A falta de vergonha na Taça da Falsidade

Sporting 4-1 FCPorto
Tarik 9', Romagnoli 35' (gp) e 48'(gp), Derlei 65' e 81'

Equipa: Nuno, Sapunaru (D. Viana 71'), Stepanov, P. Emanuel, Benitez, A. Madrid (Ivo Pinto 88'), T. Costa, Guarin, M. Gonzalez, E. Farias e Tarik (Josué 70')

Esta meia-final entre o FCPorto e o Sporting serviu para provar aquilo que todos calculávamos: a equipa portista nunca poderia chegar à final desta competição nesta época. Se dúvidas houvessem da falsidade desta Taça da Liga 2008/2009, este jogo demonstrou que a vergonha já há muito terminou, que agora tudo se faz às claras. Depois de jogos com foras de jogo escandalosos que não são marcados e que dão origem a golos, depois de vermos anulados golos inexplicavelmente, depois de vermos quem construiu os regulamentos passar por cima deles na base do espírito e não naquilo que eles próprios escreveram, agora viu-se uma equipa a ser levada ao colo directamente para a final da competição, com dois penaltis que dão vontade de rir. Haja vergonha, pelo menos disfarcem, meus senhores.

Jesualdo Ferreira escalou a equipa esperada, excepção com a titularidade de Nuno quando se pensava que poderia ser o Ventura, com elementos menos utilizados do plantel principal, tendo como único apontamento de novidade a estreia com a camisola portista do reforço de Inverno, o argentino Andrés Madrid.

A primeira parte da partida foi jogada ao ritmo daquelas peladinhas entre amigos que se fazem pelo mundo fora, tudo muito lento, muito denunciado, com poucos momentos empolgantes, principalmente para os adeptos da casa, e comentadores televisivos, que vibravam quando um atleta do Sporting cortava uma jogada, fazia um grande passe, ou um remate perigoso, mesmo que a bola passasse muito por cima da baliza de Nuno. Sempre ouvi dizer que os pobres de espírito ficam satisfeitos por pouca coisa…

O FCPorto mostrou uma boa qualidade defensiva, mesmo sem correr muito, tapava os caminhos da sua baliza, criava imensas dificuldades ao Sporting, logo na sua primeira saída ao ataque, na marcação de falta, Tarik Sektioui surpreendeu tudo e todos inaugurando o marcador no primeiro remate portista à baliza.

O Sporting vinha para a frente, tentava fazer pela vida, mas dado que a equipa portista lhe punha à frente um emaranhado de jogadores, era muito dificil aos atacantes sportinguistas derrubarem o muro que tinham pela frente, por isso optavam por remates de fora da área quase sempre para fora.

Mas, é claro, como tem sido habitual nesta edição da Taça da Liga, o Sporting quando não consegue marcar um golo tem sempre alguém que lhe trate disso, por outras vias, por isso, nada melhor como marcar uma grande penalidade a seu favor, Polga atira-se para o chão e Carlos Xistra marca a grande penalidade que Romagnoli não desperdiçou. Mas, como disse o comentador, a cara de Pedro Emanuel disse tudo, ele fez penalti e não conseguiu disfarçar. Aconselhável, tapar a cara aos atletas do FCPorto na próxima partida com máscaras.

Até ao final da primeira parte, o FCPorto manteve sempre a sua atitude, sempre muito lento e com alguns jogadores a nada mostrarem de fazerem coisas úteis para a equipa, mas ainda houve tempo para Nuno conseguir brilhar com duas excelentes defesas.

Na segunda parte, Carlos Xistra tratou de resolver as coisas cedo, Helder Postiga atira-se para o chão com vigor, ou seja o habitual nesse jogador, mas desta vez foi atendido pelo árbitro que marcou outra grande penalidade a qual, novamente, Romagnoli não desperdiçou. Mais um motivo inédito nesta Taça da Liga, os árbitros conseguiram marcar 4 grandes penalidades contra o FCPorto, em apenas duas partidas. De facto, não existem coincidências.

A partir daí, o FCPorto quase que baixou os braços, animicamente foi-se muito abaixo, pareceu acomodado e conformado com todas as incidências que estava a assistir, não parecia, ou não queria, ter forças para lutar contra isso. O Sporting é que encarou o jogo como se uma final se tratasse, e aos 69 minutos, numa boa jogada de envolvimento, com a defesa portista a ver jogar, Derlei alargou a vantagem, vantagem essa que até àquele momento tinha sido falsa.

Jesualdo Ferreira aproveitou para fazer entrar Diogo Viana, para o lugar de Tarik e de Josué, para o lugar de Sapunaru, entretanto ainda viu a sua equipa sofrer mais um golo, e novamente de Derlei, mas desta vez numa excelente execução técnica fazendo lembrar o velho Ninja que tantas alegrias deu ao FCPorto.

Até ao final, único apontamento de registo foi a entrada de Ivo Pinto, por troca do estreante Andrés Madrid, mais um jogador jovem lançado por Jesualdo Ferreira nesta competição.

Apesar da equipa não ser a titular, e apesar de todas as incidências que acabaram por influenciar o resultado, pelo menos poderia-se exigir um pouco mais de atitude à equipa portista, pelo menos a continuação da primeira parte bem organizada e concentrada, mas como balanço global da participação do FCPorto nesta prova, pode-se dizer que acaba por ser positiva, Jesualdo Ferreira acabou por fazer uma gestão aceitável do seu plantel, dando minutos a alguns elementos menos utilizados e lançando jovens da formação portista, o FCPorto foi até onde o deixaram e se não foi mais adiante na competição foi porque outros factores externos o impediram e não teve forças para lutar contra eles.

A Taça da Liga 2008/2009 vai ser conotada como a Taça da Falsidade. É caso para dizer, quem a ganhar, seja que finalista for, a Taça ficará sempre bem nas mãos de quem a erguer.