27 março 2011

Rico papel

E o Rascord, sempre a dar-lhe: http://www.record.xl.pt/Futebol/Nacional/1a_liga/Sporting/interior.aspx?content_id=690233 Russos a clamarem contra eleições fraudulentas é um mimo.











Isto, tirado do Record online, é o que se chama um vencedor levado em ombros. Um microfone ali perdido na euforia completa a ilusão da cena quase a culminar um processo eleitoral num clube português de alto coturno e muita consideração cuja gente se acha diferente dos demais.


Já é, de há muito tempo, bizarro haver eleições com eleitores com 25 votos, pelo que um escrutínio destes, como ainda existe no Sporting e no Benfica, vale o que vale.


A forma como terminou, de manhã, a contagem de "pontos" - e não necessariamente votos! - de cerca de 14 mil eleitores em Alvalade, fala igualmente por si.


Que jornais, tão remetidos a casernas como a cavernas, façam o papel que, nas coisas do futebol em geral, se conhece, também nem é novidade e acompanha as diatribes do fenómeno mediático-futebolístico.

O Jogo noticia a vitória de Bruno Carvalho, como o Record também fez na(s) primeira(s) edição(ões) até dar a versão final que se vê aí, mas não a que passou, sem marcha-atrás, nas televisões de manhã. Já tínhamos as "vitórias" em sondagens, passamos a ter "vitórias" em projecções.

Nada como ter, de resto, um jornalista de um dos jornais a dizer mal das eleições do clube. José Carlos Freitas, do Rascord, foi à TVI24 dizer que a imagem do Sporting fica manchada, como se não houvessem episódios grotescos para isso no passado antigo e recente. É como falar de incidentes com o autocarro do Benfica de tal forma empolados que parece nunca ter acontecido incidentes idênticos com o autocarro do FC Porto.


O Record lá tirou uma última edição, só para desmentir a versão oficial da Mesa da AG do clube a votos e a braços com contagens difíceis de aritmética simples. Pode-se garantir que não houve recontagem ou dificuldade no apuramento do vencedor e frisar que quem liderava desde o início a contagem dos votos foi o vencedor final anunciado entre algazarra digna de feirantes. O que comprova como, até em nome da manchete difundida nas tv's, o Record estava alinhado com o candidato derrotado e agora veicula a informação que a este convém, para manter o nível da confusão.

Temos, pois, os pasquins a fazerem um rico papel. Alguém já se dá conta da marosca e do que é a intoxicação informativa.

Editorialistas lembraram-se de notar, durante a semana, como os vários candidatos significavam "balcanização", pressupondo divisão e mesmo guerra como nos Balcãs da vida real. Se houver só um candidato, deve ser um regime norte-coreano. Temos de ter imagens de tudo. Os jornais dão a imagem de si mesmos. Mas têm sempre teorias de como os clubes ou o futebol funcionam mal.

Se Carvalho teve mais votantes, mas com menos votos, do que o vencedor Godinho, isso agora não interessa nada. A democracia é assim. Pelo menos por cá. Bola para a frente que atrás vem gente. É certo que nos eleições americanas Gore teve mais votos do que Bush (filho) e o Supremo Tribunal decidiu em favor do cóbói no maior tiro de canhão dado à celebrada democracia americana. Mesmo contando um eleitor, um voto, a Democracia tem sempre mais méritos do que qualquer outro sistema. Especialmente se, democraticamente, se eleger quem arrebatou, como nos leilões, mais votantes com mais votos cada um.

Entre o trágico e o cómico, com papel a condizer. Queiroz, sem querer, definiu há dias da melhor maneira: figurinhas de segundo plano em telenovela baixa.


nota: vendo por outro prisma, está tudo aqui http://www.pobodonorte.com/2011/03/sporting-clube-e-portugal.html


Mas ninguém resume o que "é" Portugal como este http://portugaldospequeninos.blogspot.com/2011/03/de-um-tumulo-para-outro-ou-as-conversas.html, imperdível onde se fala até do sportem, do Portugal contemporâneo e o socratismo como "religião dos Últimos Dias".


Permitam-me só mais uma achega, em actualização ao ler blogs leoninos: as preocupações, além da legitimidade e da legalidade, com a representatividade (o vencedor com 36% de votos tem contra os 64% que não votaram nele, como seria para o vencido próximo) são tão demonstrativas do que vai por ali quanto os 90% de Eduardo Bettencourt quando "conquistou" as últimas eleições e o "unanismo" deu no que deu.

O universo do "associativismo", do "opinionismo" e do "marialvismo" é... fracturante. Glorigozo, diria, mas podem levar a mal...


Mais uma: "Houveram muitas inconformidades e por isso iremos impugnar estas eleições", do comunicado de Bruno Carvalho. Inconformidades? O Queiroz tá fodido!

3 comentários:

  1. É uma enorme vergonha, felizmente que os Viscondes costumam resolver isto à espadeirada!...Os duelos vão ser marcados para o Parque Eduardo VII, a quem quiser assistir alugam-se capacetes e coletes à prova de bala.

    -Isto é Portugal no seu melhor...

    P.S.-Não terá sido o Jorge Nuno que provocou tudo isto?...

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  2. não brinques com coisas sérias, meireles. Se leres aí blos leoninos, vais ver reacções contra Godinho, só porque quer o Domingos. E, para esses, Domingos é a extensão da influência de Pinto da Costa no sportem. Não é da banca, dos falidos e do sistema lá implantado. É do FCP.

    O mundo do "associativismo" é deslumbrante. Do "opinionismo" fracturante. E do "marialvismo" desconcertante.

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  3. Zé Luís:
    -Não estou a brincar, este País é mesmo um colosso, se não existisse tinha que ser inventado, Portugal é um Circo Rectangular, com uma série de praias à volta para se poder descansar no intervalo dos inenarráveis Espectáculos concedidos ao Zé...

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