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Isto, tirado do Record online, é o que se chama um vencedor levado em ombros. Um microfone ali perdido na euforia completa a ilusão da cena quase a culminar um processo eleitoral num clube português de alto coturno e muita consideração cuja gente se acha diferente dos demais.
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Já é, de há muito tempo, bizarro haver eleições com eleitores com 25 votos, pelo que um escrutínio destes, como ainda existe no Sporting e no Benfica, vale o que vale.
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A forma como terminou, de manhã, a contagem de "pontos" - e não necessariamente votos! - de cerca de 14 mil eleitores em Alvalade, fala igualmente por si.
Que jornais, tão remetidos a casernas como a cavernas, façam o papel que, nas coisas do futebol em geral, se conhece, também nem é novidade e acompanha as diatribes do fenómeno mediático-futebolístico.
O Jogo noticia a vitória de Bruno Carvalho, como o Record também fez na(s) primeira(s) edição(ões) até dar a versão final que se vê aí, mas não a que passou, sem marcha-atrás, nas televisões de manhã. Já tínhamos as "vitórias" em sondagens, passamos a ter "vitórias" em projecções.
Nada como ter, de resto, um jornalista de um dos jornais a dizer mal das eleições do clube. José Carlos Freitas, do Rascord, foi à TVI24 dizer que a imagem do Sporting fica manchada, como se não houvessem episódios grotescos para isso no passado antigo e recente. É como falar de incidentes com o autocarro do Benfica de tal forma empolados que parece nunca ter acontecido incidentes idênticos com o autocarro do FC Porto.
O Record lá tirou uma última edição, só para desmentir a versão oficial da Mesa da AG do clube a votos e a braços com contagens difíceis de aritmética simples. Pode-se garantir que não houve recontagem ou dificuldade no apuramento do vencedor e frisar que quem liderava desde o início a contagem dos votos foi o vencedor final anunciado entre algazarra digna de feirantes. O que comprova como, até em nome da manchete difundida nas tv's, o Record estava alinhado com o candidato derrotado e agora veicula a informação que a este convém, para manter o nível da confusão.
Temos, pois, os pasquins a fazerem um rico papel. Alguém já se dá conta da marosca e do que é a intoxicação informativa.
Editorialistas lembraram-se de notar, durante a semana, como os vários candidatos significavam "balcanização", pressupondo divisão e mesmo guerra como nos Balcãs da vida real. Se houver só um candidato, deve ser um regime norte-coreano. Temos de ter imagens de tudo. Os jornais dão a imagem de si mesmos. Mas têm sempre teorias de como os clubes ou o futebol funcionam mal.
Se Carvalho teve mais votantes, mas com menos votos, do que o vencedor Godinho, isso agora não interessa nada. A democracia é assim. Pelo menos por cá. Bola para a frente que atrás vem gente. É certo que nos eleições americanas Gore teve mais votos do que Bush (filho) e o Supremo Tribunal decidiu em favor do cóbói no maior tiro de canhão dado à celebrada democracia americana. Mesmo contando um eleitor, um voto, a Democracia tem sempre mais méritos do que qualquer outro sistema. Especialmente se, democraticamente, se eleger quem arrebatou, como nos leilões, mais votantes com mais votos cada um.
Entre o trágico e o cómico, com papel a condizer. Queiroz, sem querer, definiu há dias da melhor maneira: figurinhas de segundo plano em telenovela baixa.
nota: vendo por outro prisma, está tudo aqui http://www.pobodonorte.com/2011/03/sporting-clube-e-portugal.html
Mas ninguém resume o que "é" Portugal como este http://portugaldospequeninos.blogspot.com/2011/03/de-um-tumulo-para-outro-ou-as-conversas.html, imperdível onde se fala até do sportem, do Portugal contemporâneo e o socratismo como "religião dos Últimos Dias".
Permitam-me só mais uma achega, em actualização ao ler blogs leoninos: as preocupações, além da legitimidade e da legalidade, com a representatividade (o vencedor com 36% de votos tem contra os 64% que não votaram nele, como seria para o vencido próximo) são tão demonstrativas do que vai por ali quanto os 90% de Eduardo Bettencourt quando "conquistou" as últimas eleições e o "unanismo" deu no que deu.
O universo do "associativismo", do "opinionismo" e do "marialvismo" é... fracturante. Glorigozo, diria, mas podem levar a mal...
Mais uma: "Houveram muitas inconformidades e por isso iremos impugnar estas eleições", do comunicado de Bruno Carvalho. Inconformidades? O Queiroz tá fodido!
É uma enorme vergonha, felizmente que os Viscondes costumam resolver isto à espadeirada!...Os duelos vão ser marcados para o Parque Eduardo VII, a quem quiser assistir alugam-se capacetes e coletes à prova de bala.
ResponderEliminar-Isto é Portugal no seu melhor...
P.S.-Não terá sido o Jorge Nuno que provocou tudo isto?...
não brinques com coisas sérias, meireles. Se leres aí blos leoninos, vais ver reacções contra Godinho, só porque quer o Domingos. E, para esses, Domingos é a extensão da influência de Pinto da Costa no sportem. Não é da banca, dos falidos e do sistema lá implantado. É do FCP.
ResponderEliminarO mundo do "associativismo" é deslumbrante. Do "opinionismo" fracturante. E do "marialvismo" desconcertante.
Zé Luís:
ResponderEliminar-Não estou a brincar, este País é mesmo um colosso, se não existisse tinha que ser inventado, Portugal é um Circo Rectangular, com uma série de praias à volta para se poder descansar no intervalo dos inenarráveis Espectáculos concedidos ao Zé...