21 março 2011

Reflexo condicionado


Hoje de manhã apanhei duas moscas mortas em diferentes programas de tv, como são Emídio Fernando (TSF na SICN) e António Tadeia (O Jogo, na RTP), a comentarem a jornada sem dispensarem a sua incursão abusiva no contexto quanto a um alegado penálti na mão de Rolando, casual, frente à Académica. Algo que nenhum destes, ou de outro par que passe nas tv's de Lisboa com adeptos do Benfica (o primeiro já foi responsável da Imprensa na Luz) ou do Sporting (Tadeia tem, de resto, tanto um ódio de estimação ao FC Porto quanto o sentido de lisbonense que admite partilhar alegrias com o Benfica) é capaz, nunca foi, de o fazer se for algo contra um dos seus clubes, por exemplo, como muitos exemplos o comprovam. Pares que é uso encontrar nas diferentes tv's de Lisboa, como é público e notório e dão a nota da cor dos comentários em génese e em género ali sediados como se a bipolarização na capital, ainda que com algum desequilíbrio cromático para o vermelho, represente o país. Nada de novo, porém, como nada de novo pode surgir daquelas bandas.
Por exemplo, nenhum de ambos, como nenhum de par algum dos patetas com ar sério e grave como múmias, seria, como não foi, capaz de denunciar que o Benfica-Porto da época passada foi decidido com um golo ilegal, nem mesmo depois de ver repetições e filmes do jogo. Ou, mais recentemente, o golo ilegal do Sporting na visita do Porto, em Novembro, que muitos parolos imaginaram como legal construindo teorias mirabolantes quando o fora-de-jogo tem regras objectivas, ao contrário do penálti que muitos discutem sem a angústia que dantes só se atribúía, em tese, aos guarda-redes ante o marcador que parte para a bola na marca dos 11 metros.
São factos. E se o árbitro tivesse marcado penálti? Nada de especial, ao menos não era suposto que tivesse visto a associação mão e bola, numa área, sem algo do género ter acontecido. Podia marcar, porque o facto existiu, mas ou não viu ou a sua interpretação foi diversa.
Há tipos sem carácter que podem falar de um golo mal anulado ao M. United frente ao FC Porto em 2004, por exemplo, quando os dragões eliminaram os ingleses. Podem esquecer, porém, não só a falta prévia de Nistelrooy sobre R. Carvalho, a desviá-lo da bola e de um corte mais eficiente, como esquecem uma mão de Tonel na Supertaça de 2008 em Leiria, que Bruno Paixão não viu e não foi uma mão "esquecida" ou não intencional porque fê-lo deliberadamente para cortar a bola com a mão. Ou esquecem, os outros, como o Benfica já foi a uma final europeia com um golo que toda a Europa viu ter sido com a mão. Enfim, exemplos não faltam e factos são factos.
Tal como as capas dos pasquins lisbonenses, que se dedicarão doravante à campanha eleitoral no Sporting até ao fim-de-semana e pelo meio, como já se nota em pré-anúncios de contratações, para encarar um Abril cheio de novidades quando os títulos miríficos se esfumarem para as bandas da Luz, os comentadeiros da treta não perdem um ensejo de minimizarem as vitórias do FC Porto. No caso, um assomo de penálti e ei-los a saírem da casca, algo que não fazem se Maxi Pereira der mão na área de forma involuntária (já sucedeu esta época), Aimar resmungar com o adjunto de Jesus e Javi Garcia der mais uma "pantufada" num adversário mais irrequieto. São obviamente capazes, à medida da sua incontestada parcialidade e desusada falta de honestidade, de lembrar um eventual favorecimento ao FC Porto há tempos e nunca o fazerem face ao Sporting ou Benfica. Exemplo cabal tem sido, há duas jornadas, ouvir o Manha falar dos zeros do ataque do Sporting e, por causa de não marcar um golo de bola corrida há centenas de minutos, nunca vincar-se que o único golo leonino recente foi num penálti inexistente contra o Beira-Mar - precisamente num lance idêntico ao de Rolando) e num jogo de escandalosa arbitragem que prejudicou gravemente os aveirenses (golo mal anulado e penálti por marcar a seu favor) e que ainda hoje continua sem referências temporais e aritméticas na economia do campeonato.

