Cheguei muito tarde da F. Foz e a tempo de ver alguns lances na tv, à 1 e tal, ocorridos longe da bancada onde fiquei num estádio impróprio para a Liga dos dirigentes profissionais e ainda recintos anacrónicos por muito que se junte ao nome do campeonato um, dois ou mil patrocinadores. Nunca ali tinha estado nem voltarei, depois de recuar 20 anos para me lembrar de ficar, ainda que com cadeiras individuais, sobre uma estrutura metálica já enferrujada para acompanhar o ataque portista na 2ª parte...
Na viagem ainda ouvi a análise de AVB, mas não percebi, até discordo, o seu raciocínio de o muito vento, contra o sentido de jogo portista, na 1ª parte, ter obrigado o FC Porto a jogar longo numa péssima metade do jogo. A verdade é que devia ter jogado curto precisamente por ser incerto o passe em profundidade e as pernas não se apresentarem muito frescas em Moutinho e Belluschi, para dinamizar a posse em vez de soltar a bola que incomodava, enquanto Varela não ganhava um duelo com Carlitos e Hulk voltava a andar longe do jogo, pagando Falcao pela falta de apoio já vista há um ano por esta altura. E com muitos navalistas no meio, os médios portistas ficaram sem liberdade para criar, à falta de rasgo para se soltarem.
Obviamente, com o vento a favor na 2ª parte, esperava mais do FC Porto. E viu-se. Também a Naval amainou na sua capacidade de jogar contra a maré. Sim, o vento condicionou muito o jogo. Helton mal passava a bola do meio-campo em pontapé de baliza. Depois a bola pingou com frequência na área dos locais. Hulk acabou a figura do jogo e não só pelo golo marcado, porque dinamitou a defesa contrária. Mas foi a entrada de Guarín a dar a estocada subtil nos equilíbrios que, depois Zvunka amontoando jogadores horizontalmente atrás para resguardar o pontito, ainda se verificavam com uma hora de prélio.
A 1ª parte pareceu aquele exercício de futebol estéril do Porto da época passada. Repetido o onze da Supertaça, já sem o vendaval que vergou o Benfica, avultou outra vez que só Moutinho era a única cara nova desta época na equipa titular. Já é normal. Mas o sistema de Jesualdo é um hábito difícil de erradicar, tal como as rotinas dos jogadores. A 2ª parte era mais do mesmo que se via há um ano, depois de 45 minutos perdidos e com dois remates de longe de Hulk, potentes mas fora do alvo, o único que teve um rasgo, levou uma cacetada e deu um amarelo a Rogério.
Mas há mais do que o 4x3x3 e até Varela, destaque na Supertaça, foi o primeiro a sair, apagado. Entrou Guarín e o FC Porto passou a ter alguém capaz de jogar entre a defesa da Naval e os seus médios defensivos, um duo ao centro. A Naval sentiu a espinha ali cravada. Muito arrumada em campo, passou a oscilar face a um novo problema táctico. O meio-campo portista em losango, com Fernando atrás, Moutinho e Belluschi dos lados, este agora sem se sobrepor ao espaço do companheiro, mais disciplinado no sistema em relação ao ano passado; e Guarín na ponta do "diamante" ofensivo. Hulk mais interior e próximo de Falcao. Não tinha havido nem circulação de bola nem pressão alta, como prometido. Nem entrada forte, como precozinado para todos os jogos. Nenhuma jogada resultava além do terceiro passe no terreno contrário. Guarín chegou a soltar Hulk na área, mas o Incrível atirou ao lado. Depois, o colombiano recebeu do brasileiro que fugiu pela esquerda, o tiro saiu alto.
