21 janeiro 2010

No Name, no shame... à escuta!


A máquina de propaganda a que me tenho referido pôs aí escutas à solta. Sempre houve, aliás. Até o hoje director de Comunicação do FC Porto apresentou dezenas de telejornais na RTP-N aludindo a todas as manchetes dos correios da manha especialistas nestas matérias, no auge do Apito Dourado onde, como o outro dizia, se cagava para o segredo de Justiça...
Escutas há muitas, como ouvimos e sabemos. Aquela do João "Pode vir o João" Fereira dita por quem garantia "estou a fazer as coisas por outro lado". Mas na hora h, nada provaram contra Pinto da Costa. E ainda não provam. O presidente do FC Porto lembrou isso há dias e, naquele tipo de vingança e extorsão de máfias calabresas, eis que o sistema actua e não quer que se apague o que lhe interessa avivar. Até porque, no antro da podridão do futebol luso que é a tasca da Liga, de onde pariram o pífio Apito Final, está para sair a sentença sobre Hulk/Sapunaru e não deve ser agradável...
Estas coisas não acontecem por acaso, a máfia do Sul está operacional e o elenco da Liga de saída, o que favorece todo o tráfico de influências que durante 4 anos pouco deu para retirar à competência do FC Porto em campo.
Recordo que um juiz do Tribunal da Relação do Porto, que apanhou Carolina Salgado a mentir e extraiu uma certidão para processo criminal sob acusação de perjúrio (mentir em tribunal), descobriu, ainda, que havia transcrições das famigeradas escutas que foram mal feitas, tudo a cargo do diligente mas incompetente Ministério Público, aquele que o sonso beirão PGR diz ter duques, condes, viscondes e outros títulos de marquês e quejandos.


E como quem tem telhados de vidro não deve atirar pedras ao vizinho, ou cuspir para o ar porque pode cair-lhe em cima também, eis que, lê-se em O Jogo, hoje 5ª feira:


No Name Boys contestam legalidade de escutas
A defesa de quatro arguidos dos No Name Boys num caso que envolve a suspeita da prática de vários crimes - entre eles associação criminosa, posse e tráfico de armas de fogo, tráfico de estupefacientes, roubo, incêndio - por parte dos elementos da claque encarnada contestou ontem a legalidade das escutas que serviram de prova para a sua situação. No documento enviado ao tribunal, a defesa dos quatro arguidos considera que há "bizarras" transcrições que estão "feridas a priori de enfermidade" legal, segundo noticiou ontem a Agência Lusa, requerendo a nulidade da prova, argumentando que os telemóveis sob escuta foram usados ilegalmente como gravadores de conversas. No documento pode ler-se ainda que não se verificou uma "efectiva intercepção ou gravação de uma conversação ou comunicação telefónica", mas uma "gravosa e dolosa 'intercepção e gravação através de um aparelho telefónico', sem legitimidade para tal".
(negritos meus)
Esta a notícia, agora perguntem-se se isto saiu da Lusa, em que outros OCS apareceu? Mas não me perguntem porque apareceu ou não apareceu, que eu não sei nem sou adivinho.

E a saga siciliana segue em fanfarra por quem faz as coisas por outro lado.

Capisce?

10 comentários:

  1. Zé,

    a guerra está perdida no que diz respeito à propaganda.

    Não vale a pena. A CS nunca será isenta e nós como adeptos do FCP também caímos em muitos erros. O principal? Andamos a desculpar a merda dos nossos dirigentes com a merda que os outros (também) fizeram.

    Em 2005 escrevi várias coisas aqui e muitas delas iam no sentido de que esta nossa administração devia sair e nunca mais meter os pés no Dragão.

    O futebol português, a comunicação social, o próprio país e os portugueses estão todos podres e uma limpeza a todos os níveis é urgente.

    Como português queixo-me nas urnas. Como portista nada posso fazer - é o capital que mete lá as pessoas que me envergonham enquanto Dragão.

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  2. ERA UMA DEMOCRACIA, POR FAVOR

    Hoje, ao que parece – eu não fui confirmar, nem tenciono fazê-lo – as escutas do caso Apito Dourado foram divulgadas na Internet. Como é habitual neste meio, os rastos não são cognoscíveis e o crime ficará, muito provavelmente, impune. De qualquer modo, aproveite-se o “pretexto” para falar de algo que, apesar de não receber as atenções de quem quer ou deveria querer “mudar” o país, é a base de todo o Estado.

