Messi ganhou o prémio do France Football de recorde: 473 de 480 pontos possíveis, nota máxima de 90 dos 96 correspondentes eleitores envolvidos. Não se percebe a razão de Xavi e Iniesta terem ficado atrás de Cristiano Ronaldo, mas os golos falam mais alto. Até o de Henry pela França... Onde se recorda o diferendo Iniesta-CR9 no clássico.
Falcao perdeu o toque e sentido do golo. Deslumbrou até Setembro, eclipsou-se desde Outubro. Do bis em Olhão ao xis até hoje, o dianteiro portista paga por não ter marcado golos, porventura paga a titularidade em Guimarães.
É uma forma de olhar o futebol: Falcao tem trabalhado tanto ou mais do que os colegas no ataque do FC Porto, mas tem falhado ainda mais do que eles na hora de atirar à baliza. A eficácia na concretização explica muitos dos mitos no futebol e a recente votação da Bola de Ouro do France Football é exemplar para as diversas leituras que podem fazer-se.
Ninguém duvidava que Messi iria suceder a Ronaldo como melhor jogador a actuar na Europa, como não havia dúvidas no ano passado quanto à supremacia do português para ganhar a Bola de Ouro que é o portal europeu para a consagração mundial com o FIFA World Player of the Year.
Mas a vitória de Messi é algo de extraordinária pelo volume pontual: não obteve o máximo de votos por sete, pois seis dos 96 votantes (correspondentes da revista francesa) optaram por eleger (dos cinco jogadores que merecem pontuação de cada um dos votantes) outros jogadores.
Não sei se algum votou Cristiano Ronaldo com a nota máxima, mas não o suficiente para encurtar a mais larga margem vitoriosa neste troféu (473-223). Porventura, alguns analistas especiais do futebol, no leque de votantes do FF, terão elegido Xavi ou mesmo Iniesta como melhor.
Eu, de facto, compreendendo o critério, com todos os factores incluídos, de plebiscito na votação de Messi fico sem entender como Xavi e Iniesta ficaram em 3º e 4º lugares, atrás de Cristiano Ronaldo. Os miúdos do Barcelona ganharam tudo mas, de facto, perdiam para o colega argentino pelos 38 golos deste em toda a época. E, assim, perderam para CR7 pelos menos golos obtidos no Man. United daquele que na época transacta marcara precisamente 38 golos só na Liga inglesa.
Todo este envolvimento traz ainda à reflexão outros momentos recentes:
- num caso, o despique verbal e gestual de Iniesta com CR9 no recente clássico Barça-Madrid, em que o português argumentava, no campo, que o catalão se atirara para o chão. Ronaldo teve resposta fora do campo e Iniesta não se conteve: "Para falar de mergulhadores, Ronaldo devia saber-se calar".
- outro caso, lembrando a ausência de CR9 por Portugal, uma guerra mediática idiota sugestionada pelo Real Madrid e um acolhimento de tal posição espanhola por uns comentadores tugas que facilmente perdem o bom senso.
Ora, para lembrar a lesão de CR9 que o impediu, justamente, de jogar por Portugal nos últimos três jogos de qualificação mundial, o francês Henry veio declarar uma coisa espantosa que fala do seu carácter mais do que as aleivosias com que o mimaram pela ajuda da mão no golo irregular e imoral frente à Irlanda. Henry não merece tal despeito pela carreira notável que teve mas na tugalândia não há limites para a hiprocisia e desfaçatez em matéria de discutir, alterada e descomplexadamente, coisas do futebol.
Henry, no seu melhor tempo o percurssor de CR7 no futebol inglês e o estrangeiro que mais golos por lá marcou ao serviço do Arsenal, sempre assumiu o "golo com a mão". Mas tantas foram as críticas que pensou abandonar a selecção francesa. Até por causa disto que revela em entrevista respigada pelo Expresso online:
"Pus em risco o meu futuro no Barça para ir jogar lesionado na selecção. A este respeito, nunca agradecerei suficientemente ao meu treinador (Josep Guardiola) e ao público do Barça pelo seu apoio. Eu não podia dobrar o joelho. Mas era impossível parar quando se ia disputar a qualificação. Sempre vim bater-me pela França. Como um cão. Nunca me furtei à selecção. Tentei sempre responder presente".
Há patrioteiros que nunca entenderão isto.
Quanto a Iniesta, na sua página do Facebook felicita "os três primeiros classificados" da Bola de Ouro.
A diferença do Barça no futebol é isto: já teve oito vencedores da Bola de Ouro, mas Messi é o primeiro formado no clube e devidamente aproveitado. Isto é mais do que a diferença vista em campo contra o RM de 270 milhões de euros de reforços, no passado domingo.
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