Em pouco mais de 10 minutos, porém, Villas-Boas fez-me lembrar Jesualdo. Segunda substituição com Rodriguez a entrar para a esquerda de onde tinha saído Varela, Belluschi para sair desta vez. Porque não a troca directa uma vez apenas? Mas a "nuance", aqui, foi também decisiva. Já não era para repor o 4x3x3, como se admitia, porque o uruguaio jogou mais por dentro, sem se colar à linha como Varela. O corredor ficou aberto para Álvaro subir na sua mecha inoxidável. Mais rombudo talvez, o losango na largura teve a percussão de Rodriguez, com Moutinho já no lado onde estivera Belluschi. Guarin sempre no vértice superior da organização do meio-campo. Hulk a entrar agora pela direita, Cebola pela esquerda com o infatigável Álvaro. A pressão foi asfixiante, mas o golo, se era esperado, nunca mais aparecia. Só uma carambola e uma insistência de Guarín rendeu o penálti, por mão na bola sem necessidade, mas inequívoca. Hulk marcou e, de novo, fez-me lembrar o que há um ano aqui disse: marca penáltis melhor do que Falcao, como então comentei depois do penálti falhado por este frente ao Sporting e depois de Hulk, antes, ter marcado ao Leixões.
A equipa pressionou, como pressionava há um ano; não se afligiu, como não se afligia há um ano; amontoou ocasiões de golo, como amontoava há um ano nos diabólicos 15 ou 20 minutos finais; faltou a finalização, como faltava há um ano; teve lucidez, como tinha há um ano, pecando apenas em não meter a bola lá dentro e acabar com as dúvidas, premiando o seu esforço. Desta vez teve a sorte de um penálti inequívoco mas, reconheça-se, caído do céu para uma vitória merecida mas muito sofrida.
Transformar empates em vitórias era o que não se conseguia há um ano, amiúde por mera infelicidade, mesmo com a 1ª parte dada sem trabalho ao adversário - como ontem. Continuo a rever mentalmente as incidências da época passada. Os jogadores esforçam-se, mas o adversário foi competente na sua organização e muito solidário colectivamente. AVB teve a sorte que faltou em jogos não ganhos por isto e por aquilo, amiúde por erros dos árbitros com golos inexplicavelmente anulados.
Mas o dom de mexer e mudar mesmo, ainda que com pequenas subtilezas, parece marcar o novo técnico e desenhar uma nova aura. É sempre preciso sorte para ganhar jogos assim, por muito que tenha ganho quem mais mereceu.
Vejo evolução na continuidade, apesar de alguns "fantasmas" de recessão do "período homólogo". E sempre é mais positivo do que o bacoco deslumbramento do PM sobre um crescimento de 0,2% do PIB que voltou a dar-se ao desplante de achar "muito positivo". Ainda assim, com uma pontinha de sorte, que se procura mas nem sempre aparece, num jogo globalmente pouco conseguido e que fatalmente muitos pretenderiam comparar com o anterior em Aveiro, como se os adversários e seus objectivos e capacidades fossem os mesmos entre Benfica e Naval, sendo que os pontos são para conquistar dê por onde der. Por isso expus toda a semana que a "época" começava agora, com um adversário como a Naval, como muitos aparecerão assim, para um campeonato onde perder pontos, como sucedeu com a derrota, imerecida e castigadora, do Sporting na Mata Real, pode marcar atrasos vincados logo a abrir.
Volto a frisar duas coisas, defensivamente: a equipa controla melhor o processo defensivo e está muito bem nas bolas paradas; Maicon não se sente à vontade na esquerda da "zaga" e pode ser esse o problema para aquilo que defini aqui como a incapacidade de ser deciviso no primeiro lance e lento e normalmente vencido na sobra. Aliás, como constatei na tabela Saviola-Cardozo-Saviola que apareceu frente a Helton precisamente pela deficiência do movimento de Maicon. E, decerto, os adversários não andam a dormir.
Ah, o penálti do Porto não o vi no estádio, no lado oposto da área em que eu estava "enfiado". Naquele mesmo local da área, na 1ª parte, caiu um jogador da Naval. Confirmei o penálti para o FC Porto na tv, e verifiquei, apesar da negação de evidência de Bruno Prata na RTPN, que Álvaro não toca no jogador que tropeça em si mesmo e caiu sem falta e assim não há polémica.