    Não é, preclaros leitores, a “igualdade” que faz as democracias. Nem tão-pouco é o “voto”, ao contrário do que muitos julgam. O que faz uma democracia é, antes de tudo, um sistema judicial que seja independente, sério e rápido. O nosso, infelizmente, não é nada disto. E o preclaro leitor bem que pode ir “votar”, bem que pode “manifestar-se”, bem que pode fazer a espargata, que sem uma Justiça que seja independente, séria e célere, todo o Estado fica num estado primitivo, inseguro e a caminho de uma situação perigosa.

    Hoje foi Pinto da Costa. Provavelmente uns benfiquistas, uns sportinguistas e mais umas coisas dessas deram pulos de alegria e, no seu íntimo ou em bom som, sentem justiça feita. Não, meus caros. Isto não é justiça. E para tirar a prova dos nove, basta que o leitor se coloque naquela situação. Imagine que publicavam escutas suas num canal de vídeos na Internet – escutas com ou sem conteúdo criminal –, e tire as conclusões que tiver que tirar.

    Claro que muitos dizem que este caso se pode comparar com o de José Sócrates. Não pode, de todo. O que faz com que José Sócrates tenha de prestar contas ao povo sobre os casos em que está envolvido não é o facto de sermos todos coscuvilheiros ou o de querermos justiça popular. É o facto de José Sócrates ter um cargo de confiança pública, confiança que é incompatível com “nuvens”. Pinto da Costa, ao que sei, ainda não é servente da nação. Nem Pinto da Costa, nem eu. Alguém tem de ser responsabilizado por esta situação. E com “responsabilizado”, não falo em reprimendas. Há cadeiras que têm de ficar vazias e acho muito bem que se comece de cima para baixo.



    tmr

    De Tiago Moreira Ramalho, no Portugal dos Pequeninos.

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  3. Zé,

    podiamos dissertar sobre a valência democrática do nosso voto no actual sistema político. Seria fastidioso e acabaríamos por chegar a poucas ou nenhumas conclusões. É óbvio que isto em que vivemos não é uma democracia, mas ainda quero acreditar que o meu voto é importante. O voto de um cidadão não tem preço ao contrário do Capital.

    Mas em relação ao texto do Tiago Moreira Ramalho terei de concordar em absoluto quando ele alude à importância da confiança na justiça.

    Marinho Pinto - bastonário da ordem dos advogados - homem que muito admiro, tem vindo a terreiro falar de muitas coisas relacionadas com o direito à justiça. Esta, é hoje, mais do que nunca, o palco dos ricos. É a sua arma de arremesso contra os menos favorecidos ou aqueles que não podem pagar as custas judiciais.

    As prisões portuguesas estão cheias de pobres, e os ricos e poderosos, invariavelmente são absolvidos por inteligências processuais.

    Sabemos que de facto a justiça é o pilar mais importante de um Estado de Direito e isso não tem acontecido, nem se deslumbra que venha a acontecer num futuro próximo.

    Avançando para o futebol, diria que somos todos culpados quando infectados pela clubite encarnada, azul, verde ou às bolinhas amarelas, desculpamos os nossos dirigentes desportivos.

    Em relação ao nosso Clube, é isso que tem acontecido. Temos escondido a vergonha com acusações de que os outros também fizeram isto ou aquilo.

    Andamos desde 2005 a fingir que nada aconteceu e isso devia ser motivo de preocupação. O Dragão está vazio e não será só por culpa das exibições, do frio ou da crise. As pessoas estão desiludidas e já não acreditam que o futebol seja desportivamente verdadeiro. Nem a norte nem a sul. Os benfiquistas, hipócritas , vão tentando esconder a sua máfia mas com o mal deles posso eu bem. Mais tarde ou mais cedo isso irá cair-lhes em cima - entenda-se os seus enormes telhados de vidro.

    Podemos continuar a dizer as VERDADES sobre a corrupção que grassa no "galinheiro" de Lisboa, mas isso não nos devia impedir de assinalar as nossas próprias nódoas. Não tem acontecido por uma maioria de portistas.

    A bem do futebol, do FCP e sobretudo da herança moral que queremos deixar no nosso país.


    PORTISTA, sempre.

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  4. Miguel Teixeira, estou contigo.

    Não interessa quem começou, quem foi apanhado a fazer mal não é diferente de quem não foi, o futebol português está podre e, depois de ouvir as escutas fico com a ideia de que a corrupção é generalizada, quem sabe chega mesmo ao SCP, que se tem mantido incólume.

