13 agosto 2010

Começa mal, sem respeito



Acho inadmissível que a Liga de futebol vá começar, daqui a duas horas, sem um minuto de silêncio pela tragédia dos fogos e vítimas daí resultantes que enlutam Portugal.

Já tivemos minuto de silêncio no futebol por ocorrências no estrangeiro e por nomes sonantes da modalidade em Portugal, outros nem por isso e que até passaram despercebidos apesar do protocolo dado ao respeito por alguma entidade ou figura representativa que nada dizia nem aos adeptos da bola. Respeitou-se a tragédia da Madeira, mas não é o volume de danos e o número de vítimas que fazem declarar o sagrado minuto de silêncio e partilha de dor que devia unir-nos.
Na semana em que a Liga, pelo seu novo presidente, anuncia que os seus principais quadros serão doravante remunerados e o profissionalismo avança, com resultados a avaliar mais para a frente, Portugal viveu sob fogo permanente a transformar o verde da sua bela mancha florestal no cinzento e negro deixados pelas chamas inclementes que nem vidas pouparam. Mas os novos profissionais não tiveram uma ideia, uma atenção para a realidade dura que se vive e afecta tantos.

Pode fazer-se um ou dois dias de luto e colocar a bandeira a meia-haste pela morte de um cidadão que se destaque e devia fazer-se um minuto de silêncio em nome daqueles que dão algo, sem retribuição ou só um dízimo irrelevante para tanto risco e custo da própria vida. O futebol, pela dimensão mediática condizente com o alcance social e transversal do tecido humano português, é um palco ideal para que estas coisas sejam mais do que simbolismo.

Portugal, no terreno, está de luto. O PR e o PM interrompem as férias para, finalmente, se mostrarem "interessados" pelo que está a acontecer e é dada notícia ao facto, que também é simbólico e pouco acrescenta ao combate aos fogos. Mais vale tarde que nunca. Para a Liga será tarde demais.
Há uns anos cheguei do estrangeiro e vi um cabeçalho de um diário desportivo a negro, pelo luto devido à morte de alguns bombeiros na região de Águeda, creio, naquela semana. Pouco antes eu próprio testemunhei o que é andar a apagar fogos, com o empenho de alguns e o alheamento de muitos mais, mesmo os das redondezas onde ocorria um incêndio a ameaçar casas. Foi ali na Marginal do Douro na zona de Meda, Lomba, Gondomar onde esta semana pereceu queimada uma jovem de Santa Maria da Feira em vias de ser doutora, trabalhando em part-time e com tempo de sobra para dar algo à comunidade tantas vezes alheada das pessoas quando não mesmo dos terrenos vizinhos. Muitos anos depois, vejo ao longe as mesmas falhas, o mesmo alheamento e desinteresse até do cidadão comum, a não ser quando começa a arder o seu próprio palheiro.

Lembramo-nos da santa Bárbara quando troveja e dos bombeiros quando a casa arde e é a nossa. Pelo que conheço da vida, do que vivi de perto e do que sinto dos que me rodeiam, há muito deixei a treta do patriotismo, do dar a vida pela bandeira e dar o coiro pelo bem comum e por gente que desconheço e não me merece cuidado. Sobram os últimos mohicanos quando alastra a indiferença para o seu esforço e dedicação até de quem não teria necessidade de se sacrificar. Por esta gente, dos doutores e engenheiros, nem dou a camisa e espanto-me com aqueles que ainda dão a vida em nome de quem não a respeita.