Porém, o pivot do programa "Zona Mista" insistiu que o técnico da Naval falou desse penálti. Não é verdade, Zvunka disse ter ficado com dúvidas nos dois lances, também não tinha certeza naquele que seria a favor e ambos ocorreram quase diante do banco da Naval.
Alguns ou vêem a mais o que passam as imagens, como no pretenso toque de Álvaro no jogador da Naval; ou interpretam para além do que são as declarações prestadas no final. Dois erros recorrentes na tv, mesmo com replay e legendas, que atiçam as polémicas amiúde inexistentes como a tempestado no copo sem água a que Queiroz aludiu no seu estapafúrdo processo.
Sobre o processo Queiroz, a sua entrevista ao Expresso e a de Pinto da Costa também, que só ontem à noite pude ler calmamente depois de um dia atarefado, falarei durante a semana.
À parte: Também vou começar a anotar as asneiras grosseiras, como a que ouvi na rádio (RR) de o Sevilha ter ganho a Supertaça ao Barcelona (3-1), quando ainda falta a 2ª mão...
De longe a melhor análise do jogo que li, incluindo os pasquins da especialidade, acho só que as nuances são muito fortes, AVB lê muito melhor o jogo e mexeu bem na equipa.
ResponderEliminarVIVA O FUTEBOL CLUBE DO PORTO
Gostei muito do FCPorto na 2ª Parte, Hulk a tentar a sua sorte mas longe disso, valeu-nos o penalti e a partir daqui é trabalhar.....
ResponderEliminarSomos FCPorto!
abraço
PS - Vocês antes não costumavam fazer imagens com o resultado do jogo aqui no blog?!
Nota o "estádio" (curro) figueirense. o caro amigo, tamb´m reparou que tal cisa, ainda tem 3 filinhas de arame farpado, no topo da rede?
ResponderEliminarE quem está na bancada topo Sul, onde foi o golo do FCP, ver os lancesa junto a essa linha de fundo, com os painéis de publicidade, consegue??? Duvido...
Bem, mesmo ver o jogo do outro lado, é dose...
O J. Bento Pessoa, enquanto recinto, não dignifica o grande ciclista!!!
As dificuldades habituais frente a equipas de segundo plano, concentradas num esquema defensivo, onde o espaço tem de ser conquistado com inteligência, criatividade e rapidez de execução.
ResponderEliminarO FC Porto não foi capaz de pôr em prática estas qualidade na primeira parte, originando um futebol cinzento e sem perigo.
Corrigiu no segundo tempo e os resultados foram evidentes: Mais domínio, mais controlo e mais ocasiões de golo. Pena a pontaria continuar desafinada. Potentes remates foram desperdiçados por falta de direcção.
Vitória justa onde não fomos bestas nem bestiais.
Um abraço
foi feio e podia ter sido muito mais bem jogado, mas ganhamos. e nesta altura importa mais sacar 3 pontinhos e continuar a trabalhar do que jogar bonito.
ResponderEliminarum abraço,
Jorge
Porta19
Jorge, amigo, é claro que o k importa é ganhar. Mainada. Não pode haver muitas exigências, mas compreensão para os solavancos e competência para pôr a engrenagem em pleno.
ResponderEliminarpaulop, obrigado pela boa nota, mas no campo vemos sempre muito mais do que na tv, ainda que nos faltem os "grandes planos" em benefício de uma visão ampla do palco de jogo. Abr.
ResponderEliminarTiago Araújo, há muito que o "vocês" sou eu apenas e não tenho muito tempo, nem paciência, para rebuscar isso, chega-me os textos.
ResponderEliminarA diferença tem de estar no que se faz e não no que se copia.
Pai da leoa, como não podia reparar na rede do galinheiro? Sim, e no arame farpado. Quase posso dizer que sentia saudades de estar num "campo" assim, mas já não há pachorra para isto. Para mim chegou. Não sabia que o JBP tinha sido ciclista.
