02 dezembro 2009

Leitura para o sorteio do Mundial

Já há palpites sobre os adversários (in)desejados, mas devia olhar-se para as letras e não para os nomes. A não ser os das cidades, pensando nas deslocações menos desejadas. Mas o primeiro jogo será sempre difícil... se não sair a Argélia... contra uma selecção africana ou sul-americana não cabeça-de-série

Para o sorteio do Mundial-2010, com fase final na África do Sul, a organização prévia dos potes (quatro de oito selecções cada) já sugestionou as reacções normais, de meros adeptos à Imprensa dita especializada. Mas se, além de entender-se o sorteio, puderem olhar mais para as letras e menos para os nomes talvez a leitura antecipada do que ocorrer depois de amanhã na Cidade do Cabo (17 horas portuguesas) possa ser mais enriquecedora.
Primeiro, já pareceu soar um alarme por o pote em que está Portugal ser o 4 e não o 2, aquele a seguir ao pote 1 que engloba os cabeças-de-série e que serão divididos pelos oito grupos de A a H e assim preenchidos sucessivamente com os outros potes, esgotando um a um as suas equipas até distribuí-las, sob um critério já oficial mas a seguir os trâmites de outros sorteios da FIFA, também sucessivamente de A a H com as excepções previstas. Por exemplo, sendo a África do Sul a selecção A1 no sorteio, não poderá calhar qualquer outra equipa africana no grupo A se sair logo do pote 2 a Nigéria, os Camarões ou a C. Marfim. Certo é que pelo menos um grupo terá duas equipas europeias, pois não se pode fugir a isso.

Ora, o que é certo desde já, é que Portugal sabe que vai começar o Mundial a defrontar uma equipa do pote 3, pois o emparelhamento dos jogos opõe o nº 1 de um grupo ao 2 e o 3 ao 4.

E, assim, o primeiro jogo será contra uma destas equipas: Argélia, Camarões, Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Chile, Paraguai e Uruguai. A Argélia é acessível, caso contrário restam as fortes equipas da África Negra, a Argélia do Magrebe e os sul-americanos não cabeças-de-série. Prevêem-se dificuldades e não um "figo" como Angola em 2006 ou mesmo os EUA em 2002.

E aos palpites de "sorteio favorável", esmiuçando desejos, cabe a pior leitura possível. A começar pelo cabeça-de-série que calhar. Porque esse será o último adversário de Portugal no grupo. Pois a ordem de jogos segue esse caminho: o A1 defronta sucessivamente o A2, o A3 e só no fim o A4 (e assim em cada grupo).

Aliás, na Alemanha-2006, Portugal só defrontou o México, cabeça-de-série no sorteio, no terceiro jogo do seu grupo. E em 2002 coube enfrentar a Coreia do Sul, de tão má memória.

As primeiras reacções à definição dos potes para o sorteio são, portanto, erradas, deslocadas e sem conhecimento técnico mesmo de jornais nas suas edições online. A imbecilidade e desinformação costumeiras, aliás, fruto da incapacidade crónica de conhecer as coisas e os regulamentos e procedimentos em geral. A informação em geral veiculada lembra que Portugal não irá defrontar as outras equipas do seu pote e obviamente levará com um cabeça-de-série que a isso não poderá fugir. La Palisse não diria melhor, mas a "normalização" da informação, por bimbos com mais ou menos idade mas sempre mal colocados e mal preparados para estas coisas que exigem conhecimento, especificidade e seriedade.

Não se sabe ainda o "quartel-general" de Portugal na África do Sul, por onde tem andado Carlos Queirós com Carlos Godinho, e só haverá definição das várias alternativas decerto já elencadas mediante o sorteio final. Porque há, isso sim, grupos indesejados, por obrigarem a mais deslocações e porventura mais longas. Ouvi na rádio o secretário-técnico da FPF falar de um local "o melhor do país" perto do Cabo, mas tudo depende do grupo em que Portugal calhar e precisamente se implicar mais ou menos viagens e a sua dimensão.

Neste sentido, olhando para o sorteio em bruto e a priori, os grupos G e H são os que motivam mais deslocações no país e longas. Prevendo-se de duas a três semanas a permanência de uma selecção numa base de apoio, é importante que tal rotina necessária não seja atribulada com deslocações constantes e demoradas, ainda que o intervalo de 5 dias entre jogos facilite a "assimilação" do viver na Áftica do Sul com cidades-sede distanciadas como quase 2000 kms entre Polokwane e Cidade do Cabo.

