O FC Porto venceu por 3-0 no Bessa e, por isso, não precisou de recuperar de desvantagem. Quer dizer, quem ouvisse o treinador e o seu adjunto a comentarem, em directo, o jogo na SportTV, em vez de estarem no banco a testemunharem a derrota da sua equipa, poderia pensar que o Boavista estaria a ganhar por 3-0 e ainda na 1ª parte; faroleiro da sua estirpe, bajulado ainda tão novo, Jorge Simão, desta vez, com a lógica da batata comum a Jorge Jesus e uma ameba em vez de massa cinzenta a partilhar também entre eles, foi capaz de dizer que podiam ter ido para o intervalo a vencer - lógica que não colheria na partida com o Benfica, quando não dava jeito dizer que quem começou a vencer é que deveria vencer no final.
Treinadores da treta são assim e Sérgio Conceição confirma ser diferente - e por isso vai à frente. É difícil enfrentar um dia como o de hoje, com 25 horas e o FC Porto ter dormido mais 1h na liderança, embora os 28 pontos em 30 possíveis sejam ainda mais difíceis de engolir...
Mas convém, e deixar assentar. Foi o que o FC Porto fez: deixou o Boavista empolgar-se, como era previsto numa batalha, física, que se previa também com o moral dos últimos resultados, o Boavista duro e truculento, a jogar muito na barafunda e pouco no jogo em que raras ou até inexistentes foram as ocasiões de golo até ao descanso. Era preciso descanso, porque estes jogos de trepidação constante e nenhum esclarecimento servem a quem deixa o adversário esgotar energias, à falta de lucidez, para desferir golpes definitivos. Estão a ver um a pavonear-se à volta do ringue no 1º assalto e depois levar KO?. Foi o que se viu e o possível 3-0 para os visitados que se anteviam nos comentários parciais e nada parcimoniosos na televisão foi uma treta difícil de engolir ante o resultado final.
De repente, sem o FC Porto mudar muito a não ser subir um pouco a agressividade para se equivaler nas disputas de bola, o Boavista recomeçou lânguido e tosco e viu-se a perder 1-0. É difícil, para mais, ver isto assim, porque Aboubakar começou com um túnel e em lançar Corona na direita e este cruzar para Brahimi na esquerda, parecia uma autoestrada desconhecida o caminho do goleador portista até uma baliza... deserta!
Mas não foi o pior, porque nos comentários o Boavista era uma máquina. Estava a perder 1-0 e até devia logo começar a ficar com -1, porque aquele irrequieto pretinho na esquerda, já com um ca, barafustou o suficiente com o árbitro e pediu um ca para Felipe que, num tipo decente e fazendo jus a insígnias da FIFA, devia levar um segundo ca. Pior ainda, aquela entrada sem poder nem em sonhos jogar à bola e indo direitinho aos pés do Corona era para vermelho directo, mas não para um árbitro dos padres que não só ajoelham nas missas encomendadas como escreve no Facebook e esconde a mão e a mensagem.
A equipa que quase estava a vencer por 3-0, se considerarmos só as ocasiões dela e não o remate do Corona antes do intervalo e a perdida de Herrera logo após o 1-0, continuou a merecer os favores dos comentadores que se ausentaram do banco boavisteiro. Foi chato que a realidade do jogo tivesse virado o tabuleiro ao contrário, porque os golos escorriam noutro fluxo e com limpidez desarmante. Tanto que Marega, solto por Herrera, também voltou a fazer o gosto ao pé, tosco que seja, em mais uma autoestrada aberta quando o FC Porto, depois de deixar o adversário saltar e esbaforir-se, tocou a bola, subiu no campo, fez uns movimentos simples e mostrou que jogar é assim.
O comentador, com o seu adjunto, baixou do camarote da SportTV para o banco e foi substituir jogadores. Contentara-se, babara-se, com a táctica e o frenesim danado mas inóquo. Falou para as televisões, pródigas em acolher fala-baratos... Ao fazer as substituições, foi como se não as tivesse feito, porque autoestradas continuaram abertas e Brahimi, lançado por André André, foi assinar o ponto também, sem portageiro a barrar-lhe o caminho. Estava o Boavista a jogar com -1, com -2 como deveria? Não, gozou da bazófia costumeira, do parlapiú para as televisões, encantou parolos e deslumbrou basbaques. No fim, do 3-0 virtual, viu-se ante o 0-3 real. É do caralho, senhores ouvintes, diria o outro...
Então, depois das exibições de sonho do Benfica e do Sporting na véspera, uma semana depois do 5-1 do Sporting ao Chaves (um dia depois do 6-1 portista ao PF) que exaltou o pé-de-microfone da SportTV, extasiado e reverente perante Jesus no fim da partida, ao ponto de o menino do coro dizer que o Sporting assustava os adversários, temos visto quem anda assustado, quem faz pantomina e quem joga à bola. Jesus, livre do banho de humildade no confronto directo de Alvalade, julga fazer parte do lote. E o FC Porto ganhou 3 pontos mesmo, porque o Benfica os perdeu no Bessa, mantendo o 11 da goleada ao Paços e o passo certo que ninguém, até agora, acompanha. Nem os alambuzados das tv´s da parvalheira que julgam ser o trólóró capaz de vingar nas pantalhas onde a bola pincha...
E é isto que faz a diferença! O resto, é deixá-los pousar.
nota: hoje escrevi num PC, o que faz também muita diferença...