18 agosto 2010

A entrevista de Pinto da Costa ao Expresso

Apesar da bonomia como foi encarada nalguns confrades da bluegosfera, a entrevista de Pinto da Costa ao Expresso foi muito fraca e confusa, pelas questões que deixou no ar quando uma peça jornalística do género deve explicar tudo, até por ser feita à primeira pessoa do clube. Tem lá coisas importantes, mas não esclarecedoras, antes requerem explicações cabais que uma entrevista de jeito devia pedir na hora, em vez de seguir o guião de perguntas encomendadas e não estou a dizer que foram a pedido do entrevistado, mas conduzidas da Redacção e sem jeito de interpelação do jornalista no curso da entrevista.
O João Saraiva fez três Reflexões Portistas muito pertinentes a respeito das dúvidas que deviam assaltar todos os adeptos, embora sejam muitos os que se contentam, tão raras são as ocasiões como quando os nipónicos nem ouviam sequer na rádio a voz de Hirohito antes da II Guerra e muito menos lhes era permitido olhar directamente o seu imperador, com o simples linguarejar de Pinto da Costa. João Saraiva falou de três casos particulares: o acesso a menores de 16 anos à Tribuna VIP a que os netos do presidente ainda não podem acorrer conquanto possam entrar no estádio, o que não se compreende; o IRS devido aos seus rendimentos na SAD; e o mais importante, a nebulosa que foi a inesperada contratação de Moutinho e o inusitado monte de dinheiro gasto. E, este, muito mal explicado e decerto bem acima dos 10ME ditos pelo presidente que custaria o médio leonino, os 11ME aludidos no comunicado da SAD e o resto que ficou por dizer quanto a metade do passe de Postiga dado de borla ao Sporting.
Como foi bem explorado este aspecto, enquanto os outros são meros fait-divers pelo menos para mim, passo à frente com o destaque inerente à análise de Jõão Saraiva.
Mas a entrevista começou com o episódio do Apito Dourado. Tanto tempo depois, Pinto da Costa ainda diz que tem o telefone sob escuta, o que é gravíssimo e indigno de um Estado de Direito. Não sendo mais suspeito do que quer que seja, como pode ele, ou outro cidadão sem problemas com a Justiça, estar a ser vigiado? É intolerável, inadmissível e só num ambiente de lassidão e devassa no âmbito da Justiça isto pode ser dito sem consequências. Ou alguém viria esclarecer que não é verdade; ou alguém viria pedir a Pinto da Costa que justifique a alusão a ter o telemóvel escutado; e porque não o próprio pedir explicações à Justiça? Será que teme ser recebido pelo que era o Bosta da Liga e não vale a pena conversar com o energúmeno justiceiro da treta? Pois, mas não pode ser assim e Pinto da Costa nem devia dizer tal coisa com ar de gozo, nem devia passar sem explicar se não reagiu e que meios usa para se defender desta intromissão a ser verdade.
Se não é verdade, passa uma triste figura. Pinto da Costa já demandou os tribunais por coisas de lana caprina, movendo processos a jornalistas e comentadores pelo simples emitir de uma opinião. Porque se resigna a ser escutado?
A entrevista, que do lado passional, amoroso e familiar pouco me interessa, abordou a questão de Jesus ter interessado ao FC Porto mas num plano cronológico que não faz sentido. Pinto da Costa disse que pensou nele para render Adriaanse mas Jesus ia para o Braga, o que não é correcto face aos factos, pois Jesualdo tinha saído de Braga para o Bessa, depois para o Dragão, e para Braga foi Rogério Gonçalves e ali rendeu-o Jorge Costa. Já Jesualdo estava firmemente instalado no Dragão e Jesus chegou a Braga. Mais uma má intervenção não corrigido pelos desatentos entrevistadores que tinham muito Expresso de despachar aquilo e pouco conhecimento de causa além do recurso às perguntas de algibeira que constituem 99% da entrevista e não contrastadas com novas questões que tais respostas suscitariam a alguém atento e profissional.
Foi um fiasco, no fundo, porque nem o título da Torre dos Clérigos ou o saldo bancário valem para alguma coisa, nem a ironia com os Gato Fedorento ou o director da Cofina que lhe avaliava o vencimento na SAD salvam um desempenho fraco. Podia arrebitar se, sentindo-se perseguido pelo tratamento discriminatório da Justiça, opusesse mais factos do Apito Dourado aos celebrados mas esquivos casos da Casa Pia, Face Oculta e outros que mexem com a vida política. Mas Pinto da Costa diz que vai escrever um livro sobre o Apito Dourado. Como se o seu advogado já não o tenha feito, supostamente para contar o que nunca se soubera. E como se Pinto da Costa não tivesse já desabafado outros objectivos na vida que passariam, até, por deixar isto, em Portugal, e viver em Angola ou no Brasil.
Assim, ninguém o pode levar a sério. E é a triste sina que aceita para o resto dos seus dias, por muito que vários adeptos não vejam e não gostem que se lhe aponte. Infelizmente, parece ser assim.

1 comentário:

  1. Agradeço imenso, eu que estou a "vadiar" em férias pelo Portugal Profundo, como tenho dado conta, que muita gente aprecie este, como outros, escrito(s) e faça questão de valorá-lo(s). Mesmo que não comentem, como é o caso, indicam que apreciam e, pelo menos, partilham minimamente dos meus pontos de vista.

    Infelizmente, um ou outro anónimo que às vezes arranja um nick à pressa, aparece a discordar, não do que escrevo mas das ideias que exponho, no caso contra a forma e o conteúdo de Pinto da Costa comunicar. Quando passam ao insulto nem publico e se o faço é para responder à letra mas só permito uma vez.

    Há gente incapaz de ler português, muito menos de interpretar e partilhar ideias ou defender argumentos. Esses medíocres, sejam azuis ou vermelhos, contam com o meu desprezo e amiúde com uma resposta grossa à boa maneira portuguesa que eu muito prezo, especialmente contra imbecis e iletrados que podem julgar-se ofendidos mas nem para isso são capazes de se sentirem atinfidos como gostaria.

    Sei do que falo e porque falo, não por ser contra este ou aquele mas por achar que o que fazem ou dizem é mau e podia e devia ser melhor. Infelizmente poucos o entendem e menos ainda percebem o que está mal, incapazes de uma crítica se o próprio alvo de análise nem faz autocrítica e nem tem gente a rodeá-lo para alertar as asneiras repetidas que descredibilizam o presidente e por arrasto, como tem sucedido, a instituição grandiosa que é o FC Porto que Pinto da Costa ergueu a patamar invejável, superior a qualquer clube português, um estatuto que não lhe nego mas não o inibe de ser alvo de críticas, de resto penso que o faço construtivamente, como outros confrades dfa blugosfera o fazem e cito no post.

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