O problema, agora, é que Portugal será sempre um 4 no sorteio. Começará por defrontar um 3 no seu grupo e, nesta perspectiva, a generalidade das posições 4 num dado grupo obriga a muitas mudanças e andar em bolandas. Como Carlos Queirós já disse que Portugal não vai lá fazer turismo nem jogadores e técnicos pretendem jogar em todas as cidades do Mundial, esta perspectiva parece bem real.
Mas começar com a Nigéria ou Camarões ou C. Marfim não é o mesmo que defrontar Angola e adivinha-se já um sorteio bem menos favorável do que a "canja" de 2006 na Alemanha com Angola, Irão e México.

Só a posição D4 e F4 deixa jogar num raio de menos quilómetros a percorrer. O D4 concentrado em Pretória-Rustenburg-Joanesburgo. O F4 em Rustenburg-Bloemfontein-Joanesburgo. O A4, por exemplo, implica Cabo-Polokwane-Bloemfontein. O B4 joga em Port Elizabeth-Blomfontein-Durban, as cidades costeiras e a do centro do país. O C4 não é mau com a proximidade de Polokwane-Joanesburgo e um último jogo em Port Elizabeth (também chamada para os locais de Nelson Mandela Bay). O E4 faz-se em Blomfontein-Pretória-Cabo - muito duro e longo, obrigando a um "QG" bem situado. O G4 em Port Elizabeth-Cabo-Durban (as cidades costeiras). O H4 em Nelspruit-Port Elizabeth-Pretória.

Há uma dispersão pouco favorável no território sul-africano, sendo que o Cabo recebe tantos jogos (oito no total da prova) como a Soccer City em Joanesburgo (também há ali sete no Ellis Park) e Nelson Mandela Bay Stadium em Port Elizabeth. E toda a logística numa operação desta envergadura e que se deseja duradoura tem de ser bem cuidada e planeada.

Apesar de reacções "dramáticas" e suspeitas genéricas de concertação de objectivos da FIFA, já lidas por diversos fóruns, o certo é que a FIFA ao "mandar" o pote de equipas europeias para o 4 retira o dramatismo dos primeiros confrontos entre europeus logo a abrir. Da mesma forma que impede que os africanos ou sul-americanos se defrontem no começo. É bem avisado, mas nem todos têm esta percepção das coisas. Ainda se fala da mão de Henry (e um estúpido castigo em "efervescência" na FIFA), da ausência da Irlanda e de um "castigo" da França por cair fora dos cabeças-de-série, tal como Portugal, em favor da entrada de Inglaterra e Holanda, mediante o ranking FIFA de Outubro levado em consideração. Inglaterra e Holanda, então nos 8 primeiros postos do ranking, são as nações na origem da República da África do Sul que até andaram em guerra civil (os Boeres) há um século e mantêm fortes presenças na origem de vocábulos e nomes (Rustenburg, Bloemfontein de origem holandesa) na História sul-africana.

Voltando ao ponto fulcral: não haveria muitas posições favoráveis dentro de cada grupo pelo tal número de ordem 1, 2, 3 ou 4. Mas seguramente o lote de melhores possibilidades reduz-se na posição 4 e obrigará as selecções europeias a vaguear pela África do Sul. Uma ou outra posição dentro de um grupo mais agradável, com menos deslocações, reparte-se pelas posições 2 e 3. Há até a coincidência de o C2, o D4 e o E2 percorrerem todos Pretória-Rustenburg-Joanesburgo, concentrando-se apenas no nordeste e a zona à volta das capitais política e financeira do país. Mesmo o cabeça-de-série que calhar no grupo F (o F1) terá de se "mexer" um bocado (Cabo-Nelspruit-Joanesburgo) e o C1 andará por Rustenburg-Cabo-Port Elizabeth. O E1 por Joanesburgo-Durban-Cabo.
Mas duvido que a Imprensa de hoje e amanhã analise as coisas por este prisma. Vai ser o "chover no molhado" habitual até em fóruns televisivos com os chamados "paineleiros" como experts de coisa nenhuma e rendidos a lugares-comuns. A Imprensa que temos e os leitores e cidadãos que temos falam por si.

Apesar de poder torcer-se o nariz à possibilidade, a verdade é que o melhor grupo será aquele com a selecção anfitriã. Excepto para o A4, o único que terá de fazer várias viagens, ao passo que os outros concentram-se no nordeste do país.

