06 janeiro 2011

A cara na cabeça do polvo (João "von Smallhausen" Carrajola Abreu): outro que é de Setúbal...

Já aqui tinha elogiado o facto de o FC Porto ter processado um antigo vogal do Conselho de Justiça (CJ) da FPF, o líder dos amotinados da rebelião de 4/7/2008 que quiseram condenar o FC Porto, com risco de exclusão da Champions, e despromoveram o Boavista.
Os factos chegaram a tribunal, muito bem, o rato de esgoto foi ouvido e a sentença será lida no dia 17.
Do personagem principal, logo associei ao lacaio von Smallhausen, que seguia, mais sinistro do que o próprio chefe, o "fuhrer" da Gestapo "herr Flick" na magnífica série "Allo, Allo" durante a ocupação nazi da França e as peripécias deliciosas da resistência à volta do café do René, da esposa com pretensões de cantora Edith e da sogra "old bat" (velho morcego) que desfilara, enquanto jovem, perante meio Exército como artista de cabaré...









Agora, no banco dos réus, João Carrajola de Abreu mostrou o que é. Um verme. Respigo o discurso directo tal como o li agora no "4-4-2", por sua vez extraído do Record que cobriu a audiência do julgamento perto do Bolhão, no Porto. O valente vogal de então, agora, faz-se de vítima sob pressão de dois clubes, dos dois lados da barricada no indigno cotejo de figuras menores manietadas por cordelinhos da farsa protagonizada por uma cáfila ocasionalmente com assento no CJ da FPF.

"O FC Porto processou João Carrajola Abreu, ex-membro do Conselho de Justiça da FPF, por ofensa a pessoa colectiva mas o Ministério Público pediu a absolvição do arguido, esta tarde, no tribunal criminal do Porto, no Bolhão.
Numa entrevista, Abreu referiu que FC Porto e Boavista tinham uma estratégia que passava pelo seu afastamento da reunião do CJ que acabou por ratificar as decisões da Comissão Disciplinar da Liga relativamente ao processo "Apito Final", condenando o FC Porto e Pinto da Costa por tentativa de corrupção e despromovendo o Boavista por coacção.
"Pressão tive-a da parte do FC Porto e do Benfica", confessou João Abreu, que foi o relator do caso relativo ao jogo FC Porto-Estrela da Amadora, tendo votado pela condenação do clube, dos árbitros e do presidente do FC Porto. "Uma pessoa ligada ao V. Setúbal veio ter comigo antes da reunião do CJ para me dizer que tinha estado a discutir o empréstimo do Pitbull com o senhor Antero Henrique e se eu não decidisse a favor do FC Porto o jogador não seria, como não foi na altura, emprestado", referiu.
Quanto à pressão do Benfica, o antigo conselheiro e ainda membro de uma comissão da FPF disse que foi abordada por um dirigente ligado à A. F. Setúbal, que lhe disse: "Cuidado, olhe que o Benfica é muito poderoso". João Carrajola Abreu disse também que Luís Filipe Vieira conhecia o sentido da votação dos referidos processos. "Sabia que estava 4-3", salientou.
João Carrajola Abreu, que está a ser defendido pelo antigo bastonário Rogério Alves, reafirmou que o antigo presidente do CJ, Gonçalves Pereira, "só podia estar feito" com os clubes visados no processo, embora outros conselheiros quando ouvidos neste julgamento não tenham ido tão longe. "As pessoas têm medo do FC Porto", justificou.
O ex-conselheiro do CJ confirmou ainda o clima azedo da tal reunião daquele conselho que decidiu os processos do "Apito Final". "Se tivesse continuado a falar, ia-lhe aos fagotes", desabafou, a propósito da discussão que teve com Gonçalves Pereira, que invocou, sem sucesso, o impedimento de Carrajola Abreu antes de ele próprio dar por concluída uma reunião que...prosseguiu."
Enquanto manteve a "coragem", não só para liderar a revolta e destituir o presidente legítimo do órgão como para se propor bater-lhe, e os afagos dos escribas do regime em hossanas pela "verdade desportiva", Carrajola Abreu falou a "A Bola", o longo braço do Benfica, sobre intenções que atribuiu ao então presidente do CJ da FPF que, ele mesmo e o jornal em questão, mais outros cronistas do regime, vilipendiaram até à exaustão como se fosse o mau da fita. O mal, claro, era a influência do FC Porto no caso. Decerto do Boavista também. Agora, vitimizando-se, este badameco queixa-se de que também o Benfica exerceu pressões. Bom, é uma confissão que não confidenciara na entrevista que agora o levou ao banco dos réus. Sabia-se, claro, e dessas intenções temos a confirmação pela boca do próprio. O difícil equilíbrio é que é difícil manter e não só a quem bebe em demasia, mas a quem tem rabos de palha.
Que pressões? Directas? Vexantes? Concretas? Não, indirectas, vagas, irrelevantes, através do V. Setúbal por causa das suas relações com FC Porto e Benfica, sendo Carrajola Abreu oriundo dessa associação que nunca é tida como centro de corrupção apesar de quase tudo por lá rondar enquanto outras ficam com a fama. Mas, no fundo, se haveria duas forças opostas, como vingou uma delas fruto do motim que no CJ levou a recomeçar uma reunião que o seu presidente interrompera, formal e definitivamente, por não estarem reunidas as condições para prosseguir?
Não sei se este Carrajola se safa, mas a verdade surgiu mais um bocadinho à tona. Agora cobarde, sem ninguém a quem bater, este é só a cara do sistema, ou a "cara na cabeça do polvo" para citar uma feliz expressão dirigida, hèlas, a outro dirigente associativo de Setúbal (Amândio de Carvalho, segundo Carlos Queiroz), que ditou uma das mais aberrantes e indignas cenas do "dirigismo" do futebol e da isenção dos seus órgãos jurisdicionais, afinal o espelho do que é a cúpula que manieta o futebol em Portugal.
É claro que os órgãos do regime não relataram assim, apontaram só baterias para uma barricada e também atribuíram intenções malévolas só a essa facção que, alegam, demoniza o futebol e é causa de todos os males da Nação.
Mas muito mais do que do efeito do Pífio Dourado, afinal na base, bem funda, de tudo o que se seguiu durante quatro anos a culminar na hedionda e improvada culpa dos condenados, é deste julgamento que se devem tirar ilações dos podres do futebol. Destas confissões claras que tornam tudo tão obscuro mas não nos quadrantes de quem se arma em espeleólogo nestes túneis de interesses e das conivências com os que fazem as coisas por outro lado.