Rolando, que até costuma fechar os olhos (como quase todos) quando salta para um cabeceamento, chegou tarde a um duelo aéreo com Diogo Valente. Os dois jogadores no ar, a tentarem jogar a bola de cabeça, um que a desvia primeiro e que leva a bola a bater na mão do defesa portista que não a jogou, decerto nem se apercebeu, deliberadamente. Foi apenas um pequeno acidente mecânico numa jogada dinâmica em que nem há percepção de ilegalidade por qualquer dos jogadores, muito menos se pode antecipar que caminho levaria a bola desviada pelo ex-portista.

É o bastante, como sucede em ressaltos de bola no chão, para fazer salivar alguns cretinos, e são tantos, com acesso despudorado às suas banalidades debitadas aos microfones parcimoniosos que se lhes equiparam à pasmaceira dos anunciantes de fatalidades em permanente desfile televisivo.

Contudo, há explicação para o fenómeno.

Tem 110 anos a experiência do cientista russo Ivan Pavlov a mostrar, com um cão, como um estímulo neutro (som de uma campainha) fazia o animal salivar se, antes, esse estímulo lhe tivesse sido associado a comida. Pode perceber-se a experiência do que ficou conhecido como o "cão de Pavlov" e, em termos académicos, como reflexo condicionado, aqui.

http://www.google.pt/url?sa=t&source=web&cd=3&ved=0CCgQtwIwAg&url=http%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DYhYZJL-Ni7U&ei=PDOHTY7qJsqyhAfL48yyBA&usg=AFQjCNHNUe1u9uSW-Tia1i7ktJFIklyV5A&sig2=QfeYb74Hae-2EyK3D15kqg
Sempre se aprende alguma coisa decente e é tão actual com os míopes de fidelidade canina mas inteligência... abaixo de cão. Para não falar da sua fiabilidade. Nem do respeito que merece escárnio.

5 comentários:

  1. Vi perfeitamente o lance em que intervém Rolando. A minha interpretação corresponde ipsis verbis à que descreve. Se o árbitro viu, e viu porque eu vi que ele viu, e não assinalou qualquer falta ajuizou segundo as regras estabelecidas.

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  2. Quanto ao fora de jogo de scholes em 2004 mal tirado, Rui Loura da RTP num comentário penso que relativo ao porto-shalke, lembrou-se de ir buscar ao baú das recordações para dizer que o porto teria sido eliminado. na altura ficou registado por duas razões: porque carga de água ele foi falar naquilo passado tantos anos e desde quando é que o porto seria eliminado. quanto muito ia para prolongamento.

    foi só um desabafo!

    abraço

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  3. Por esta linha de ideias , porque não desconfiar do ridiculo penaltie cometido pelo David cohene do paços de Ferreira no jogo desta noite, decorridos apenas 4 minutos de jogo??
    Ou foi para se vingar de algo ou fez algum favor a troco de ....

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  4. É tao penalty como o do Roderick no fim d semana passado. Este nao marcaram porque senão depois a fruta acaba-se e era uma chatice

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  5. Joel, não tem nada a ver. Só um tolinho pode confundir os dois lances.

    O Roderick esticou o braço para a bola. Fê-lo precipitado, mas consciente que esticava o braço por não lhe chegar com a cabeça (à bola).

    O Rolando, voltei a ver na tv, até está com a cabeça virada para o lado contrário do braço esticado, consequência de ter saltado para cortar a bola para a sua direita, para fora da área.

    Vendo bem as imagens, não há dúvidas que é a bola que vai ao braço do Rolando e não o contrário, resulta da dinâmica da jogada e de DV ter cabeceado primeiro com a intenção de visar a baliza.

    Por fim, ao contrário do lance do Roderick, em que este está só e a bola chega-lhe de muito longe, o Rolando salta a par com o DV e aquilo funcionou como um ressalto sem voluntariedade de jogar-se a bola com o braço.

    Aqui é mesmo só julgar se há intenção ou não e aceitar que o lance é disputado na queima entre dois jogadores.

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