz no ataque, logo nos primeiros minutos, Lucho teve boas oportunidades para inaugurar o marcador, Hulk e Lisandro estavam longe da baliza adversária e bem tentava o inconformado Rodriguez remar contra a maré, mas os falhanços sucediam-se quase uns atrás dos outros.

Na primeira meia hora de jogo, o FCPorto apresentou sempre um futebol muito rápido e muito vibrante, enquanto o seu adversário aguentava a pressão e tentava pausar a partida, equilibrando as coisas. De facto, foi isso que começou a acontecer depois dessa meia hora inicial de domínio avassalador portista, o FCPorto começava a perder agressividade no seu meio-campo e recuava sempre que um jogador adversário vinha para a frente, o que permitia a que ele avançasse pelo terreno e criasse perigo. Mas ainda antes, Lucho Gonzalez foi derrubado na grande área do seu adversário, o argentino, apesar de ter sido calcado, levantou-se rapidamente e preferiu assistir o seu companheiro, com o árbitro a dar lei da vantagem, lei essa que não deve ser dada quando a jogada se passa na grande-área beneficiando o infractor. Mas, certamente, nos próximos dias ninguém se lembrará disso.

O FCPorto já não gozava de tanta liberdade do seu adversário, que começava a tentar fazer uma gracinha, os seus jogadores saiam para o ataque de forma rápida e com muitos homens, e a equipa da casa começava a ter dificuldades em se manter dominadora.

Quando tudo pensava que o empate seria o resultado na primeira parte, eis que o FCPorto sofre o golo da maneira como habitualmente sofre nesta época, com uma marcação à zona nos lances de bola parada, é sempre difícil responsabilizar um só jogador pela falta de marcação, mas o facto é que o FCPorto deixou Yebda entrar à vontade e marcar o golo mesmo no último minuto, de todo injusto naquele momento, embora o seu adversário tivesse equilibrado a partida, foi o FCPorto quem mais tinha feito para chegar à vantagem até àquele momento.

Na segunda parte, parecia que o FCPorto sentiu muito o golo sofrido, a equipa começou demasiada confusa, trapalhona, com os jogadores a correrem muito com a bola e optando sempre por caminhos errados, a sobrepor a emoção à razão demasiado cedo. Desta vez, cabia a Hulk tentar empurrar a equipa, mas com poucos resultados práticos.

Jesualdo Ferreira mexeu na equipa, tirando Raúl Meireles dando a oportunidade a Mariano Gonzalez, mas a tónica do jogo mantinha-se na mesma, o FCPorto a vir para a frente, mas sempre de forma receosa não querendo ser surpreendida, o seu adversário aguentava a pressão e tentava surpreender nos seus contra-ataques quase sempre rápidos e, por vezes, perigosos.

Aos 71 minutos, Lisandro tira Yebda do caminho e Pedro Proença entendeu, categoricamente, que este o impediu de chegar à bola apontando para a marca de grande penalidade. Lucho Gonzalez não desperdiçou, pondo alguma justiça, embora tardia, facto ao que o FCPorto tanto lutou e criou para marcar.

O FCPorto empolgou-se com o golo e tentou o golo da vitória, embora nem sempre da melhor maneira, Hulk com os seus arranques e remates poderosos ainda esteve bastante perto do golo, mas no Estádio do Dragão também esteve um adversário que, valha a verdade, lutou muito e quase sempre concentrado mostrando que o seu objectivo principal, que por acaso até era empatar e não vencer, fosse realizado da melhor maneira criando imensas dificuldades à equipa da casa.

Até ao final, Jesualdo Ferreira tirava um infeliz Lisandro substituindo por Ernesto Farías tentando refrescar o ataque, mas a substituição não teve consequências de maior para a equipa.

Embora se possa aceitar como um resultado justo, e um mal menor para as aspirações portistas no campeonato, a haver um vencedor, teria de ser o FCPorto, pelo que fez, pelo que lutou, pelas oportunidades que criou e desperdiçou, a equipa Tricampeã ainda necessita de melhorar a sua maior pecha, a finalização, já que é uma equipa que até cria imensas oportunidades de golo, não as concretizando, tornando-se demasiada ansiosa e com isso perde todo o discernimento e a concentração.

O FCPorto ainda continua na liderança, conseguindo manter a vantagem sobre o seu adversário, e ainda ganhando um ponto ao 3º classificado, agora terá mais um jogo em casa, onde não mais poderá perder pontos, porque o maior segredo de uma equipa que quer ser campeã é não perder muitos pontos em casa, e este ano o FCPorto já perdeu demasiados. É tempo de inverter essa tendência, de uma vez por todas, se quer cumprir, com sucesso, o seu maior objectivo: ser campeão.