    Não sou menos nem mais portista que qualquer outro e entendo que todas as pessoas que gostam do FCP hoje têm de se sentir tristes e traídos por Pinto da Costa, Antero Henrique e Araújo (já agora). O grande amor pelo FCP que estas pessoas certamente têm toldou-lhes o discernimento e é chegada a hora de saírem.

    Pefiro mil vezes que o Benfas ganhe 10 campeonatos
    seguidos a roubar do que ver os jogadores do FCP não se esforçarem por pensarem que a vitória está assegurada por outra via.

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  5. Miguel Teixeira,

    sempre apontei por aqui que a podridão grassa no futebol português. E ninguém está impune. Não adianta assobiar para o lado.

    Mas também não adianta hiperbolizar, porque o objectivo, agora como há 5 anos, é diminuir as conquistas do FC Porto.

    E, Miguel, concordo contigo, aliás costumamos estar de acordo em quase tudo, reitero os mesmos pontos de vista que defendes.

    Mas, respondendo ao Paulo Sampaio, é disparatado cair no exagero de achar o que ele diz no seu último parágrafo. Porque para ganhar tudo em 2003 e (quase) tudo em 2004 os jogadores do FCP não deixaram de se esforçar por pensarem que a vitória es´tava assegurada por outra via.

    Isto deve responder, certamente, um benfiquento. O Mourinho iria admiti-lo, por exemplo?

    Quando o Derlei foi para a Luz e para o Sporting, perguntaram-lhe como era no Porto e ainda se lembram o que ele respondeu?

    Eu não prefiro, nunca, que o Benfas ganhe 10 campeonatos, porque os últimos deles, em 1994 e 2005, foram dos maus fraudulentos da história e este, se o conseguirem, vai superá-los a todos.

    Moralismo e ética não devem ser aspergidos à toa e é isso que, sem deixar de acentuar a podridão generalizada, alerto o Paulo Sampaio.

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  6. O “presidente” de todos os portugueses


    por José Costa e Silva
    A publicação no You Tube de escutas realizadas no âmbito de uma investigação judicial é uma grande vergonha. O presidente do Futebol Clube do Porto só tem de exigir uma choruda indemnização ao Estado português, que deverá depois exercer o direito de regresso contra quem estava obrigado a proteger aquela informação.

    Não sei de apitos coloridos, nem de futebol nem de arbitragem. Não sei se Pinto da Costa comprou ou vendeu árbitros. Sei que o país deve ser intransigente no que diz respeito às garantias do Estado de Direito, e implacável com as suas violações.

    hoje, no Lóbi do Chá

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  7. Sem comentários
    por Carlos Barbosa de Oliveira

    Seria para rir, não se desse o caso de ser de uma gravidade extrema, o facto de escutas telefónicas, que deveriam estar a bom recato, aparecerem no You tube.

    Percebo agora, ainda melhor, a razão de Marinho Pinto ter respondido "FUJAM!", quando lhe perguntaram a opinião sobre a justiça

    hoje, no Delito de Opinião

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  8. O deboche.
    Escutas a Pinto da Costa foram colocadas no Youtube. Há gente no Ministério Público que já há muito tempo que entrou em rota de colisão com o Estado de Direito (recuso ouvir estas escutas, como recuso piratear filmes na internet).

    Por Tomás Vasques, "hoje há conquilhas, amanhã não sabemos"

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  9. Apitos ocultos
    Hoje, 21-1-2010, o Correio da Manhã divulgou algumas alegadas escutas do caso Apito Dourado, publicadas no YouTube, segundo indica o Público, de 21-1-2010, por um utilizador ugandês. Após protesto dos referidos, que o CM noticia, e comoção sectorial, a Procuradoria-Geral da República reagiu, recusando responsabilidade, e avisou que vai abrir inquérito. e contudo, como lembra o Carlos Nunes Lopes, também se de... «conversas privadas entre amigos».



    Porém, a aflição com o silvo do Apito é apenas uma escaramuça preventiva face ao pânico da visão (e da audição) da Face, por mais oculta que seja.

    por António Balbino Caldeira, no Portugal Profundo

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  10. Que teve o título de 93/94 de fraudulento?! É tudo fraudulento quando o Benfica ganha. O Futebol português precisa de uma limpeza. Estamos cheios de dirigentes e árbitros corruptos. É só favores, encomendas e recadinhos e o Vieira incluo obviamente. Não vale a pena andar a justificar pseudo purezas. Está tudo podre.

    Bom fim de semana

    Saudações

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