Clássico (L): Caras da Bandeira da Revolução de 7 de Novembro

André Villas-Boas enfatizou que o 5-0 do clássico de domingo foi analisado mais pelo demérito e falhas do Benfica do que pelo superior jogo e pujante colectivo, moral e físico-técnico, da sua equipa.

Mas a desvalorização da coisa, na generalidade da Imprensa do regime - iam falar de quê, realmente?... -, além de negar a evidência impossível de escamotear, entoou ainda a tendência para criticar o Jesus antes endeusado.

Mas a vitória, esmagadora, do FC Porto não ficou reduzida a espaço mediático privilegiado apenas até ao day-after.

O 7 de Novembro era até há tempos referência incontornável da História e do equilíbrio geopolítico mundiais. Era frequente vermos os desfiles da Praça Vermelha do poderoso, numeroso, equipadíssimo e perfilado Exército soviético.

É verdade que a URSS desapareceu há sensivelmente (corrigido) 20 anos, já não vemos essa parafernália de homens e equipamento militar a ressoar a Guerra Fria.

No Dragão vimos o desfile de uma equipa poderosa e com ogivas para todas as frentes. Varela, Falcao e Hulk contam 22 dos 25 golos da equipa no campeonato, ocupam os três lugares cimeiros (6+6+10, respectivamente) na lista dos marcadores do campeonato e bem podem ser as efígies a desfraldar na bandeira azul e branca, como o trio Marx-Engels-Lenine na bandeira comunista ao tempo da Revolução de Outubro.

A curiosidade é que a chamada Revolução de Outubro ficou assim designada pela tomada do poder pelos bolcheviques em 1917, a 25 de Outubro de um calendário juliano até então assumido na Rússia czarista, sendo que a URSS logo adoptou o calendário gregoriano que repunha a data da Revolução de Outubro a 7 de Novembro, pela diferença de 13 dias no calendário desde a "reforma" do dito pelo Papa Gregório XIII aí por 1588, que foi adoptado pela Europa em vez da velha contagem das datas que remontava a Júlio César (daí o calendário juliano).

Já não vemos os tanques soviéticos nas paradas militares, porque não existem mais essas demonstrações de força do chamado Equilíbrio do Terror.

Mas também nos sonegaram a parada grandiosa de uma equipa em forma que muitos acreditam, falando baixinho, ter apagado do campeonato um rival na disputa do título de melhor de Portugal.

Uma data duplamente histórica. Um clássico para a posteridade.