Uma olhadela ao mapa do Mundial dará uma compreensão alargada e objectiva do que está em causa. Não tendo a noção da dimensão do país, que é muito mais do que uma França ou uma Alemanha por exemplo, não é possível percepcionar as dificuldades. Mas se notarmos que entre o extremo nordeste de Polowane e o Cabo são quase 1800 kms e que isso implica 3 a 3,5 horas de avião, já faz pensar. E entre Pretória, a capital política, e Port Elizabeth podem ser 3 horas de voo. Daí a importância de um bom sorteio ser mais direccionada para os locais e não para os adversários. E um voo de 3 horas é, sensivelmente, como ir do Porto a uma das capitais da Escandinávia ou de Lisboa a Bucareste.
p.s. - Há dias venho a ouvir a TSF anunciar a presença no sorteio do Mundial. Sob o patrocínio do BES. Ao leitor comum e cidadão desatento, o que tem isto? Nada ou alguma coisa. Porque, apesar de a Imprensa do Regime o omitir de forma dolosa e grosseira, retirando da circulação noticiosa factos graves que se passam nesta República das Bananas, tenho noção do que se vai passando no país. Graças à blogosfera, aliás. E um alarme surgiu com as tais conversas que não querem que se saiba entre Armando Vara e a Face Oculta de José Sócrates, pior do que o processo com o mesmo nome em curso em Aveiro e que, como a Casa Pia, o Freeport e tantos outros os senhores do poder querem escamotear. Quando o administrador do BCP pedia ajuda para o "amigo Joaquim". Mais aquela coisa feia que ninguém vergonhosamente assumiu a paternidade, chamado "assalto à TVI". Joaquim (Oliveira) que é dono precisamente, entre outros títulos, da TSF. E o director do novo jornal visado pelo Governo prepotente e ditatorial atolado em Pscândalos, refiro-me a José António Saraiva e ao "Sol" que trouxe à luz a Face Oculta deste negro Regime, denunciou há dias no CM que a publicidade institucional do Estado, através das empresas ainda em sua posse total ou parcial, ou entidades que "suportam" este Estado de coisas como o BES, retiraram muita da sua publicidade a jornais malquistos como o Sol e, antes, o Público incómodos. Por obra e graça do Espírito Santo, a Imprensa do Regime como a do "amigo Joaquim" passaram a facturar muito mais em publicidade. Esta do BES com a TSF pode ser um bom exemplo do "castigo" que o Governo infame desta pobre República manda os seus lacaios dar aos "mal comportados". Este nojo nunca passa.

14 comentários:

  1. Como Sportinguista, é gratificante vir a um Blog de um adversário e ler um texto tão bem elaborado e perspicaz...

    ...e 200% de acordo... imprensa medíocre e "paineleiros" ignorantes da poda...

    ...é muito muito bom este texto... e de uma assentada, explica muita coisa:


    -forma de encadeamento dos jogos
    -logística de viagens
    -lógica da divisão das Selecções
    etc etc etc


    Grande abraço e saudações leoninas...

    e:

    -como não vejo o Braga a aguentar-se e eu, bem, digamos que estou a leste, por favor, até dia 20, cheguem a 1º (Futebol);
    -no stick, ganhem o 9º, sff... e nada deixem para o cacilhas!
    -no andebol ontem desiludiram-me... se eu não for campeão, entendam-se com o ABC!!!
    -eh pa, voltem a ganhar no basket... aquela gentalha, não, por favor!!!

    Portem-se bem... mal!!!!

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  2. Mais uma vez um grande artigo de fundo, agora sobre sorteio do Mundial, fiquei elucidado. Em relação à parte final já há um tempo para cá, noto a distanciação dos jornais Oliveira ao PORTO, deve ter a ver com a factura a pagar.

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  3. Sofredor (permita-me) leonino,

    grato pela visita e a consideração, a gente tenta ajudar e explicar como pode e sabe e esta é a minha leitura dos acontecimentos prévios ao sorteio de 6ª feira.

    Quanto ao Braga, é engraçado como em Lisboa continuam a desconsiderar o Braga. Mas eu percebo porquê: o velho complexo de superioridade e repúdio de algum assomo de brio de um clube provinciano.

    O Braga merece-me o maior respeito. E concordo com os poucos que pensam que é o grande adversário do FC Porto.

