12 agosto 2010

As bestas e os bestiais


"Villas-boas quer voltar a mostrar imagem forte", leio no Maisfutebol na antevisão da estreia portista no campeonato em que o técnico voltou a saber falar de futebol sem subterfúgios nem receio de ferir susceptibilidades bacocas como pode acontecer na interpretação dos "29 golos do Benfica na pré-época ou um título?", aqui aludindo, ironicamente, a uma manchete pateta de pasquim da paróquia da Luz.
AVB quer evitar, no FC Porto, oscilar entre o "besta e o bestial", o que nem é nada que qualquer treinador não deseje e não pronuncie. Na banalidade, porém, pode cair-se até sem querer mas ninguém cobrar por isso.
Se se lembrarem, e não é preciso nem memória apurada nem recuperar as manchetes de jornal da "nacional-mesmice", Jorge Jesus garantiu na véspera da Supertaça que o Benfica ia "mostrar qualidade". Após a derrota, inapelável, lamentou ter "jogadores fora de forma".
Se fosse como na Suíça, onde as multas de trânsito são cobradas mediante os sinais de riqueza e a dita fortuna comprovada do infractor, e por isso quem circula a 200 à hora paga aos milhares de euros (ler aquihttp://www.autoportal.iol.pt/noticias/geral/apanhado-a-290-kmh-arrisca-se-a-multa-de-720-mil-euros), Jesus e o Benfica teriam cobrança e pagariam bem alto o facto de prometer ser bestial e acabar feito besta, fora a pancada exasperada em qualquer adversário que mexesse.
Mas não podemos pensar em imitar os "melhores países" como se algum pudesse apurar apenas o positivo dos demais, apesar da patética intenção de eliminar os chumbos nas escolas como se faz na Suécia, Finlândia, e por aí fora, dizem. É uma pena não copiarmos os países democráticos e civilizados mesmo quando ministros mentem, como o das Finanças, têm um diploma sujo, como Sócrates, e à senhora da Educação, para mais escritora de livros infantis, já não chega fazer passar alunos com 7 e 9 negativas... por forma a demiti-los ou esperar que se demitissem. Num país de elevado padrão não enganariam com o SNS "tendencialmente gratuito" nem com a "justa causa" de despedimento na Constituição sem impedir as empresas de procederem a despedimentos colectivos só por "razões atendíveis" que se recusa ver em prática, como alegar "reestruturação" e "por questões de mercado", mesmo em empresas com lucros...
Para melhorar o cenário, Villas-Boas dá uma dica sobre as tácticas, que nem sempre são o melhor do futebol:
"Se calhar há treinadores que optam pela exacerbação do táctico. Eu alertei que a equipa estava motivada e quando a isso se junta a organização que tínhamos seria de esperar algo parecido. A exacerbação contínua do táctico é fruto de quem deseja comentar isso para determinado tipo de promoção. Nós pensamos no táctico, na organização e na motivação. Contra o Benfica a mensagem passou na totalidade».
Como aqui já repeti, há especialistas fantásticos em táctica nas tv's que nunca ganham jogo algum por muito que se esforcem e esta tirada de AVB pode ser-lhes dirigida. Mas não só.
Alguns confrades portistas andaram meses a fio, como já repeti, a malhar em Jesualdo e em garantir, mailos especialistas das tv's, que o plantel não rende em 4x3x3 e o sistema a adoptar seria o 4x4x2. O colega do Bicampeões do Mundo insistiu na tese na véspera da Supertaça. Por sinal, o Pobo do Norte mencionou que a exibição de Aveiro ficou nos antípodas da de Faro para a Taça da Treta.
Há maneiras de ver a coisa e alguma tem de estar certa. Ainda bem que ninguém me acusou, nem quis insultar, por eu ter escrito que a exibição, colectiva, de garra e discernimento, um jogo à Porto, decalcava a de 2 de Maio, do 3-1 ao Benfica para o campeonato. E que, tirando Moutinho, era a equipa de Jesualdo que entrou em campo, apenas com Maicon em vez do castigado Bruno Alves e Sapunaru no lugar de Fucile lesionado.
AVB não quer que o achem já bestial e parece-me bem. Tal como me pareceram exagerados comentários de "banho táctico" quando houve uma diferença de pernas e pulmões. O novo técnico não exaspera as meninges de alguns mais sensíveis face aos "processos" de Jesualdo, mas foi nas antigas "transições" que o FC Porto fez valer a sua força. Além disso, como se queixaram no Reflexão Portista, para uns parece que o FC Porto fez poucos jogos de preparação, mas descansou uma semana antes do primeiro jogo oficial. E, atemorizados com a dinâmica e se calhar os tais "29 golos da pré-época", não quiseram ver como esforçado foi o calendário do Benfica, para mais com um jogo amigável e desaconselhável a 4 dias da Supertaça.
A época, queiram ou não, começa agora. A Supertaça foi um aperitivo, mais saboroso pelo adversário que foi. Dá uma ênfase diferente ao início do campeonato, em que AVB diz pretender "chegar à liderança o mais rápido possível". E com uma eliminatória de permeio para entrar na Europa a sério, há aí 5 jogos em 15 dias que não têm um coeficiente elevado de dificuldade, apesar de 3 deles serem fora do Dragão. Mas são uma rampa de lançamento ideal para uma bela época que se deseja, com o foguete do estímulo da conquista da Supertaça.
Como o novo treinador põe as coisas na devida conta, peso e medida, também não vejo diferenças substanciais para um homem comedido e moderado como era Jesualdo. Há uma questão de sorte, que é apenas uma oportunidade aproveitada. A época passada teve azares em demasia que quem quis comparar, por exemplo, a Taça da Treta com a Supertaça não contabilizou o frango inacreditável de Nuno logo a abrir e o golo defensável a 30 metros antes do intervalo no jogo do Algarve.
E enquanto a semana passa com o treinador a falar apenas de futebol, e da exploração mediática que possa fazer-se disto ou daquilo, a SAD lá respondeu com o silêncio habitual às súplicas dos adeptos para centrar já o fogo na arbitragem.
Como João "Pode vir o João" Ferreira não foi escalado por estar desviado para um jogo da Champions, a par de Pedro Proença que mereceu o título de não ter sido chamado por Vítor Pereira para a 1ª jornada da Liga, lá passou a oportunidade de voltar a falar do malfadado árbitro da famosa escola sadina onde imperou o já desterrado Lucílio Baptista e paira a sombra do célebre Carlos Valente... Mas não perdem pela demora, nem o líder dos árbitros nem o oficial do Exército que resta naquela tropa fandanga, depois do retiro do major que também não merecia os galões de apitar na I Liga.

1 comentário:

  1. Penso que o mais importante é termos os pés bem acentes no chão, subescrevo na integra as palavras do AVB.
    E com entrega, garra e determinação, podemos (como diria o Artur Jorge) fazer coisas bonitas :)

    Um grande abraço

    http://www.fcportonoticias-dodragao.blogspot.com/

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