Esta Liga, sendo o futebol o fenómeno social entranhado no zé tuga, começa de luto, mesmo que os jogadores profissionais nem enverguem sequer os "fumos negros".
Como em tudo, continuamos amadores. Muitos doutores e engenheiros. Mas amadores. E desumanos.
adenda: a talhe de foice, mal acabei de escrever o que me vai na alma, leio isto aqui http://cachimbodemagritte.blogspot.com/2010/08/anvs-scholae.html, que remete para uma reportagem da TSF sobre o que uns alunos de Valpaços sabem, dizem e sentem sobre o que foi Auschwitz - onde já lá estive, a chorar - que acabam de visitar, parece que num convénio com uma escola polaca. Entre putos e filhos da puta, renovo o meu voto de mandar toda esta gente à merda e não dar um caracol para coisas tão reles. Nem sei como há tipos a pensar que "isto" ainda se assemelha a um país e que só se pode morrer de fome e não de ingorância e vergonha.

5 comentários:

  1. Ze Luis,

    Subscrevo na integra as tuas palavras.

    Um abraço

    http://fcportonoticias-dodragao.blogspot.com

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  2. subscrevo e assino por baixo, tenho casa na Lomba e sei bem o que é andar apagar fogos e lutar junto com os bombeiros mas nada é reconhecido...

    cumprimentos

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  3. Angel Of Death
    Auschwitz, the meaning of pain
    The way that I want you to die
    Slow death, immense decay
    Showers that cleanse you of your life
    Forced in
    Like cattle you run
    Stripped of
    Your life's worth
    Human mice, for the angel of death
    Four hundred thousand more to die
    Angel of death
    Monarch to the kingdom of the dead
    Sadistic, surgeon of demise
    Sadist of the noblest blood

    Destroying, without mercy
    To benefit the Aryan race

    Surgery, with no anesthesia
    Feel the knife pierce you intensely
    Inferior, no use to mankind
    Strapped down screaming out to die
    Angel of death
    Monarch to the kingdom of the dead
    Infamous butcher,
    Angel of death

    Pumped with fluid, inside your brain
    Pressure in your skull begins pushing
    Through your eyes
    Burning flesh, drips away
    Test of heat burns your skin,
    Your mind starts to boil
    Frigid cold, cracks your limbs
    How long can you last
    In this frozen water burial?
    Sewn together, joining heads
    Just a matter of time
    'Til you rip yourselves apart

    Millions laid out in their
    Crowded tombs
    Sickening ways to achieve
    The Holocaust

    Seas of blood, bury life
    Smell your death as it burns
    Deep inside of you
    Abacinate, Eyes that bleed
    Praying for the end of
    Your wide awake nightmare
    Wings of pain, reach out for you
    His face of death staring down
    Your blood's running cold
    Injecting cells, dying eyes
    Feeding on the screams of
    The mutants he's creating

    Pathetic harmless victims
    Left to die
    Rancid angel of death
    Flying free

    Angel of death
    Monarch to the kingdom of the dead
    Infamous butcher,
    Angel of death

    ... e no meu quarto está a bandeira desta banda "SLAYER"

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  4. O que interessa é a vitória, e assim foi. Boa ou má, conseguimos.
    É verdade que a primeira parte foi péssima, pelo menos para mim, mas na segunda conseguimos melhorar imenso e passámos a dominar o jogo, há que continuar a trabalhar para evoluirmos ainda mais.

    Um abraço

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  5. Olá,

    Sou adepto fervoroso do Futebol Clube do Porto, já crei alguns blogues nos quais abordava as temáticas do nosso querido Clube, entre os quais o Alameda do Dragão, que entretanto encerrou. Actualmente, escrevo num blogue, o Interjeições, sobre várias temas não relacionados com o futebol, porém o que eu gostava mesmo era de ter um espaço onde pudesse expressar-me acerca da minha grande paixão, o FCP. Peço-vos por isso uma oportunidade para me deixarem escrever neste vosso magnífico.Garatindo, com toda a certeza, que serei uma mais valia e ajudarei a defender os interesses do nosso Porto. Enviem-me a resposta de aceitação ou rejeição para aquelequedizcoisas_@hotmail.com.

    Espero que deixem ser colaborador deste magnífico cantinho.

    Obrigado,

    Mário Castro.

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