    Entendo, igualmente, a vossa dor face a vizinho tão escarafunchoso. Admito que é insuportável. Nós, do FC Porto, mal damos conta do Benfica, excepto quando eles berram alguma coisa. Isto passa e, como o balão, incha, desincha e passa.

    Não digo, também, que o Sporting já foi. Não é fácil o 1º lugar, mas o Benfica não é inalcançável. Se até com o execrável Paulo Bento - e eu destestava-o mais do que muitos sportinguistas que não o suportavam - melhoravam, acredito que com Carvalhal vão melhorar mais. Aliás, amanhã pode ler uma crónica aqui que partilho com outro blog multiclubista e onde noto a melhor produção e encaixe táctico do Sporting no dérbi que para mim mereceram ganhar e com uma boa 1ª parte.

    As melhoras, sinceramente

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  4. paulop, esse distanciamento é notório há muito. O "amigo Joaquim" vendeu-se a Lisboa, o JN é a salgalhada que é e O Jogo foi tomado pela plutocracia lisbonense com Marcelino e sus muchachos como Tadeia. Está na cara, vem é com atraso mas ainda assim parabéns pela perspicácia. É sempre preciso estar atento. Não se pode saber tudo, mas convém saber alguma coisa, é o meu lema.

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  5. Excelente análise,

    É pertinente reforçar ainda a questão do clima. Não é só o facto da África do Sul estar a entrar no Inverno - uma situação que não se vive em Mundiais desde 1978 - mas é também pelos diferentes climas que um país tão grande apresenta.

    Há zonas costeiras que são de temperatura amena mas que estarão sob constantes temporais de chuva e vento. Na zona centro do país, perto das capitais, haverá mais frio - falam-se em temperaturas à volta dos 3 graus - e menos chuva. E nos estádios-sede a norte a proximidade com os trópicos apresenta outro cenário bem distinto e muito mais imprevisível.

    Com os jogadores portugueses a sairem de uma longa época e a entrar na "sua" Primavera, chegar à África do Sul e voltar-se a encontrar com condições climatéricas que vivem em Janeiro/Fevereiro, é importante preparar a equipa para esses cenários. Não é o mesmo jogar sob um imenso temporal com uma equipa africana ou sul-americana, muito mais forte fisicamente, do que estar sob temperaturas baixas contra um Brasil ou México, pouco habituados a essas variações.

    A Europa da-se sempre mal em provas fora do "Velho Continente" pelos problemas logisticos e climatéricos. Ja se viu com a humidade na Coreia do Sul e com o calor sufocante no México. Disputar um Mundial no Inverno será mais um desafio que, tal como as distâncias tão bem explicitadas, será bem mais problemático do que as equipas em causa.

    PS: Tinha a sensação de que o Japão estava no pote 2 e era os Camarões quem estava no 3, junto com as restantes selecções africanas e sul-americanas. Independentemente das equipas que possam cair em sorte, começar com o pote 3 é o ideal. Será contra essas equipas - e não com os cabeças-de-serie - que se discute o apuramento. Do segundo pote há 3 equipas com reais possibilidades de apurar-se à primeira vista. E dos cabeças-de-serie há o tipico medo aos nomes e a fraca análise das equipas (um rival como a Argentina é hoje uma ameaça menor do que a Costa do Marfim ou Gana). De qualquer das formas o ideal é mesmo uma sede que nao implique muitas deslocaçoes e com temperaturas amenas. O resto quase se torna num pequeno grande detalhe: ganhar em campo.

    cumprimentos

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  6. Miguel, obrigado pela chamada de atenção para o erro do Japão. Fiz copy-paste do pote 3 de algum lado e o erro vem daí, eu não dei conta dele a não ser hoje mesmo. O que reforça a ideia de nem tudo o que se lê estar correcto mesmo em informação básica que não deveria suscitar erros. Obviamente, o pote 3 leva todas as equipas africanas e sul-americanas que não são cabeças-de-série, as asiáticas ficam no pote 2.
    Já emendei, são os Camarões em vez do Japão no pote 3 e a Argélia como adversário mais acessível deste lote afro-sul-americano.

    Obviamente, a "inversão" do clima será importante. E, muito bem observado, tudo depende dos locais. Na costa, especialmente no Cabo, haverá mais chuva e humidade fria, na savana do nordeste mais frescura e alguma humidade relativa acentuada. Mas a Taça das Confederações deste Verão não deu verdadeiramente jogos à chuva, ainda que alguns tenham sido jogados a 5º à noite...