6 comentários:

  1. LOL, o gajo é igualzinho aquele nazi do ALLO-ALLO :)

    São todos umas cambadas de ditadores!!!


    http://tascadepalmeira.blogspot.com/

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  2. Porque achas que eu lhe tirei a "foto" logo em 2008, percebi as semelhanças e até o quão sinistro, patético e cómico acaba por ser o carrajola?

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  3. brilhante a comparação, excelente o artigo.

    Off-toppic:

    O que vale ser presidente da instituição...

    http://economia.publico.pt/Noticia/presidente-do-benfica-garante-250-milhoes-junto-da-banca-para-projectos-imobiliarios_1473800

    Numa altura em que os bancos e o país não têm dinheiro para mandar cantar um cego, que as politicas internas dos bancos vão no sentido de reduzir exposição no sector imobiliário, considerado de elevado risco, atendendo à conjuntura actual, estes negócios não são nada maus para um simples recauchuteiro

    Um abraço !!!

    PS: Adorava ver o Dragão cheio no sábado a cantar "xistra escuta, és um filho da puta" !!!

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  4. Nunca a mão lhe doa para continuar a denunciar estes parasitas, que vivem da babugem da corrupção organizada das corporações protegidas por uma imprensa desqualificada e subserviente.

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  5. Pois é, estive fora e não pude actualizar isto.

    Constato que 21 pessoas gostaram e valorizaram o artigo, decerto concordando. É como deixar um bolo, ou só a sua massa, a levedar de um dia para o outro, e crescer.

    Chego e aparentemente há aí tantos que subscrevem algumas ideias. Seguramente, para muitos até ficam a saber novidades e como se passam certas coisas que nos jornais não são devidamente contextualizadas.

    Mas ninguém acrescentou mais sal aos comentários. Concordam, apreciam, mas não acrescentam alguma coisa. À parte uns broncos dos encornados a espumarem pelo teclado, com o lixo como destino, a verdade é que ninguém adianta nada, até parece que todos sabem o mesmo que eu.

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  6. Normalmente é o Zé Luís que sabe mais do que eu. De resto, é sempre verdade e uma pouca vergonha, mas dizer sempre isso não acrescenta nada.
    Um bom ano, ao menos, cheio de vitórias.

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