Ainda não vi ninguém falar da maior incógnita do jogo do Dragão, um autêntico clássico do suspense.
O benfas sempre foi recebido com cravos vermelhos. Prova da cortesia e, acima de tudo, da honradez e respeito de alguns adeptos portistas. De facto, somos diferentes, não reclamamos de golos quando as bolas não entram, não agimos em manada e a educação é recebida no berço, não ditada pela nomenklatura de partido ou clube. Os rivais são assim?
Não houve frango do Roberto, mas uma galinha para ele se aclimatizar melhor não obstante os três ovos no cesto em meia hora. Houve a cotovelada do Luisão mas é normal, ninguém estranha. Um penálti não marcado contra o Benfica, mas também é corriqueiro.
Porém, nenhuma tv falou do assunto-mor. Mencionaram umas pedras, algumas bolas de golfe e um vidro estilhaçado, até uma galinha, esta outra oferenda portista ao aviário do Roberto. Só mimos.
Depois de ameaça de tentativa de simulação de não jogar, do pungente apelo pela verdade destrutiva, perdão desportiva que fica sempre melhor, pedindo aos seguidores, eh pá, não nos sigam, poupem o subsídio, o benfas lá requisitou 2500 bilhetes para a carneirada. Bons pais de família lá impediram que uns 500 dos seus rebentos não viessem, ficaram em casa a comer a sopa e a ver o que nunca viram na tv fora as películas de bolinha vermelha às 2 da manhã...
Mas havia 100 VIP (Você Importa-se de Pastar) também na cão... mitiva.
Ora, ficaram tantos lugares vagos no Dragão que, ao contrário do redondo 5-0, a assistência não chegou aos habituais 50 000 nestas ocasiões de visita tão apetecida. Só inveja do Benfica para não ser suplantado no total de assistências da Liga, pensam sempre que têm as audiências, mas só com ministros.
Mas também na tribuna presidencial pareceram muitas cadeiras vagas.
E, afinal, apesar das notícias indicarem que o presidente-bronco tinha entrado nos Carvalhos para a cão-mineta do clube com o símbolo da bimbo tv, quiçá depois de incentivar a arruaça a atirar umas pedras da beira da estrada para testar as shot-gun dos Brad Pitt da National Police, a verdade é que ninguém o viu.
Recebeu, subitamente, novo conselho médico para não ir aos jogos?
Já tinha largado mas era a caminho de Angola para reintroduzir o Mantorras no plantel?
Foi preparar a logística em Luanda para a viagem seguinte à capital dos diamantes e do poderio bancário angolano percussor da influência chinesa na Banca lusa tão resistente a testes de stress?
Não se sabe, ninguém falou, só o Roberto porque conseguiu de novo ser o melhor em campo e impedir coisa pior, o Rui Costa estava sem casaco mas não consta que tenha andado à porrada ou enfiado um dedo no nariz de um recepcionista local, o fuhrer da comunicação Rui Gomes da Silva também o vi de relance mas nem na noite seguinte o oiço a coaxar, o arcanjo Gabriel não tirou bolas de golfe do bolso como um prestidigitador. E, enfim, não sei se o Vieira estava, mas não vi na tv que se o apanhassem não ia ser de faz de conta como a "Judite", não vi fotos nos jornais que amiúde falam por si mesmas, parece que deu apoio mas deve ter sido à distância e isso não resulta com o congestionamento das comunicações no Dragão.
Houve, portanto, boicote ou não?, eis a questão.
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