    Partilho todas essas informações relevantes, ainda que não significativas para a leitura para o sorteio, como deve compreender.

    Posso acrescentar que, nos procedimentos para o sorteio definidos pela FIFA, ontem, e que me levaram às conclusões do post, estranhei não haver o chamado "sorteio vertical", isto é a ordenação das três equipas (fora os cabeça-de-série) no seu grupo atribuindo-lhes números de 2 a 4 como é normal nos sorteios da UEFA, por exemplo. A FIFA propõe apenas colocar todas as equipas de um pote ao longo dos grupos, de A a H, portanto um sorteio "na horizontal" percorrendo grupo a grupo "de oeste a leste".

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  7. Zé Luis,

    A análise é excelente em todos os aspectos e um lapso passa a todos e muito mais, como bem dizes, quando a base da informação já por si está errada. Como acontece demasiadas vezes.

    Estive a tentar analisar uma série de gráficos de temperatura e pluviosidade habitual na Africa do Sul nessa época e apesar da Taça das Confederaçoes ter poupado jogos a chuva, a verdade é que é algo bastante habitual para a época, como o nosso Outubro/Novembro. E isso será determinante em muitos jogos. Prevejo que no espectro europeu sejam a Inglaterra, Dinamarca e Alemanha os mais benificiados em relaçao a esse aspecto, mas é sempre tudo relativo.

    Será verdadeiramente um sorteio onde as equipas em sorte serao o menos relevante. Determinante será ganhar o 1 jogo (contra o rival directo) esperando que no pote 2 nao saiam EUA ou Mexico. 4 a 6 pontos nos dois primeiros jogos serao fulcrais para garantir o apuramento. Ou seja, evitar repetir 2002. Acho que Queiroz sabe isso melhor do que ninguem. A questao do cabeça de serie, que todos falam por desconhecimento, acaba por ser a menos importante em toda esta conjugaçao.

    Quanto aos critérios da FIFA, estamos habituados a que nos surpreendam com mudanças de ultima hora. Todas as restriçoes levantadas em cruzamentos de equipas do mesmo continente, de sequencias de jogos e locais e da separaçao de equipas pelos potes funcionam já como suficientes condicionantes para ter o Mundial controlado até, pelo menos, os quartos de final. Que é o que alimenta o espectáculo.

    cumprimentos

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  8. Miguel, é uma leitura perfeita de quem entende um mínimo disto.

    O sorteio não é sorteio, mais do que controlado é... direccionado. Mas, nestes casos, dou mérito a quem o tem e a FIFA trabalha muito bem estas coisas. Desagrada a muitos, claro, eu também não gosto, mas compreendo e aceito algumas "razões técnicas" e uns "critérios" mais ou menos "geográficos" para entender alguns aspectos menos visíveis aos olhos do público.

    Business as usual.

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  9. "o sorteio não é sorteio, mais do que controlado é... direccionado"

    É essa precisamente a palavra.

    Até porque mais do que definir os grupos, o interessante será ver como a FIFA direcciona os cruzamentos seguintes. Todos sabemos que os grandes favoritos estão sempre, "milagrosamente" destinados a não se encontrar.

    Viu-se em 94 com o Brasi-Italia, o França (ou Alemanha)-Brasil de 98, o Brasil-Alemanha/Italia/Espanha em 2002 ou o mais claro Italia/Alemanha/Argentina vs França/Brasil em 2006.

    Porque, sejamos honestos, a fase de grupos é apenas a triagem que serve para dar alegrias a todos os continentes e que dá a sensaçao de que as equipas sintam um Mundial. A prova a sério começa só nos Oitavos. Cair antes é provar, antes de mais, que a equipa nao está apta para passar a triagem. As condicionantes sao tais que é sempre complicado um favorito ser eliminado, a nao ser por motivos extra-desportivos ou por, pura e simplesmente, a equipa nao ter o nivel suficiente para a exigencia (como passou em 2002 com França, Argentina e até Portugal).

    A FIFA está mais interessada em garantir que os grupos serao sorteados de forma horizontal para ter a certeza que um Brasil-Espanha ou Itália, só poderá ser possivel na final. Portugal terá de estar atento ao seu grupo, porque nao somos tao bons como para assegurar a passagem só por pisar o relvado. Mas mais ainda aos cruzamentos traiçoeiros que se seguem.

