Já tinha chamado a atenção para o facto de a ADoP ser juiz em causa própria.
Mas importa ter atenção noutros factos, a começar pela comissão ad hoc que deu força para a ADoP avocar o processo e ter a faca e o queijo na mão para punir como bem entendesse.
O DN, na semana passada, focou muito a comissão constituída por médicos na sua maioria, uns indicados pela própria ADoP e outros por várias personalidades ou instituições.
A verdade é que essa comissão primeiro deu um parecer para a ADoP tomar em mãos o processo e levá-lo pelos caneirinhos que mais lhe interessavam.
Então, depois de a CD da FPF ter julgado pela inexistência de prejuízo ou perturbação do controlo antidoping na Covilhã, o que estava ainda em causa?
Um acto médico propriamente dito talvez não fosse ajuizado, por fugir do seu âmbito, pelos doutores da Comissão Disciplinar.
Mas os factos, e o Direito, foram-no, pelo que houve apenas que atender a circunstâncias, ao lugar, ao tempo, ao modo como as coisas se passaram.
Agora, a ADoP pode julgar o acto médico, com pessoas credenciadas para o efeito.
Mas, no seu primeiro inquérito interno, com faltas consideradas "muito graves" até pelo sec. Estado do Desporto, não houve problemas na recolha das análises. Depois, cinco semanas depois, alguém notou que faltava um parâmetro. E a justificação foi encontrada: o insulto que Carlos Queiroz dirigiu a alguém "perturbou", afinal, um médico da brigada antidoping muito sensível e que falhou a recolha de um parâmetro.
Recolheram-se amostras de 23 jogadores, com todos os parâmetros. Menos um. Menos um parâmetro, não menos um jogador. Deve ter sido vexante para o médico em causa e não tanto para a mãe de outro médico.
A solução? Culpar Carlos Queiroz por um médico não ter sabido cumprir a sua função e agora encontrar um bode expiatório para a sua falha técnica.
Carlos Queiroz pode alegar, doravante, que insultam-no tanto que ele se sente perturbado na hora de convocar jogadores, eleger os 11 e fazer substituições.
Os adeptos têm de ser compreensivos e não insultar um árbitro, porque ele perturba-se e lá sai asneira ainda pior.
É esta a conclusão a que se chega.
1) Encontrar um bode expiatório para uma falha num acto médico.
2) Justificar essa falha, de responsabilidade individual, cinco semanas depois, porque a culpa não pode morrer solteira.
3) Os processos políticos são bem mais mesquinhos do que as responsabilidades técnicas de qualquer área do saber.
4) Não adianta queixar-se a um médico; ele pode descarregar as desculpas em si.
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