ResponderEliminarO pior, agora, nem é a pub atrás das balizas, apareceu uma bola gigante num colchão de ar enorme que agora são dois sponsors e é mais fino e cheio, arrastaram aquela coisa para trás da baliza e apesar de se esvaziar na ocasião é sempre mais um trambolho, mas não fiquei nos topos, com a curva então é que não se vê nada. Nem no Jamor, nos topos...
Olhe, sinceramente, lamento a derrota do seu Sporting, porque podia ter ganho na 1ª parte e já sabe como é. Pareceu-me, no resumo, infelicidade, apesar de o PF ser sempre duro de roer. Perder assim com o meu Porto iria custar-me e parecem-me excessivos alguns comentários feitos à derrota e a página do Rascord sobre o leão que não arranha.
Aliás, ao chegar a casa ontem à noite (esta madrugada), a abertura do futebol não foi a vitória do Porto, mas a derrota do Sporting. Critérios... Depois foi malhar que isto e aquilo, não jogou este e aquele e tudo seria tão diferente se as ocasiões da 1ª parte entrassem e decerto o leão arranharia.
Mais: notei no Rascord que fizeram alusão à 1ª jortnada de 1995 e lá tinha que vir o nome do Queiroz à baila, o shreck, o gordo e o barbas não perdem pitada de humor, lembrava o Carvalhal.
Abraço
Dragaopentacampeao, nem bestiais, nem bestas, mas olhe que não andou longe destas... Abr.
ResponderEliminarÀ parte: Também vou começar a anotar as asneiras grosseiras, como a que ouvi na rádio (RR) de o Sevilha ter ganho a Supertaça ao Barcelona (3-1), quando ainda falta a 2ª mão...
ResponderEliminarEo JN de hoje diz que o Barcelona facilitou, ao apresentar uma segunda equipa! Se isto é um jornalista...
navegante, não li jornais nem vi a equipa do barça. de qualquer modo, presumo que o pep não tenha metido os melhores que tinham estado com a espanha no mexico na 4ª feira...
ResponderEliminarO importante do encontro é que o Fabiano marcou e não se sabe se vem a... Braga para a Champions. O OM quer comprá-lo e até já vendeu o Niang ao F'bahce. Se jogar o Fabiano em Braga lá se vai o negócio com o OM. Isto é que merece ser acompanhado à luz da eliminatória a disputar com o Braga.
abraço e sempre atentos...
É Zé Luís, o Professor tem um problema muito grande neste País: sempre pensou à frente...!!!
ResponderEliminarLeva por tudo... e por nada!!!
Quando muitos falam em que temos muitos clubes na 1ª e na 2ª... esquecem-se que em 88/90/92, ele apresentou um trbalho, sobre isso, com Nºs, onde apontava duas soluções...
Enfim...
Quanto a Pçs Ferr, outro local sem grandes condições, há alguma "azia" na relação com o golo... quando assim é, correm-se riscos... que resultam, normalmente, em maus resultados.
Trabalho, haja trabalho... forte... e tudo pode ser melhor!
5ª feira, boa sorte para todos 3!!!
amigo leonino, parece que ainda haverá derrotas mais duras de engolir por quem não joga um corno sem ajuda da APAF.
ResponderEliminarMas olhe que não deve levar na boa a difícil eliminatória com o Brondby, que deve ser melhor do que o nózzzzqualquer coisa lande. Cuidado!
Mas também se o meu Porto jogar na Bélgica como na F. Foz, não sei não...
Nunca encaro um adversário, venha ele de onde vier, como de 2ª ; muito menos nesta fase!!!
ResponderEliminarPara mim, todos os jogos são contra "milões", "barcelonas", "madrids", ou "asenais"!!!
Vou acreditar, que cada jogo, é um jogo...
Quanto à gentalha... o amigo já notou que tanto amarelo tiveram hoje.... mas curiosamente, dados a gente que nem deveria estar em campo, mas sim na bancada!?!?!?!?
Faltou o penaltizito....