    E sim, é feio desportivamente, mas é muitissimo bem feito. E a prova está que todos os Mundiais tiveram finais entre quem a FIFA queria realmente. Isso diz praticamente tudo! No meio de tudo isto, as polémicas da arbitragem, até perdem sentido porque o controlo é feito noutras esferas.

    um abraço

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  10. Continuamos de acordo, Miguel. Tem de aceitar-se esse "sorteio direccionado". Também a bem do negócio. Porque, ao contrário do que uns nabos propagam por aí, a FIFA faz muito pelo futebol, não querem conhecer é a história toda e o avanço extraordinário desde há 30 anos sob comando da FIFA com o futebol à escala verdadeiramente planetária, para ambos os sexos, com inúmeros Mundiais para todos os sectores, com ajuda financeira a centenas de federações que muitas vezes são mais enriquecidas que os seus pobres países.

    Tem sido grande a ingratidão para com o papel da FIFA. Não actos censuráveis, política amiúde ditatorial ou "controlada", mas o futebol actual não é o de 1974. O mérito foi, sempre, de Havelange e Blatter, que transformaram o Desporto num negócio, mas rentável, distribuindo dividendos pelas federações e clubes, apesar de ambos terem "excessos" menos agradáveis.

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  11. Falta a parte de explicares em que medida tornar o futebol 100% num negócio é benéfico, inclusivé para o próprio futebol. Quer dizer, é óptimo para a sua subsistência, mas é péssimo sobre vários aspectos éticos. Quer dizer, por exemplo, para quê preocupar-me com a selecção quando a final já foi escolhida? Qualquer dia penso o mesmo do FCP e mando tudo às urtigas. Que fiquem e comam o futebol e façam bom proveito.
    Quando ao bem que a FIFA faz, bem...

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  12. Há um benefício evidente: melhorou todo o futebol no mundo. Repara nas competições, nos subsídios, nas sedes, nos campos nas infra-estruturas no Terceiro-Mundo e também na Europa (Leste). Mundiais de sub-19 até em raparigas, vai passar de 16 para 24 selecções. O futebol à escala global não é o de há 30 anos.

    É claro que é um negócio, são milhões envolvidos, vê que o prémio para o Mundial-2010 a distribuir é de 240 ME e era de 162 em 2006. É péssimo sob vários aspectos éticos, de facto, por isso há reparos permanentes, há as questões dos árbitros, as Leis imutáveis, até escândalos porque há sempre alguém que se "abotoa" com dinheiro, a FIFA esteve para ruir financeiramente porque a parte comercial/direitos tv deu um grande golpe.

    Mas isso não impediu a FIFA de crescer, mesmo com os baronatos e homens de mão que o dinheiro compra na altura de votar. Mas a FIFA é hoje uma operação gigantesca que impulsionou o futebol à escala mundial de uma forma sem precedentes.

    Apesar dos aspectos negativos, que não escondo e não desconheço, há benefícios incríveis.

    Sobre a "final escolhida", é mesmo assim, diria seleccionada ou direccionada na medida do possível mas não impede que a Turquia ou a Coreia chegue às meias-finais, depois vê-se o que dá.

    Eu preferia a Taça dos Campeões à moda antiga, a eliminar sempre, Platini nunca escondeu que, por ele, seria sempre assim e, contudo, náo podemos negar a realidade de se ter montado o negócio da Champions que se sabe. A UEFA, basicamente, seguiu a estrutura do negócio montada pela FIFA. Depois há excessos, fazem-se acertos, mas as coisas estão num ponto sem retorno, o dinheiro jorra das tv's e pub's na UEFA e na FIFA, distribui-se o dinheiro, paga-se a árbitros, fomenta-se o futebol nas raizes, subsidia-se estudos e programas.

    A FIFA é um mundo e há quem olhe para os ganhos que tem, e gere bem, negando os benefícios que traz, mesmo que com ag's manietadas, submissas e controladas de alguma maneira.

    É assim.

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  13. Amigo, desculpa apenas voltar à parte "lá de cima", quando me respondeste...

    ...atenção: num "país normal", o SC Braga, ia até ao fim e discutia... mas tb dava um certo jeito ter a "força" extra, tipo Boavista 2001... e não vejo o Braga a ter essa ajuda paralela.

    Mas da minha parte, TOTAL RESPEITO!!!!!!

    E não há qq superioridade sulista... acredita.

    Grande abraço e tudo de bom para vós.

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  14. O meu problema é que ainda há quem confunda o futebol com um desporto.

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