30 agosto 2010

Relatório (Bo)Ronha (XI): Laurentino pode limpar-se ao guardanapo da transparência que apregoa e à credibilidade das suas instituições...

Ao longe, mas atento, ouvi ainda o advogado de Carlos Queiroz dizer que não foi notificado da decisão da ADoP e que esta é, como é costume em Portugal até em sentenças de tribunais da República, transmitda pelos media.
Nada de novo. Foi no palco mediático, com a conivência de homens (?) de mão, que tudo isto saltou para a praça pública, aquela onde há anos o estado em que o Estado está se deixou cair e gosta de dirimir questões que não belisquem o poder instalado.
O sec. Estado do Desporto, Laurentino Dias, primeiro apelidou de factos "muito graves" o que se passou na Covilhã mas não dão para mais do que 25% da pena mínima prevista e anunciada como cataclismo cósmico, depois prometeu que tudo se saberia e a opinião pública conheceria todo o processo, como a garantir que no final ninguém teria dúvidas sobre a justeza do castigo antecipadamente previsto e anunciado em trombetas dos vendidos patrões da Imprensa...
Nada melhor para as intenções do governante do que dar-se a conhecer na rádio e tv a sentença da ADoP.
Afinal, a ADoP decidiu avocar o processo porque julgou entender haver divergências em depoimentos do médico Henrique Jones, foi noticiado. Este teria dito que não se apercebeu de nada quanto a insultos na Covilhã, onde esteve e recebeu os colegas da ADoP, no inquérito da FPF, mas à saída da inquirição na FPF disse aos jornalistas, na rua, que CQ poderia ter exagerado verbalmente contra os médicos da ADoP.
Quiseram explorar contradições entre o que se diz em instância disciplinar e o que se discute à porta da rua. Que melhor maneira e momento para sentenciar a 6 meses de suspensão de trabalho, estendida a todo o mundo, do que o anúncio nos media?
O diploma dominical de José Sócrates, sujeito finalmente à apreciação da suspeita DCIAP de Cândida Almeida, não teve qualquer vício de forma e de timing sequer, apesar de todas as evidências comprovadas vindas a público em blogs e jornais que se lhe seguiram.
A ADoP encontra um qualquer vício de forma e de timing e sentencia em causa própria, apesar de nennhuma evidência de perturbação do controlo antidoping apurada na CD da FPF e de todos e tantos dados já conhecidos do grande público.
O polvo volta a atacar e vai tão fundo que dispensa as coisas da justiça desportiva: um conjunto de médicos apanhado em contradição de depoimentos próprios e em falhas técnicas da sua responsabilidade que pretendem remeter para outro bode expiatório, trata de sacudir a água do capote e sacrificar um bode no altar da opinião pública que não está convencida das razões da sentença decidida em causa própria.
Mas Laurentino Dias, além disto, de não ter compreendido o logro em que foi metido, com informações falsas e depoimentos contraditórios daqueles que julga serem da sua confiança, fica associado a esta péssima imagem das instituições que tutela e por quem dá a cara e afiança a credibilidade.
Resta saber os reflexos disto nos resultados da selecção já com Chipre e Noruega.
E uma queixa, provável, admissível e legítima, de Carlos Queiroz na FIFA não terá reflexos na candidatura portuguesa ao Mundial-2018?
Enfim, dos 6 meses de suspensão anunciados passou-se a discriminar o que corresponde a jogos da Selecção que o seu responsável técnico não pode acompanhar. São estes dois agora e mais dois (Dinamarca e Islândia) em Outubro.
No big deal, Socolari levou quatro jogos e nem se falou em despedimento nem se pôs em causa que pudesse falhar a fase final do Euro-2008. Mais: quando foi suspenso, Portugal ainda nem tinha garantido a qualificação, atingindo apenas o 2ºlugar do grupo, e apurável, durante a sua suspensão, com Murtosa no banco e só graças à derrota da Sérvia num outro jogo, apenas a 3 jornadas do fim dessa qualificação.

1 comentário:

  1. Olhe que o Laurentino sabe bem o que faz...
    http://www.aventar.eu/2010/08/31/uma-maca-podre-do-desporto-portugues-laurentino-dias/

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