14 dezembro 2009

A memória de Jesualdo por Pavão

Não deixo aqui de registar o facto de, após o Porto-Setúbal, Jesualdo ter evocado a morte de Pavão. Muitos portistas notaram-no, da mesma forma que terão sentido algo por o FC Porto, oficialmente, não ter respeitado a memória do malogrado jogador falecido em campo num jogo da 13ª jornada, em 1973, frente ao V. Setúbal (também vitória de 2-0, tal como agora), efeméride em data a cumprir amanhã dia 16 de Dezembro, mas sem passarmos ao lado do simbolismo do reencontro entre dragões e sadinos.

Não sei se Jesualdo saberia mesmo que Pavão morreu nesse jogo e exactamente ao minuto 13, como rezam as crónicas e se lembra quem, como eu, então assistiu. O treinador do FC Porto, natural de Mirandela, contou que foi colega de liceu de Pavão, o Fernando Pascoal das Neves, além de colegas nos juniores do D. Chaves, de onde era natural o antigo jogador portista. Ficamos também a saber disso por Jesualdo.

O que também fica, em desabono do clube, é que a ocasião passou ao lado quer de dirigentes mais antigos, quer da estrutura (alegadamente) para comunicar montada no clube. E onde não há memória, é uma tragédia. Pelo visto, importam-se muito com artigos de A Bola para atear labaredas ridículas e de tão mau gosto quanto o mau profissionalismo que alegam ver nesse jornal.

Não sei se Jesualdo tinha em si essa recordação, até por, suponho eu, em 1973, estar por Lisboa, onde se formou e passou a viver. Não sei se algo na blogosfera lhe chamou a atenção, como aqui ficou apontado no sábado, e porventura o tenha ajudado.

Percebo, e já não é a primeira vez, que há jornais desportivos que sacam daqui informações: por exemplo, não é qualquer Rascord que "intui" ter o Benfica ganho 4-1 ao Olhanense na tal jornada 13 de 1973-74 disputada a 16 de Dezembro, a mesma em que Pavão morreu durante o Porto-Setúbal. Coincidências...

Sei que, no FC Porto, mesmo as vitórias retumbantes de 2004, como a Liga dos Campeões e a Taça Intercontinental de que fez no sábado 5 anos da última conquista em Yokohama, continuam sem a marca devida no Passeio dos Campeões que circunda o estádio pelo topo sul. Nas placas circulares comemorativas de feitos históricos, passados estes anos, como aqui já foi também anotado com frequência, ainda faltam esses êxitos gravados no alumínio como outras façanhas ali registadas até 2003.

Deve ser a nova/velha maneira de comunicar nas modernices de uma SAD virada para o negócio e o futuro. Com desprezo da história, até ficou esquecido algures que na "transferência" das Antas o busto de Pavão, ali erigido, perdeu-se em qualquer corredor da memória.

Lamentável, FC Porto. E Jesualdo volta a ficar melhor na fotografia.

2 comentários:

  1. Já no Sábado dia 12, dei comigo a lembrar-me desse detalhe importante, ao princípio receoso por se cumprir num dia 13 também com o Setúbal na jornada 13 (só faltou ser no dia 16)e que isso nos troxesse algum azar. No final da jornada acabo por perceber que se calhar o Pavão (esteja onde estiver) olhou por nós e fomos os únicos da frente que venceu nesta jornada. Mas concordo de facto que esta "amnésia" vinda de dentro não é nada abonatória e acima de tudo injusta para aqueles que engrandeceram ao longo de mais de 1século a camisola do FCP. Em 1973, eu tinha somente 6 anos e claro que não me recordo de nada, mas desde criança que ouço falar do Pavão e de toda a sua categoria. Foi um dos grandes símbolos do FCP nas décas de 60/70. Da minha parte fica registada a minha homenagem ao grande Pavão (infelizmente já não existe lá em casa o livrinho, cujo nome me escapa, que falava da trágica morte do Pavão) Ficou-lhe muito bem professor, essa lembrança

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  2. Zé Luis,

    Acho que um dos aspectos mais criticáveis na gestão do FC Porto desde que nasceu a SAD está directamente relaccionada com a história do clube. Subitamente todos os feitos do passado passaram para um segundo e terceiro planos e nomes chaves na história do FCP desapareceram do mapa.

    O caso do Pavao é apenas mais um "esquecimento" habitual de quem não parece ter uma sensibilidade particular para casos que tocam a alma de qualquer adepto azul e branco. Os habituais esquecimentos aos finalistas da final de Basileia, Viena e Tóquio nos ultimos anos tiveram eco na imprensa mas o clube nunca tratou de recuperar a memória de uma geraçao de ouro na historia do futebol europeu, e nao so do clube.

    A forma como uma figura chave num antes e depois do clube - muito mais do que JNPC sempre direi - como é Pedroto tenha desaparecido praticamente do discurso historico do clube é preocupante. A forma como nao se homenageou devidamente um senhor como Robson...o tratamento despectivo dado a Mourinho, que por muito conflictivo que seja continua a ser um dos mais bem sucedidos técnicos do clube...enfim, os casos são inumeráveis.

    Exceptuando Rui Filipe - sempre recordado ao largo do Penta - qualquer "Individualidade" que se tenha destacado no clube desaparece do mapa em nome do colectivo. Elevar o clube é positivo mas ignorar os grandes nomes da história do clube é má politica.

    Tal como a total ausencia de marketing e merchandising da SAD relacionada com a historia do clube. Há uns anos editaram-se uns dvds recordatórios das finais historicas do clube e até hoje pouco mais há para que um adepto azul e branco possa mostrar aos filhos momentos inesqueciveis da vida do clube. Algo que parece muito simples mas que ajuda a criar laços que nem o tempo é capaz de quebrar. Mas quando as vistas são curtas pouco há a fazer...

    cumprimentos

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